UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Estudo do óleo das sementes de Carthamus tinctorius L. para produção de biodiesel Ellen Kadja Lima de Morais ___________________________________ Dissertação de Mestrado Natal/RN, setembro de 2012 Ellen Kadja Lima de Morais ESTUDO DO ÓLEO DAS SEMENTES DE Carthamus tinctorius L. PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL D is s e r t a ç ã o a p r e s e nt a d a a o P r o g r a ma de Pó s- Gr aduaç ão em Q u í m ic a , da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Química. Orientadores: Profª. Drª. Marta Costa. Prof. Dr. Carlos Roberto Oliveira Souto. Natal - RN 2012 Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química Morais, Ellen Kadja Lima de. Estudo do óleo das sementes de Carthamus tinctorius L. para produção de biodiesel/ Ellen Kadja Lima de Morais. Natal, RN, 2012. 94 f. Orientadora: Marta Costa Co-Orientador: Carlos Roberto Oliveira Souto Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química. Afetividade. Química. Aulas experimentais. 1. Energia Alternativa – Dissertação. 2. Biodiesel - Dissertação. 3. Caracterização do óleo de Cártamo - Dissertação. 4. Carthamus tinctorius – Dissertação. I. Costa, Marta. II. Souto, Carlos Roberto Oliveira. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 620.92(043) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais e meu irmão, fonte de amor, carinho, dedicação, apoio e compreensão nas horas mais difíceis da minha vida. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus por me conceder saúde, força de vontade e proteção em todos os momentos de minha vida e na realização deste trabalho; Aos meus amados e maravilhosos pais Álvaro Crisanto de Morais e Dalvalina Lima de Morais pelo incentivo e constante torcida para o meu sucesso. Ao meu irmão que tanto amo e que me dá força para seguir em frente. Essa é a melhor família, amo-a mais que tudo! A Professora Doutora Marta Costa pela competente capacidade de criar as condições para a execução deste trabalho e incentivo ao meu crescimento profissional e pessoal; Ao Professor Doutor Carlos Souto pelas sugestões, críticas, paciência e experiência compartilhada; Aos alunos de Iniciação Científica pelo apoio constante, trabalhos realizados e convivência agradável: Camila Carvalho e Claudi Diego; Às minhas amigas lindas, maravilhosas e amadas, que tanto me ajudaram quando mais precisei: Alexssandra, Ana Paula, Cássia Carvalho, Daniela Karla; Eloíse Paiva, Ítalla; Laura Denise, Michelle Vanessa; Janaísa Pinheiro, Jéssica Emanuela; Jéssica Horacina; Juliana Patrícia; Jussara Patrícia; Patrícia (Paty); Rayanna, Simara e Synthia. Ao Paulo Henrique e ao João Paulo pela ajuda na plotagem e análise dos dados de Estabilidade Oxidativa e Termogravimetria, muito obrigada. A Anne Gabriella por se dispor a tirar minhas dúvidas com muita atenção e dedicação. Aos companheiros de trabalho: Aline Felipe; Carol; Carlos Henrique; Dayanne; Diogo; Fábio; Luanna; Luiz Carlos; Paulo Henrique; Ricardo, Tatiana e Suzan. Em especial as minhas amigas Daniela, Rayana, Erileide, Gicélia, Heloíza Fernanda, Juliana Patrícia e Susana que tanto me ajudaram e aconselharam tanto na vida profissional, quanto pessoal, sem a presença delas este sonho não estaria se concretizando. A toda minha querida e amada família: tios, primos e avós (in memoriam). A todos os queridos amigos que não citei nomes para não ser injusta com alguns, afinal de contas a lista é muito grande! Ao Programa de Pós Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela oportunidade. Principalmente a Ana Alice Souto e aos Professores Antônio e Sibelle. Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), pelo apoio financeiro, através da bolsa de estudo ao longo de dois anos. “Quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes.” RESUMO A maior parte da energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão e do gás natural. Essas fontes são limitadas e com previsão de esgotamento no futuro, portanto, a busca por fontes alternativas de energia é de suma importância. Atualmente, há um considerável interesse em tornar sustentável o comércio do biodiesel, um combustível alternativo ao de origem fóssil, em função de sua natureza renovável e dos benefícios ambientais de seu emprego em larga escala. Essa tendência levou o governo brasileiro a estabelecer um programa (Probiodiesel) com o objetivo de introduzir o biodiesel na matriz energética nacional, através da adição de 5% de biodiesel ao diesel convencional em 2010, de forma a incentivar não somente o aumento de fontes renováveis de energia, mas reduzir as importações do óleo bruto. O presente trabalho avalia diferentes métodos de extrações (Soxhlet, Ultrassom e Exaustiva) do óleo de Carthamus tinctorius L., sua caracterização por IV, RMN 1H e 13 C, CLAE, TG e Estabilidade Oxidativa que na presença de antioxidante demonstrou ser bastante satisfatório e seu emprego na produção de éster metílico (razão molar óleo/álcool; 1:6; NaOH como catalisador). Os parâmetros fisico-químicos (índice de acidez, densidade, viscosidade, índice de saponificação e tensão superficial) do óleo e biodiesel também estão descritos. O biodiesel produzido que apresentou rendimento de 93,65%, foi caracterizado em relação as suas propriedades fisico-químicas 3 apresentando resultados 2 satisfatórios (Densidade = 875 kg/m ; Viscosidade = 6,22 mm /s; IA = 0,01 mg (NaOH)/g) quando comparados com os valores estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. PALAVRAS-CHAVE: Carthamus tinctorius L.; Biodiesel; Caracterização do óleo de Cártamo. ABSTRACT Most of the energy consumed worldwide comes from oil, coal and natural gas. These sources are limited and estimated to be exhausted in the future, therefore, the search for alternative sources of energy is paramount. Currently, there is considerable interest in making trade sustainable biodiesel, a fuel alternative to fossil fuels, due to its renewable nature and environmental benefits of its use in large scale. This trend has led the Brazilian government to establish a program (Probiodiesel) with the aim of introducing biodiesel into the national energy matrix, by addition of 5% biodiesel to conventional diesel in 2010 to foster not only the increase of renewable energy, but reduce imports of crude oil. This work evaluates different methods of extraction of oil Carthamus tinctorius L., their characterization by IR, 1H and 13 C NMR, HPLC and TG and their use in the production of methyl ester (molar ratio of oil / alcohol 1:6, and NaOH catalyst). The physico-chemical parameters (acid value, density, viscosity, saponification index and surface tension) of oil and biodiesel were also described. The produced biodiesel had a yield of 93.65%, was characterized in relation to their physicochemical properties showing satisfactory results (density=875 kg/m3, viscosity = 6.22 mm2/s, AI = 0.01 mg (NaOH) /g) compared with the values established by the the National Agency Oil, Natural Gas and Biofuels. KEYWORDS: Carthamus tinctorius L.; Biodiesel; Characterization of safflower oil. LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 Estruturas químicas dos ácidos gordos predominantes nos óleos e gorduras vegetais. (I) Ácido láurico; (II) Ácido oleico; (III) Ácido 29 linoleico; (IV) Ácido linolênico Figura 3.2 Reação de Transesterificação 38 Figura 3.3 Mecanismo em Etapas da Reação de Transesterificação 38 Figura 3.4 (a) Flor e (b) Semente do Carthamus tinctorius L 43 Figura 3.5 Figura 4.1 Esquema básico de funcionamento do Rancimat para o teste de 45 oxidação acelerada Sistemas das técnicas de extração por soxhlet (1), ultra-som (2) e 48 exaustiva (3) Figura 4.2 Rotaevaporador Fisatom 49 Figura 4.3 Sistema reacional para a obtenção do produto de transesterificação 50 Figura 4.4 Separação do éster obtido e glicerol 50 Figura 4.5 Representação esquemática do processo de produção do biodiesel 51 Figura 4.6 Ilustração Tensiômetro DSC-Dunouy 57 Figura 4.7 Rancimat e representação esquemática da estabilidade oxidativa 58 Figura 5.1 Óleo de Cártamo obtido após extração (a) Hexano; (b) diclorometano e (C) Hexano: Acetato de Etila (4:1) Figura 5.2 60 Reação de transesterificação de triglicerídeos. R representa as cadeias longas de hidrocarbonetos 63 65 Figura 5.4 Placa Cromatográfica do material de partida e da resultante da transesterificação usando sistema solvente hexano/acetato de etila (9:1, v:v) Espectro de infravermelho do óleo Figura 5.5 Espectro de RMN de ¹H do azeite de oliva 68 Figura 5.6 Espectro de RMN de 1H do Óleo de cartámo H-1 e H-3 são referentes Figura 5.3 ao hidrogênio do glicerol presente no óleo 13 66 69 Figura 5.7 Espectro de RMN de C do óleo 70 Figura 5.8 Espectro de RMN de 1H do biodiesel de Cártamo 71 Figura 5.9 Espectro de RMN de 13C do éster de Cártamo 72 Figura 5.10 Cromatograma da CLAE do óleo de cártamo. (L: linoléico; O: oléico; 73 P: palmítico; S: esteárico) TG do óleo e do éster de cártamo 75 Figura 5.11 Figura 5.12 DTG do óleo e do Éster de Cártamo Figura 5.13 Figura 5.17 Curvas de estabilidade oxidativa do óleo de em diferentes métodos de 77 extração e do óleo de soja comercial Comportamento inicial do óleo de cártamo extraído pelos métodos 78 M1.3, M3.3 e M2.1, em comparação com o óleo de soja comercial Curvas de estabilidade oxidativa do óleo de cártamo obtidos pelos métodos M1.3, M3.3 e M2.1, em comparação com os mesmos óleo 79 adicionados 0,5 % de anti oxidante comercial Curvas de estabilidade oxidativa do óleo de cártamo obtidos pelos métodos M1.3, M3.3 e M2.1, adicionados 0,5% de anti oxidante 80 comercial Curva de Rancimat com variação de temperatura para amostra M3.3 81 Figura 5.18 Extrapolação do óleo de Cártamo a 25 ºC 82 Figura 5.19 Extrapolação do óleo de cártamo a 30 ºC 82 Figura 5.14 Figura 5.15 Figura 5.16 75 LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Evolução histórica do biodiesel. 22 Tabela 3.2 Parâmetros gerais para a qualidade do biodiesel 32 Tabela 3.3 Polaridade de alguns solventes 37 Tabela 3.4 Composição de ácidos graxos do óleo de Cártamo 44 Tabela 4.1 Solventes e Marcas 46 Tabela 4.2 Equipamentos, Marcas e Modelos 47 Tabela 4.3 Códigos classificados para cada amostra com sua respectiva técnica 48 de extração Dados dos rendimentos dos métodos de extrações 59 Tabela 5.1 Tabela 5.2 Tabela 5.3 Tabela 5.4 Características dos parâmetros físico-químico do óleo de cártamo comercial, óleo extraído por solventes e seu respectivo biodiesel Valores de Rfs das amostras de óleo biodiesel obtido a partir da transesterificação de óleo vegetal virgem e usado comercial Caracterização por FT-IR da amostra resultante da extração do óleo 61 64 66 1 Tabela 5.6 Atribuição dos picos do espectro de H segundo dados de Guillen e 68 Ruiz (2001) 73 Proporções dos ácidos graxos de acordo com o Cromatograma Tabela 5.7 Dados termogravimétricos do óleo e biodiesel de cártamo Tabela 5.5 76 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS NaOH Hidróxido de Sódio HCl Ácido Clorídrico CH3OH Metanol FT-IR Infravermalho com Transformada de Fourier RMN Ressonância Magnética Nuclear CDCl3 Clorofórmio Deuterado CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ACN Acetonitrila RP Fase Reversa mm Milimetros ºC Graus Celsius min Minutos mg Miligramas TG Termogravimetria DTG Termogravimetria Derivada V Volume N Normalidade CCD Cromatografia em Camada Delgada Eq Equivalente Grama P Peso da Amostra v Viscosidade k Constante do Capilar t Tempo em Segundos IS Índice de Saponificação IA Índice de Acidez TS Tensão Superficial EN Norma Européia ANP Agência Nacional de Petróleo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 16 2 OBJETIVOS 19 2.1 OBJETIVOS GERAIS 19 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 19 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20 3.1 BIODIESEL 20 3.2 HISTÓRICO DO BIOCOMBUSTÍVEL 21 3. 3 ASPECTOS AMBIENTAIS RELACIONADOS COM O USO DO 23 BIODIESEL 3.4 BIODIESEL NO MUNDO 24 3.4.1 Biodiesel como alternativa para a matriz energética nacional 26 3.5 ÓLEOS E GORDURAS 28 3.5.1 Composição química de gorduras e óleos vegetais 28 3.5.2 Ácidos Graxos 30 3.6 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO BIODIESEL 30 3.6.1 Parâmetros Específicos 31 3.6.2 Parâmetros Gerais 31 3.6.2.1 Densidade 32 3.6.2.2 Viscosidade Cinemática 33 3.6.2.3 Índice de Saponificação 33 3.6.2.4 Índice de Acidez 34 3.6.2.5 Tensão Superficial 35 3.7 EXTRAÇÃO 35 3.7.1 Extração Ultrassônica 36 3.7.2 Extração por Solvente 36 3.7.3 Solventes de Extração 36 3.8 TRANSESTERIFICAÇÃO 37 3.8.1 Catalisador 39 3.9 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO E 39 BIODIESEL 3.9.1 Infravermelho 40 3.9.2 Ressonância Magnética Nuclear 40 3.9.3 Cromatografia líquida de alta eficiência 41 3.10 ANÁLISE TÉRMICA 41 3.10.1 Termogravimétrica (TG) 41 3.10.2 Termogravimetria Derivada (DTG) 42 3.11 MATÉRIA-PRIMA 42 3.12 ESTABILIDADE OXIDATIVA DO BIODIESEL 44 4 MATERIAIS E MÉTODOS 46 4.1 REAGENTES 46 4.2 EQUÍPAMENTOS 47 4.3 EXTRAÇÃO DO ÓLEO DO CÁRTAMO (Carthamus tinctorius L.) 47 4.3.1 Extração do Óleo 48 4.4 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO 49 4.5 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO E 51 BIODIESEL 4.5.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 51 4.5.2 Ressonância Magnética Nuclear 52 4.5.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência 52 4.6 ANÁLISE TÉRMICA 53 4.6.1 Termogravimetria Derivada 54 4.7 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO E SEU BIODIESEL 54 4.7.1 Densidade 54 4.7.2 Viscosidade Cinemática 54 4.7.3 Índice de Saponificação 55 4.7.4 Índice de Acidez 56 4.7.5 Tensão Superficial 56 4.8 RANCIMAT 57 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 59 5.1 EXTRAÇÃO DO ÓLEO 59 5.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO E SEU BIODIESEL 61 5.3 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO 63 5.4 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) 64 5.5 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO E 65 BIODIESEL 5.5.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com 66 Transformada de Fourier (FTIR) 5.5.2 Ressonância Magnética Nuclear do óleo 1 67 5.5.2.1 RMN H 67 5.5.2.2 RMN 13C 70 5.5.2.3 RMN do Biodiesel 71 5.5.