UTILIZAÇÃO DA LINGUAGEM DE CARTILHA PARA APRESENTAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAIS COMO ALTERNATIVA AO PEQUENO INVESTIDOR Marcelo Rodrigo Pezzi, M.Sc. – (Instituto de Ensino Superior Santo Antônio - INESA) Adnilson Ersching – (Instituto de Ensino Superior Santo Antônio - INESA) RESUMO O mercado de capitais pode ser uma alternativa de ganho para pequenos investidores que buscam retorno financeiro através de suas aplicações. Essa modalidade de aplicação oferece uma possibilidade de maior retorno quando comparado as modalidades tradicionais de renda fixa, porém, a exposição ao risco também é maior devido à volatilidade do mercado que está ligado as oscilações da economia. Somado a esse risco encontram-se a dificuldade de entendimento das pessoas que não estão habituadas ao vocabulário técnico do mercado, a quantidade de variáveis que devem ser observadas na opção de uma ou outra ação (ou mesmo uma carteira de ações), dos índices que devem ser analisados para a aplicação e, de onde e com quem deve-se fazer à aplicação. Com o propósito de minimizar tais dificuldades, desenvolveu-se uma cartilha com linguagem acessível, simples e de fácil compreensão aos futuros investidores que não estão familiarizados com o vocabulário do mercado financeiro. A cartilha ajuda na divulgação e expansão das operações no mercado de capitais, permitindo o aumento os ganhos financeiros dos pequenos investidores e ainda contribui para o crescimento das empresas de capital aberto e o desenvolvimento da economia do país. A pesquisa tem caráter bibliográfico-descritivo com abordagem qualitativa. Verificou-se que tanto as variáveis que devem ser observadas no momento de investir como a linguagem e vocabulário técnico utilizados pelos profissionais do mercado financeiro são de difícil compreensão para o pequeno investidor, e o método utilizado no desenvolvimento da cartilha aproxima o entendimento do investidor através de analogias com situações do cotidiano através da linguagem simples e objetiva. Palavras-chave: Pequeno investidor; Mercado de Capitais; Mercado de Ações; Cartilha. ABSTRACT Stock market may be an alternative for small investors who are looking for profits through their applications. This kind of application offers a better profit when compared to traditional investments such as fixed income investments, however, risks are higher due to market volatility that is related to economic oscillation. Besides people may not be familiar to this technical vocabulary, or the amount of variables that should be observed when choosing between one or other stock (or a stock portfolio), or indexes that have to be analyzed for an application, and also where and with whom the application can be made. Aiming to decrease such difficulties, a primer was developed with accessible and easy language, comprehensible for future investors who are not familiar with financial market vocabulary. The primer helps disclosing and expanding operations in stock market, allowing profits improvement for smaller investor, moreover contributes to the growth of publicly traded companies and financial development of the country. This research used descriptive literature and qualitative approach. The conclusion was that variables that should be observed when investing and also the technical vocabulary used by financial market professionals are hard to understand for small investors and the method used on the primer helps comprehension for investors through analogies with everyday situation, using a simple and objective language. Key-words : stock market; market applications; technical vocabulary. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br INTRODUÇÃO O mercado de capitais é uma das alternativas de investimentos para poupadores que buscam retorno através de suas aplicações. Esse mercado oferece uma possibilidade de maior retorno financeiro que outras alternativas de investimentos tradicionais de renda fixa, o que o torna mais atraente, mas em contrapartida, a exposição ao risco também é maior. Como destaca Gitman (2002) o mercado de capitais fornece um foro no qual investidores podem negociar diretamente entre si possib ilitando um ganho maior. Na tentativa de minimizar os riscos inerentes ao mercado financeiro, o investidor pode, por exemplo, criar uma carteira de ativos para não aplicar seus recursos num único papel. Entretanto, devido a volatilidade do mercado, o estudo de análise de ações torna-se uma tarefa bastante difícil e complicada àqueles que não possuem a devida intimidade com o vocabulário da área, somado a isso ainda há o grande volume de informações, índices, dados e ferramentas que devem ser utilizadas no momento de optar-se por uma ou outra ação. No Brasil os participantes do mercado de ações são (PINHEIRO, 2008) a) Comissão de Valores Mobiliários. b) Bolsas de Valores. c) Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários. d) Investidores pessoas físicas. e) Investidores pessoas jurídicas não institucionalizadas. f) Investidores institucionais. g) Agentes Autônomos de Investimentos. h) Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários. i) Bancos Múltiplos e de Investimento. j) Companhias de Capital Aberto. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exerce a função de regular, prestar consultoria e julgar – e m instância administrativa – as operações e dispositivos do Mercado de Valores Mobiliários (SANDRONI, 1994). Por sua vez, Bolsa de Valores é o local onde negociam-se a compra e venda de valores mobiliários em mercado livre e aberto, organizado pelas corretoras e autoridades (FORTUNA, 2002). As bolsas oferecem condições e sistemas necessários para que as negociações realizem- se de forma transparente, propiciando “liquidez às aplicações de médio e longo prazos, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários” (BOVESPA, 2008, p. 14). As Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários “são instituições que efetuam, com exclusividade, a intermediação financeira nos pregões das bolsas de valores” (ASSAF NETO, 2008, p. 44). As corretoras executam as ordens e operações por conta própria ou determinadas por seus clientes e prestam ainda serviços de assessoria a investidores e empresas, de acordo com a BOVESPA (2008). Os agentes autônomos de investimentos são pessoas físicas