Dedico este trabalho aos meus pais e ao meu irmão, que sempre me apoiaram. Que Deus os abençoe. “Você alcançou excelência com líder quando as pessoas o seguem aonde você for, mesmo que por curiosidade”. Colin Powell mera SUMÁRIO P. Resumo ............................................................................................................... 06 1. Introdução ...................................................................................................... 07 2. Liderança ....................................................................................................... 10 2.1 Definição de liderança ................................................................................. 10 2.2 A liderança e seus personagens ................................................................. 12 3. A liderança para o atual mercado ................................................................. 18 3.1 Aspectos genéricos da liderança ................................................................ 18 3.2 Os conceitos da nova liderança: aspectos básicos ................................... 21 3.3 Os novos comportamentos na tomada da decisão: as novas estruturas .. 24 4. A visão externa do novo líder ........................................................................ 29 4.1 A ligação: os líderes tocam o coração antes de pedir ajuda ...................... 29 4.2 O potencial do líder é determinado pelas pessoas mais próximas dele ..... 30 4.3 O valor da influência na verdadeira medida da liderança ........................... 31 4.4 Por que as pessoas se consideram líderes ................................................. 32 CONCLUSÃO .................................................................................................... 34 Referências Bibliográficas ................................................................................. 36 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESEVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS O LÍDER E A SUA FUNÇÃO NO NOVO SÉCULO Por : Denise Meri de Oliveira Pontes Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em: Reengenharia e Gestão de Recursos Humanos Rio Janeiro ,RJ , Março /2001 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESEVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS O LÍDER E A SUA FUNÇÃO NO NOVO SÉCULO Por: Denise Meri de Oliveira Pontes Orientador: Prof.: Marco Antônio Chaves Rio Janeiro , RJ , Março/2001 6 RESUMO Dentro das alianças estratégicas, criadas durante a globalização, a liderança que já era importante, passa a ser ponto fundamental no desenvolvimento de projetos das grandes parcerias. A antiga visão da liderança, como uma função rígida e castrense, vai se esvaindo e adquirindo uma nova função. São aspectos ligados a novos fatos, novas culturas, enfim; é o amadurecimento de um novo líder que precisa se adaptar para que possa adaptar-se às novas necessidades de mercado. Dessa forma, direciona-se a pesquisa no sentido de demonstrar as novas atividades efetivamente do novo líder. Destaca-se, nesta monografia, a necessidade de se estabelecer uma liderança para o novo século, através de uma pessoa que saiba adaptar-se às diversas circunstâncias existentes, fruto da variação normal do mercado. Aliando essa adaptação a uma pessoa que saiba como lidar com sua equipe, de modo a que todos possam ficar engajados, somando os aspectos de estratégia e comprometimento de toda a equipe. Esse foi o objetivo do trabalho. Após pesquisas de material – obras, artigos, filmes, pesquisas na internet, de forma que reunisse a maior parte de material atualizado, etc. –, observa-se o posicionamento das empresas na nova ordem econômica internacional e, a importância do novo líder: ousado, audacioso e, ao mesmo tempo, sensível. A conclusão a que se chega é que o líder dessas empresas não só aposentou o antigo líder racional, como cresce em conhecimento, domínio de estratégias, aproximação de sua equipe, interação e, destaque na autonomia parcial dos membros de sua equipe, pelas adaptações normais das empresas transnacionais, envolvendo culturas e padrões diferenciados, com visão de tornar-se um líder para si próprio e, conquistando 7 membro a membro de sua equipe, a ponto de que cada um fique engajado e comprometido pela organização. 1. INTRODUÇÃO Seja através de visões estratégicas para conceber o líder do futuro1, seja através da formação da liderança para o novo século2, seja através de novas estratégias para despertar a liderança que se encontra em cada pessoa para ser bem sucedida em cada empreendimento3, entre outras formas hoje apresentadas, a liderança é assunto de grande destaque. Esse destaque, em parte foi dinamizado pela situação das atuais empresas – em face de nova ordem econômica internacional, sejam elas transnacionais ou não. As situações com essas funções da empresa se processam após a II Guerra Mundial, quando os Estados e, por conseqüência, as empresas, se dão conta de que é necessária a cooperação para o desenvolvimento, contrariamente ao período anterior à II Guerra Mundial, quando foi marcante a multiplicação de técnicas protecionistas, tendo como destaque algumas práticas consideradas hoje desleais, tais como o dumping – método de venda de produtos no mercado internacional por preço menor que o utilizado no mercado primitivo nacional –, e subvenção abusiva às exportações4. Entretanto, a partir da Carta da Organização das 5 Nações Unidas – ONU , os princípios de “paz econômica” e “cooperação econômica”, passaram a ser os norteadores fundamentais dessa Organização. 1 Conforme HESSELBEIN, Frances, GOLDSMITH, Marshall e BECKHARD, Richard, O Líder do Futuro. 7ª Edição, São Paulo, Futura, 1996. 2 Conforme HESSELBEIN, Frances, GOLDSMITH, Marshall e SOMERVILLE, Iain, Liderança para o Século XXI. São Paulo, Futura, 2000. 