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência 72 5.6 ANÁLISE TÉRMICA 74 5.7 RANCIMAT 76 5.7.1 Tempo de Armazenagem 80 6 CONCLUSÕES 83 7 REFERÊNCIAS 84 16 Capítulo 1 - Introdução 1 INTRODUÇÃO Após a crise do petróleo iniciada no final de 1973, todos os países importadores de petróleo foram prejudicados, principalmente aqueles em desenvolvimento como o Brasil. Essa crise e a preocupação ambiental causaram uma necessidade de se obter novas fontes de energia, uma das alternativas colocadas em questão foi a utilização de óleo vegetal em substituição ao diesel, pois estes óleos poluem menos e têm poder calorífico bastante elevado (MEHER, 2006). A substituição total ou parcial de combustíveis de origem fósseis tem um forte “apelo” ambiental, pois as emissões derivadas de seu uso geram um aumento na concentração atmosférica dos gases causadores do efeito estufa, chuva ácida e redução da camada de ozônio (VASCONCELLOS, 2002). Com a intenção de diminuir danos ambientais, iniciaram-se pesquisas por combustíveis alternativos, dentre eles, o biodiesel, um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, como óleos vegetais “puros” ou usados, gorduras animais e outros. É obtido por diferentes processos, como craqueamento, esterificação, microemulsão ou transesterificação. Dentre esses processos, a transesterificação apresenta-se como a melhor alternativa para o desenvolvimento desse bicombustível a partir de óleos vegetais (MEHER, 2006) devido à simplicidade do processo e a menor demanda de energia (FERRARI, 2009). A reação de transesterificação (alcoólise) consiste em reagir óleos vegetais ou gorduras animais (basicamente compostos de triglicerídeos, ésteres de glicerol e ácidos graxos) com um álcool de cadeia curta (MeOH ou EtOH), na presença de um catalisador (básico, ácido ou enzimático), resultando na produção de uma mistura de ésteres alquílicos de ácidos graxos (denominado de biodiesel) e glicerol como subproduto (MEHER, 2006). Este último, o glicerol, inicialmente recuperado em sua forma bruta por processos de decantação, é considerado um co-produto de alto valor agregado, pois pode ser aplicado na indústria química, farmacêutica e de cosméticos (VICENTE et al., 2004). O biodiesel é comercialmente utilizado em pequenas proporções na forma de misturas com óleo diesel fóssil. Quando o combustível provém da mistura dos dois óleos, recebe o nome da porcentagem de participação do biodiesel, sendo B2 quando possui 2% de biodiesel, B20 quando possui 20%, até chegar ao Biodiesel puro, denominado B100. Atualmente, a mistura que se encontra no mercado brasileiro é a B5. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 17 Capítulo 1 - Introdução As principais matérias-primas utilizadas na produção industrial de biodiesel são: soja, mamona, dendê e girassol. A soja tem potencial para fornecer todo o óleo necessário, para o B5, mas ela sofre restrições de natureza econômica, devido a indústria alimentícia. Já a mamona apresenta viabilidade por dar sustentabilidade aos assentamentos rurais no semiárido, sendo a base de uma das cadeias produtivas, porém seu índice de acidez é elevado considerando-se uma grande desvantagem, devido causar danos aos motores. Em relação ao dendê, empresas como a Agropalma utilizam o óleo que é resíduo do processo de refino (TEIXEIRA et al., 2006). O girassol é uma cultura que apresenta características desejáveis sob o ponto de vista agronômico, como ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo que fazem dela uma boa opção aos produtores brasileiros (FERRARI, 2009). No Brasil, o clima favorável, a tradição agrícola e a disponibilidade de cerca de 100 milhões de hectares de terras virgens favoráveis à agricultura tornam o País apropriado para o cultivo de espécies ricas em triglicerídeos e potencialmente úteis à produção de biodiesel, em especial, nas áreas pouco irrigadas e com baixo índice de chuvas como o Nordeste brasileiro (ROSS, 2001). O Carthamus tinctorius L. (Safflower ou Cártamo) é uma espécie tão produtiva quanto o girassol, são da mesma ordem (Asterales) e família (Asteraceae). Apresenta raízes profundas que evoluem para sustentar a planta em climas secos, sendo vulneráveis à geada. Suas sementes possuem elevado teor de óleo (entre 35 a 45 %) dos ácidos graxos linoléico (70%) e oléico (20%), de ótima qualidade para uso industrial (fabricação de tintas, esmaltes e sabões) e consumo humano (MAURÍCIO, 2009). Na análise da seleção de matérias-primas para produção de biodiesel devem ser considerados aspectos como alto teor de óleo por área e por período de cultivo; a cultura de ve apresentar um balanço energético favorável; o preço da matéria-prima deve ser compatível com a necessidade de fornecer combustível com preços equivalentes ao diesel; o subproduto de extração do óleo deve ser aproveitado, sempre que possível, na alimentação humana ou animal; a cultura oleaginosa deve ser parte da rotação de culturas regionais (BARNWAL, 2005). E ainda o biodiesel produzido deve atender as especificações dos motores do tipo ciclodiesel automotivos (caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) (TEIXEIRA et al., 2006). No Brasil, qualquer que seja a fonte de sua matéria-prima, alguns parâmetros fisicoquímicos devem encontrar-se conforme especificado na Resolução ANP 42 de 24/11/2004 da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que asseguram sua qualidade, garantindo desta forma o direito dos consumidores e preservando o meio ambiente. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 18 Capítulo 1 - Introdução Para avaliar o emprego do Óleo de Cártamo (OC) na produção de éster metílico foram feitos estudos da sua composição por IV, RMN 1H e 13 C, HPLC e caracterizações físico- químicas (densidade, viscosidade, índice de acidez, índice de saponificação e tensão superficial), bem como análise de TG, DTG e Estabilidade Oxidativa. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 19 Capítulo 2 - Objetivo 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Avaliar diferentes métodos de extração e caracterização do óleo de Carthamus tinctorius L. através de métodos espectroscópicos (IV, RMN 1H, RMN 13 C e CLAE) e propriedades físico-químicas (índice de acidez, índice de saponificação, densidade, viscosidade, análise térmica e tensão superficial). 2.2 ESPECÍFICOS Avaliar o uso de diferentes solventes (Hexano, Hexano/Acetato de Etila (4:1) e Diclorometano) no processo de extração do óleo; Investigar qual o método de extração (Ultrassom, Soxhlet, Exaustiva, etc) maximiza o rendimento em óleo; Determinar a qualidade do óleo através de suas propriedades físico-químicas como índice de acidez, densidade, índice de saponificação e viscosidade cinemática; Caracterizar os constituintes obtidos por Infravermelho, Ressonância Magnética Nuclear e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Estudar a Estabilidade Térmica do óleo e biodiesel, utilizando a Termogravimetria. Avaliar a Estabilidade Oxidativa, em Rancimat. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 20 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 BIODIESEL O biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil (Lei Nº 11.097 de Janeiro de 2005). Como o biodiesel apresenta características semelhantes ao óleo diesel, este biocombustível pode ser utilizado puro ou em misturas com o combustível de origem fóssil, em diferentes proporções. As misturas recebem o nome de acordo com os percentuais do biodiesel adicionados, para misturas de 2%, a denominação é B2 (2% de biodiesel e 98% de diesel), misturas de 5% chama-se B5 (5% de biodiesel e 95% de diesel), e assim por diante. O biodiesel puro é denominado de B100 (100% de biodiesel). O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel - PNPB, lançado oficialmente em 6 de dezembro de 2004, é uma iniciativa do Governo Federal, apresentando como uma de suas metas a adição de biodiesel ao diesel comum. Nos anos de 2006 e 2007, a adição foi voluntária e de apenas 2% (Resolução ANP Nº 42 de Novembro de 2004). Em 1º de julho de 2008, a adição de 3% de biodiesel no diesel passou a ser obrigatória. A partir de 1º julho de 2009, a adição passou para 4% (Resolução ANP Nº 07 de Março de 2008); em 1º de janeiro de 2010, estabeleceu-se em 5% o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao diesel, no Brasil. O maior aproveitamento do biodiesel na matriz energética brasileira tem enorme importância econômica e estratégica para o país (UBRABIO, 2009). O Brasil tem sido apontado como o futuro líder na produção de biodiesel. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 21 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.2 HISTÓRICO DO BIOCOMBUSTÍVEL O biodiesel vem sendo pesquisado e já é conhecido desde o início do século passado, principalmente na Europa. Na Exposição Universal de Paris de 1900, teve início o uso de óleos vegetais em motores de combustão interna com o engenheiro mecânico alemão Rudolf Christian Karl Diesel, inventor do motor a diesel, quando este utilizou óleo de amendoim como combustível. Na época, o desenvolvimento dos derivados de petróleo e a ampla oferta de combustíveis de origem fóssil tornaram essa alternativa desinteressante do ponto de vista econômico (SANT’ANNA, 2003). Em 1937, o cientista belga G. Chavenne descobriu e patenteou o processo de transesterificação, o qual diminuía a viscosidade do óleo vegetal e melhorava seu processo de combustão no interior do motor. Assim, o nome “biodiesel” foi dado ao óleo vegetal transesterificado para descrever seu uso como combustível em motores ciclo diesel (OSAKI & BATALHA, 2008). Na década de 70, o mercado de petróleo foi marcado por dois súbitos desequilíbrios entre oferta e demandas mundiais conhecidos como Primeiro e Segundo Choques do Petróleo, o que gerou uma nova consciência mundial a respeito da produção e do consumo de energia. Na década de 90, em resposta a estas crises e ao aumento do preço do barril de petróleo, o mercado sentiu a necessidade de diminuir a dependência do petróleo, investindo em pesquisa, desenvolvimento de tecnologia e uso de fontes alternativas de energia (OLIVEIRA, 2001). Atualmente com a poluição ambiental, a qual já atingiu níveis alarmantes, os biocombustíveis nunca foram tão populares, pois além de substituírem os combustíveis de origem fóssil são adeptos aos conceitos de “tecnologia limpa” e “desenvolvimento sustentável”. Por isso, as fontes de energia renovável assumiram papel crescent e na matriz energética mundial com técnicas mais avançadas e preocupadas com a preservação do meio ambiente (OLIVEIRA, 2001). Em janeiro de 2005, o biodiesel passou a fazer parte da matriz energética brasileira. A Tabela 3.1 mostra um breve histórico dos principais fatos associados a utilização de biomassa para fins energéticos no mundo, especialmente biodiesel: Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 22 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica Tabela 3.1 - Evolução histórica do biodiesel. ANO ACONTECIMENTOS 1900 Primeiro ensaio por Rudolf Diesel, em Paris, de um motor movido a óleos vegetais; 1937 Concessão da primeira patente a combustíveis obtidos a partir de óleos vegetais (óleo de palma), a G. Chavanne, em Bruxelas/Bélgica. Patente 422.877; 1938 Primeiro registro de uso de combustível de óleo vegetal para fins comerciais: ônibus de passageiros da linha Bruxelas-Lovaina/BEL; 1939-1945 Inúmeros registros de uso comercial na “frota de guerra” de combustíveis obtidos a partir de óleos vegetais. 1975 Lançamento do programa PRO-ÁLCOOL; 1980 Depósito da 1ª Patente de Biodiesel no Brasil - Dr. Expedito Parente; 1988 Início da produção de biodiesel na Áustria e na França e primeiro registro do uso da palavra “biodiesel” na literatura; 1997 EUA aprovam biodiesel como combustível alternativo; 1998 Setores de P&D no Brasil retomam os projetos para uso do biodiesel; 2002 Alemanha ultrapassa a marca de 1milhão ton/ano de produção; 08/2003 Portaria ANP 240 estabelece a regulamentação para a utilização de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos não especificados no País; 12/2003 DECRETO do Governo Federal institui a Comissão Executiva Interministerial (CEI) e o Grupo Gestor (GG), encarregados da implantação das ações para produção e uso de biodiesel; 24/11/2004 Publicadas as resoluções 41 e 42 da ANP, que instituem a obrigatoriedade de autorização deste orgão para produção de biodiesel, e que estabelece a especificação para a comercialização de biodiesel que poderá ser adicionado ao óleo diesel, na proporção 2% em volume; 06/12/2004 Lançamento do Programa de Produção e Uso do biodiesel pelo Governo Federal; 13/01/2005 Publicação no D.O.U. da lei 11.097 que autoriza a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira; 22/02/2005 Instrução Normativa SRF nº 516, a qual dispõe sobre o Registro Especial a que estão sujeitos os produtores e os importadores de biodiesel, e dá outras providências; 15/03/2005 Instrução Normativa da SRF nº 526, a qual dispõe sobre a opção pelos regimes de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins, de que tratam o art. 52 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e o art. 4º da Medida Provisória nº 227, de 6 de dezembro de 2004; 24/03/2005 Inauguração da primeira usina e posto revendedor de Biodiesel no Brasil (Belo Horizonte/MG); 19/04/2005 A medida provisória foi a sanção do presidente. Fonte: Plá (2002) Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 23 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.3 ASPECTOS AMBIENTAIS RELACIONADOS COM O USO DO BIODIESEL O interesse ambiental está relacionado com as emissões de compostos sulfurados. Sabe-se que a redução do teor de enxofre no diesel comercial também reduz a viscosidade do produto a níveis não compatíveis com a sua especificação e que, para corrigir esse problema, faz-se necessária a incorporação de aditivos com poder lubrificante. Consumada a obrigatoriedade na redução dos níveis de emissão de compostos sulfurados a partir da combustão do diesel, a adição de biodiesel em níveis de até 5% (B5) corrigirá esta deficiência viscosimétrica, que confere à mistura propriedades lubrificantes vantajosas para o motor (RAMOS et al., 2003). O caráter renovável do biodiesel está apoiado no fato de as matérias-primas utilizadas para a sua produção serem oriundas de fontes renováveis, isto é, de derivados de práticas agrícolas, ao contrário dos derivados de petróleo. Uma exceção a essa regra diz respeito à utilização do metanol, derivado de petróleo, como agente transesterificante, sendo esta a matéria-prima mais abundantemente utilizada na Europa e nos Estados Unidos. Isso significa que a prática adotada no Brasil, isto é, a utilização do etanol, derivado de biomassa, torna o biodiesel um produto que pode ser considerado como verdadeiramente renovável (ZAGONEL, 2000). Assim, por envolver a participação de vários segmentos da sociedade, tais como as cadeias produtivas do etanol e das oleaginosas, a implementação do biodiesel de natureza etílica no mercado nacional abre oportunidades para grandes benefícios sociais decorrentes do alto índice de geração de empregos, culminando com a valorização do campo e a promoção do trabalhador rural. Além disso, há ainda as demandas por mão -de-obra qualificada para o processamento dos óleos vegetais, permitindo a integração, quando necessária, entre os pequenos produtores e as grandes empresas (CAMPOS, 2003). Como combustível o biodiesel possui algumas características que representam vantagem sobre os combustíveis derivados do petróleo, tais como, virtualmente livre de enxofre e de compostos aromáticos; alto número de cetano; teor médio de oxigênio; maior ponto de fulgor; menor emissão de partículas, HC (alcanos), CO e CO 2; caráter não tóxico e biodegradável, além de ser proveniente de fontes renováveis (PETERSON, 2002). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 24 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.4 BIODIESEL NO MUNDO Os biocombustíveis vêm sendo testados atualmente em várias partes do mundo. Países como Argentina, Estados Unidos, Malásia, Alemanha, França e Itália já produzem biodiesel comercialmente, estimulando o desenvolvimento em escala industrial. No início dos anos 90, o processo de industrialização do biodiesel foi iniciado na Europa. Portanto, mesmo tendo sido desenvolvido no Brasil, o principal mercado pro dutor e consumidor de biodiesel em grande escala é a Europa (SALES et al., 2006). A União Européia produz anualmente mais de 1,35 milhões de toneladas de biodiesel, em cerca de 40 unidades de produção. Isso corresponde a 90% da produção mundial de biodiesel. O governo garante incentivo fiscal aos produtores, além de promover leis específicas para o produto, visando melhoria das condições ambientais através da utilização de fontes de energia mais limpas. A tributação dos combustíveis de petróleo na Europa, inclusive do óleo diesel mineral, é extremamente alta, garantindo a competitividade do biodiesel no mercado (SILVA & FERNADES, 2005). As refinarias de petróleo da Europa têm buscado a eliminação do enxofre do óleo diesel. Como a lubricidade do óleo diesel mineral dessulfurado diminui muito, a correção tem sido feita pela adição do biodiesel, já que sua lubricidade é extremamente elevada. Esse combustível tem sido designado, por alguns distribuidores europeus, de “Super Diesel” (HOLANDA, 2004). No mercado internacional, o Biodiesel produzido tem sido usado em: veículos de passeio, transporte de estrada e off road, frotas cativas, transporte público e geração de eletricidade. O maior país produtor e consumidor mundial de biodiesel é a Alemanha, responsável por cerca de 42% da produção mundial. Sua produção é feita a partir da colza, produto utilizado principalmente para nitrogenização do solo. A extração do óleo gera farelo protéico, à ração animal. O óleo é distribuído de forma pura, isento de mistura ou aditivos, para a rede de abastecimento de combustíveis compostas por cerca de 1700 postos. Na Europa foi assinado, em maio/2003, uma Diretiva pelo Parlamento Europeu, visando a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis. A proposta é ter 5,75% em 2010 (BIODIESEL, 2011). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 25 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica A grande motivação americana para o uso do biodiesel é a qualidade do meio ambiente. Os americanos estão se preparando, com muita seriedade, para o uso desse combustível especialmente nas grandes cidades. A capacidade de produção estimada é de 210 a 280 milhões de litros por ano (HOLANDA, 2004). Analistas prevêem que o próximo presidente americano será aquele com maior engajamento em políticas ambientais. O meio ambiente será o fator determinante na próxima eleição americana. A produção dos biocombustíveis nos EUA aumentou de maneira bastante significativa. A Comissão Nacional para o biodiesel revelou que a produção deste combustível chegou aos 75 milhões de galões (280 milhões de litros) em 2005, face aos 25 milhões de galões (93 milhões de litros) refinados no ano anterior (BIODIESEL, 2011). A percentagem que tem sido mais cogitada para a mistura no diesel de petróleo é a de 20% de biodiesel, B20. O Programa Americano de Biodiesel é baseado em pequenos produtores (BIODIESEL, 2011). Como o diesel americano possui uma menor carga tributária, apenas a renúncia fiscal não permite viabilizar o biodiesel. Além das medidas de caráter tributário, têm sido adotados incentivos diretos à produção como o Commodity Credit Corporation Bioenergy Program, que subsidia a aquisição de matérias-primas para fabricação de etanol e biodiesel, e atos normativos que determinam um nível mínimo de consumo de biocombustíveis, por órgãos públicos e frotas comerciais, como definido no Energy Policy Act (EPAct) (BIODIESEL, 2011). Atualmente, o Biodiesel está sendo usado em frotas de ônibus urbanos, serviços postais e órgãos do governo e é considerado Diesel Premium para motores utilizados na mineração subterrânea e embarcações (BIODIESEL, 2011). A denominada “conta de defesa” que resulta da proteção americana ao petróleo no Oriente Médio para garantir o fluxo ininterrupto de óleo cru, é da ordem de bilhões de dólares por ano. Este fato demonstra a instabilidade de abastecimento, a fragilidade da política de preços, uma vez que o custo real do barril de óleo e, por conseguinte, dos combustíveis nos USA é sensivelmente mais alto do que os preços praticados nos postos de abastecimento. As vendas de biodiesel nos USA, segundo informações da NBB, em 1999 atingiram 1,9 milhões de litros subindo posteriormente para 57 milhões de litros (BIODIESEL, 2011). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 26 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.4.1 Biodiesel como alternativa para a matriz energética nacional Biodiesel é um substituto natural do diesel de petróleo, que pode ser produzido a partir de fontes renováveis como óleos vegetais, gorduras animais e óleos utilizados para cocção de alimentos (fritura). Quimicamente, é definido como éster monoalquílico de ácidos graxos derivados de lipídeos de ocorrência natural e pode ser produzido, juntamente com a glicerina, através da reação de triacilgliceróis (ou triglicerídeos) com etanol ou metanol, na presença de um catalisador ácido ou básico (RAMOS, 2001 e 2003). Embora essa tenha sido a definição mais amplamente aceita desde os primeiros trabalhos relacionados com o tema, alguns autores preferem generalizar o termo e associá-lo a qualquer tipo de ação que promova a substituição do diesel na matriz energética mundial, como nos casos do uso de: (a) óleos vegetais in natura, quer puros ou em mistura; (b) bioóleos, produzidos pela conversão catalítica de óleos vegetais (pirólise); e (c) microemulsões, que envolvem a injeção simultânea de dois ou mais combustíveis, geralmente imiscíveis, na câmara de combustão de motores do ciclo diesel (MA E HANNA, 1999). Portanto, é importante frisar que o biodiesel é tão-somente definido como o produto da transesterificação de óleos vegetais que atende aos parâmetros fixados pelas normas ASTM D6751 (AMERICAN STANDARD TESTING METHODS, 2003) e DIN 14214 (DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG, 2003), ou pela Portaria no 255 da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, 2003). A grande compatibilidade do biodiesel com o diesel convencional o caracteriza como uma alternativa capaz de atender à maior parte da frota de veículos a diesel já existente no mercado, sem qualquer necessidade de investimentos tecnológicos no desenvolvimento dos motores. Por outro lado, o uso de outros combustíveis limpos, como o óleo in natura, as microemulsões, o gás natural ou o biogás requerem uma adaptação considerável para que o desempenho exigido pelos motores seja mantido (LAURINDO, 2003). Do ponto de vista econômico, a viabilidade do biodiesel está relacionada com o estabelecimento de um equilíbrio favorável na balança comercial brasileira, visto que o diesel é o derivado de petróleo mais consumido no Brasil, e que uma fração crescente desse produto vem sendo importada anualmente (NOGUEIRA E PIKMAN, 2002). Em termos ambientais, a adoção do biodiesel, mesmo que de forma progressiva, ou seja, em adições de 2% a 5% no diesel de petróleo, resultará em uma redução significativa no padrão de emissões de materiais particulados, óxidos de enxofre e gases que contribuem para Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 27 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica o efeito estufa (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2002). Sendo assim, sua difusão, em longo prazo, proporcionará maiores expectativas de vida à população e, como conseqüência, um declínio nos gastos com saúde pública, possibilitando o redirecionamento de verbas para outros setores, como educação e previdência. Cabe aqui ainda ressaltar que a adição de biodiesel ao petrodiesel, em termos gerais, melhora as características do combustível fóssil, pois possibilita a redução dos níveis de ruído e melhora a eficiência da combustão pelo aumento do número de cetano (GALLO, 2003). Em diversos países, o biodiesel já é uma realidade. Na Alemanha, por exemplo, existe uma frota significativa de veículos leves, coletivos e de carga, que utilizam biodiesel derivado de plantações específicas para fins energéticos e distribuído por mais de 1.000 postos de abastecimento. Outros países também têm desenvolvido os seus programas nacionais de biodiesel e, como conseqüência, o consumo europeu de biodiesel aumentou em 200.000 ton. entre os anos de 1998 e 2000. Já nos Estados Unidos, leis aprovadas nos estados de Minnesotta e na Carolina do Norte determinaram que, a partir de 1º/1/2002, todo o diesel consumido deveria ter a incorporação de, pelo menos, 2% de biodiesel em base volumétrica. No Brasil, desde as iniciativas realizadas na década de 80, pouco se investiu nesse importante setor da economia, mas a reincidência de turbulências no mercado internacional do petróleo, aliada às pressões que o setor automotivo vem sofrendo dos órgãos ambientais, fez com que o Governo atual iniciasse um novo trabalho com vistas a utilizar óleos vegetais transesterificados na matriz energética nacional. Esse trabalho foi materializado na forma de um programa nacional, intitulado PROBIODIESEL (Portaria no. 702 do MCT, de 30 de outubro de 2002) e CERBIO (Centro Nacional de Referência em Biocombustíveis). A missão do CERBIO será a de desenvolver o conceito de biocombustíveis em sua plenitude, desde a certificação de produtos até o desenvolvimento tecnológico de novas rotas que contribuam para o aumento da viabilidade e competitividade técnica do biodiesel nacional (RAMOS et al., 2003). Ao longo dos últimos anos, o PROBIODIESEL vem se desenvolvendo por meio de ações integradas entre instituições de tecnologia, ensino e pesquisa, empresas e associações direta ou indiretamente ligadas ao tema, sob a forma de grupos de trabalho que integram a chamada Rede Brasileira de Biodiesel. Esse programa tem como principal objetivo promover o desenvolvimento das tecnologias de produção e avaliar a viabilidade e a competitividade técnica, sócio-ambiental e econômica do biodiesel para os mercados interno e externo, bem Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 28 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica como de sua produção e distribuição espacial nas diferentes regiões do país (Andrade, 2003; Ministério da Ciência e Tecnologia, 2002). Em 2010 a produção de Biodiesel no Brasil foi de aproximadamente 2,35 milhões de litros, tornando o país o terceiro maior produtor mundial de acordo com dados recentes. 3.5 ÓLEOS E GORDURAS Óleos e gorduras são lipídeos em que predominam os glicerídeos, em sua composição. Estes são constituídos pelos triglicerídeos, fosfolipídios, ceras e álcoois graxos, compostos saponificáveis, bem como pelos compostos não saponificáveis, esteróis, tocoferóis e carotenóides. Os triglicerídeos representam cerca de 95% dos lipídeos encontrados no s óleos e gorduras, são ésteres de glicerol e são produzidos pela reação de esterificação. A reação reversa é a hidrólise, que produz o glicerol e os ácidos graxos (REGITANO-D’ARCE, 2006). Os componentes mais expressivos dos óleos e gorduras são os triglicerídeos e suas propriedades físicas dependem da estrutura e distribuição dos ácidos graxos presentes. Os óleos e gorduras naturais podem ser o único constituinte de um produto ou podem fazer parte da mistura de diversos constituintes em um composto. Existem casos, entretanto, que se torna necessário modificar as características desses materiais, para adequá-los a uma determinada aplicação. Portanto, o setor industrial de óleos e gorduras tem desenvolvido diversos processos para manipular a composição das misturas de triglicerídeos (CASTRO et al., 2005). 3.5.1 Composição química de gorduras e óleos vegetais Quimicamente, as gorduras e os óleos vegetais são ésteres de glicerol com ácidos graxos. O comprimento das cadeias de carbono nas gorduras e óleos alimentares variam entre 4 e 24 átomos de carbonos podendo conter até três ligações duplas, representadas genericamente por C-n:p, sendo n o número de átomos de carbono da cadeia e p o número de ligações duplas. Os ácidos graxos saturados predominantes são os ácidos láurico (C-12:0), mirístico (C-14:0), o palmítico (C-16:0), o esteárico (C-18:0), araquídico (C-20:0), o behénico Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 29 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica (C-22:0) e o linhocérico (C-24:0). Os monoinsaturados mais importantes são o ácido oléico (C-18:1) e o erúcico (C-22:1). Os poli-insaturados mais importantes são o ácido linoléico (C18:2) e o linolênico (C- 18:3) (Figura 3.1). Fisicamente, as gorduras e os óleos são diferentes na medida em que as primeiras são sólidas à temperatura ambiente e os óleos são líquidos. A diferença de propriedades é, geralmente, determinada pela composição em ácidos graxos e pelo grau de insaturação destes. Estes aspectos são relacionados pelo comprimento da cadeia carbonada e pelo número, posição e configuração das duplas ligações nas referidas cadeias. Geralmente, as gorduras sólidas caracterizam-se por uma predominância de ácidos graxos saturados, enquanto que nos óleos líquidos é comum um teor elevado de ácidos gordos insaturados (RIBEIRO e SERAVALLI, 2004). O I OH O OH O II III HO IV O HO Figura 3.1 - Estruturas químicas dos ácidos gordos predominantes nos óleos e gorduras vegetais. (I) Ácido láurico; (II) Ácido oleico; (III) Ácido linoleico; (IV) Ácido linolénico. As propriedades físicas das gorduras e dos óleos naturais variam muito, co mo resultado da sua composição química. Entre os fatores que afetam a composição química destacam- Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 30 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica se a origem vegetal, mas também as condições climáticas, o tipo de solo, estação de cresc imento, a maturidade e a saúde da planta, e ainda a variação genética da planta. 3.5.2 Ácidos Graxos Os ácidos graxos (AG) determinam as propriedades finais do biodiesel, diferem quanto ao tamanho da cadeia carbônica, o número e posição das duplas ligações (insaturações), e a presença de outras funções químicas. O ponto de fusão do óleo ou da gordura está relacionado com a proporção de ácidos graxos saturados e insaturados, e o comprimento da cadeia dos ácidos graxos saturados presentes no mesmo. O biodiesel de AG saturados apresenta maior número de cetano, maior lubricidade e são mais estáveis quimicamente. 3.6 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO BIODIESEL A Áustria foi o primeiro país no mundo a definir e a aprovar padrões para a utilização de combustível de ésteres metílicos derivados do óleo de colza. Para a introdução do biodiesel no mercado é necessário que existam padrões de qualidade do biodiesel. Os parâmetros que definem o biodiesel podem ser divididos em dois grupos: os parâmetros gerais, que são também usados para os óleos fósseis, e outros que descrevem particularmente a composição química e a pureza dos ésteres alquílicos dos ácidos gordos (MITTERLBACH, 1996). Em função da importância do biodiesel e da futura regulamentação da sua utilização, é importante estabelecer padrões de qualidade para o biodiesel. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 31 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.6.1 Parâmetros Específicos As especificações do biodiesel destinam-se a garantir a sua qualidade, os direitos dos consumidores e a preservação do meio ambiente (KNOTHE, 2007). Na Tabela 3.2 são apresentados alguns parâmetros específicos dos óleos vegetais, de acordo com as normas utilizadas (que especificam valores para as propriedades e características do biodiesel e os respect ivos métodos para a sua determinação) em cada um destes países. 