que atuam na colocação de títulos e valores mobiliários e outros serviços financeiros no mercado. Esses profissionais são fiscalizados pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários e trabalho em troca de recebimento de comissão (ASSAF NETO, 2008). As Sociedades Distribuidoras são as instituições financeiras que lançam as novas ações nas bolsas. Sua finalidade é revender e distribuir títulos e valores mobiliários, disponibilizando-os ao público os papéis que ainda não possuem cotação nas bolsas de valores (SANDRONI, 1994). Logicamente, é necessário para o pequeno investidor que pretende aplicar no mercado de capitais obter as informações de forma a dar- lhe a devida segurança, minimizando seus riscos e maximizando seus resultados. Tal mercado apresenta uma série de riscos ao investidor e cabe a ele analisar até que ponto está disposto a se expor. Em meio às vastas VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br incertezas que o mercado de capitais apresenta, sua compreensão é vital para quem quer se aventurar neste turbulento negócio, pois esta compreensão lhe dará subsídio para definir quais os ativos são os mais seguros para se investir. Entretanto, há uma série de variáveis técnicas e científicas de podem ser utilizadas de maneira eficiente para ajudá-lo tomar decisões quanto a risco e retorno. Assim, o presente artigo descreve as etapas de desenvolvimento de uma ferramenta simples, acessível e que permita ao futuro investidor conhecer alguns conceitos sobre bolsa de valores, ações e corretoras fornecendo as orientações necessárias para iniciar suas aplicações. Neste intuito, serão apresentados diversos conceitos relativos ao mercado financeiro, ações e suas variantes, classificação fundamental de risco, análise do risco sistemático e nãosistemático. Posteriormente, aspectos relacionados à cartilha serão abordados para permitir o entendimento da mesma. MERCADO FINANCEIRO Conforme Braga (1995) o mercado financeiro subdivide-se em quatro grandes segmentos de intermediação financeira. a) mercado monetário: nele realizam-se as operações de curto e curtíssimo prazo, que permite o controle da liquidez monetária da economia (ROSSETTI, 2002). Também negociam-se principalmente os papéis emitidos pelo Banco Central destinados a execução da política monetária do governo, e ainda aqueles emitidos pelo Tesouro Nacional, visando-se financiar as necessidades orçamentárias da União e diversos títulos emitidos pelos Estados e Municípios. b) mercado de credito: constitui-se em sua essência pelos bancos comerciais e múltiplos que suprem as necessidades de recursos de curto e médio prazos dos diversos agentes econômicos, seja para créditos a pessoas físicas e empréstimos a empresa (ASSAF NETO, 2006). c) mercado cambial: aqui realizam-se várias operações de compra e venda de moedas estrangeiras conversíveis englobando todos os agentes econômicos com motivos para realizar operações com o exterior, como importadores e exportadores, investidores e instituições financeiras (BRAGA, 1995). d) mercado de capitais : é um conjunto de instituições e de instrumentos que negociam com títulos e valores mobiliários, para a canalização dos recursos dos agentes compradores para os agentes vendedores, que tem o propósito de viabilizar a capitalização das empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas (PINHEIRO, 2008). Para Assaf Neto (2006) esse mercado tem papel relevante no desenvolvimento econômico, visto que ele é uma grande fonte de recursos para investimentos da economia. Os recursos necessários para o processo produtivo de uma empresa vão além da capacidade individual de poupança dos empresários. Nesse contexto, visando suprir essa necessidade de recursos é que “nasce o acionista que anonimamente se converte na fonte vital das poupanças necessárias para o crescimento das empresas” (LEITE, 1994, p. 363). O mercado de capitais pode ser divido em: mercado primário e mercado secundário. No mercado primário é que se realizam a transferência das poupanças dos investidores para as empresas ou para o governo, nessa etapa as ações de uma empresa são emitidas diretamente ou através de oferta pública, em operações de underwriting (Fortuna, 2002). O termo underwriting significa subscrição, ou seja, lançamento de ações ou debêntures para subscrição pública (SANDRONI, 1994). Nessa etapa é que a empresa ou governo recebe o dinheiro com a venda de suas ações. A introdução desses títulos no mercado geralmente é realizada por um VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br banco de investimento, normalmente vinculados a outras entidades financeiras (SANDRONI, 1994). No mercado secundário as ações emitidas pelas empresas e pelo governo, são negociadas na bolsa de valores, sendo que o dinheiro da venda dos títulos já não vai mais para os seus emissores e sim entre os indivíduos, empresas, governos ou instituições financeiras, poupadores e investidores (GITMAN, 2002). Esse mercado foi desenvolvido para criar liquidez para as aplicações dos poupadores em ações, visto que as empresas não podem atender as necessidades de liquidez imediata de seus investidores, pelo fato de que estes recursos estão aplicados em estruturas produtivas de longo prazo de maturação. O mercado secundário de ações possui características de um mercado livre, pois nele predomina-se a lei da oferta e da procura, baseando-se no desempenho das empresas ao longo do tempo. Neste contexto, as empresas expõem-se aos julgamentos do mercado e os investidores procuram selecionar as ações que tendem a proporcionar maior retorno financeiro a suas aplicações, deixando de lado as ações de empresas que enfrentam problemas econômicos, negando-lhes suas poupanças (LEITE, 1994). A primeira vista imagina-se que o mercado primário de ações é mais importante que o secundário pelo fato de os recursos dos investidores serem transferidos diretamente para a formação do capital da empresa. Porém, Leite (1994, p. 365) afirma que O Mercado Secundário viabiliza o Mercado Primário, pois sem a sua existência não encontraríamos investidores dispostos a aplicar suas economias no financiamento dos investimentos empresariais, sem haver o preestabelecimento de prazos de vencimentos. Em outras palavras, o investidor não pode prescindir da liquidez de suas aplicações, e é o mercado