3 Conforme ZENGER, John H., Desperte o líder que há em você. 4ª Edição, São Paulo, Futura, 1996. 4 Conforme BASSO, Maristela, O Direito da Empresa na Nova Ordem Econômica Internacional, in “O Direito Internacional no Terceiro Milênio, São Paulo, Ltr, 1998, pág. 120. 8 Portanto, a partir da chamada “cooperação econômica” inicia-se um processo de liberalização do comércio, impulsionando-se a atividade mercantil internacional, a circulação internacional de mercadorias, serviços e pagamentos, gerando como conseqüência, de forma mais crescente, a criação internacional das riquezas e a mobilidade dos fatores de produção: mão-de-obra e capital. Como conseqüência desse novo impulso da atividade mercantil, nos primeiros 45 anos (1945-1990) o volume do comércio internacional foi multiplicado por 606. O direito de liberdade de organização e de realização de negócios reconhecidos às empresas a partir de então, aliado à facilidade na conversibilidade de moedas, sem grandes restrições cambiais, gera um processo de parcerias empresariais através das joint ventures internacionais – método de cooperação entre empresas para a realização de um projeto específico, uma aventura comum, independentemente da forma jurídica adotada, societária ou somente contratual –, bem como do franchising – a franquia. Esse crescimento reflete-se também na atuação do mercado internacional e que até pouco tempo era visto com surpresa: das cem maiores economias mundiais, aproximadamente 50% delas são empresas transnacionais, sendo que algumas delas estão à frente de muitos Estados, tendo, em algumas oportunidades, importância de participação em decisão dos Estados, através de participação em foros mundiais e elaboração de anteprojetos de convenções internacionais7. Nesse contexto, as novas diretrizes empresariais e políticas criaram um processo de relacionamento comercial que deu nova face ao líder. A transformar: 5 definição básica de liderança começa a se a liderança não é mais um estereótipo aplicável a todas as Carta de São Francisco, de 26 de junho de 1945, criou a Organização das Nações Unidas – ONU. Conforme BASSO, Maristela, op. cit. pág. 121. 7 Conforme Arthur Ituassu, “A democratização da política externa”, artigo publicado no Jornal do Brasil, edição de 14 de janeiro de 2001, pág. 27. 6 9 empresas, independente do ramo de atuação. E mais: a liderança dentro de uma empresa em uma determinada função requer alterações ou adaptações, dependendo do local onde esteja instalada a sua sede. Dessa forma, o trabalho inicia-se com uma definição de liderança, abordando também o seu papel nesse novo contexto, passando pelas linhas gerais do líder da nova era, dos princípios, trazendo qualificações de líderes e princípios para, na conclusão definir-se, os parâmetros, em linhas gerais, do novo líder. 10 2. LIDERANÇA 2.1 Definição de liderança A palavra liderança vem do inglês leader, que significa ir em frente. Este lugar de (muito) destaque – na frente dos outros –, exige às vezes muita luta; muitos dos esportes possuem como base simplesmente nisso: chegar na frente dos outros. Porém, o conceito de liderança é muito mais amplo e complexo. Liderança significa também uma ascendência sobre iguais, afinal, o maestro nada consegue se não faz valer sua ascendência sobre os músicos da orquestra. Um outro aspecto da liderança é a influência que ela exerce sobre os demais – seus semelhantes: basta observar como os grandes ídolos consagrados pela mídia influenciam as pessoas. Guardadas as devidas proporções, um líder não precisa ser necessariamente um ídolo, mas deve ter também o poder de influenciar seus liderados. O poder é também um dos pontos chaves do conceito de liderança. É o poder que o líder exerce. Poder é a capacidade de influenciar a vida das pessoas e dos acontecimentos em sua volta. Liderar é uma forma de exercer o poder. Uma forma especial que inclui um vínculo, um voto de confiança entre o liderado e o líder. É uma forma de exercer um poder de forma diferente, mas existem vários outros tipos de exercícios de poder. Assim sendo, as reações que a liderança como poder podem provocar nas pessoas são: 11 • as pessoas reagem com satisfação; • os liderados aceitam o líder; • os liderados identificam-se com ele e com • delegam a ele sua representação; • identifica-se a existência de um “contrato seus propósitos; psicológico” com o líder, de maneira que ambas as partes se beneficiam; • endossam • o líder “serve” aos liderados e vice-versa; • o líder geralmente não usa da força nem e apóiam as mudanças introduzidas por ele; da coação física para obter e exercer sua autoridade8. Por intermédio de um provérbio anônimo de que “a situação faz o líder”, um país endividado, destruído física e moralmente como a Alemanha, em função da derrota na I Guerra Mundial e, face o Tratado de Versailles de 1919 que impediu qualquer tipo de desenvolvimento na década de vinte e trinta no século passado, apresentava o quadro perfeito para o surgimento do nazismo e a ascensão de um Reich, e dele surge Adolf Hitler, o líder que a situação exigia. Assim, a história está cheia de exemplos de liderança: Mahatma Gandhi, o grande líder que surge na Índia dominada pelos ingleses, foi um exemplo. Quem poderia assegurar que Gandhi seria o líder que foi, se nascesse nos dias de hoje? Por isso a liderança é uma forma especial de exercer influência sobre a vida das pessoas e sobre recursos econômicos em geral. O líder exerce o poder sobre uma maneira persuasiva, podendo ser com maior ou 8 Conforme “Os dez chapéus do líder”, filme organizado por Link Quality, realização LR Criação e Produção Ltda., com consultoria de Paulo Jacobsen. 12 menor intensidade de autoritarismo; autoritarismo esse que está diretamente ligado à ocasião e, principalmente, ao grau de maturidade dos liderados. 