3.6.2 Parâmetros Gerais Sabe-se que, quanto maior for a cadeia alquílica, maior é o número de cetano e a lubricidade do combustível, tal como os pontos de turvação e de fusão. Assim, moléculas grandes (por exemplo, ésteres alquílicos saturados maiores que o palmitato) tornam o combustível de difícil utilização em regiões com baixas temperaturas. Por outro lado, um elevado número de insaturações torna as moléculas quimicamente menos estáveis, o que pode ser um inconveniente devido à oxidação, degradação e polimerização do combustível, se for inadequadamente armazenado ou transportado. Tanto os ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados (palmítico, esteárico), como os poli-insaturados (linoléico, linolênico) possuem alguns inconvenientes. Assim, o biodiesel que apresenta melhores resultados é aquele que resulta da combinação de ácidos graxos saturados com mono-insaturados. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 32 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica Tabela 3.2 - Parâmetros gerais para a qualidade do biodiesel (MEHER, 2006). Parâmetros BRASIL UE EUA ANP 07/2008 EN 14 214 ASTM D6751 850-900 860-900 - 3,0-6,0 3.5-5.0 1.9-6.0 Aspecto LII* - - Índice de Acidez 0,5 0,5 0,5 6 6 - 96,5 96,5 - Densidade ( kg/m3) Viscosidade (40 mm2/s) Estabilidade a Oxidação a 110ºC (h) Teor de Éster (%) *Límpido Isento de Impurezas 3.6.2.1 Densidade A densidade do biodiesel é uma característica que participa como fator de qualidade na combustão por estar associada à qualidade de pulverização na injeção do combustível. A densidade do biodiesel deve ser mantida dentro da faixa estabelecida pela Resolução ANP Nº 7 de Março de 2008, uma vez que exerce influência sobre a viscosidade cinemática do combustível. A medida de densidade, também conhecida como massa específica, é uma propriedade importante e tem o objetivo de restringir a utilização de algumas matérias-primas para a produção de biodiesel. A densidade e outras características como volatilidade e viscosidade são geralmente independentes e exercem uma grande influencia em processos como injeção de combustível e a preparação deste para a ignição automática (MENEZES et al, 2006). O estabelecimento de um valor mínimo para densidade deve-se a necessidade de obter uma potência máxima para o motor, que usa o combustível com controle de vazão na bomba de injeção. Além disso, este valor estabelecido previne a formação de fumaça quando opera com potência máxima (CANAKCI, 2007). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 33 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.6.2.2 Viscosidade Cinemática É a medida da resistência ao escoamento dos combustíveis. Esta propriedade é considerada uma das mais importantes, por influenciar na operação de injeção do combustível no motor, principalmente em baixas temperaturas, que ocasionam o aumento da viscosidade que afeta a fluidez do combustível. A viscosidade (a 40ºC) torna um parâmetro necessário para os padrões de biodiesel e petrodiesel. Ela é principalmente utilizada no monitoramento da qualidade do biodiesel durante armazenagem, visto que esta aumenta continuamente com o decréscimo da qualidade do combustível (MENEZES et al, 2006). A redução na viscosidade é a maior razão pelo qual os ésteres alquílicos são usados como combustível e não os óleos puros. A viscosidade do biodiesel é levemente maior que a do diesel mineral, porém é consideravelmente menor que a dos óleos ou gorduras de origem (KNOTHE, 2007). Segundo MORETTO e FETT (1998), a viscosidade aumenta com o comprimento das cadeias dos ácidos graxos dos triglicerídeos e diminui quando aumenta a insaturação. A viscosidade relativamente alta dos óleos, superior à da água, se deve às atrações intermoleculares das grandes cadeias dos ácidos graxos, que constituem os triglicerídeos. Em geral, as viscosidades dos óleos decrescem ligeiramente com o aumento da insaturação, pois a hidrogenação provoca um pequeno aumento da viscosidade (ALVARADO, 2001). Os óleos que contêm ácidos graxos de baixo peso molecular são ligeiramente menos viscosos que os com alto peso molecular, mas como em outros líquidos, nos óleos, também a viscosidade diminui com o aumento da temperatura, havendo uma relação linear entre o logaritmo da viscosidade e o da temperatura (COSTA, 2006). 3.6.2.3 Índice de Saponificação É definido como o número de miligramas de hidróxido de potássio necessários para saponificar os ácidos graxos livres contidos em um grama de amostra (DANTAS, 2007). Este ensaio é importante a fim de garantir a qualidade do biodiesel quanto ao seu poder de combustão. A Resolução ANP Nº 7 de Março de 2008 não estabelece um valor máximo ou Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 34 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica mínimo para o índice de saponificação do biodiesel. Este parâmetro foi determinado de acordo com o método recomendado pela Cd 3c – 91 (American Oil Chemical Society). Conforme RIBEIRO e SERAVALLI (2004), a reação de saponificação pode estabelecer o grau de deteriorização e a estabilidade, verificar se as propriedades dos óleos estão de acordo com as especificações e identificar possíveis fraudes e adulterações. 3.6.2.4 Índice de Acidez O índice de acidez é definido como o número de miligramas de hidróxido de potássio necessários para neutralizar os ácidos graxos livres contidos em um grama de amostra. A determinação da acidez do combustível é um ensaio de extrema importância a fim de evitar a corrosão, garantindo a vida útil do motor, este dado pode indicar a conservação do óleo, pois a decomposição dos glicerídeos é acelerada pelo aquecimento e luz. O índice de acidez serve também como parâmetro para saber qual catalisador e em que quantidade deve ser utilizada. RIBEIRO e SERAVALLI (2004) revelam que o estado de conservação do óleo está intimamente relacionado com a natureza e qualidade da matéria-prima, grau de pureza do óleo, processamento e, principalmente, com as condições de conservação, pois a decomposição dos glicerídeos é acelerada por aquecimento e pela luz, enquanto a rancidez é quase sempre acompanhada da formação de ácido graxo livre. A acidez livre de uma gordura decorre da hidrólise parcial dos glicerídeos, razão pe la qual não é uma constante ou característica mas, sim, uma variável intimamente relacionada com a natureza e a qualidade da matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza da gordura, com o processamento e com as condições de conservação da gordura (MORETTO e FETT, 1998). Definido como, o número de miligramas de hidróxido de potássio necessários para neutralizar os ácidos graxos livres contidos em um grama de amostra, conforme Norma NBR 14448. A determinação da acidez do combustível é um ensaio de extrema importância a fim de evitar a corrosão, garantindo a vida útil do motor. O índice de acidez deve ser mantido abaixo do limite estabelecido (0,5 mg KOH / g), pois está relacionado à compatibilidade ao uso do combustível, o que diz respeito à longevidade do motor e de seus entornos, Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 35 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica representada pela lubricidade e pela corrosividade, sendo esta última, definida principalmente pela acidez do combustível. 3.6.2.5 Tensão Superficial A tensão superficial surge nos líquidos como resultado do desequilíbrio entre as forças agindo sobre as moléculas da superfície em relação àquelas que se encontram no interior da solução. As moléculas de qualquer líquido localizadas na interfase líquido-ar realizam um número menor de interações intermoleculares comparadas com as moléculas que se encontram no interior do líquido. A força resultante que atrai as moléculas da superfície de um líquido para o seu interior torna-se o principal obstáculo para a formação de bolhas, gotas e a nucleação de cristais em líquidos. Como estas forças de coesão tendem a diminuir a área superficial ocupada pelo líquido, observamos freqüentemente gotas adotarem a forma esférica. Pela mesma razão ocorre a formação dos meniscos, e a conseqüente diferença de pressões através de superfícies curvas ocasiona o efeito denominado capilaridade. A esta força que atua na superfície dos líquidos dá-se o nome de tensão superficial e, geralmente, quantifica-se a mesma determinando-se o trabalho necessário para aumentar a área superficial (BEHRING, 2004). A tensão superficial é uma das propriedades que influencia na medida do poder de lubrificação de uma substância. Diferentemente dos motores movido a gasolina, os motores a óleo diesel exigem que o combustível tenha propriedades de lubrificação, especialmente em razão do funcionamento da bomba, exigindo que o líquido escoado lubrifique adequadamente as suas peças em movimento. 3.7 EXTRAÇÃO O processamento da matéria-prima se inicia com o preparo das sementes, uma preparação normal para a extração começa com a retirada das cascas que pode aumentar o rendimento contemplando a redução do tamanho e da espessura. Em seguida, é feita a escolha Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 36 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica do solvente, existe uma série deles e misturas capazes de extrair o óleo de uma semente. O uso de um solvente apolar permite a extração de todos os lipídeos presentes nas sementes, e este, quando misturado a um polar, permite um pré-refino. 3.7.1 Extração Ultrassônica A extração ultra-sônica é uma técnica alternativa ao Soxhlet e que tem sido aplicada para extração de compostos orgânicos de material particulado, com o relato de aumentar o rendimento e a taxa de transferência de massa. A eficiência de recuperação encontrada, usando esta técnica, tem sido igual, ou melhor, do que a obtida na extração por Soxhlet, o mecanismo do processo resulta em intensa turbulência e correntes de circulação no sistema, apresentando desta forma uma série de vantagens, tais como a alta reprodutibilidade da técnica, utilização para uma ampla faixa de tamanho de amostra, rapidez no processamento da amostra, uso de pouca quantidade de solvente, baixo custo e pequeno número de interferentes. Vinatoru (2001) reviu várias aplicações da extração ultra-sônica em relação a materiais bioativos. Algumas das outras aplicações recentes incluem a extração de hesperidina a partir da casca de Penggan (Citrus reticulata) e extração de compostos fenólicos do pó da casca de coco (Cocos nucifera). 3.7.2 Extração via Soxhlet Ocorre em temperaturas próxima ao ponto de ebulição do solvente, o que reduz a viscosidade do óleo e aumenta sua solubilidade no solvente, garantindo a eficiência da extração (GANDHI et al.,2003). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 37 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.7.2.1 Solventes de Extração Existe uma série de solventes ou mistura de solventes capazes de extrair o óleo do grão. O uso de um solvente apolar permite a extração de todos os lipídeos presentes no grão, e este, quando misturado a um solvente polar, permite um pré-refino. O hexano é o solvente mais aplicado no processo industrial de extração de óleos. Alguns métodos, como de Folch e Bligh & Dyer, uma mistura de clorofórmio e metanol, e o método de Hara & Radin, uma mistura de ciclohexano e isopropanol, permitem a extração do óleo de alguns elementos menos apolares, que podem migrar para a fase polar (BRUM, 2000). A tabela 3.3. Mostra o índice de polaridade (P’) de alguns solventes, dentre eles, o diclorometano, que apresenta uma polaridade intermediária entre a água (polar) e o hexano (apolar). Tabela 3.3 – Polaridade de alguns solventes. Solvente P’ Hexano 0,1 Acetato de Etila 1,78 Diclorometano 1,60 Clorofórmio 1, 04 Metanol 5,1 Água 10,2 Fonte: Skoog, Holler e Nieman (2002). 3.8 TRANSESTERIFICAÇÃO A reação de transesterificação é considerada o processo químico mais viável, no momento, em todo o mundo para a produção do biodiesel. Consiste em reagir um lipídeo (conhecido como triacilglicerídeos ou triglicerídeos) com um mono-álcool de cadeia curta (metílico ou etílico), na presença de um catalisador (base ou ácido de Bronsted), resultando na produção de uma mistura de ésteres alquílicos de ácidos graxos (denominado de biodiesel) e glicerol, conforme ilustra a Figura 3.2. Faz-se necessário na reação 3 mols do álcool para cada Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 38 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica mol de triacilglicerídeo, além de ser utilizado excesso de álcool, de modo a aumentar o rendimento em ésteres, e favorecer o deslocamento químico dos reagentes para os produtos, permitindo ainda, a separação do glicerol formado (ALBUQUERQUE, 2006; SUAREZ et al, 2007). Figura 3.2 – Reação de Transesterificação. Nesta reação é promovida a quebra da molécula do triacilglicerídeo, por uma seqüência de três reações reversíveis e consecutivas, em que os monoglicerídeos e os diglicerídeos são os intermediários. Inicialmente, a molécula de triacilglicerídeo é convertida em diglicerídeo, depois em monoglicerídeo e, finalmente, em glicerol, produzindo um mol de éster a cada etapa reacional e liberando a glicerina como co-produto, que possui um de alto valor agregado, com importante aplicação comercial, por exemplo: nas indústrias químicas, farmacêuticas e de cosméticos (ZHANG et al., 2003). O mecanismo reacional em etapas está apresentado na Figura 3.5 (SUAREZ et al., 2007). Fonte: SUAREZ et al, 2007. Figura 3. 3 Mecanismo em Etapas da Reação de Transesterificação. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 39 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica Por sua vez, o álcool é considerado o agente de transesterificação e este pode conter até oito átomos de carbono em sua cadeia. No entanto, devido às propriedades conferidas ao produto, os álcoois metílico (metanol) e etílico (etanol) figuram entre os principais agentes de transesterificação e são os mais freqüentemente empregados no processo (WRIGHT et al., 1944; FREEDMAN et al., 1986; BARNWAL e SHARMA, 2005). Conforme Antolín et al. (2003) a reação de transesterificação pode ser influenciada por alguns fatores como: a pureza dos reagentes, tipo do álcool, tipo e a quantidade de catalisador, razão molar óleo: álcool, agitação da mistura, temperatura e o tempo da reação. 3.8.1 Catalisador Com relação aos catalisadores, a transesterificação pode ser realizada tanto em meio ácido quanto em meio básico, porém ela ocorre de maneira mais rápida na presença de um catalisador alcalino que na presença da mesma quantidade de catalisador ácido, observando -se maior rendimento e seletividade, além de apresentar menores problemas relacionados à corr osão dos equipamentos (ENCINAR, 2002). Os catalisadores mais eficientes para esse propósito são KOH e NaOH, sendo que o uso de hidróxido de sódio, ao invés de metóxido de sódio, é preferido por causa dos perigos e inconvenientes do uso de metal de sódio. 3.9 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO E BIODIESEL As técnicas de análises cromatográficas e espectroscópicas são utilizadas para identificar, caracterizar e quantificar os analitos presentes nas amostras de óleos vegetais. As principais técnicas utilizadas são a cromatografia a gás (CG) e líquida de alta eficiência (CLAE) e técnicas espectroscópicas como: espectroscopia ultravioleta visível (UV-vis) e de infravermelho (IR), ressonância magnética nuclear (RMN) e espectrometria de massas (MS). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 40 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.9.1 Infravermelho Espectroscopia na região do infravermelho é uma técnica que verifica, através de absorções em faixas de comprimentos de ondas determinadas, a presença ou ausência de grupos funcionais que podem levar a estrutura da molécula. A região da radiação do infravermelho, entre 4000 - 400 cm-1, é bastante útil. Essa região é absorvida pela molécula orgânica e convertida em vibração molecular. A configuração de energia de absorção obtida é chamada de espectro na região de infravermelho. Em sua forma usual, o espectro é um gráfico de intensidades (% de transmitância ou absorbância) versus número de onda ou frequência de absorção. As frequências geralmente são expressas em termos de números de ondas (υ), cuja unidade é em cm-1. As intensidades das bandas são expressas como transmitância (T) ou absorbância (A). Transmitância é a razão da força radiante transmitida por uma amostra pela força incidente na amostra. Absorbância é o logaritmo na base 10 da transmitância, A=log10(1/T). As duas áreas mais importantes para um exame preliminar estão nas regiões acima de 1350 cm-1 e na região entre 900-650 cm-1. As bandas entre essas regiões são, em geral, complexas, e são examinadas de acordo com o que é visto no espectro nas regiões de maior e menor energia. Os óleos vegetais também são sensíveis a este tipo de análise por possuírem grupos funcionais possíveis de serem analisados no infravermelho. 3.9.2 Ressonância Magnética Nuclear A ressonância magnética nuclear (RMN) tornou-se ao longo de seu desenvolvimento o principal instrumento de avaliação de óleos (AZEREDO; COLNAGO; SOUZA, et al., 2003), desempenhando um papel crescente no estudo das propriedades dos óleos de origem vegetal. Esta técnica espectroscópica é uma das principais técnicas analíticas e vem sendo utilizada para análise de quantidade e qualidade de óleo em sementes. Segundo Leal et al. (1981), o método de RMN, além de ser não-destrutivo, provou ser rápido e útil para determinação de tipos de óleos de diferentes sementes. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 41 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.9.3 Cromatografia líquida de alta eficiência Os triglicerídeos podem ser analisados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência de Fase Reversa (CLAE-FR), com detecção de índice de refração (RI) ou por espectrometria de massa, GC a alta temperatura ou de ressonância magnética nuclear (RMN) (MANNINA, 2003; VIGLI, 2003). As maiores vantagens da HPLC em relação à GC são a utilização de baixas temperaturas durante a análise, o que reduz o risco de isomerização das duplas ligações dos ésteres metílicos (CZAUDERNA, 2001; LI, 2001), e o fato de não ser necessário derivatizar a amostra diminuindo assim o tempo de análise (KNOTHE, 2001). 3.10 ANÁLISE TÉRMICA É definida como um conjunto de técnicas que permitem medir as mudanças de uma propriedade física ou química de uma substância ou material em função da temperatura ou do tempo, enquanto essa substância é submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera específica (MOTHÉ & AZEVEDO, 2002). Na análise térmica, as técnicas mais utilizadas são: TG, DTG, DTA e DSC. 3.10.1 Termogravimétrica (TG) A curva de termogravimetria (TG) ou análise termogravimétrica (TGA) fornece informações sobre a composição e estabilidade térmica de uma substância ou material. Esta análise baseia-se no estudo da variação da massa de uma amostra em atmosfera controlada sob aquecimento ou resfriamento, resultante de uma transformação física ou química em função do tempo ou temperatura (MOTHÉ & AZEVEDO, 2002). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 42 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 3.10.2 Termogravimetria Derivada (DTG) A técnica DTG visa facilitar a avaliação e melhorar a visualização da curva da TG, ela surgiu do desenvolvimento de instrumentos capazes de registrar, automaticamente as derivadas dessas curvas. Essa derivada auxilia no esclarecimento dos passos da curva de TG, isso porque no lugar da curva degrau (estágio de decomposição correspondente à variação da massa), a curva de DTG fornece um pico de fácil observação. Os picos determinam áreas proporcionais às variações de massa, tornando as informações, visualmente mais acessíveis (MOTHÉ & AZEVEDO, 2002). 3.11 MATÉRIA-PRIMA Carthamus tinctorius L., membro da família Asteraceae, a mesma do girassol, é também conhecido como Safflower, Cártamo ou Falso Açafrão. Carthamus é um sinônimo latim da palavra arábica quartum ou gurtum, que se refere à cor do corante extraído a partir das suas flores (Figura 3.4 a). Seu cultivo é um dos mais primitivos da humanidade, originado das regiões áridas da Índia. As sementes de Safflower (Figura 3.4 b) são tradicionalmente utilizadas, em todo o mundo, no alimento de pássaros e na produção de óleo de excelente qualidade para a alimentação humana. Sua flor é matéria-prima para corantes culinários e pigmentos de tintas têxteis finas. Atualmente, na indústria química seu óleo é aplicado à composição de esmaltes e sabões. Ressalta-se que sua semente produz de 30 a 45% de óleo e a torta gerada (Resíduo da extração), tem em média 35% de proteína e pode ser utilizada na alimentação de animais ruminantes. De acordo com a literatura, o ciclo produtivo do Cártamo se completa em aproximadamente 140 dias produzindo de 1.000 a 3.000 Kg de sementes por hectare. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 43 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica A B Figura 3. 4 – (a) Flor e (b) Semente do Carthamus tinctorius L.. No Brasil, o plantio de Safflower vem sendo desenvo lvido no semi-árido nordestino devido ao vegetal possuir resistência às adversidades climáticas, especialmente estiagens, visto que suas raízes são profundas e se adaptam a temperaturas elevadas. O investimento no óleo proveniente do Falso Açafrão é extremamente importante devido a sua composição (Tabela 3.4), relativamente pura, o que desperta o interesse na sua aplicabilidade à indústria energética, principalmente no que se refere ao setor bioenergético (GOERING, 1982). Tabela 3.4 - Composição de ácidos graxos do óleo de Cártamo. Nome Composição Porcentagem Estrutura (%) Ácido C16:0 O 7,3 Palmítico Ácido OH C16:1 OH 0,1 Palmitoléico Ácido O C18:0 O 1,9 OH Esteárico Ácido Oléico C18:1 OH 13,5 O Ácido C18:2 O 77,0 OH Linoléico Outros ------- 0,2 Ácidos Fonte: Goering, 1982. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 44 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica Pesquisas, em andamento, com a oleaginosa aqui estudada, avaliam a viabilidade de seu cultivo na caatinga, sua produtividade e a qualidade do óleo das sementes cultivadas em solos salinos, de elevado déficit hídrico e na ausência de nutrientes. 3.12 ESTABILIDADE OXIDATIVA DO BIODIESEL O biodiesel por ser um combustível derivado de óleos e gorduras também está sujeito a oxidação. Tais fatores como longos tempos de armazenamento, exposição ao calor e ao ar, presença de traços de metais e peróxidos podem favorecer processos oxidativos e afetar a qualidade do biodiesel. A estabilidade oxidativa do biodiesel depende notadamente das diferentes proporções de ácidos graxos saturados e insaturados presentes nos óleos e gorduras vegetais utilizados na transesterificação. Ácidos graxos saturados, são mais estáveis que os insaturados; a presença de insaturações favorecem processos oxidativos (KNOTHE, 2007). Para avaliar a estabilidade oxidativa do biodiesel são utilizados testes de oxidação acelerada. Dentre os quais, o método do Rancimat é o oficial e baseia-se na metodologia da Norma Européia (EN 14112) que estabelece que a estabilidade oxidativa do biodiesel seja determinada pelo método Rancimat a uma temperatura de 110 ºC, com a exigência de um tempo mínimo de análise de 6 horas para o aparecimento dos produtos primários de oxidação. As técnicas de análises térmicas tais como termogravimetria, calorimetria exploratória diferencial e calorimetria explorat ória diferencial pressurizada têm sido utilizadas amplamente para estabelecer parâmetros de comparação em análises de oxidação de outras substâncias tais como lubrificantes sintéticos e óleos de aviação (SHARMA e STIPANOVIC, 2003). Como o biodiesel pode ser obtido de várias matrizes oleaginosas, o conhecimento sobre a estabilidade oxidativa é importante para estabelecer condições adequadas de armazenamento e transporte para o produto. O esquema básico de funcionamento do Rancimat está ilustrado na Figura 3.5, consistindo na passagem de fluxo de ar através da amostra mantida sob aquecimento constante, que para o biodiesel é 110 ºC por um período mínimo de 6 horas. Depois de passado pela amostra, o ar é recebido e lavado em água deionizada, que é monitorada continuamente por um condutivímetro durante o teste. Os produtos de oxidação Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 45 Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica são solubilizados e a perda da estabilidade oxidativa da amostra se manifesta no momento em que ocorre um aumento da condutividade elétrica na água. Os compostos dissolvidos na água podem ser identificados por técnicas complementares como, por exemplo, cromatografia gasosa. O teste do Rancimat é um dos métodos mais utilizados para estabelecer prognósticos sobre a estabilidade oxidativa de óleos e de biodiesel, porém necessita de maiores quantidades de amostra, de ar e requer tempos maiores para a realização das análises, isso em comparação com os teste P-DSC e petro OXY. Figura 3.5 – Esquema básico de funcionamento do Rancimat para o teste de oxidação acelerada. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 46 Capítulo 4 – Materiais e Métodos 4 MATERIAIS E MÉTODOS Este capítulo lista os reagentes, equipamentos e as metodologias aplicadas neste trabalho. Os solventes foram de grau P.A., sem prévia purificação. 4.1 REAGENTES Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os reagentes listados abaixo, todos de grau analítico: Tabela 4.1 – Solventes e Marcas MARCAS ISOFAR SOLVENTES Sulfato de Sódio Anidro - Na2SO4 Acetato de Etila Álcool Etílico Metanol SYNTH Ácido Clorídrico - HCl Clorofórmio - A.C.S Hexano - A.C.S VETEC Hidróxido de Sódio - NaOH Iodo sublimado CRQ Diclorometano - A.C.S Éter de petróleo - A.C.S REAGEN CAAL Cloreto de Sódio - NaCl Hidróxido de Potássio - KOH Fenolftaleína (indicador). Pastilhas de KBr Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 47 Capítulo 4 – Materiais e Métodos 4.2 EQUIPAMENTOS Abaixo segue a listagem de todos os equipamentos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho: Tabela 4.2 – Equipamentos, Marcas e Modelos. EQUIPAMENTOS MARCAS E MODELOS Rotaevaporador FISATOM, modelo 550 Espectrofotômetro de Infravermelho da BOMEN, modelo ABB, série MB 104 Espectrofotômetro Ressonância Magnética VARIAN, modelo Mercury 200 Nuclear Termogravimetria (TG/DTA) METTLER TOLEDO, modelo TGA/SDTA-851 Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência JASCO, série 2880, com detector UVVisível, equipado com software EZChrom Elite Densímetro digital ANTON PAAR, modelo DMA 35 Tensiômetro DSC-Dunouy Tensiometers, modelo 70535 Balança analítica TECNAL, modelo Scientech AS 210 Câmera com lâmpada UV com 254 e 365 nm BOITTON e modelo Boit-Gab 01 Medidor de estabilidade oxidativa Rancimat METROHM, modelo 743, Biodiesel Rancimat Ultrassom Unique, modelo USC 1600 4.3 EXTRAÇÃO DO ÓLEO DO CÁRTAMO (Carthamus tinctorius L.) As sementes de cártamo utilizadas nesta dissertação foram adquiridas na Empresa Rural Prodiesel, safra de 2008, localizada em Eldorado – Mato Grosso do Sul (Brasil). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 48 Capítulo 4 – Materiais e Métodos 4.3.1 Extração do Óleo Inicialmente, as sementes de cártamo foram trituradas em um processador com lâminas. Em seguida, foram utilizadas três técnicas de Extração via Soxhlet, Extração Ultrassônica e Extração Exaustiva, ilustradas na Figura 4.1. Para cada extração, foram utilizados 10 g do material triturado (sementes de cártamo), adicionando -se 200 mL de diferentes solventes (hexano, diclorometano e hexano/acetato de etila (4:1)), nas seguintes condições de tempo e temperatura: 24h a 70 °C, 8h a 40 °C e 24h a 25 ºC, respectivamente. A Tabela 4.1 apresenta os códigos de classificação para cada amostra com sua respectiva técnica de extração. Figura 4.1 - Sistemas das técnicas de extração por soxhlet (1), ultra-som (2) e exaustiva (3). Tabela 4.3 - Códigos classificados para cada amostra com sua respectiva técnica de extração. Código MÉTODO SOLVENTE TEMPO TEMPERATURA da DE (hora) (ºC) (200mL para cada amostra) amostra EXTRAÇÃO M1.1 Ultra-som Hexano 24 70 M1.2 Ultra-som Diclorometano 24 70 M1.3 Ultra-som Hexano:Acetato de Etila (4:1) 24 70 M2.1 Soxhlet Hexano 8 40 M2.2 Soxhlet Diclorometano 8 40 M2.3 Soxhlet Hexano:Acetato de Etila (4:1) 8 40 M3.1 Exaustivo Hexano 24 25 M3.2 Exaustivo Diclorometano 24 25 Exaustivo Hexano:Acetato de Etila (4:1) 24 25 M3.3 Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 49 Capítulo 4 – Materiais e Métodos Em cada caso, após decorrido o tempo estipulado na Tabela 4.1, o solvente foi removido em rotaevaporador sob pressão reduzida (Figura 4.2). Posteriormente, adicionou-se sulfato de sódio anidro, para a retirada da umidade residual. Figura 4.2 - Rotaevaporador Fisatom. 4.4 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO Para a reação de transesterificação solubilizou-se 0,1 g de NaOH em 2,9 mL de metanol com auxílio de agitação até completa dissolução do NaOH, formando uma solução de Metóxido de Sódio. O material foi mantido sob refluxo em um sistema reacional composto por um balão de fundo redondo, equipado com termômetro e banho de glicerina. Em seguida, foram adicionados 10 g do M3.1 (óleo extraído com hexano no método exaustivo) e a mistura permaneceu sob agitação, com auxílio de barra magnética, até atingir a temperatura de 60 °C permanecendo por 2h (Figura 4.3). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 50 Capítulo 4 – Materiais e Métodos Condensador Termômetro Solução Metóxido de sódio/óleo de cártamo Aquecedor e agitador magnético Figura 4.3 - Sistema reacional para a obtenção do produto de transesterificação O material reacional foi colocado em funil de decantação para sepração de duas fases (glicerina e éster), conforme mostra a Figura 4.4. Após a separação das fases, a orgânica foi submetida a lavagens com água destilada morna, para remoção dos fosfolipídeos, seguida da adição de solução de HCl 5 %, solução saturada de NaCl e por fim Na2SO4 anidro para secar, de forma a garantir um pleno contato entre o adsorvente e o éster (Figura 4.5). Figura 4.4 – Separação do éster obtido e glicerol. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 51 Capítulo 4 – Materiais e Métodos O monitoramento da reação de transesterificação dos óleos foi feito através da cromatografia em camada delgada, com o intuito de avaliar o andamento da reação através de Rfs dos constituintes presentes no término da reação, utilizando-se uma fase adsorvente de sílica e uma fase móvel composta por uma mistura 9:1 de hexano/acetato de etila, sendo revelado por Iodo. Figura 4.5 - Representação esquemática do processo de produção do biodiesel. O mesmo procedimento foi adotado para mais quatro amostras, que foram: amostra extraída com hexano/acetato de etila na proporção de 4:1 (ultra-som), amostra extraída com hexano (soxhlet), amostra de óleo de cártamo comercial bruto e óleo comercial filtrado em sílica. 4.5 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO E BIODIESEL 4.5.