Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição de hoje do Jornal de Negócios on line
Santos Ferreira: "Acredito que todos os bancos nacionais vão passar os testes de stress"
Hugo Paula - [email protected]
Em entrevista ao diário "OJE" o presidente do Millennium BCP diz estar confiante de que
todos os bancos portugueses vão satisfazer as exigências de capital que têm de cumprir
até ao final do ano.
Carlos Santos Ferreira recorda que entre o seu anúncio e o aumento de capital do BCP “houve de
tudo: um pedido de ajuda externa, um acordo com a troika, houve campanha eleitoral e eleições e
uma crise na Grécia”. Contudo, “o único facto que não se desviou um milímetro foi o aumento de
capital do BCP”.
A operação levou o rácio “core tier 1” do bancos de 6,7% para 8,8% “pró-forma”, mas ressalva o
presidente do BCP, a queda dos “ratings” da República deverá reflectir-se numa diminuição
“ligeira” do rácio.
A preocupação com os rácios de solvabilidade é comum a todos os bancos lusos, tendo estes vindo
a apresentar os seus planos de reforço do capital. Quanto ao resultado dos testes de "stress",
Santos Ferreira responde "com base numa convicção, dado que não disponho de nenhuma
informação. Acredito que todos os bancos ultrapassarão os 'stress testes'".
Ninguém pode ganhar a "guerra" dos depósitos
Quanto à estratégia de captação dos recursos de clientes, o CEO do BCP diz concordar com a
recomendação do Banco de Portugal a sugerir prudência nas remunerações dos depósitos.
Numa “‘guerra’ de depósitos só existirão perdedores, incluindo os clientes”, explica Santos
Ferreira. “Alguns ganharão mas no conjunto fica tudo igual, ou seja, paga-se mais pelos depósitos
mas a seguir isso vai ter de se reflectir” nos empréstimos. “Claro que um cliente que só tenha
depósitos ganhará, mas todos sabem que a maioria dos portugueses tem bastante mais crédito”,
explica.
Banco ganhava com maior discrição no tratamento da situação grega
Para a Grécia, onde o BCP detém uma exposição de 700 milhões de euros, o banqueiro acredita
que “ganhávamos todos com maior discrição e maior rapidez de decisão”. “Penso que passar um
país para ‘default’ total ou parcial coloca em risco os países que precisam, a seguir, de ir ao
mercado, caso da Irlanda e Portugal, e gostava, pessoalmente, de manter todas as hipóteses em
aberto”, sintetiza.
Também acredita que não faz sentido estender as datas de pagamento nos empréstimos à Grécia
porque “a questão que se coloca a seguir é, com que vontade fica, a seguir, de emprestar a países
como a Irlanda e Portugal”, resume.
Por cá, o banqueiro não tem dúvidas de que “há espaço e condições para continuar a investir e a
trabalhar em Portugal”, desde que existam “bons projectos, capital e recursos próprios para
investir”. É que, sublinha, “acabou o tempo me que havia uma boa ideia e bastava recorrer à
banca.”
2011-06-30
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Santos Ferreira: "Acredito que todos os bancos nacionais vão