2.2 A liderança e seus personagens Como já foi exposto, a liderança é situacional, ou seja, dependerá diretamente do momento. Portanto, mais importante que enumerar as qualidades do líder e de sua liderança exercida, ele deve identificar os papéis que um líder representa ou assumi-las nas diferentes situações da vida. Para que se possa visualizar com mais clareza a liderança situacional, passemos a elencar os dez personagens que formam o líder9, destacando-se inicialmente três considerados indispensáveis. 1 – o comandante; 2 – o desbravador; e 3 – o visionário. Estes são os papéis fundamentais de um líder. O comandante possui a obrigação de dar ordens, definir os caminhos e, conduzir a todos com segurança. O desbravador ou bandeirante, possui também papel fundamental, pois ele segue à frente do grupo, criando mudanças e antecipando-se aos fatos. Um líder desbravador ou bandeirante corre o risco de se transformar em um chefe qualquer. O visionário é, como o próprio no me diz, sempre um pouco visionário: ele enxerga longe e, por isso, alguns mesmo a contragosto, tornam-se algumas vezes, gurus; são vistos como verdadeiros magos. Estes seriam, portanto, os protagonistas. Os outros sete são os denominados “coadjuvantes indispensáveis”. Senão, vejamos: 4 – o empresário; 9 Conforme também “Os dez chapéus do líder”, op. cit. 13 5 – o atleta; 6 – o juiz; 7 – o estudante; 8 – o treinador; 9 – o super vendedor; e 10 – o professor. Em uma análise rápida sobre o tema, o empresário é considerado como aquele que “não canta, não dança, porém sem o mesmo, o show não continua”. O atleta é necessário para os momentos considerados de maior necessidade de força, para que possa manter a unidade e liderança do grupo (só mesmo sendo atleta para conseguir mantendo a liderança em determinados momentos). O juiz é líder e por isso é justo. Isto é o suficiente. O estudante, por se considerar um eterno estudante, sobrevive no mundo profissional. Seu hábito em estudar permanentemente, conduz àquele entendimento popular de que não se pode pensar em parar, afinal “é como andar de bicicleta: se se parar de andar, se cai”. O treinador é o líder que sabe desenvolver talentos da sua própria equipe. O super vendedor vende maravilhosamente suas idéias que vêm persuadindo a todos. E, por fim, o professor, é o grande conhecedor de tudo a que diz respeito. Na apresentação dos líderes considerados indispensáveis, as sugestões eficazes para o papel do comandante são: • não confiar demais nos experts; • transformar o grupo em uma verdadeira equipe; • estar em sintonia com o mundo; • aumentar a competitividade da empresa; • buscar uma visão holística; 14 • promover os contatos externos; • estar sempre bem informado; e • implementar o follow-up (propor e cobrar). Os desbravadores são pioneiros e possuem esta qualidade indispensável nos grandes líderes. A capacidade de buscar o desconhecido, de ser o próprio agente das mudanças; implementar mudanças não é nada fácil, as reações são muito variadas numa coletividade. Se o desbravador fala em mudanças, há os que são terminantemente contra. Quantas vezes não ouvimos a seguinte expressão: não vi e não gostei? Há também os que vivem querendo mudar sem avaliar o quê e um que exerce a direção. As sugestões eficazes para o papel dos desbravadores são: • acolher as sugestões dos subordinados; • encorajar a experimentação; • recompensar a iniciativa; • pesquisa de oportunidade; • dar o exemplo; e • alocar recursos de informação e tecnologia. As sugestões eficazes para o papel do visionário são: • estar sempre ligado às tendências, do mercado dos concorrentes da própria equipe; • captar e interpretar descontinuidades interferindo para que as situações voltem a fluir normalmente; oportunidades). • fazer as projeções as mais exatas possíveis; • organizar o futuro (planejando, executando e gerenciando as 15 O papel do empresário – ou empreendedor, é uma figura de certa forma curiosa. É ele quem identifica a oportunidade, pesquisa e avalia o empreendimento. Ele se coloca à frente dos negócios e/ou problemas. Não só corre os riscos do fracasso, como também colhe os lucros do sucesso. Seus conceitos são: • vai à frente dos outros, mostrando e abrindo os caminhos; • centraliza na hora de definir o que, e descentraliza da hora como, deixando mais a critério de sua própria equipe; • impulsionador de pessoas e idéias (qualidade de vida de • vantagem competitiva (o que a Empresa é melhor ou pode ser • administração por objetivos (definem-se os objetivos de longo todos); melhor); prazo ou estratégias e se desenvolvem metas em curto prazo com a equipe); • antecipa-se às inovações tecnológicas que possam afetar a organização. No papel do atleta, o líder deve possuir também essa qualidade; não pode se eximir no trabalho, sem buscar um equilíbrio físico e mental. As características são: • concentra-se nas tarefas a serem realizadas; • administra o tempo separando as atividades importantes das irrelevantes, das urgentes das que possam esperar; 16 • delega tarefas repetitivas e estabelece sistemas eficientes de • mantém-se fisicamente apto a enfrentar esforços urgentes • procura alimentar-se de forma adequada; • pratica esporte e reserva tempo para o lazer; • cuida da saúde de forma preventiva; • cuida somente de um problema de cada vez, até resolve-lo controle; extraordinários; para que este problema não se torne repetitivo e recorrente; e • evita o estresse. Como juiz, possui as seguintes características: • identifica com isenção as forças e fraquezas de cada um dos • delineia as metas a serem atingidas; • previne os erros; • estabelece prioridades; • melhora a comunicação entre os diversos setores e atividades; • elabora o julgamento dos desempenhos; • identifica líderes em potencial, pois sabe separar “o joio do • distribui democraticamente as recompensas; • permite recuperação a quem teve desempenho insatisfatório; • descobre e corrige