secundário que proporciona liquidez para suas ações. [...] Os Mercados Primários e Secundários completam-se e, em conjunto, viabilizam o financiamento das empresas através de ações. A espinha dorsal do mercado de capitais forma-se por várias bolsas de valores que são os recintos onde ocorrem as negociações de instrumentos de dívida pública e participações acionárias. Esse mercado se fortalece através da atuação dos banqueiros de investimentos que proporcionam o seu bom funcionamento, e o crescimento dos negócios no longo prazo (GITMAN, 2002). Nesse contexto, pode-se entender o mercado de capitais como um dos segmentos de intermediação financeira, que tem a função de financiar os projetos das empresas e dos governos, através da transferência dos recursos financeiros poupados pelos investidores, para as instituições que necessitam de recursos para executar grandes projetos, bem como proporcionar liquidez aos títulos emitidos pelas empresas e pelos governos no mercado secundário, o que garante ao investidor a possibilidade de revender os títulos que adquiriu. Com a transferência desses recursos, as empresas conseguem ampliar sua capacidade produtiva ou mesmo expandir suas atividades para outros setores de atuação, contribuindo dessa forma, para o desenvolvimento da economia do país. AÇÕES Assaf Neto (2006, p.74) descreva ações como sendo “valores representativos de uma parcela (fração) do capital social de uma sociedade, negociáveis no mercado, e refletem a participação dos acionistas no capital social”. Neste contexto, pode-se dizer que o titular de uma ação torna-se sócio da empresa, mesmo que de forma minoritária. O investimento em ações outorga ao acionista uma série de direitos e responsabilidades. Pinheiro (2008) afirma que o acionista tem apenas a obrigação de integralizar sua parte no capital que subscreveu. No Brasil, a Lei nº 6.404/76, que regulamenta o funcionamento das sociedades anônimas, confere ao acionista uma série de VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br direitos, que nem o estatuto social nem a assembléia geral lhe podem tirar e cita alguns direitos como exemplo: * Direito a participar nos lucros; * Direito de fiscalização; * Direito a informação; * Direito de preferência na subscrição de ações em aumento do capital; * Direito de retirada (recesso); * Direito de voto; * Direito de indicação de membros do Conselho de Administração; * Direito de requerer a convocação e o adiamento de assembléia gerais; * Direito de participar de oferta pública por alienação de controle de companhia aberta (Tag Along); * Direito de transmissão; * Direito de propor ações indenizatórias em benefício da companhia. Existem três espécies de ações (PINHEIRO, 2008): 1) ordinárias; 2) preferenciais; de fruição. As ações ordinárias dão ao acionista o direito ao voto em assembléias gerais e a participação nos lucros da sociedade mediante ao recebimento dos dividendos (BOVESPA, 2008). Conforme Gitman (2002) o acionista ordinário vota nas assembléias gerais e nas convocações especiais. O peso do voto do acionista é proporcional a quantidade de ações que este possui, dessa forma o titular pode participar das decisões, lucros e riscos do negócio, decidindo seu destino. O direito a voto do acionista ordinário pode ser transferido através de uma procuração, onde existe uma cláusula para a transferência do direito a voto, sendo que essa normalmente limita-se na sua duração e utiliza-se em ações especiais, como no encontro anual dos acionistas. Pinheiro (2008, p. 140 – 141) salienta que “o acionista ordinário, como proprietário da empresa, tem responsabilidade e obrigações e as assume apenas no montante das ações que possui”. As ações preferências por terem privilégios na distribuição de dividendos, não dão a seu titular o direito a voto, sendo assim, não permite que ele participe das deliberações da empresa. Porém, segundo Assaf Neto (2008) o acionista pode adquirir o direito a voto caso em um período de três anos consecutivos a empresa não distribua os dividendos mínimos ou fixos de direito dos acionistas preferenciais. Para Pinheiro (2008, p. 143) “as ações de fruição são atribuídas aos sócios cujas ordinárias ou preferenciais foram totalmente amortizadas pelas reservas patrimoniais.” Essa amortização trata-se de uma antecipação ao acionista do valor que supostamente ele receberia caso ocorresse à dissolução da companhia. Quanto aos direitos das ações de fruição Pinheiro (2008) relata que essas não possuem as mesmas vantagens ou restrições que as ações que foram amortizadas, sendo que essas devem ser previstas no estatuto da empresa emissora. Quanto à forma de circulação das ações pode-se classificá- las como: nominativas, nominativas endossáveis e escriturais (ASSAF NETO, 2008). Pinheiro (2008) cita ainda as ações ao portador. No entendimento de Assaf Neto (2008, p. 160) “as ações nominativas são representadas por cautelas (certificados) e trazem o nome do investidor registrado em livro de registro de ações nominativas.” Esse tipo de ação transfere-se com a entrega da cautela e averbação do nome do novo titular no livro de registro, conferindo os direitos do acionista. Ainda, nas ações nominativas endossáveis registram-se apenas o nome do primeiro acionista, VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br sendo as transferências de titularidades processadas mediante endosso na própria cautela (ASSAF NETO, 2008). As ações ao portador são emitidas sem constar o nome do comprador e segundo Pinheiro (2008) nessa forma de circulação as ações são transferidas manualmente de uma pessoa para outra, entretanto, no Brasil esse tipo de circulação está proibida desde o Governo Collor. As ações escriturais conforme Pinheiro (2008) funcionam como conta corrente, uma vez que, para essa modalidade dispensa-se a emissão de título de propriedade, pois não ocorre a movimentação física dos documentos e suas transferências são realizadas por meio da empresa custodiante. Dependendo do objetivo da análise, os valores monetários da ação podem ser definidos como: nominal, patrimonial, contábil, de liquidação, intrínseco, de subscrição e de mercado (PINHEIRO, 2008). O valor nominal é o valor pro forma de uma ação que é estabelecido nos estatutos da companhia e corresponde à divisão do capital pela quantidade de ações emitidas (GITMAN, 2002). Por sua vez, o valor patrimonial de uma ação conforme Braga (1995, p. 167) “constitui a expressão de quanto caberia a cada fração do capital social, na hipótese de serem realizados todos os ativos e liquidadas todas as dívidas pelos saldos constantes no balanço”. Determinase esse valor, pela divisão do valor do patrimônio líquido pelo número se ações emitidas. Esse indicador do valor patrimonial deve ser desvinculado de qualquer relação mais estreita entre o valor patrimonial de uma ação com seu preço de mercado, pois trata-se apenas de uma informação estática e histórica, medida baseando-se nos valores acumulados no passado. O valor contábil é lançado no estatuto e nos livros da companhia. Esse valor pode ser lançado de forma explícita indicando o valo r nominal e o preço de emissão, como pode ser lançado de forma indiscriminada sem demonstrar valores. Quando o valor é explícito pode servir de referencial para o exercício de direitos dos acionistas (PINHEIRO, 2008). O valor de liquidação é determinado quando a companhia encerra suas atividades, indicando quanto compete do resultado da liquidação para cada ação emitida (ASSAF NETO, 2008). Já o valor intrínseco de uma ação, continua o autor, é equivalente ao valor presente de um fluxo esperado de benefícios de caixa, onde dele desconta-se a uma taxa de retorno mínima requerida pelos investidores, que incorpora o risco associado ao investimento. Nesse contexto Pinheiro (2008, p.145) afirma que o valor intrínseco de uma ação é o “valor real avaliado no processo de análise fundamentalista.” O valor de subscrição de uma ação é o preço definido no lançamento de ações em operações de abertura de capital de uma empresa. Determina-se esse valor principalmente com base nas perspectivas da empresa emitente, no volume de emissão, preço corrente de mercado de ação, assim como outras variáveis de mercado (ASSAF NETO, 2008). Para Gitman (2002) o valor de mercado de uma ação é o preço efetivo de negociação da mesma, sendo que esse valor não coincide necessariamente com o valor intrínseco da ação. Nesse contexto Pinheiro (2008) afirma que uma ação vale o que o mercado está disposto a pagar por ela. Os rendimentos e os resultados das ações são distribuídos pela própria companhia aos seus investidores. Os acionistas beneficiam-se sob forma de proventos, ou seja, dividendos e bonificações, ou com direito a subscrição quando a companhia lança novas ações no mercado; e ainda benefícios decorrentes da oscilação dos preços dos mercados organizados (PINHEIRO, 2008). Os dividendos proporcionam aos acionistas a distribuição em moeda, de parte dos lucros auferidos pela companhia. Por lei, deve-se distribuir aos acionistas no mínimo 25% do lucro líquido do exercício (FORTUNA, 2002). VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Os juros sobre capital próprio é uma forma de remuneração, normalmente paga em dinheiro aos acionistas, que baseiam-se nas reservas de lucros dos anos anteriores e que ficaram retidos na empresa. Utilizando-se dessa forma de distribuição de rendimentos, as empresas reduzem o montante de imposto de renda, visto que o valor pago aos acionistas contabiliza-se como custo (PINHEIRO, 2008). A bonificação segundo Fortuna (2002, p. 446) é a “distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, em função de aumento do capital por incorporações de reservas.” Neste contexto Pinheiro (2008) afirma que distribui-se as novas ações de forma proporcional as ações já possuídas pelo acionista. A subscrição é o direito de preferência que os acionistas possuem para adquirir as novas ações emitidas por uma companhia, por certo período de tempo e um preço preestabelecido na proporção das ações já possuídas. Esse direito pode ser negociado através da emissão de bônus de subscrição, que são títulos que negocia-se no mercado de capitais, dando a seu titular o direito de subscrever ações pelo preço de lançamento (ASSAF NETO, 2008). DESDOBRAMENTO E GRUPAMENTO Os splits de ações não constituem-se num tipo de dividendos, mas têm efeito semelhante aos das bonificações sobre os preços das ações das empresas. Split ou desdobramento é ato pelo qual uma empresa que comercializa ações na bolsa as desdobra em duas ou mais ações (SANDRONI, 1994). Empregam-se os splits de ações visando à baixa do preço de mercado das ações da empresa para incentivar a realização de um maior número de transações. Esse desdobramento de ações aumenta o número de ações pertencentes a cada acionista, mas não afeta a estrutura de capital da empresa, visto que aumenta-se o número de ações em circulação e reduz-se o valor nominal da ação (GITMAN, 2002). O inplit é a “condensação do capital em um menor número de ações com conseqüente aumento do valor de mercado da ação, com o objetivo, entre outros, de valorizar sua imagem em mercado” (FORTUNA, 2002, p. 446). ÍNDICES COMPARATIVOS Os índices comparativos foram criados pela Bovespa baseando-se na montagem de carteiras teóricas, também chamadas de hipotéticas. Estes servem para medir ações de empresas setoriais, bem como ações em geral, independente do setor (DESCHATRE & MAJER, 2006). Os principais índices divulgados pela Bovespa, segundo Pinheiro (2008) são: Ibovespa; Índice Brasil (IBrX); IBrX-50; Índice de Energia Elétrica (IEE); Índice Setorial de Telecomunicações (ITEL); Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC); e Índice Valor Bovespa (IVBX-2). Em 1968 implementou-se o mais importante índice do mercado de ações brasileiro, o índice Bovespa. O Ibovespa serve como indicador médio do comportamento do mercado e sua composição busca aproximar-se da real configuração das negociações à vista na Bovespa (DESCHATRE & MAJER, 2006). O Índice Brasil (IBrX) “é um índice de preços referente a uma carteira teórica composta pelas 100 ações de maior negociação (número de negócios e volume financeiro) na Bolsa de Valores de São Paulo” (ASSAF NETO, 2006, p. 185). A divulgação desse índice iniciou-se em 1997 e sua carteira teórica e revista a cada quatro meses. Conforme Pinheiro (2008) o Índice Brasil 50 (IBrX-50) mede o retorno de uma carteira de ações compostas pelas 50 ações mais negociadas na Bovespa. Conforme Deschatre VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br & Majer (2006) implementou-se o IBrX-50 em dezembro de 1997 e