Loureiro, Sachsida e Mendonça. O artigo baseia-se na metodologia desenvolvida por Gary Becker em seu artigo seminal, “Crime and Punishment: an Economic Approach”. Becker foi um pioneiro em usar interações sociais para explicar o comportamento ilegal. Desde então, muitos estudos têm sido feitos visando verificar correlação entre variáveis de interação social e comportamento criminoso. Segundo Becker, pode ser definida como a inclusão, na função utilidade do indivíduo, de variáveis pertencentes a outro(s) indivíduo(s) Outra maneira de se entender este conceito é pensar que o comportamento de uma pessoa pode afetar o comportamento das outras. Na literatura de interações sociais, tenta-se mostrar que o fato de o indivíduo possuir certas variáveis aumenta sua probabilidade de se envolver em atos criminosos. Algumas destas variáveis são abuso de drogas, má relação com a família, ausência de um dos pais. Outra questão interessante é determinar se as variáveis que afetam os crimes violentos são diferentes das que afetam os demais crimes. Neste artigo, intenta-se descobrir se este tipo de distinção ocorre. Para isso, foi usada uma base de dados de 799 presos do presídio da Papuda, no DF. O questionário aplicado aos 799 detentos continha não só perguntas sobre renda da família, nível de educação, como também perguntas sobre religiosidade, uso de drogas, relação com a família. Tudo referente ao período anterior à detenção. O artigo segue a metodologia usada comumente nesta literatura e usa um modelo de varíavel qualitativa tipo probit. A variável idade possui sinal negativo, indicando que quanto mais novo, mais propenso um indivíduo é a cometer um crime, na média. A variável de educação do chefe da família possui também sinal negativo, mostrando que indivíduos com pais melhor educados têm menor propensão a cometer crimes, na média. A variável renda ficou com sinal positivo, algo difícil de se explicar. Porém, isso começa a evidenciar que as variáveis que motivam o crime violento são diferentes das que motivam o crime não violento, pois o último certamente possui correlação negativa com a renda, uma vez que é cometido por motivos primariamente econômicos. As variáveis para pais falecidos e para boa relação com os pais são fundamentais nesta análise. Ambos têm sinais esperados. A variável de mãe viúva tem sinal positivo, como esperado. O objetivo do trabalho é mostrar que as variáveis que afetam o crime violento e o não violento são distintas. Após feita a análise, pode-se realmente dizer que há fortes indícios de que isso é verdadeiro. Foi mostrado também que variáveis de relação com a sociedade, e principalmente com a família podem afetar a predisposição de um indivíduo a cometer crimes. Assim, a principal mensagem deste texto é que programas de assistência aos órfãos e à família em geral são de importância capital na prevenção do crime, principalmente o do tipo violento.