os maus desempenhos, estimulando os liderados; trigo”; resultados positivos; • apresenta lucidez para emitir julgamentos; 17 • demonstra sempre tranqüilidade e simplicidade; • transmitem entusiasmo aos seus liderados; • são rigorosos; • possuem um bom relacionamento com seus pares e liderados; • gostam do que fazem. No papel de estudante, podemos focar a qualquer profissional que se mantém atualizado, o líder não pára em momento algum de aprender e influenciar seus liderados, incentivando o mesmo comportamento aos mesmos. O super vendedor possui como principal arma a persuasão. Trata-se de um acordo combinado entre as partes, onde todos devem sair ganhando. Para isto, sua condição básica é saber ouvir as necessidades daquele que seria o consumidor de seu produto, pois, é a partir do conhecimento das necessidades do comprador que o vendedor vai criar sua estratégia de venda. O treinador possui relação com o desempenho dos liderados, em função dos objetivos da organização, para obter a melhor performance do seu pessoal. Motivar as pessoas, desenvolver habilidades e capacidades que vão melhorar o seu desempenho são os principais objetivos do papel do treinador. Os indivíduos são diferentes e cada um possui um ritmo de produção e destreza diferentes dos seus semelhantes, não só em um esporte, como também em uma atividade laboral na empresa. As motivações nem sempre são as mesmas, o que funciona para uns não funciona para os outros. Por fim, o professor, como papel de líder, possui as seguintes características: • cria um ambiente de estudo na organização; • desenvolve nos liderados o desejo para o aprendizado, dando os recursos para o mesmo; 18 • estimula o aprendizado na prática ; • não impõem idéias e conceitos – o bom professor não ensina: é o aluno que aprende; • aceita opiniões, sugestões e críticas; • identifica quais são as expectativas dos alunos. 3. A LIDERANÇA PARA O ATUAL MERCADO Neste novo século e milênio, o ambiente novo e competitivo será a tônica de trabalho, em uma intensa competição global e de maiores oportunidades fora de um limite territorial restrito, como era o pensamento de meados do século XX. Assim sendo, mercados como o da China e de outros países emergentes, tais como o Brasil e a Índia, estão mudando a paisagem competitiva10. A exemplo das alianças competitivas11, a convergência digital criará novos negócios. Sendo assim, aliados aos aspectos tratados anteriormente, passemos a abordar os aspectos que serão os determinantes para a liderança do novo milênio. 3.1 Aspectos genéricos da liderança Os líderes enfrentam hoje uma considerável gama de ambigüidades e incertezas, proporcionadas muitas vezes por dúvidas técnicas – sejam por falta de regulamentação e questões éticas, sejam pela própria descontinuidade que ocorre no processo de manufatura de alguns produtos. 10 Conforme Prahalad, C. K., Preparando-se para a liderança, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 39. 11 Alianças entre empresas visando uma maior competitividade de mercado, ex.: o franchising. 19 Esse aspecto cria nos líderes um enfoque de mudança radical que gera uma maior sensibilidade para conviver com essa evolução, a ponto de mostrar a direção estratégica. Nesse fecundo campo evolutivo, as empresas devem dispor, portanto, de líderes com habilidades competentes, nos aspectos interpessoais e também nos aspectos interculturais. Como entender a cultura brasileira pela ótica de um líder chinês – bastante ortodoxo, que vem representar sua empresa em nosso país? E, como explicar ao mesmo líder, ainda ortodoxo, porém já adaptado ao Estado de São Paulo, que deverá gerenciar filial da mesma empresa que agora se estabelecerá no Estado da Bahia, por questões de “planejamento fiscal12"? A influência impregnante da globalização dos negócios obriga os líderes a serem sensíveis a essas questões interculturais e, obriga a estes a responderem a algumas perguntas estratégicas, tais como: quais são os valores não negociáveis em uma empresa transnacional? Como e até que ponto uma empresa transnacional pode permitir práticas comerciais locais? Da mesma forma, a convergência de tecnologias, como a PC-TV da Sony, a indústria cosmética e farmacêutica da Revlon13 ou da alimentação, farmacêutica e de limpeza, com a Proctor & Gamble, fazem com que os líderes entendam as diferentes tradições intelectuais das tecnologias que os unem. Ou seja: os novos líderes devem saber lidar com questões interculturais e as diversidades das tradições intelectuais. É necessário administrar as possíveis adversidades, nas mais diversas dimensões. Afinal, além da idade, da raça e do sexo, os líderes se defrontam também com a diversidade cultural e intelectual. 12 Conforme BASSO, Maristela, O Direito da Empresa na Nova Ordem Econômica Internacional, op. cit., pág. 136. 13 Conforme Prahalad, C. K., Preparando-se para a liderança, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 43. 20 Essa nova visão de liderança não aposenta a necessidade sempre presente daquela que sempre foi a matéria-prima da liderança: a integridade pessoal. O senso de abnegação é elemento crítico para a liderança. Os líderes são as pessoas imbuídas de uma missão maior que eles próprios, maior que qualquer indivíduo. Esse aspecto torna-se bastante claro nas palavras de C. K. Prahalad14 ao tecer comentários sobre os líderes contemporâneos: “Eles estão prontos para mudar o status quo. É difícil pedir sacrifícios, lealdade e dedicação quando a meta não é digna ou quando ser percebe que o líder está buscando alcançar o objetivo para sua glória pessoal. Os líderes terão que ser responsáveis pelo seu desempenho. Considerando-se a extrema volatilidade do mercado e do destino das empresas (por exemplo, o sucesso da Netscape em 1996 e suas dificuldades em 1998, ou o sucesso anterior da Motorola e suas dificuldades atuais), todos os líderes terão que demonstrar humildade no sucesso e coragem no fracasso”. Nesse aspecto, os líderes precisam cultivar essas habilidades genéricas. Entretanto, as mesmas não são suficientes. É necessário também possuir as capacidades inerentes à própria atividade, ao contexto. Sob essa mesma ótica, destaca-se a necessidade de escolher os profissionais que irão apoiar também seus pontos de vista, facilitando a aplicação de seu padrão de atuação e trabalho de todo o segmento. Forma-se assim a idéia conclusiva de que o líder deve tornar-se parte integrante da cadeia evolutiva das empresas. É necessário entender a rede de relacionamentos necessários para criar o futuro e envolver-se nessa rede é cada vez mais um aspecto crítico da liderança. 