iniciou-se a sua divulgação em janeiro de 2003. O IEE trata-se de um índice setorial das empresas do setor de energia elétrica relacionadas na Bovespa, cuja finalidade é “refletir o comportamento da lucratividade das companhias que operam neste segmento de mercado (geradoras, distribuidoras e holdings), visando incentivar novas alternativas de negócios” (ASSAF NETO, 2006, p. 185). Em dezembro de 1999 lançou-se o Índice Setorial de Telecomunicações (ITEL), após a privatização da Telebrás. Ele mede o desempenho das ações do setor de telecomunicações que incluem tanto ações de empresas de telefonia fixa, quanto ações de empresas de telefonia móvel (DESCHATRE & MAJER, 2006). O Índice de Ações com Governança Corporativa (IGC) conforme Pinheiro (2008, p. 200) faz a medição do “desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresentam bons níveis de governança corporativa”. Implementou-se esse índice na Bovespa em junho de 2001 (DESCHATRE & MAJER, 2006). O Índice Valor Bovespa (IVBx2) foi elaborado em 1999 pela Bovespa e pelo jornal Valor Econômico para “medir o retorno de uma carteira teórica composta por 50 papéis classificados a partir da 11ª posição de uma classificação que leva em conta o valor de mercado e a liquidez” (ASSAF NETO, 2008, p. 185). Seguindo a mesma linha de raciocínio Deschatre & Majer (2006) complementa que nesse índice excluem-se as blue chips ou ações de primeira linha que classificam-se até a 10ª posição. Blue chips é um “termo inglês do jargão das bolsas de valores que designa as ações mais estáveis e seguras, as mais valorizadas pelos compradores” (SANDRONI, 1994, p. 29). CLASSIFICAÇÃO FUNDAMENTAL DO RISCO Entende-se por risco a “condição própria de um investidor, ante as possibilidades de perder ou ganhar dinheiro” (SANDRONI, 1994, p. 308). O mercado de capitais assim como outras alternativas de investimentos envolvem riscos. Esse mercado possivelmente seja o mais rentável, no entanto, o risco é proporcional ao lucro, ou seja, para que obtenha-se lucro ou ganhos, necessita-se de um nível de risco que proporciona menor segurança (DESCHATRE & MAJER, 2006). Segundo Gitman (2002), pode-se considerar que o risco total de um título constituise de duas partes: risco não-diversificável, também chamado de risco sistemático; e risco diversificável, também chamado de risco não-sistemático. RISCO SISTEMÁTICO O risco sistemático segundo Leite (1994) origina-se nas flutuações a que se sujeita o sistema econômico como um todo, afetando dessa forma todas as ações. Nessa mesma linha de raciocínio Gitman (2002) afirma que esse tipo risco não pode ser diversificado, por tratarse de fatores que afetam todas as empresas, tais como guerra, inflação, incidentes internacionais e eventos políticos. As fontes de risco sistemático segundo Leite (1994) são: risco em relação à taxa de juros, risco relativo ao poder de compra e risco de mercado. O risco em relação à taxa de juros existe nos processos de análise de projetos de investimentos que à utilizam como desconto para o cálculo do valor presente líquido dos fluxos de caixa previstos, avaliando-se, em seguida, o prêmio pelo risco oferecido pelo projeto. Dessa maneira, a variação da taxa de juros pode afetar o retorno esperado com o projeto (LEITE, 1994). O risco relativo ao poder de compra refere-se à relação entre a remuneração do ativo e o processo inflacionário. Os investimentos que tem baixo retorno estão mais vulneráveis ao VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br risco de poder de compra da moeda, visto que, quando ocorre um aumento da taxa de inflação maior que a remuneração oferecida pelo investimento, emerge a taxa de juros negativa (LEITE, 1994). O risco de mercado refere-se às variações imprevistas no mercado, ocorridas por mudanças na economia. Identifica-se esse risco pela variabilidade dos retornos de um título em relação ao seu valor médio, sendo que, quanto maior essa variância maior a desconfiança por parte do investidor (ASSAF NETO, 2008). RISCO NÃO SISTEMÁTICO O risco não sistemático segundo Leite (1994, p. 407) “é a parcela do risco total que é característica de um empreendimento ou de um setor da atividade humana”. Conforme Gitman (2002) pode-se eliminar esse tipo de risco através da diversificação, uma vez que esses atribuem-se a eventos específicos da empresa, tais como greves, processos, ações regulatórias e perdas de um importante cliente. Conforme Leite (1994) as fontes principais de risco não sistemático são: o risco financeiro, risco de administração e os riscos do setor. O risco financeiro segundo Assaf Neto (2008) reflete o risco relacionado ao endividamento da empresa, ou seja, trata-se da capacidade que a empresa tem para liquidar os compromissos financeiros por elas assumidos. O risco de administração relaciona-se com a incompetência ou ainda com a desonestidade por parte dos administradores, ou seja, “a ação dos responsáveis pelo empreendimento pode fazer variar enormemente as taxas de retorno que este proporciona, simplesmente, pela qualidade das decisões destes homens” (LEITE, 1994, p. 407). O risco do setor para Leite (1994) são os que afetam um grupo de empresas similares, ou seja, setor ou indústria. Greves setoriais e crises no abastecimento de matériasprimas podem relacionar-se a esse tipo de variabilidade de retornos. ANÁLISE DE AÇÕES ANÁLISE FUNDAMENTALISTA A Escola Fundamentalista baseia-se nos resultados setoriais e específicos de cada empresa, dentro do contexto da economia nacional e internacional. Ela auxilia o investidor na escolha da empresa cuja ação pode ser adquirida ou vendida num determinado período de tempo (FORTUNA, 2002). Para iniciar um investimento no mercado de ações com maior segurança, faz-se necessário analisar os indicadores de balanço e os indicadores de mercado, buscando-se antever os momentos de alta e de baixa de uma determinada ação (DESCHATRE & MAJER, 2006). Os indicadores de balanço são calculados a cada trimestre, visto que as empresas divulgam e entregam seus balanços a cada 90 dias para a Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Os indicadores de balanço são de grand e importância, pois alguns indicadores de mercado dependem desses indicadores (DESCHATRE & MAJER, 2006). Os indicadores de balanço mais conhecidos são: a) Ebitda ou Lajida O indicador Ebitda é o lucro