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR) A análise por Espectroscopia de Infravermelho Médio (FT-IR) foi realizada através da deposição do óleo em solução de clorofórmio sobre uma pastilha de KBr, Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 52 Capítulo 4 – Materiais e Métodos utilizando um espectrofotômetro de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) da BOMEN, modelo ABB, série MB 104, na faixa de 4000 – 400 cm-1. Esta técnica mede a transição entre estados vibracionais que ocorrem quando uma molécula absorve energia na região do infravermelho do espectro eletromagnético . Sabe-se que os diferentes grupos funcionais e os seus tipos de ligações têm freqüências e intensidades de absorção distintas. Desta forma, objetiva-se com essa análise verificar a presença de grupos funcionais na amostra. 4.5.2 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) Para o RMN, cerca de 20 mg do óleo e do produto obtido (biodiesel) foram solubilizados em 0,7 mL de clorofórmio deuterado (CDCl3) que, em seguida, foi analisado em espectrômetros Bruker, modelo Avance DPX-300 e/ou modelo Avance DRX-500, pertencentes ao Centro Nordestino de Aplicação e Uso da Ressonância Magnética Nuclear da Universidade Federal do Ceará (CENAUREMN-UFC). O espectrômetro Bruker Avance DRX-300, equipado com sonda de detecção inversa de 5 mm e magneto de 7,0 T, foi operado nas freqüências de 300,13 e 75,47 MHz e nas faixas de análise de 0-11 e 10-200 ppm para hidrogênio e carbono, respectivamente. Nos experimentos realizados no aparelho Bruker Avance DRX-500, foram aplicadas freqüências de 500,13 MHz (1H) e 125,75 MHz (13C), sob um campo magnético de 11,7 T. Os principais constituintes do óleo foram identificados e os deslocamentos químicos estimados para os ácidos graxos livres, foram correlacionados com os dados da literatura. 4.5.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência A fração foi analisada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em coluna analítica (Phenomenex RP-18) operando no modo reverso, utilizando fase Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 53 Capítulo 4 – Materiais e Métodos estacionária de octadecilsilano e as misturas de solventes: metanol/acetonitrila na fase móvel, sistema de bombeamento binário com gradiente em alta pressão, injetor manual, forno de colunas e detector UV-Vis multicanal, cujo software acoplado é o EZChrom Elite. Os solventes foram filtrados através de uma membrana de 0,45 µm e desgaseificados em Ultrassom utilizando bomba a vácuo. Para preparação da amostra adicionou-se 1 gota do óleo a 1,5 mL de hexano, este sistema foi filtrado em membrana de celulose regenerada de 13 mm e 0,45 µm e injetado. A coluna utilizada foi Hypersil GOLD (tamanho da partícula 5 µm, dim (mm) 150 x 4,6). Eluição gradiente de 0,8 mL/min de MeOH:ACN variando de 20% para 80% a concentração de Acetonitrila em 5 minutos. 4.6 ANÁLISE TÉRMICA A curva termogravimétrica foi obtida em uma balança termo-analítica da marca METTLER TOLEDO, modelo TGA 851, sob atmosfera inerte de Hélio com fluxo de 25 mL/min. A análise de perda de massa durante o aquecimento foi realizada por um software instalado no computador de controle da balança. As amostras de óleo de cártamo e seu respectivo Biodiesel, 75 mg, foram submetidas a uma programação de aquecimento com taxa de 10 ºC/min, com variação de temperatura de 30 a 600 ºC. Para realizar a análise foi utilizado cadinho de alumina de 900 µL. Nessa análise, cerca de 75 mg da amostra de óleo foi pesada em uma balança Termogravimétrica Mettler Toledo, modelo TGA/SDTA-851, em uma faixa de temperatura compreendida de 30 a 600ºC, com razão de aquecimento de 10ºC min -1 e atmosfera inerte de Hélio, sob um fluxo de 25 mL min -1. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 54 Capítulo 4 – Materiais e Métodos 4.6.1 TERMOGRAVIMETRIA DERIVADA A técnica forneceu a primeira derivada da curva termogravimétrica ou TG. Através da curva de DTG, pode-se visualizar e avaliar o processo de decomposição observado na TG. 4.7 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO E SEU BIODIESEL Os ensaios utilizados para especificar o óleo e o biocombustível obtido, estão conforme a Resolução da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Nº 07 de Março de 2008. Todas as medidas foram realizadas em triplicata, adotando-se a média aritmética como resultado. As propriedades medidas foram: densidade, viscosidade cinemática, índice de saponificação e índice de acidez. 4.7.1 Densidade A medida da densidade foi realizada de acordo com a norma da ASTM D 1298, onde utilizou um densímetro digital. A amostra foi introduzida no tubo através de sucção. Após verificação da ausência de bolhas, a leitura da densidade foi realizada diretamente no visor do equipamento a temperatura ambiente (25 ºC) (PORTARIA ANP, Nº 80). 4.7.2 Viscosidade Cinemática A medida de viscosidade foi realizada segundo a norma ASTM D445. Utilizando um capilar do Cannon Fenske Routine (tamanho 150, escala 7 a 35 mm2/s e Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 55 Capítulo 4 – Materiais e Métodos constante de 0,035 mm2/s), em banho térmico de 40 °C. Para esta medida coloca-se 7mL do analito no capilar, em seguida, o mesmo é colocado no banho térmico por cerca de 20 minutos, para que a amostra alcance a temperatura desejada. Depois usa-se sucção para ajustar o nível superior da amostra para a posição da primeira marca do braço capilar, logo em seguida, marca-se o tempo do escoamento até a segunda marca (PORTARIA ANP, Nº 80). A partir dos tempos medidos calcula-se a viscosidade com a Equação 4.1: v=k . ρ.t Equação 4.1 Onde: v é a viscosidade cinemática, k é a constante do capilar (0,035 mm2/s) e t é o tempo em segundos. 4.7.3 Índice de Saponificação (IS) A determinação do IS foi realizado segundo a norma ABNT-MB-75 (ABNT), colocando-se em refluxo, durante 1h, 2 g do óleo em estudo com uma solução alcoólica de KOH (4 %). Após a completa saponificação deixou-se esfriar e titulou-se com HCl a 0,5 M, utilizando-se como indicador a fenolftaleína. Foi preparado um branco com todos os reagentes exceto a amostra. O IS foi obtido pela Equação 4.2: IS = (VB – VA) x NHCl x FHCl x EqKOH Equação 4.2 PA Onde: VA: Volume do HCl (0,5 M) gasto na titulação da amostra; VB: Volume do HCl (0,5 M) gasto na titulação do branco; NHCl: Normalidade do HCl; FHCl: Fator de padronização do ácido clorídrico; EqKOH: Equivalete grama do KOH (56 g/mol); PA: Peso da amostra em gramas. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 56 Capítulo 4 – Materiais e Métodos 4.7.4 Índice de Acidez (IA) O método utilizado baseou-se nas Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz, com auxílio de balança analítica, erlenmeyer, proveta e bureta. Inicialmente pesou-se 2 g da amostra, adicionou-se 25 mL de solução éter-álcool (2:1), duas gotas do indicador fenolftaleína e titulou-se com solução de hidróxido de sódio 0,1 M até o ponto de viragem. O cálculo de IA foi realizado de acordo com a Equação 4.3, descrita abaixo: IA = (VA – VB) x M x 5,61 Equação 4.3 m Onde: IA: é o Índice de Acidez (obtido em mg KOH/g); VA: é o volume de KOH gasto na titulação da amostra; VB: é o volume de KOH gasto na titulação do branco; M: é a concentração da base (KOH) obtida na padronização; m: é a massa em gramas da amostra e 5,61 é o fator de correção. 4.7.5 Tensão Superficial A tensão superficial foi determinada através do equipamento tensiômetro DSCDunouy (Figura 4.6), previamente calibrado, onde foram necessários 5 mL da amostra para a medida em Temperatura ambiente. Instale o anel no tensiômetro. Coloque o líquido cuja tensão superficial será medida em um frasco limpo cujo diâmetro não deve ser inferior a 4,5 cm. Coloque o frasco na plataforma do tensiômetro. Com o parafuso (B) na sua posição mais elevada, suspenda a plataforma até que o anel esteja imerso cerca de 5 mm dentro do líquido. Abaixe a plataforma girando o parafuso (B) até que o anel toque a superfície do líquido, centrado com relação à parede do frasco. Aumente a tensão no fio de torção usando o parafuso (A) até que o índice coincida com o zero do espelho. Aumente a torção no fio e simultaneamente abaixe a plataforma, mantendo o Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 57 Capítulo 4 – Materiais e Métodos ponteiro sempre coincidindo com o zero do espelho até que o anel se desprenda da superfície distendida do líquido (SHAW). Figura 4.6 - Ilustração Tensiômetro DSC-Dunouy. 4.8 RANCIMAT Para avaliação da estabilidade à oxidação do óleo e seu biodiesel usou-se o método padronizado pela Norma Européia (EN 14112) adotado no Brasil pela ANP. Para as análises no Rancimat, 3 g de amostra foram envelhecidas por um fluxo de ar (10 L/h a 110 ºC) em célula de medição abastecida por 50 mL de água destilada. O fator de correção da temperatura (ΔT) foi fixado em 0,9 ºC, conforme recomendado pela EN 14112. A medida é finalizada quando o sinal alcança os 100 % da escala, o que ocorre normalmente ao alcançar 200 µS. Os produtos formados pela decomposição são carreados por um fluxo de ar dentro de uma célula de medição abastecida por água destilada. O tempo de indução foi determinado pela medida da condutividade. No Brasil o limite adotado é, no mínimo, 6h de ensaio, Figura 4.7. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 58 Capítulo 4 – Materiais e Métodos Figura 4.7 - Rancimat e representação esquemática da estabilidade oxidativa. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 59 Capítulo 5 – Resultados e Discussão 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo estão apresentados e discutidos os resultados obtidos das extrações e análises realizadas para o óleo de cártamo e seu respectivo biodiesel, produzido pela rota metílica, através do processo de transesterificação. 5.1 EXTRAÇÃO DO ÓLEO A primeira etapa do estudo foi a obtenção do óleo contido nas sementes de cártamo realizadas por meio de diferentes sistemas de extrações e solventes (Tabela 5.1). Os métodos que apresentaram melhores rendimentos foram: hexano:acetato de etila (4:1) em ultra-som (M1.3), diclorometano em sistema soxhlet (M2.2) e exaustivo (M3.2), apresentando valores como 31,10; 37,68 e 37,33 %, respectivamente. Esses resultados corroboram com o indicado pela literatura, que prevê um teor médio de 30-45 % de óleo nas sementes (MAURÍCIO, 2009). Código M1.1 M1.2 M1.3 M2.1 M2.2 M2.3 M3.1 M3.2 M3.3 Tabela 5.1 - Dados dos rendimentos dos métodos de extrações MÉTODO RENDIMENTO DE SOLVENTE (%) EXTRAÇÃO Ultra-som Hexano 30,0 Ultra-som Diclorometano 21,2 Ultra-som Hexano:Acetato de Etila (4:1) 31,1 Soxhlet Hexano 34,2 Soxhlet Diclorometano 37,7 Soxhlet Hexano:Acetato de Etila (4:1) 36,0 Exaustivo Hexano 37,0 Exaustivo Diclorometano 37,3 Exaustivo Hexano:Acetato de Etila (4:1) 35,6 As amostras (M1.1; M1.3; M2.1; M2.3; M3.1; M3.3) foram selecionadas para caracterização e transesterificação, devido ao aspecto límpido do óleo obtido (Figura 5.1). Independente do método de extração (exaustivo, soxhlet ou ultra-som) a aparência do óleo foi a mesma para os solventes ilustrados abaixo. O óleo extraído com diclorometano visualmente Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 60 Capítulo 5 – Resultados e Discussão mostrou-se gelatinoso, possivelmente pela retirada não só dos triglicerídeos, como de resinas. Esse óleo não foi usado neste estudo. Figura 5.1 – Óleo de Cártamo obtido após extração (a) Hexano; (b)Diclorometano e (c) Hexano:Acetato de Etila (4:1) Os solventes polares apresentaram os melhores rendimentos, este fato é decorrente da retirada não apenas componentes que dos triglicerídeos, como também de outros são considerados indesejáveis para o trabalho, como exemplo: fosfolipídios, resinas, açúcares e certos corantes que tornam os óleos escuros, susceptíveis à formação de espuma e fumaça no aquecimento; sujeitos à precipitação de material sólido quando os mesmos são aquecidos durante as etapas do processamento. É possível se fazer o refino do óleo bruto, que tem a finalidade de remover os componentes inadequados com o mínimo dano e menor perda possível do óleo neutro e tocoferóis que são geralmente desejáveis, em função de sua atividade antioxidante, enquanto os esteróis são relativamente inertes, porém o método torna- se economicamente inviável e demorado (GUNSTONE & NORRIS, 1983). Os extratos hexânicos, de aspecto límpido, foram analisados, embora nem sempre tenha um rendimento elevado. Esse solvente é o mais utilizado nas extrações, por ser um hidrocarboneto de petróleo leve, que contém cerca de 45-90 % de n-hexano e o restante sendo constituído por 2- e 3-metil-pentano, 2,3-dimetil-butano, metil-ciclopentano e ciclohexano. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 61 Capítulo 5 – Resultados e Discussão A faixa de ebulição é de 63 e 69 ºC e de acordo com HOFFMANN (1989) este solvente preenche critérios, como: Permanece líquido em temperaturas baixas; É estável e inerte quando em contato com superfícies metálicas; Baixo calor específico e de vaporização, viscosidade e densidade; Insolúvel em água. 5.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO E SEU BIODIESEL Os parâmetros de densidade, viscosidade cinemática, índice de saponificação, índice de acidez e tensão superficial para o biodiesel (Tabela 5.2) foram correlacionados as especificações da ANP estabelecido pela Resolução 42. É necessário analisar as caracterizações físico-químicas da matéria-prima utilizada neste trabalho com o intuito de verificar se a mesma pode ser utilizada na produção de biodiesel, e através desses dados determinar as condições de síntese, adaptando a matériaprima por meio de um pré-tratamento, utilizando diferentes quantidades ou tipos de catalisadores e álcoois, bem como determinar tempo e temperatura da reação. A transesterificação pode ser influenciada por propriedades indesejáveis do óleo, o que dificulta o processo de obtenção do biodiesel e resulta num produto de má qualidade. Foram analisados os parâmetros físico-químicos das extrações do óleo de cártamo que apresentaram melhores aspectos, do B100 produzido a partir da Extração com Hexano (M3.1) e do óleo comercial, estes dados estão representados na Tabela 5.2. Tabela 5.2 - Características dos parâmetros físico-químico do óleo de cártamo comercial, óleo extraído por solventes e seu respectivo biodiesel. Amostra Propriedades Densidade kg/m3 Viscosidade cinética Tensão superficial Índice de saponificação Índice de acidez Óleo Comercial E/HA U/HA S/H E/H 911,7 910,5 904,8 909,2 901,9 875,1 18,7 27,9 21,3 29,3 13,3 6,2 3,0 – 6,0 mm2/s - 30,6 30,1 29,0 29,0 28,6 - 118,6 170,0 213,4 163,4 116,2 116,0 - mg (NaOH)/g 0,305 1,15 0,65 1,17 0,03 0,01 0,5 mg (NaOH)/g Ellen Kadja Lima de Morais B100 Especificações ANP 850 – 900 Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 62 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Tanto o óleo de cártamo comercial como o óleo extraído por solvente apresentaram valores elevados de densidade, implicando numa maior dificuldade na queima do combustível nos motores, o que reflete em maior desgaste das peças dos automóveis. A determinação da densidade do biodiesel é importante, pois visa garantir a longevidade e o funcionamento adequado do motor, ela está diretamente ligada com a estrutura molecular. Quanto maior o comprimento da cadeia carbônica do alquil éster, maior será a densidade, no entanto, este valor decrescerá quanto