Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios
BCP será metade do que era em 2000 quando acabar ajuda do Estado
Maria João Gago | [email protected]
Imposições de Bruxelas obrigam a maior esforço de poupança, com rescisões e fecho de
balcões.
Quando concluir o reembolso da ajuda do Estado, em 2017, o BCP terá uma dimensão em
Portugal equivalente a cerca de metade do que o banco era em 2000. Mas, ao contrário do que
acontece actualmente, deverá voltar a ser rentável e manter um nível de solidez historicamente
elevado.
Daqui a quatro anos, a instituição liderada por Nuno Amado terá cerca de 7.500
colaboradores na actividade doméstica, à volta de 700 balcões e custos operacionais inferiores a
700 milhões de euros. Em 2000, ano em que atingiu o pico de capacidade instalada, depois da
aquisição do BPA, Banco Mello e Sotto Mayor, o grupo empregava mais de 16 mil trabalhadores
em Portugal, onde tinha 1.383 sucursais e suportava custos de estrutura de quase 1.300 milhões.
A radiografia da capacidade instalada futura do BCP foi desenhada tendo em conta as
imposições de Bruxelas, previstas no plano de reestruturação do banco, cujas metas estão
detalhadas numa apresentação a investidores publicada esta quarta-feira no site da CMVM. As
autoridades europeias vão obrigar a instituição a ser mais ambiciosa no seu programa de corte de
custos a nível doméstico. Uma exigência que resulta do facto de Bruxelas ter assumido um cenário
de evolução da economia portuguesa mais pessimista do que o que o banco estava a usar.
Será necessário gerar poupanças adicionais de 100 milhões em Portugal face ao inicialmente
previsto, até 2017. Tendo por base a realidade do final do primeiro semestre deste ano, a equipa de
Nuno Amado terá de reduzir o quadro de pessoal em 1.250 pessoas e encerrar mais uma centena
de balcões. Um esforço semelhante ao que foi feito desde o final de 2011, em que saíram 1.215
colaboradores e fecharam cerca de 100 agências.
Apesar de a data-limite para atingir estas metas ser 2017, o banco irá procurar fazer a maior
fatia dos novos cortes no curto prazo. Até para minimizar o impacto destas medidas no
funcionamento da instituição. Além disso, no que diz respeito à redução dos custos com pessoal,
Bruxelas impõe que o corte de 25% nesta rubrica (face aos valores de 2012) aconteça até ao final de
2015.
Além do corte de custos, a recuperação da rentabilidade (a rentabilidade dos capitais
próprios terá de atingir um mínimo de 10% em 2015 e deve chegar a 15% em 2017) resultará de um
aumento dos proveitos base. O plano estratégico do banco prevê que estas receitas superem os
1.300 milhões em 2017.
O BCP espera também reduzir a necessidade de registar imparidades para crédito
malparado, em resultado de uma melhoria do modelo de gestão de risco, da obrigação de deixar
de conceder créditos mais arriscados e da recuperação da economia.
2013-09-12
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