antes dos juros, depreciação e amortização e do Imposto de renda. Segundo Assaf Neto (2008) equivale-se ao fluxo de caixa operacional antes do imposto de renda, e pode-se entendê- lo como uma medida de geração de caixa disponível. b) Liquidez corrente (LC) O índice de liquidez corrente (LC) é o quociente da divisão do valor do Ativo de Curto Prazo pelo valor do Passivo Exigível de Curto Prazo. Esse índice “indica quantas VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br c) d) e) f) g) vezes os ativos mais líquidos (Ativo Circulante) superam os passivos de curto prazo (Passivo Circulante)” (HALFELD, 2008, p. 157). Segundo Pinheiro (2008) entende-se por liquidez de uma empresa a capacidade que esta possui de honrar os seus compromissos a curto prazo em um determinado momento, através da realização de seus ativos. Rentabilidade sobre o patrimônio líquido (RPL) O índice de rentabilidade sobre o patrimônio líquido (RPL) é o resultado da divisão do lucro líquido do exercício pelo patrimônio líquido. Este mostra quantos reais foram ganhos para cada real investido pelos sócios da empresa. De acordo com a CNBV (1983, p. 186), este “é o coeficiente mais importante, porque reflete o resultado final da atividade desenvolvida pela empresa”. Giro do ativo (GA) O giro do ativo (GA) é o quociente da divisão das receitas líquidas pelo ativo total. De acordo com Halfeld (2008) através deste indicador revela-se o número de vezes que o ativo gira ao ano, e em quantas vezes o faturamento da empresa supera os investimentos realizados na empresa. O giro do ativo reflete “o grau de utilização dos ativos na geração das vendas. [...] podemos interpretá- lo da seguinte forma: quanto maior for seu resultado, maior será a liquidez e a rentabilidade da empresa” (PINHEIRO, 2008, p. 294). Grau de endividamento (GE) O grau de endividamento (GE) mostra qual a proporção do Ativo Total da empresa é financiada por seus credores de longo prazo. Obtém-se este indicador através da divisão do Passível Exigível pelo Ativo Total (HALFELD, 2008). Valor patrimonial da ação (VPA) O valor patrimonial da ação (VPA) segundo Franco (1989) é avaliado de acordo com o valor patrimonial da empresa, decorrendo-se da comparação da riqueza patrimonial com a quantidade de ações em circulação, ou seja, o VPA é o valor do patrimônio líquido divido pela quantidade de ações da empresa. Lucro por ação (LA) O indicador de lucro por ação (LA) informa o lucro líquido gerado para cada ação da companhia. Esse indicador é o quociente da divisão do lucro líquido pela quantidade de ações que a empresa emitiu, sendo que, quanto maior o quociente dessa divisão, melhor (HALFELD, 2008). Os indicadores de mercado são calculados diariamente, visto que os preços da maioria das ações que negocia-se na Bolsa também mudam a cada dia (DESCHATRE & MAJER, 2006). Os indicadores de mercado mais conhecidos são: a) Preço sobre lucro (PL) O índice preço sobre o lucro (PL) é o quociente da divisão da cotação da ação em Bolsa, pelo lucro da empresa por ação (LUQUET, 2000). De acordo com Franco (1989) o índice preço sobre o lucro indica ao investidor o número de anos em que o capital investido retorna em forma de rendimentos. b) Preço sobre valor patrimonial (P/VPA) O preço sobre o valor patrimonial (P/VPA) é o quociente da divisão do preço da ação no mercado, pelo valor patrimonial por ação. Quando esse índice indica que a ação da empresa está sendo negociada em bolsa abaixo de seu valor patrimonial, entende-se que a ação está barata, podendo ser um bom momento para adquiri- la (LUQUET, 2000). Quando o indicador de preço sobre o valor patrimonial revela que, o valor de VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br c) d) e) f) g) h) i) mercado da ação é maior que seu valor patrimonial, e ainda assim, esta tem excelente liquidez em bolsa, entende-se que o mercado acredita no potencial de crescimento dessa empresa (DESCHATRE & MAJER, 2006). Dividend yield (DY) O dividend yield (DY) ou retorno com dividendos é o resultado da divisão dos dividendos pagos, pelo preço da ação. Através deste indicador, revela-se “o percentual do preço da ação que voltou ao acionista sob forma de dividendos no último balanço” (HALFELD, 2008, p. 159). Price sales ratio (PSR) O price sales ratio (PSR) indica o quanto a empresa está vendendo por ação. O índice é o resultado da divisão do preço da ação, pelo quociente da divisão da receita líquida, pela quantidade de ações. Através do PSR, também se pode visualizar quando o preço da ação está baixo no mercado se comparando com o faturamento da empresa (DESCHATRE & MAJER, 2006). Liquidez em Bolsa O índice de liquidez trata-se do cálculo da participação em percentual do volume financeiro negociado com uma ação em determinado período de tempo no volume financeiro geral de negócios da Bolsa neste mesmo período de tempo. Com ele, identifica-se a velocidade com que uma ação pode converter-se em dinheiro através de sua venda no mercado (CNBV, 1983). Seguindo essa mesma linha de raciocínio Deschatre & Majer (2006) complementa que para investidores de curto prazo recomenda-se a aquisição de ações com ótima liquidez, devido à facilidade de convertê- las em dinheiro. Em contra partida para o longo prazo, as ações com pouca liquidez podem apresentar maior retorno, visto que elas apresentam menor volatilidade. Oscilação em Bolsa O indicador oscilação em bolsa “é a variação percentual ocorrida com a ação dentro do ano que está sendo analisado” (DESCHATRE & MAJER, 2006, p. 153). Mínimo e máximo de 52 semanas O indicador mínimo de 52 semanas refere-se ao menor preço de uma determinada ação ocorrido entre hoje e um período de 52 semanas atrás. O indicador máximo de 52 semanas é o oposto, pois se refere ao maior preço de determinada ação (DESCHATRE & MAJER, 2006). Mínimo e máximo do ano O indicador mínimo de 1 ano segundo Deschatre & Majer (2006, p. 155) é “o preço menor ocorrido com a ação num determinado período. É diferente do mínimo de 52 semanas”. O indicador máximo de 1 ano é o oposto do mínimo de 1 ano, visto que, refere-se ao valor máximo atingido num determinado ano. Beta O beta segundo Pinheiro (2008, p. 312) é Indicador estatístico de risco que relaciona o desempenho da ação como o Ibovespa. Valores iguais a 1,0 ou inferiores indicam que o movimento da apresenta