21 O exercício dessa autoridade de liderança é específico e, ao mesmo tempo, possui três dimensões: a administrativa, a carismática e a intelectual. Em uma empresa já estabelecida, as posições hierarquicamente mais importantes são as ligadas ao aspecto administrativo, do posicionamento. Normalmente a liderança é de alta administração. Às vezes a autoridade intelectual é privilegiada em detrimento da autoridade administrativa. O importante nessa nova visão do líder é que ele saiba usar as três dimensões, escalonando-as de forma racional, usando essa sensibilidade para que saiba exatamente variar e perceber essa influência do contexto. O ambiente competitivo exige uma liderança que possa assumir as responsabilidades que o momento requer, através de tarefas complexas e de, muitas vezes, respostas arrojadas, inspirando outras pessoas a sempre esperar delas os melhores resultados. No atual momento de competitividade, a participação dos chamados administradores cautelosos é bastante restrita. 3.2 O conceito da nova liderança: aspectos básicos Pelos princípios da nova liderança, realçando a coragem do líder para decisões mais arrojadas, afastam a visão paternalista, por ser incompatível com a realidade da atuação empresarial nos dias de hoje. Os aspectos básicos a serem seguidos pelo novo líder passam necessariamente pelo processo decisório, além das fronteiras das empresas tradicionais, abrangendo não só a divisão dos recursos globais complexos e colocados à disposição, como também as rotinas de decisão que são 14 Prahalad, C. K., Preparando-se para a liderança, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 44. 22 necessárias para resposta às crises que possam surgir, na forma de concessões formais ou não e, da mesma forma, os níveis de tomadas de decisão, incluindo as mais críticas, flexibilizando as fronteiras geográficas e organizacionais da empresa, destacando as responsabilidades empresariais, agilizando a decisão através de um processo decisório ágil – considerando as redes empresariais globais extensas e discrepantes e, também a variação da liderança e administração de uma rede de empresas, visando acomodar as necessidades dos respectivos mercados15. Essa nova visão estratégica, ampla e flexível, é destacada pelo sócio da Andersen Consulting, Charles Roussel, quando destaca os três elementos do que ele chama “nova governança”: escopo e incumbência mais amplos; novas estruturas, rotinas e comportamento; e uma escala flexível para adequar-se a diferentes entidades organizacionais e classes de decisões dentro de uma rede global complexa16. No mesmo tema, o autor destaca a necessidade de se romper com o modelo do passado. Para tanto, apresenta a seguinte tabela17: 15 Conforme Roussel, Charles, A tomada de decisão além das fronteiras, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 70. 16 Conforme Roussel, Charles, A tomada de decisão além das fronteiras, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 70. 17 Conforme Roussel, Charles, A tomada de decisão além das fronteiras, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 70. 23 Idéia antiga de liderança e Idéia nova de liderança e administração administração Maximiza o controle para minimizar o risco Assegura desenvolvimento otimiza o alto o enquanto envolvimento da alta em um administração Baseia-se em um Baseia-se pequeno grupo de líderes seniores para número maior de gerentes para agir aplicar políticas e procedimentos segundo codificados claros, parâmetros utilizando decisórios informações oportunas e precisas Aplica sanções para assegurar a obediência Utiliza incentivos e responsabilidade pessoal para motivar a ação Gera a complacência burocrática Motiva vigilância do mercado global e consciência do mercado local Essa nova liderança que, pela ótica de Roussel é denominada de governança, possui uma incumbência abrangente, com seis responsabilidades principais: • cumprir com as obrigações (contas, garantias e gravames), visando assegurar a prosperidade, proporcional o valor para o acionista e monitorar o desempenho nos relatórios e balanços; 24 • racionalizar os bens escassos, providenciando melhores condições para manter o crescimento através de operações globais, dentro das opções de crescimento interno e externo; • valorar e reavaliar bens, considerando o desenvolvimento dos diversos mercados em que atua, mudando as premissas de planejamento e os objetivos de desempenho, adaptando às novas estimativas; • redistribuir os recursos, tais como pessoal, bens móveis e capital intelectual – podendo esses recursos ser ou não de propriedade da empresa, para um escopo mais objetivo, conforme as condições do momento; • ser rápido nas decisões, em todas as partes da organização, alocando a autonomia necessárias a esses tomadores de decisões, gerando uma decisão que, normalmente, é pouco rejeitada; • realizar, através da cultura nacional e empresarial, um estabelecimento de laços duráveis, criando uma referência comum a todos os empregados, na forma de aspirações e metas, princípios operacionais e valores que, quando partilhados, unam as operações globais, afinal a liderança deverá encorajar as variações e as interpretações locais dos princípios operacionais, objetivando criar um estímulo geral em toda a empresa. 