maior for o número de insaturações present es na molécula. A presença de impurezas também poderá influenciar na densidade do biodiesel como, por exemplo, o álcool ou substâncias adulterantes, de acordo com Lôbo (2009). O biocombustível obtido a partir do óleo extraído por solvente apresentou valor de 875,1 Kg/m3, como a Resolução ANP Nº 7 de Março de 2008 estabelece uma faixa de 850 a 900 Kg/m3 de massa específica a 20ºC para o biodiesel, o biocombustível proveniente do óleo apresenta valor satisfatório. A Viscosidade Cinemática, que também é uma propriedade fluidodinâmica, expressa a resistência oferecida pela substância ao escoamento sob gravidade, e seu controle visa garantir um funcionamento adequado dos sistemas de injeção e bombas de combustível, além de preservar as características de lubricidade do biodiesel, conforme Souza (2009). Os valores da viscosidade tanto do óleo comercial quanto dos óleos obtidos neste trabalho foram elevados, mas após a transesterificação esses valores chegam a diminuir em até cinco vezes resultando 6,22 mm2/s; a Resolução ANP Nº 7 estabelece uma faixa de 3,0 a 6,0 mm2/s de viscosidade cinemática a 40 ºC para o biodiesel. O biocombustível proveniente do óleo apresenta uma pequena alteração, podendo não ser considerado tão satisfatório. Assim como a viscosidade, a Tensão Superficial (TS) também é influenciada pelas ligações secundárias e peso molecular. Uma alta TS pode acarretar prejuízos no funcionamento do motor, como entupimentos e dificuldades de vaporização, pode-se observar que o biodiesel apresentou comportamento semelhante ao de todas as amostras de óleo. O índice de saponificação (IS) é importante a fim de avaliar a qualidade do éster quanto ao poder de combustão. Quanto mais elevado o IS, maior a tendência de ocorrer reações indesejáveis na transesterificação, podendo desta forma dificultar o processo de lavagem e o rendimento do produto, no caso deste trabalho o valor encontrado foi 116,04 mg (NaOH)/g. Se a acidez do óleo for menor que 1 mg KOH/g, (independente de ter sido o óleo degomado ou refinado), não é necessário neutralizá-lo, pois, deste modo à reação procederá Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 63 Capítulo 5 – Resultados e Discussão com maior eficiência (Silva, 2005). Também é importante frisar que a acidez elevada pode catalisar reações intermoleculares, as quais afetariam a estabilidade térmica do combustível na câmara de combustão, bem como a ação corrosiva nos componentes metálicos do motor. Foram encontrados nos óleos alguns resultados superiores a 1,0 mg (NaOH)/g (Biodiesel), porém para sanar este problema optou-se por utilizar um maior percentual de catalisador (NaOH), resultando no produto da reação um IA de apenas 0,01 mg(NaOH)/g. 5.3 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO A conversão completa do óleo vegetal depende do tipo de catalisador adotado para a reação de transesterificação. A catálise básica é comprovadamente a que oferece um melhor rendimento, razão pela qual foi adotada neste experimento, além do menor tempo de reação e baixa temperatura requerida para a conversão, ao contrário da catálise ácida (KNOTHE, 2002). Na reação para conversão havia sempre um excesso de metanol anidro para garantir a completa reação de transesterificação. O excesso desloca o equilíbrio da reação para a direita (DORADO, 2006), formando os ésteres conforme mostrado na Figura 5.2. Figura 5.2 - Reação de transesterificação de triglicerídeos. R representa as cadeias longas de hidrocarbonetos O progresso da reação pode ser observado por uma brusca mudança de coloração, indicativo da formação dos ésteres. Seu acompanhamento pode ser efetuado por cromatografia em camada delgada, através do surgimento de um constituinte de menor polaridade. Meka (2007) estudou o efeito da temperatura (50, 60 e 70 ºC), razão molar óleo/álcool (1:4, 1:6, 1:8 e 1:10) e concentração do catalisador (1, 2 e 3%) na síntese do biodiesel a partir do óleo de Cártamo comercializado na Índia. As condições ideais para o máximo rendimento Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 64 Capítulo 5 – Resultados e Discussão foram 60ºC, 1:6 e 2% de NaOH, rendendo 96,8%. Para este trabalho realizou-se os mesmos estudos comparativos, mas as condições ideais para o máximo rendimento foram 70ºC, 1:6 e 1% de NaOH, resultando em 93,65%, a decorrência deste resultado se deve a utilização do óleo bruto, o que não ocorre com o comercial, pois este passa pelos processos de degomagem, neutralização, branqueamento, desodorização e acréscimo de antioxidantes. 5.4 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) Através deste método pode-se acompanhar qualitativamente a conversão do óleo vegetal em ésteres metílicos, sendo uma técnica muito simples e bastante eficaz na observação da reação. Na Tabela 5.3, são apresentados os valores médios de Rfs para o óleo extraído, e como padrão usou-se o óleo de soja. Tabela 5.3 - Valores de Rfs das amostras de óleo biodiesel obtido a partir da transesterificação de óleo vegetal virgem e usado. Compostos Óleo cártamo extraído Óleo de soja Ésteres de ácidos graxos (cm) Triglicerídeos (cm) 0,76 0,71 0,52 0,54 Ácidos graxos (cm) 0,40 0,44 Como observado na Tabela 5.3 os valores de Rfs do Cártamo são muito próximos aos de outras oleaginosas, independentemente do tipo de óleo utilizado na preparação do biodiesel. Os Rfs para os grupos de substâncias (ésteres metílicos, triglicerídeos e ácidos graxos) estão dentro da mesma faixa de outras oleaginosas, valores estes muito semelhantes aos obtidos por FERRARI et al., (2005) confirmando a conversão dos ácidos graxos em ésteres metílicos, embora pequenas discrepâncias possam ser atribuídas à composição da fase móvel ou ao grau de pureza dos solventes utilizados na fase móvel. Porém ressalta-se a simplicidade da técnica, bastante eficaz na avaliação qualitativa do produto obtido. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 65 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Obteve-se uma cromatoplaca em camada delgada do extrato proveniente da extração com solvente hexano (material de partida) e da resultante da transesterificação com óleo de cártamo, utilizando o sistema de solvente hexano:acetato de etila (9:1, v:v) como fase móvel e sílica gel 60G como fase estacionária, obtendo-se o resultado de acordo com a placa abaixo, Figura 5.3. Figura 5.3 - Placa Cromatográfica do material de partida e da resultante da transesterificação usando sistema solvente hexano/acetato de etila (9:1, v:v). 5.5 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO E BIODIESEL A caracterização estrutural da matéria-prima e do B100, foi realizada através de análise por espectroscopia na região do Infravermelho (IV), por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). 5.5.1 Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR) A espectroscopia na região de absorção do infravermelho foi utilizada para dentificar a natureza química dos constituintes do óleo e biodiesel. A Figura 5.4 apresenta o espectro da amostra do óleo. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 66 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Figura 5.4 - Espectro de infravermelho do óleo. O comportamento da matéria-prima e do biodiesel foi semelhante. Este fato é decorrente da similaridade estrutural existente entre os triglicerídeos e os ésteres. A Tabela 5.4 mostra as freqüências das bandas e os grupamentos funcionais característicos do óleo obtido nas extrações. Tabela 5.4 - Caracterização por FT-IR da amostra resultante da extração do óleo. FREQUÊNCIA (cm-1) 2925, 2854 1740 1454 1366 723 GRUPO C-H C=O - CH2 - CH3 C-C CLASSE DE COMPOSTOS Alcano Éster Alcano Alcano Alcano INTENSIDADE Forte Forte Moderada Fraca Fraca Na análise de FT-IR, observa-se um perfil semelhante ao de outros óleos vegetais e a presença de várias absorções características do estiramento C(saturado)-H próximo a 2925 cm-1. Observa-se ainda a presença do estiramento C=O na região próxima a 1740 cm-1, Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 67 Capítulo 5 – Resultados e Discussão característico de carbonila de ésteres. A comprovação de cadeias hidrocarbônicas longas pode ser constatada por absorções em aproximadamente 1460 e 1375 cm-1 características, respectivamente, das deformações angulares dos grupos CH2 e CH3. As duas áreas mais importantes para um exame preliminar estão nas regiões acima de 1350 cm-1 e na região entre 900-650 cm-1. As bandas entre essas regiões são, em geral, complexas, e são examinadas de acordo com o que é visto no espectro nas regiões de maior e menor energia (CORREIA, 2006). 5.5.2 Ressonância Magnética Nuclear do óleo 5.5.2.1 RMN 1H Colzato (2008) estudou três óleos (azeite de oliva, canola e macadâmia) que apresentaram bastante similaridade nos sinais correspondentes aos ácidos oléico e linoléico, predominantes nas três amostras analisadas. A Figura 5.5 apresenta o espectro de RMN de ¹H para o azeite de oliva indicando acima deste a atribuição dos sinais aos núcleos de hidrogênio na estrutura do triglicerídeo. O sinal de número 1 em 0,9 ppm é referente aos hidrogênios da metila, o número 2, entre 1,4 e 1,2 ppm é atribuído aos hidrogênios de grupos metileno das cadeias alifáticas, o número 3, entre 1,7 e 1,5 ppm é atribuído aos hidrogênios do carbono do éster. O sinal 4, entre 2,1 e 1,9 ppm é atribuído aos hidrogênios ligados aos carbonos da dupla ligações entre carbonos. O sinal 5, entre 2,3 e 2,2 ppm é atribuído aos hidrogênios de carbonos do éster, o sinal 7, entre 4,3 e 4,1 ppm são referentes aos hidrogênios ligados aos carbonos do glicerol. O sinal 8 corresponde ao hidrogênio ligado ao carbono de éster e finalmente o sinal 9, entre 5,4 e 5,3 aos hidrogênios ligados aos carbonos que formam duplas ligações. Esses picos podem ser melhor visualizados na Tabela 5.5, com os deslocamentos identificados com base no trabalho de Guillén e Ruiz (2001). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 68 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Figura 5.5 - Espectro de RMN de ¹H do azeite de oliva. Tabela 5.5 – Atribuição dos picos do espectro de 1H segundo dados de Guillen e Ruiz (2001). Número Deslocamento químico (ppm) Deslocamentos do Óleo de Cártamo Atribuição 1 0,90-0,80 0,88 - CH3 Grupos acil 2 1,40-1,15 1,31 - (CH2)n -Grupos acil 3 1,70-1,50 1,62 -OCO-CH2-CH2- Grupos acil 4 2,10-1,90 2,03 - CH2-CH=CH-Grupos acil 5 2,35-2,20 2,32 -OCO-CH2-Grupos acil 6 2,80-2,70 2,77 =HC-CH2-CH= 7 4,32-4,10 4,20 -CH2OCORGlicerol 8 5,26-5,20 5,26 >CHOCOR 9 5,40-5,26 5,38 Ellen Kadja Lima de Morais - CH = CH - Grupos acil Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 69 Capítulo 5 – Resultados e Discussão O espectro do óleo de Cártamo é bastante similar com os sinais dos óleos citados anteriormente, isto se deve a prevalência de ácidos oléico e linoléico, predominante no óleo analisado e nas oleaginosas estudadas por Colzato (2008). A Figura 5.6 apresenta o espectro de RMN de ¹H para o Cártamo, os prótons olefínicos -CH=CH- dos ácidos graxos insaturados ressoam em 5,2 – 5,5 ppm. Os prótons H-1 e H-3 do glicerol ressoam em 4,1 e 4,3 ppm. Em 2,05 e 2,78, respectivamente, aparecem os metilenos de cadeia insaturada e poliinsaturada alílico e bis- alílico. Os hidrogênios H-2 e H-3 da metade do acil dos triglicerídeos ressoam em 2,3 e 1,6 ppm, respectivamente, os prótons do metileno surgem em 1,2 ppm. O deslocamento em 0,9 ppm é referente aos hidrogênios da metila. H-1 / H-3 Figura 5.6 - Espectro de RMN de 1H do óleo de cartámo H-1 e H-3 são referentes aos hidrogênios do glicerol presente no óleo. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 70 Capítulo 5 – Resultados e Discussão 5.5.2.2 RMN 13C A análise de RMN 13 C (Figura 5.7) mostra que nos deslocamentos entre 20 – 40 ppm pode ser observada a presença de 16 picos, correspondentes a CH2 e CH3, provenientes de ácidos graxos. Os deslocamentos em 173,3-172,8 ppm são carbonos dos grupos carboxilas; δ 132,0-127,1 ppm carbonos olefínicos; δ 69,1-61,6 ppm, carbonos do glicerol e δ 34 ppm, onde estão presentes os carbonos alifáticos saturados. Figura 5.7 – Espectro de RMN de 13C do óleo. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 71 Capítulo 5 – Resultados e Discussão 5.5.2.3 RMN do Biodiesel Já no espectro de 1H do biodiesel, Figura 5.8, pode ser visualizado nitidamente, entre 3,6 e 3,7 ppm, o aparecimento de um pico correspondente ao CH 3 ligado ao oxigênio, presente no éster metílico, provando que a reação foi bem sucedida. Além disso, observa-se o desaparecimento dos picos próximos a 4,0 ppm referentes aos hidrogênios do glicerol. Figura 5.8 – Espectro de RMN de 1H do biodiesel de Cártamo. No espectro de 13 C observa-se principalmente em 174 ppm um sinal referente a carbonila de éster, 130 e 128 ppm aos carbonos vinílicos e em 51 ppm ao CH3 α – O. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 72 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Figura 5.9 – Espectro de RMN de 13C do éster de Cártamo. 5.5.3 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência A análise cromatográfica do óleo de cártamo apresentou melhor separação dos componentes e maiores resoluções de picos no comprimento de onda de 220 nm, reportando a pureza do óleo, visto que não foram detectados pigmentos e classes lipídicas diferentes dos triacilglicerídeos que são os compostos de interesse para a produção do biodiesel. A Figura 5.10 mostra o cromatograma obtido na análise bem como a identificação de cada pico, a qual foi realizada de acordo com padrões descritos, para óleos e gorduras (GUNSTONE, 2007). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 73 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Figura 5.10 - Cromatograma da CLAE do óleo de cártamo. (L: linoléico; O: oléico; P: palmítico; S: esteárico). Os dados obtidos neste estudo proporcionam a determinação dos triglicerídeos e a designação dos seus ácidos graxos constituintes, que se encontra de acordo com a composição do óleo descrita por Goering (1982). Tabela 5.6 – Proporções dos ácidos graxos de acordo com o Cromatograma Proporções (%) LLL 38,82 LLO 23,83 LLP 6,67 LOO + LOP 14,83 OOO 6,06 OOP 1,00 OPP 7,67 OOS 1,12 *L: Linoléico; O: Oléico; P: Palmítico; S: Ácidos Graxos Média da Área do pico 1393268 855178 239561 532351 217635 35871 275125 40354 Média do Tempo de Retenção (min) 2,75 2.83 3,19 3,90 3,54 3,72 4,13 4,52 Essa constituição confere ao óleo de cártamo uma capacidade extremamente elevada na utilização como potencial energético para produção do biodiesel, devido ambos os Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 74 Capítulo 5 – Resultados e Discussão constituintes possuírem cadeia carbônica linear, de tamanho intermediário, saturada ou insaturada (mono ou di). Tal comportamento estrutural influencia diretamente os ésteres derivados obtidos no processo de transesterificação, afetando características como: índice de cetano, viscosidade, densidade, ponto de névoa, ponto de entupimento de filtro a frio e ponto de fluidez. Para otimização da fase móvel testou-se diferentes tempos de análise (corrida realizada até 25 minutos), composições e proporções de água:metanol, H2O:MeOH, (60:40, 70:30, 80:20, 90:10) e água-acetonitrila, H2O:ACN, (60:40, 70:30, 80:20, e 90:10). Destas fases, a que apresentou melhor resolução e menor tempo de análise foi H2O:ACN 90:10 apresentando tempo de retenção para o composto em estudo em torno de 5min, o que garantiu a separação dos compostos de interesse presente na amostra, como mostrado no cromatograma apresentado na Figura 5.10. Testou-se também o fluxo da fase móvel, utilizando 0,8 mL/min e 1,0 mL/min, nesse caso, não obteve diferença nos resultados para ambos os fluxos, mostrando que de acordo com o interesse da análise pode-se usar qualquer um deles. 