magnitude semelhante ou menor a do Ibovespa, seja positiva ou negativa. Valores superiores a 1,0 indicam que a magnitude do movimento da ação é superior a do Ibovespa. Alguns investidores adquirem ações com beta maior que o índice Bovespa, buscando retorno maior que o Ibovespa. Para encontrar o beta de uma determinada ação, pode-se compará- lo com o Ibovespa (DESCHATRE & MAJER, 2006). VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br ANÁLISE TÉCNICA A análise técnica também é conhecida como escola grafista, e auxilia o investidor na escolha do melhor momento para compra e vender da ação de uma empresa. Esta escola “baseia-se na análise gráfica, quer seja pelo método de barras ou de ponto figura, tendo como base os volumes e os preços pelos quais foram comercializadas as ações nos pregões anteriores” (FORTUNA, 2006, p. 439). Através da análise técnica, pode-se selecionar a ação com maior potencial de ganho na economia. Essa escola se volta para a obtenção de vantagens através da oscilação dos valores originados da oferta e demanda, através do estudo de gráficos que demonstram o comportamento dos preços e dos volumes, e tem uma “potencialidade marcante do ataque de tendências tanto de alta quanto de baixa do sistema, permitindo ganhos em ambas as pontas” (DESCHATRE & MAJER, 2006, p. 12). Um dos pioneiros da análise técnica foi Charles Dow que fez contribuições importantes para o estabelecimento dos seus fundamentos. Ele estudou o histórico de índices que refletiam o comportamento médio diário das Bolsas, e percebeu através de suas observações que “o mercado não é aleatório, que há uma lógica nos seus movimentos; e constatou que ele se move segundo tendências” (MATSURA, 2006, p. 1). De acordo com Deschatre & Majer (2006, p. 16) a teoria “Dow Jones” tem o objetivo de Determinar quais as mudanças primárias ou mais significativas do mercado. Quando uma tendência é estabelecida, admite-se que ela exista até que haja uma reversão (sentido contrário). A teoria, portanto, mostra uma tendência, mas não projeta sua duração. Neste contexto, entende-se que a teoria não é uma regra, pois ela aponta tendências. A teoria de Dow tem como premissa alguns pontos essenciais. As médias descontam “tudo que possa afetar a demanda e a oferta de ações a qualquer momento” (DESCHATRE & MAJER, 2006, p. 17). Segundo Matsura (2006) o mercado tem três tendências de movimentos de preço. O movimento de tendência primária é de longo prazo que pode ser de alta ou de baixa, levando os ativos a uma grande valorização ou desvalorização. O de tendência secundária é de médio prazo, e dura alguns meses podendo corrigir até dois terços da tendência primária. A tendência terciária dura em média algumas semanas e fazem parte das secundárias. Charles Dow determinou que existe relação entre preços e volumes operados, devendo-se seguir as seguintes orientações: se os preços sobem no decorrer do tempo e o volume de negócios segue essa tendência, tende-se a continuidade do processo altista de preço. Quando isso ocorre, chama-se de mercado salutar. Em contrapartida, quando os preços tendem a queda, com aumento no volume correspondente, existe uma tendência de continuidade do processo baixista. Dessa maneira chama-se tal mercado de doente (DESCHATRE & MAJER, 2006). De acordo com Matsura (2006) a oscilação dos preços reflete a percepção positiva ou negativa dos investidores em relação ao mercado, e o comportamento da massa dos investidores aponta situações de grande previsibilidade. Conforme Deschatre & Majer (2006) as médias setoriais devem confirmar a média global, pois as médias comandam o mercado. Dessa forma se as médias estão caindo, a probabilidade de alguma ação subir é improvável. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Para se iniciar um investimento em ações é preciso antes conhecer o seu mercado, bem como suas principais ferramentas de análise de ativos, além da gestão de risco. Assim o VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br ponto de partida desse artigo foi obras de autores na área de mercado de capitais e também documentos publicados em sites e revistas especializadas no assunto. O estudo caracteriza-se como tem caráter bibliográfico-descritivo com abordagem qualitativa que para Cervo & Be rvian (2002) procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. No entendimento de Lakatos & Marconi (2001, p. 183) o de caráter bibliográfico do estudo procura “colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que fo i escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.” Assim, partiu-se da necessidade de desenvolver uma ferramenta de divulgação do mercado de capitais e indicar os requisitos necessários para o pequeno investidor operar com ações. Nesse caso, definiu-se como pequeno investidor qualquer pessoa física ou jurídica que dispunha de uma quantia de R$10.000,00 (dez mil reais) para aplicar. Muito embora não seja escopo de discussão neste artigo as questões que se referem a políticas de valores que as corretoras optam para iniciar um investimento, em conversas com algumas corretoras da cidade de Joinville, o que se pôde observar é que para que se possa diversificar e criar uma carteira de ações, a quantia sugerida pelas corretoras é de valores a partir de R$10.000,00. Através da pesquisa bibliográfica descritiva, aprofundou-se o estudo do mercado de capitais com ênfase no mercado de ações, onde foi possível evidenciar uma complexidade para entendimento acerca do tema em estudo, em grande parte ao vocabulário técnico empregado na literatura. Sendo assim, sugeriu-se a elaboração de uma cartilha com uma linguagem acessível ao pequeno investidor que não está familiarizado com o vocabulário do mercado financeiro, para então auxiliá- lo na composição de sua carteira de ações, indicandolhe algumas técnicas de avaliação das ações, explicando- lhe o conjunto de conhecimentos que formam o mercado de ações e suas variantes e, as possibilidades e maneiras de investimento com retorno financeiro a longo prazo. O DESENVOLVIMENTO DA CARTILHA A elaboração da cartilha foi divida em duas etapas: pesquisa bibliográfica descritiva e elaboração de um roteiro para criação da cartilha, abaixo segue explicação dessas etapas. Na primeira etapa foi realizado um levantamento bibliográfico para o devido entendimento dos conteúdos