3.3 Os novos comportamentos na tomada de decisão: as novas estruturas A nova liderança irá depender de novas estrutura e rotinas encadeadas em todo o processo decisório que permeia a organização. Assim sendo, a direção da empresa poderá fazer ajustes importantes no curso, trazendo a reboque um melhor gerenciamento de todas as operações e monitorando seu progresso. 25 Nesse novo momento da empresa, as estruturas decisórias se concentram nos papéis e responsabilidades de pessoas e equipes que definem claramente quem irá tomar a decisão. Mesmo em uma empresa de estrutura moderna, é comum observarmos as estruturas tradicionais, em termos de tomadas de decisões, inserindo-se nesse contexto, as da liderança, no maior patamar de decisão: diretoria, equipe executiva, comitês diretivos e operacionais. Esse modelo assumiu novos papéis, que serão expostos a seguir. Seja em grupo ou individualmente, temos os agilizadores de decisão, que reconhecem a implementação de soluções em momentos críticos. O chefe de operações de uma cadeia de fornecimento global atua como agilizador quando executa uma ordem no sentido de reduzir os custos de todos os bens corporativos vendidos através da terceirização de operações de distribuição e fabricação, dentro de um processo de aliança competitiva. Nas alianças competitivas, observa-se a necessidade da existência dos defensores e gerentes dessa aliança, para administrar recursos externos, com o objetivo de apoiar a empresa, visando o crescimento dessa aliança. Freqüentemente atuam como parte de um grupo de ligação empresarial estabelecido para unificar completamente sistemas de liderança entre as empresas. Nesses modelos dos novos papéis destacam-se os empregados na linha de frente, fornecendo a primeira e melhor defesa contra o descontentamento dos clientes, uma vez que possuem as informações necessárias, bem como a autoridade para corrigir os problemas que surgirem. Esses papéis integram o sistema de liderança como implementadores e comentadores de decisões críticas relativas aos clientes. As rotinas decisórias também são novas, inserindo-se nesse contexto do que é nova, a decisão sobre crescimento e lucratividade, quando agentes essenciais do valor empresarial decidem, considerando o 26 planejamento de dispêndio de capital e o planejamento de empréstimos e dividendos. E, não somente implementa essas novas rotinas decisórias. Outras também são importantes, tais como o planejamento da liderança, planejamento da aliança a ser criada, a administração da aliança e gerenciar os acontecimentos adversos. Essas novas rotinas decisórias são, muitas vezes, são tangenciais à maioria dos sistemas de gerenciamento empresarial tradicionais. Entretanto, os resultados mostram sua importância das novas metodologias. Dentro de uma ordem econômica cada vez mais competitiva, o novo sistema de gerenciamento e liderança coloca à parte o gerenciamento tradicional, principalmente as fontes informais de comunicação e controle, já que essas são consideradas como “governança parda”, afetando materialmente a qualidade do gerenciamento e da liderança. Essa fonte informal é normalmente exercida por corretores do poder que se tornaram, em verdade, os tomadores de decisão na empresa. É o reflexo de que os gerentes e líderes de fato na empresa não possuem um grande alcance na organização ou porque o volume das decisões é muito grande para os canais formais18. Assim sendo, essas novas rotinas implicarão em novas maneiras de agir para todos os participantes desse sistema, ou seja, da equipe executiva aos empregados da linha de frente. Para alcançar um resultado eficaz, é necessário que os empregados estejam engajados plenamente nesse empreendimento: o ponto de convencimento é muito importante. Só assim poderá haver um comprometimento de todos a ponto de que todos estejam dispostos a compartilhar informações rápidas e espontaneamente. Some-se a esse resultado o fato de que devem trabalhar e confiar em outros integrantes da empresa que se encontram distantes 18 Conforme Roussel, Charles, A tomada de decisão além das fronteiras, in “Liderança para o século XXI”, op. cit. pág. 74. 27 fisicamente, sobretudo quando se encontram estão sendo intermediados por outras culturas e outras práticas operacionais. Devem ser adeptos das soluções coletivas dos problemas e da tomada de decisão em ambientes virtuais, guardadas as situações particulares e, por fim, devem estar dispostos a aceitar a responsabilidade por suas ações e as conseqüências desses atos. E, como complemento, a empresa deve possuir programas para contratar, treinar e ajustar culturas, visando alinhar os comportamentos à nova abordagem e prioridades de uma boa gerência e de uma efetiva liderança. Daí é que passa a sobressair a necessidade da flexibilidade, principalmente para ajustar as diversas variáveis que ocorrem. Na liderança, principalmente das novas alianças, a premissa existente é que as práticas devem e podem mudar para decisões diferentes. Essa é também uma grande divergência da prática atual. Nos dias atuais a liderança flexível significa principalmente um ajuste de autoridade sobre diversas decisões. Exemplificando, podemos citar como exemplo a própria evolução normal pelo tempo – quando as alianças competitivas amadurecem com o tempo e vivem constantemente modificando sua estrutura, para o desenvolvimento do seu produto e para as vendas combinadas. Mesmo que, em princípio, se baseiem em uma diretoria formal conjunta para tomar decisões importantes, com o passar do tempo a mesma diretoria é completada com um comitê operacional para tratar de questões mais táticas, adicionando também, nesse processo, as conferências periódicas