5.6 ANÁLISE TÉRMICA A termogravimetria (TG) foi realizada a fim de determinar o comportamento térmico do biodiesel e da matéria-prima de origem. A termogravimetria derivada (DTG) foi utilizada para obter uma melhor visualização dos estágios de decomposição. A curva TG (Figura 5.11) representa o comportamento térmico do óleo de Carthamus tinctorius em condição dinâmica. Observa-se pela curva de TG um patamar de estabilidade térmica do óleo até aproximadamente 320 ºC, decorrente provavelmente, da umidade presente na amostra. No intervalo entre 329 – 474 ºC ocorre a decomposição térmica e carbonizada do óleo, em uma única etapa. É possível observar que não ocorre aumento de massa o que indica ausência de oxigênio. Isto é, nas condições experimentais impostas, o processo de oxidação térmica não envolve a absorção de oxigênio para promover a termooxidação dos ácidos graxos insaturados. Através da curva de DTG (Figura 5.12) observa-se que a decomposição térmica ocorre em três etapas. A primeira etapa, na faixa de temperatura entre 86,43 – 319,61 ºC, a perda de massa nessa etapa foi de 8,39%, relativa ao total da massa inicial. A segunda, entre 319,61 – Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 75 Capítulo 5 – Resultados e Discussão 474,27 ºC, foi de 91,37%, sendo superior aos índices observados por Santos (2002) para o óleo de canola (58,66%), girassol (49,65%), soja (51,31%), arroz (53,19%) e azeite de oliva (53,25%). Weast (1971) reporta que a perda de massa ocorre, inicialmente, com os ácidos graxos poliinsaturados, sendo esta etapa a mais importante e que representa a fase inicial da degradação térmica dos triglicerídeos, principalmente os constituídos por ácidos graxos poliinsaturados, seguidos dos monoinsaturados e saturados. Foi observado que altas temperaturas promovem hidrólise e reações de oxidação do óleo (Perez, 2007), que reagem entre si e produzem monômeros cíclico, dímeros e polímeros. Como esperado, a faixa de decomposição do óleo foi superior à do biodiesel. Figura 5.11 - TG do óleo e do éster de cártamo Figura 5.12 - DTG do óleo e do éster de cártamo Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 76 Capítulo 5 – Resultados e Discussão A curva termogravimétrica do óleo de cártamo apresentou dois eventos térmicos uma decomposição contínua e insignificante até próximo de 320 ºC proveniente da umidade adquirida no processo ou resíduo de solvente. No intervalo de 329 a 474 °C ocorreu um decréscimo com uma perda de massa de 90,68% atribuída à decomposição dos triacilglicerídeos derivados de ácidos graxos de cadeias carbônicas variando de dezesseis a dezoito átomos de carbono, os quais possuem pontos de ebulição entre 350 e 380 ºC. Essa curva característica é decorrente da composição do óleo que tem 90% de mono (C18:1, Ácido Oléico 20%) e poliinsaturados (C18:2, Ácido Linoléico 70%) (MAURÍCIO, 2009). Em relação ao biodiesel proveniente deste, observou-se apenas uma única perda de decomposição térmica, referente à volatilização e/ou decomposição dos ésteres metílicos. A Tabela 5.7 mostra o intervalo de temperatura, percentual de perda de massa e a massa residual para cada etapa de perda de massa da matéria-prima. Sabe-se que a estabilidade é vista pela temperatura inicial e final da perda de massa, desta forma, quanto maior for essas, maior será a estabilidade. Tabela 5.7 - Dados termogravimétricos do óleo e biodiesel de cártamo AMOSTRAS ÓLEO BIODIESEL Faixa de Temperatura (ºC) 319 – 474 145 – 375 Tmax (ºC) 413 242 PERDA DE MASSA (%) 91,4 98,9 MASSA RESIDUAL (%) 8,6 1,1 5.7 RANCIMAT A semente de cártamo é composta por uma mistura de ácidos graxos sendo o linoléico e oléico responsáveis por mais de 90 % de sua composição, estes possuem grau de insaturação iguais a 2 e 1, respectivamente. A estabilidade oxidativa de óleos e gorduras é um fator de grande relevância, pois está diretamente relacionado com a produção, armazenamento e transporte da matéria prima. Produtos de oxidação podem formar depósitos sólidos, aumento de acidez, corrosão e viscosidade, assim como alteração nas propriedades iniciais do material (WESTBROOK, 2003). Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 77 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Hidrogênios alílicos às insaturações são altamente suscetíveis a formação de radicais. Os elétrons π da ligação dupla estabilizam por ressonância o radical formado, favorecendo assim o processo de degradação oxidativa. A viabilidade do óleo de cártamo como matéria-prima para a produção de biodiesel também depende de sua resistência à oxidação. De acordo com o regulamento técnico da ANP (Portaria ANP 042/2004) o biodiesel deve ser testado segundo a norma EN 14112, e apresentar um período de indução (PI) mínimo de 6h. Para valores abaixo do especificado, é necessário o uso de aditivos químicos para que o material obedeça à resolução. Caracterizou-se as amostras M1.3, M2.1 e M3.3 de modo a determinar se há, ou não, diferença da estabilidade oxidativa entre os métodos utilizados, como também a necessidade de adição de antioxidantes complementares. As amostras foram analisadas de acordo com o método rancimat e o gráfico da estabilidade oxidativa em função do tempo é dado pela Figura 5.13. Figura 5.13 - Comportamento do óleo de cártamo extraído pelos métodos M1.3, M3.3 e M2.1, em comparação com o óleo de soja comercial. Para fins comparativos, realizou-se o teste com o óleo de soja comercial, um óleo já consolidado para a produção de biodiesel e observou-se um Período de Indução (PI) de Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 78 Capítulo 5 – Resultados e Discussão aproximadamente 7,2h. Vale salientar que o óleo comercial já possui ant ioxidante adicionado em sua composição. O método M1.3 apresentou melhor estabilidade oxidativa com PI em torno de 2,6h enquanto que os métodos M3.3 e M2.1 apresentaram PI de 1,6 h e 1,4 h, respectivamente. De acordo com o teste realizado, não há diferença significativa, quanto à resistência à oxidação, entre os métodos M3.3 e M2.1. Figura 5.14 - Comportamento inicial do óleo de cártamo extraído pelos métodos M1.3, M3.3 e M2.1, em comparação com o óleo de soja comercial. Nos primeiros minutos de teste, como mostrado na figura 5.14, os óleos apresentaram uma pequena atividade de oxidação acelerada e, em seguida, a oxidação passa a ser gradual. O período de estabilidade do óleo é o período onde o comportamento da curva é o mais próximo de uma reta de menor inclinação possível. Quando essa inclinação aumenta em uma inflexão acentuada diz-se que este é o período de indução do óleo. A curva do óleo de cártamo apresentou duas inflexões. Considerou-se a inflexão de maior tempo como sendo o ponto de indução deste óleo, uma vez que a primeira inflexão, de menor tempo, estabilizou, seguindo o comportamento esperado. Atribui-se esse fenômeno a uma característica intrínseca do óleo, já que todas as amostras analisadas obtidas por diferentes métodos, com diferentes Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 79 Capítulo 5 – Resultados e Discussão solventes, apresentaram o mesmo comportamento. Possivelmente, algum ácido graxo, em pequena quantidade, que constitui o óleo é tendencioso a oxidar mais rapidamente. Excluiu-se a possibilidade deste aumento inicial ser ocasionado por um ruído proveniente de impurezas no eletrodo, ou no aparato do aparelho. A característica de um sinal como este foi propositalmente demonstrado na curva do óleo de soja comercial, onde a condutividade do meio aumentou levemente no início, todavia, com a agitação provocada pelo borbulhamento, as impurezas foram dispersadas e a leitura normalizou-se. De acordo com a norma EN 14112, o óleo de cártamo não atingiu o período de indução mínimo de 6 h, sendo assim, há a necessidade da adição de um agente antioxidante. Realizou-se novos testes, agora, com a adição do antioxidante comercial 2,6 – ditercibutilfenol (DTBF) a uma concentração de 0,5 %, relação massa-massa, Figura 5.15. Figura 5.15 - Curvas de estabilidade oxidativa do óleo de cártamo obtidos pelos métodos M1.3, M3.3 e M2.1, em comparação com os mesmos óleo adicionados 0,5 % de anti oxidante comercial. Com a adição de 0,5 % de antioxidante o óleo encaixou-se na norma acima de 6 h, com os valores de PI para os métodos M1.3, M3.3 e M2.1 de 9,3h; 10,4h e 12,2h, aproximado e respectivamente. Os métodos M3.3 e M2.1 mantiveram a coerência e continuaram sem muita diferença entre seus valores, enquanto que M1.3 continua sendo o mais resistente à oxidação. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 80 Capítulo 5 – Resultados e Discussão A Figura 5.16 foi plotada com ajuste de proporção para ampliar a fase inicial do teste, podendo-se notar desta forma a diferença do comportamento dos métodos (M1.3, M3.3 e M2.1) quando adiciona-se o antioxidante. Figura 5.16 - Curvas de estabilidade oxidativa do óleo de cártamo obtidos pelos métodos M1.3, M3.3 e M2.1, adicionados 0,5% de anti oxidante comercial. Observa-se que a inflexão inicial diminuiu, aproximando-se de uma pequena curva de pouca intensidade. Este fato reforça a probabilidade de que há um ácido graxo em pequena quantidade muito suscetível à oxidação e que, com a adição do antioxidante, esta atividade foi inibida. Conseqüentemente, a curva não apresentou a inflexão de demasiada intensidade inicial como mostra a figura 5.14. 5.7.1 Tempo de Armazenagem Utilizou-se o estudo da estabilidade oxidativa do óleo de cártamo para estimar qual o tempo de armazenamento do óleo em evidência, levando em consideração os fatores Temperatura e Exposição ao ar. Para tal, utilizou-se o óleo do método M3.3, analisados sob a Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 81 Capítulo 5 – Resultados e Discussão norma EN 14112 e diferentes temperaturas: 100 e 110 oC para determinar qual o tempo de armazenagem para as temperaturas ambiente de 25 e 30 oC. Os testes foram feitos em triplicata, e os resultados mais afastados da média aritmétrica em cada temperatura, foi excluído. O gráfico que demonstra a reprodutibilidade dos dois testes escolhidos é dado pela Figura 5.17. Figura 5.17 - Curva de Rancimat com variação de temperatura para amostra M3.3. O software 873 Biodiesel Rancimat Control faz uma extrapolação para saber quanto tempo o óleo resiste à degradação oxidativa se exposto ao ar atmosférico e a temperatura ambiente. Utilizou-se as temperaturas de 25 e 30 oC e o resultado, em unidade de anos, é dado pelas Figuras 5.18 e 5.19. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 82 Capítulo 5 – Resultados e Discussão Figura 5.18 - Extrapolação do óleo de Cártamo a 25 ºC Figura 5.19 – Extrapolação do óleo de cártamo a 30 ºC. A equação de reta foi obtida com um coeficiente de correlação, r², igual a 0,9997, o que indica uma boa aproximação com erros mínimos. A fórmula utilizada e os valores dos coeficientes obtidos estão dispostos nas figuras 5.18 e 5.19. Para uma temperatura de 25 ºC obteve-se um tempo de 0,43 anos, o que equivale a um período de 5,23 meses ou 156,95 dias. Já à temperatura de 30 oC, o resultado obtido foi de 0,3 anos, equivalente a 3,65 meses ou 109,5 dias. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 83 Capítulo 6 – Conclusões 6. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos por algumas técnicas e análises realizadas neste trabalho para o óleo do Carthamus tinctorius L. e seu éster, pode-se concluir que: nem todas as metodologias de extrações do óleo das sementes de Carthamus tinctorius L. mostraram eficiência, apresentando resultados de composição química não tão adequado para a produção de biocombustível, porém o ultrassom embora não tenha apresentado o melhor rendimento, mostrou ser capaz de extrair o óleo da semente de Cártamo por um processo simples, barato e de fácil manuseio. Os solventes que apresentaram melhores rendimentos em cada tipo de extração foram: Hexano:Acetato de Etila (4:1) em Ultrassom (M1.3), Diclorometano em sistema Soxhlet e Exaustivo (M2.2 e M3.2), apresentando valores como 31,10; 37,68 e 37,33 %, respectivamente. Esses resultados corroboram com o indicado pela literatura, que prevê um teor médio de 30-45% de óleo nas sementes, mas as extrações com Diclorometano não foram consideradas nas caracterizações, devido a composição química obtida apresentar além dos triglicerídeos, muitas impurezas. Os altos índices de acidez do óleo obtido em diferentes métodos de extrações conduzem a dificuldades na preparação de biodiesel, pois ocorre formação de sabões e emulsões estáveis. Esta propriedade foi um obstáculo à utilização de somente catalisador básico, sendo necessário uso do processo de esterificação para obtenção do B100, que foi realizada com êxito e excelente rendimento (aproximadamente 94%). As propriedades físicoquímicas estudadas do biodiesel de óleo de cártamo estão em faixas aceitáveis para uso como biodiesel em motores do tipo ciclo diesel, indicando que a exploração destas matérias-primas em regiões semi-áridas, pode constituir uma alternativa econômica promissora. Porém, são necessários estudos agronômicos para melhorar a produção de sementes e as propriedades dos óleos brutos. Os métodos espectroscópicos e cromatográficos de análise empregados se mostraram adequados para a caracterização qualitativa de compostos presentes no óleo das sementes. Através destes métodos foi possível identificar os analitos presentes nas amostras. As amostras do óleo extraídas por diferentes métodos e solventes apresentaram perfil espectroscópico semelhante em relação aos constituintes majoritários tais como triglicerídeos e ácidos graxos. Ellen Kadja Lima de Morais Dissertação de Mestrado/PPGQ/UFRN 84 Capítulo 7 - Referências 7. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Portarias de Qualidade, 2003. Disponível em: http://www.anp.gov.br/leg/legislacao.asp. Acesso em: 14. Abr. 2011. AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Dados Estatísticos. Disponível em: http://www.anp.gov.br em 15/03/2005. 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ANEXO I, REGULAMENTO TÉCNICO ANP N. 3/99, ASTM D 445 Test Method for Kinematic Viscosity of Transparent and Opaque Liquids (and the Calculation of Dynamic Viscosity). PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS A PARTIR DE ÓLEOS VEGETAIS: Relatório final do Convênio STI- MIC / CETEC, CETEC: Belo Horizonte-MG, v. 1 e 2, 1983. RAMOS, L. P. Aspectos técnicos sobre o processo de produção de biodiesel. In: Seminário Paranaense de Biodiesel, 2003, Londrina. Disponível em: http://www.tecpar.br/cerbio/Seminario-palestras.htm Acesso em: 23 de agosto de 2003. RAMOS, L. P. et al. Biodiesel: Um Projeto de sustentabilidade econômica e sócioambiental para o Brasil. Revista biotecnologia & desenvolvimento, São Paulo, v. 31, 2003. RAMOS, L. P. Conversão de óleos vegetais em biocombustível alternativo ao diesel convencional. In: Congresso Brasileiro de Soja, 1999, Londrina. Londrina: EmbrapaSoja, p. 233-236, 1999. RAMOS, L. P.; WILHELM, H. M.; Applied Biochemistry and Biotechnoly, nº 807, p. 121-124, 2005. 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