que comporiam a cartilha, entre eles: mercado de capitais e seus participantes; ações, suas espécies, formas de circulação e os direitos e proventos que essas proporcionam ao acionista; a importância das corretoras de valores; índices comparativos; classificação fundamental do risco e análise fundamentalista e técnica das ações. A pesquisa mostrou que esses são os conteúdos técnicos mais significativos e relevantes para o entendimento do mercado de capitais e que deram o suporte teórico para a elaboração da cartilha. São exatamente esses conteúdos que foram lapidados para uma linguagem mais simplificada e menos técnica. Concluída a pesquisa bibliográfica iniciou-se a segunda etapa, com o desenvolvimento da cartilha. Esta etapa dividiu-se em duas partes: na primeira uma história em quadrinhos e na segunda um breve resumo de conceitos importantes. Optou-se por essa divisão dado ao fato de alguns conteúdos serem demasiadamente extensos, dificultando sua formatação em linguagem de história em quadrinhos. A cartilha atualmente é composta de 18 páginas, e as figuras abaixo dão uma idéia do formato e da linguagem utilizada na mesma. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Na primeira parte do desenvolvimento da cartilha definiu- se a história, escreveu-se o roteiro envolvendo dois personagens e estabeleceu-se a forma e as cores das personagens. A história se dá num diálogo entre Higor e Vinícius que são amigos desde o ensino médio e que após alguns anos encontram-se pela rua pedalando suas bicicletas. No decorrer da conversa Vinícius pergunta para Higor se ele conhecia alguma alternativa de investimento que lhe proporcionasse um retorno financeiro maior que a aplicação em caderneta de poupança, transcorrendo o diálogo nessa linha. Para desenvolver o assunto criou-se uma breve introdução sobre bolsa de valores e ação, utilizando-se da analogia da divisão de um bolo em partes iguais; dos riscos que esse investimento oferece, comparando-o ao passeio de bicicleta e, por fim, um breve relato sobre as corretoras de valores. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Na segunda parte desenvolveu-se de forma mais elaborada 10 tópicos sobre o mercado de capitais que julgou-se pertinente, a título de conhecimento para o pequeno VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br investidor. Para facilitar a compreensão do assunto e organizar a cartilha, definiu-se como seqüência os seguintes tópicos: mercado de ações; bolsa de Valores; dividendo; ações; corretora de valores; comissão de valores mobiliários; compra de ações; escolha de ações; riscos do investimento e indicadores de mercado. Nessa parte por se tratar de conteúdos extensos, conforme relatou-se anteriormente, há dificuldades em elaborá- los em formato de quadrinhos, portanto, optou-se pela estrutura de tópicos, conforme pode ser visto nas figuras a seguir. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mercado de capitais necessita de pessoas devidamente informadas e habilitadas para poderem operar em seu sistema, entretanto, o vocabulário empregado nesse setor é demasiadamente técnico, com termos em inglês e de difícil acesso às pessoas que não estão habituadas ao linguajar específico. Com o propósito de reduzir a dificuldade de compreensão por parte das pessoas que não estão em contato constante com a área do mercado de capitais, a pesquisa destacou a importância da divulgação do mercado de capitais para os que desconhecem essa alternativa de investimento. Tal investimento tem uma possibilidade de maior retorno financeiro do que investimentos de renda fixa, e que, além do próprio investidor lucrar com isso, ele estará contribuindo para o desenvolvimento econômico do país, visto que, o mercado de capitais é uma grande fonte de recursos para investimentos na economia. Mas da mesma forma que é uma opção de ganhos mais vantajosos que a renda fixa, também traz os riscos quase na mesma proporção, e viés é preciso ficar claro para o pequeno investidor. A dificuldade mais premente é o vocabulário técnico que envolve todo o setor do mercado de capitais e das aplicações em ações. Assim, a transformação do vocabulário árido técnico utilizado por profissionais do setor financeiro em uma linguagem simples e clara para VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br pessoas que não tenham conhecimento foi uma alternativa plausível para divulgação e disseminação do mercado de capitais. Vale ressaltar que o principal objetivo da cartilha é divulgar o mercado de capitais para pessoas que não conhecem essa alternativa de investimento, de modo a orientá- las para o caminho adequado na aplicação de seus recursos, apresentando- lhe os riscos que estará exposto e mostrando algumas ferramentas que possam minimizar esses riscos. Porém, mesmo a cartilha possibilitando um entendimento simplificado do mercado de ações para quem não está familiarizado, recomenda-se buscar profissionais especializados para orientá- lo de forma mais segura e só ai sim iniciar a aplicação. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. _______. Mercado financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BOVESPA. Mercado de capitais. Disponível em: http://www.bovespa.com.br/Pdf/merccap.pdf. Acesso em: 31 mar. 2009. BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. 13. ed. São Paulo: Atlas, 1995. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. COMISSÃO NACIONAL DE BOLSAS DE VALORES. Introdução ao mercado de ações. Belo Horizonte: 1983. DESCHATRE, Gil Ari; MAJER, Arnaldo. Aprenda a investir com sucesso em ações: análise técnica e fundamentalista. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2006. FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 15. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. FRANCO, Hilário. Estrutura, análise e interpretação de balanços. 15. ed. São Paulo: Atlas, 1989. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2002. HALFELD, Mauro. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. 3. ed. São Paulo: Fundamento Educacional, 2008. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. LEITE, Helio de Paula. Introdução à administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994. LUQUET, Mara. Guia valor econômico de finanças pessoais. 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