entre os profissionais de linha de frente na empresa e seus respectivos técnicos para o enriquecimento do processo decisório compartilhado. Há, como exemplo também, em alguns casos, a necessidade de se ajustar a autoridade sobre o orçamento ao tempo e função que 28 determinada pessoa ocupa na organização, como por exemplo, a limitação do teto, ligada ao cargo que desempenha na empresa, para aprovação de um projeto. Assim sendo, essa liderança – e autonomia –, deve ser ajustável, ou seja, restrita e limitada quando as decisões forem relativamente diretas, bem como ampla e inclusiva quando as decisões forem mais complexas, ao estabelecer, por exemplo, uma nova aliança de pesquisa e desenvolvimento. A idéia da flexibilidade parece ser óbvia, entretanto os modelos de gerência e liderança na maioria das empresas são rígidos, como se existisse apenas uma forma, um tamanho, apresentado de forma rígida e não admitindo qualquer modificação. Assim sendo, uma aliança estratégica estará sempre sujeita à mesma falta de cuidado que um projeto em andamento em uma unidade de negócios interna e bem estabelecida. Isso é percebido quando, por exemplo, a diretoria administra freqüentemente a área promocional de um produto, apesar de sua falta de conhecimento prático e de sua grande proximidade com os clientes-alvo. Acontece também, de forma habitual, quando um escritório local esforçar-se para gerenciar uma grande crise, enquanto a equipe executiva permanece em silêncio. Apresenta-se, portanto, a falta de diretriz normal de uma empresa, definição clara de funções e, principalmente, falta de engajamento e, principalmente, comprometimento dos empregados da mesma empresa, aflorando situações particulares de inveja, rixas e disputas pessoais dentro empresa, trazendo prejuízo para o resultado final no processo. 29 4. A VISÃO EXTERNA DO NOVO LÍDER 4.1 A ligação: Os líderes tocam o coração antes de pedir ajuda Um líder não pode estimular as pessoas à ação a menos que primeiro as estimule com a emoção, pois, quanto mais forte a relação e a ligação entre as pessoas, maior será a probabilidade do subordinado querer ajudar o líder. Muitas vezes essa situação está ligada diretamente ao carisma. Entretanto, o trabalho estimulado com a emoção, consegue superar uma possível ausência de carisma. Esse estímulo é alcançado individualmente para cada empregado, pois, mesmo em um grupo, o líder precisa se relacionar com cada pessoa individualmente. Existem líderes que, mesmo com sua competência comprovada, diante de um pelotão, só vêem um pelotão. Mas, os grandes líderes, diante de um pelotão, enxergam todas as pessoas, individualmente distintas, cada qual com suas aspirações, cada qual querendo viver, cada qual querendo ser bom. A tarefa do líder é, portanto, estabelecer os primeiros contatos com as pessoas. O verdadeiro líder nunca deixa de cultivar relacionamentos com as pessoas antes de pedir que elas o sigam. As pessoas não se preocupam com o quanto o líder sabe até que percebam o quanto o líder se preocupa com eles. Para que o líder lidere também a si próprio é necessário usar o raciocínio; é necessário ser racional. Entretanto, para liderar os outros, é fundamental colocar o coração. 30 4.2 O potencial do líder é determinado pelas pessoas mais próximas dele A escolha dos profissionais que irão trabalhar com o líder influencia sobremaneira no projeto final, afinal, se as pessoas são fortes, o líder pode realizar grandes coisas. Se as pessoas são fracas, há uma tendência ao fracasso. Quando o líder forma a equipe certa, o potencial dispara. O líder aventureiro para uma empresa de moderna filosofia é salutar. Um líder do tipo aventureiro solitário, não tem espaço. Se o líder está só, não está liderando ninguém. O líder encontra grandeza no grupo, e ajuda os membros a encontrá-la em si próprio. O líder que é considerado altamente eficaz, normalmente é aquele que se cercou de um forte círculo íntimo. Não existe mágica: o melhor é que o líder tente promover, no seu círculo íntimo, pessoas da própria empresa. É necessário não somente saber escolher, mas principalmente, delegar. Na escolha, deverão ser observados os aspectos no tocante à reação dessa liderança e sua influência: aqueles que aceitam imediatamente a idéia e progridem com ela; os céticos, que não sabem ao certo o que fazer com ela; e aqueles que encaram negativamente, esperando que desapareça. Ainda no aspecto da escolha, o líder deverá agregar valores humanos que possuam os seguintes valores: 31 • valor potencial – aqueles que sobem por si mesmos. É a capacidade de liderar e motivar a si próprios; • valor positivo – aqueles que levantam o moral da organização; • valor pessoal – aqueles que levantam o líder, pois quando o líder se considera isolado no seu patamar, é importante que tenha ao seu lado pessoas que pensem da mesma forma e que o ajudem a se aperfeiçoar; • valor de produção – aqueles que levantam os outros; • valor comprovado – aqueles que levantam pessoas que levantam as outras pessoas. O líder jamais deve deixar de aperfeiçoar a sua equipe. 4.3 O valor da influência na verdadeira medida da liderança A liderança não corresponde aos cargos ou títulos. Ela não pode ser delegada. A verdadeira liderança não pode ser concedida, nomeada ou atribuída. Afinal, aquele que pensa que está liderando, mas não possui seguidores, poderá estar, verdadeiramente, passeando. Considerando-se os mitos mais comuns da liderança, os principais são: • mito da gerência – liderança e gerência são uma só coisa. Liderança diz respeito à influência exercida sobre as pessoas, enquanto gerência se concentra na manutenção de sistemas e processos; • mito do empreendedor – todo vendedor e todo empreendedor é um líder. Na melhor das hipóteses, ele consegue persuadir as pessoas por um momento, mas não consegue influenciá-las de modo duradouro; 32 • mito do conhecimento – o poder é a essência da liderança; quem possui conhecimento e inteligência é um líder em potencial; • mito do pioneirismo – qualquer um que esteja à frente de uma multidão é líder. Ser o primeiro é o mesmo que liderar. Fazer o que os outros o acompanhem deliberadamente, seguindo sua liderança e agindo segundo suas idéias; • mito da posição – liderança se baseia na posição. Segundo Stanley Huffty “não é a posição que faz o líder; é o líder que faz a posição”. 4.4 Porque as pessoas se consideram líderes Parafraseando Margareth Tatcher, “estar no poder é como ser uma dama. Se você tem que dizer às pessoas que você é, então você não é”. O verdadeiro teste para se identificar o líder não é o ponto de partida, mas o ponto de chegada. A prova de liderança encontra-se nos seguidores. Quando o verdadeiro líder fala, as pessoas ouvem. Oito aspectos fundamentais devem ser destacados se transformar em líder: • caráter (quem são eles) – a verdadeira liderança começa no íntimo da pessoa; as pessoas percebem a profundidade do seu caráter; • relações (quem eles conhecem) – o líder só é líder se possuir seguidores e isso sempre exige o cultivo de relações – quanto mais estreitas as relações, mais forte o potencial da liderança; • conhecimento (o que eles sabem) – informação é vital para o líder; precisa conhecer os fatos, compreender os fatores envolvidos e ter planos 33 para o futuro; o decisivo para as pessoas é o que o líder é capaz de fazer; quando deixam de acreditar na sua capacidade de resolver, deixam de lhe dar ouvidos; • intuição (o que eles sentem) – liderança exige mais que o domínio dos dados. Demanda capacidade de lidar com numerosos imponderáveis; • experiência (por onde eles passaram) – experiência não garante credibilidade, mas encoraja as pessoas a lhe dar uma chance de provar que você é capaz; • êxitos passados (o que eles fizeram) – nada passa uma melhor impressão do que um bom antecedente; • capacidade (o que eles podem fazer) – o decisivo para as pessoas é o que o líder é capaz de fazer; quando deixam de acreditar na sua capacidade de resolver, deixam de lhe dar ouvidos. 34 CONCLUSÃO O líder para este novo século deve ser, acima de tudo, versátil. Arrojado, ousado e, com boa dose dos princípios que cercam hoje o novo líder. Além de desenvolver a mentalidade e as habilidades, descritas no desenvolvimento deste trabalho, o líder poderá tomar também as seguintes medidas para aumentar sua capacidade de liderar no futuro. Senão, vejamos. Ajudar as pessoas a assumirem responsabilidades: a organização e seu pessoal devem ser responsáveis por cumprir a missão global da empresa. É importante que as pessoas decidam como deve ser cumprida a meta. Após, se necessário for, avalie junto com a equipe, o sucesso obtido. Ajudar a empresa ampliada a focalizar o serviço para o mundo, certificando que há um imperativo social e econômico movendo a organização para a frente. Isso facilita a motivação dos indivíduos, que estão à procura de um resultado maior que os interesses financeiros envolvidos: o bem comum. A liderança se faz necessária pelo exemplo, ou como parâmetro. Agir de modo coerente com seu discurso, para que todos o tenham como exemplo a ser seguido. O líder torna-se também um mentor e constrói uma organização de aconselhamento, afinal os empregados mais antigos ajudam os mais novos. O aconselhamento fortalece as organizações, nutrindo a confiança e construindo relacionamentos. Deve também especificar claramente os propósitos e princípios diretivos, para que os demais integrantes da equipe possuam também poder dentro de uma organização ampliada. 35 Por fim, deve construir sua confiança. A autonomia da liderança requer a confiança. Isso se consegue inicialmente sendo confiável, ou seja: irá requerer a necessidade de assumir compromissos e cumpri-los. Isso gera em troca uma lealdade mais valiosa que o dinheiro poderá comprar. Essa confiança não pode ser abalada por simples temor. Ela poderá representar algumas vezes a própria fé. A propósito, passemos a contar uma história de um trapezista que iria se exibir em uma cidade do interior. Sua performance consistiria em atravessar um cabo de aço transportando um carrinho de mão. Esse cabo de aço foi erguido ligando-se os andares mais altos dos maiores prédios dessa cidade, que ficavam afastados um do outro. O trapezista, ao chegar ao local, viu uma grande platéia que já o aguardava. Ao ser saudado pelo público, perguntou se todos confiavam que ele teria êxito na travessia. Todos afirmaram que sim. No meio da multidão, o trapezista percebe uma senhora mais entusiasmada e pergunta novamente a essa senhora, se ela tinha fé de que ele conseguiria atravessar entre os prédios sem cair. Sem titubear, ela respondeu que sim, que possuía plena certeza de que ele conseguiria. Ato incontinenti, o trapezista testou a fé da esfuziante senhora, e disse: “pois se a senhora tem essa fé, irá comigo, sentada no carrinho de mão, realizar a travessia”. Já imaginamos a resposta da senhora, quanto ao inevitável convite: ela, na verdade, não tinha fé. Essa fé também não é exemplo de confiança que o líder precisa nos dias de hoje. É na lealdade que o líder pode desenvolver um grande trabalho. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSO, Maristela, O Direito da Empresa na Nova Ordem Econômica Internacional, in “O Direito Internacional no Terceiro Milênio, São Paulo, Ltr, 1998. FRITZEN, Silvino J. Treinamento de líderes voluntários, 8ª edição, Petrópolis, Vozes, 1982. HESSELBEIN, Frances, GOLDSMITH, Marshall e BECKHARD, Richard, O Líder do Futuro. 7ª Edição, São Paulo, Futura, 1996. ITUASSU, Arthur, A democratização da política externa, artigo publicado no Jornal do Brasil, edição de 14 de janeiro de 2001, pág. 27. ZENGER, John H., Desperte o líder que há em você. 4ª Edição, São Paulo, Futura, 1996.