1878 Comportamentos Internalizantes e Externalizantes em X Salão de Iniciação Científica PUCRS adolescentes atendidos em clínica-escola Camila Dornelles1, Nathália Susin², Margareth da Silva Oliveira1 (orientador) ¹Bolsisita de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e aluna da Graduação da Faculdade de Psicologia da PUCRS , ²Bolsista DE Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e aluna da Graduação da Faculdade de Psicologia da PUCRS, ³Doutora e Coordenadora do Grupo “Avaliação e Atendimento em Psicoterapia Cognitiva” do PPG da Faculdade de Psicologia da PUCRS Introdução O Serviço de Atendimento Psicológico e Pesquisa (SAPP) é a Clínica-Escola da Faculdade de Psicologia (FAPSI), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) que comporta uma equipe de estagiários e supervisores. Dentro da Clínica-Escola existe um programa denominado “Adolescentes Usuários de Drogas” que são encaminhados pelo Sistema de Justiça (PEMSE – Programa de Execução de Medida Sócio-Educativa, FASE – Fundação de Atendimento Sócio-Educativo e MP – Ministério Público do Rio Grande do Sul) para atendimento psicológico. Instrumentos da família ASEBA (Achenbach Sistem of Empirically Based Assessment) são inventários que permitem verificar diversos aspectos de funcionamento adaptativo a partir da avaliação dos problemas comportamentais e emocionais, dentre os quais o CBCL (Child Behavior Check List) e o YSR (Youth Self-Report) serão de interesse ao presente projeto. O YSR tem como fim adquirir informações provenientes do próprio respondente para o processo de avaliação dos problemas comportamentais e emocionais. Já o CBCL tem como intuito fornecer informações do ponto de vista dos pais acerca dos problemas comportamentais e emocionais que esses adolescentes manifestam. Os problemas de comportamento são agrupados em fatores de internalização e externalização, este primeiro subdividindo-se em Isolamento, Queixas Somáticas e Ansiedade/Depressão, enquanto a escala de externalização encontra-se subdividida em Quebrar Regras e Comportamento Agressivo. Há ainda as sub-escala de fatores gerais, as quais se tratam de Problemas Sociais, Problemas de Pensamento e Problemas de Atenção X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 1879 (Achenbach, 1991). Logo, o objetivo do presente projeto está em implantar no sistema de triagem a avaliação de rotina com o uso dos instrumentos citados na população atendida na clínica-escola com o intuito de obter uma avaliação dos fatores internalizantes e externalizantes dos adolescentes em clínica-escola. Metodologia O presente projeto contempla a avaliação de duas amostras: a primeira amostra será constituída por adolescentes que forem atendidos no SAPP, excluindo-se os usuários de drogas encaminhados pelo sistema de justiça; e outra amostra será constituída somente pelos adolescentes usuários de drogas encaminhados pelo sistema de justiça. O objetivo de compor essas amostras é: a) comparar as respostas dadas pelos pais e filhos e seus resultados na amostra de não usuários; b) comparar a presença de fatores externalizantes e internalizantes em usuários e não usuários de drogas. Para tal fim foi utilizados como instrumentos uma entrevista estruturada para coletar dados sócio-demográficos; o CBCL (Achenbach, 1991) - o qual foi respondido pelos pais em relação aos comportamentos dos filhos que comportam um período etário de 12 a 18 anos (Achenbach, 1991); e o YSR (Achenbach, 2001), que demonstra a percepção que os próprios adolescentes têm de seus comportamentos. A soma dos escores brutos desses instrumentos obtidos em escalas comportamentais dos fatores internalizantes e externalizantes levou uma constatação de qual área do indivíduo o distúrbio pode estar aparecendo (Achenbach, 2001). Foi utilizado, para a análise estatística, o programa SPSS 11.5 (Statistical Package for Social Sciences). Resultados Na amostra que objetiva comparar as respostas de pais e adolescentes (não usuários de drogas), foram coletados os questionários de 68 adolescentes e 68 pais ou responsáveis. Pôdese verificar nos resultados parciais que houve diferença significativa no critério de Isolamento e Depressão, apresentando um Z=-1,19 e p=0,057, indicando que os pais tem uma visão maior deste critério em seus filhos do que eles próprios. Essa diferença de percepção também ocorre nos critérios de Problemas Somáticos, com Z=-3,65 e p=0,000, Problemas Sociais, com Z=2,24 e p=0,025, e Problema de Pensamento, com Z=-2,36 e p=0,018, todos critérios indicando que os pais percebem de forma mais preocupante que seus filhos os tais fatores. Diante dos X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 1880 resultados parciais, pode-se compreender que os pais possuem uma visão diferente que seus filhos quanto a Problemas Internalizantes que este último apresenta, percebendo-se uma diferença significativa com um total de Z=-2,75 e p=0,006, indicando que os pais enxergam de forma mais problemática esse fator em seus filhos. Todavia, não houve diferença significativa quanto a Problemas Externalizantes desses jovens, havendo Z=-1,55 e p=0,119 para tal, indicando que tanto os pais quanto os adolescentes não diferenciaram quanto às suas respostas em relação a esse critério. Ao comparar os comportamentos de adolescentes usuários de drogas com os nãousuários, obteve-se uma amostra total de 80 adolescentes entre 12 e 18 anos, dentre os quais estão divididos em 30 sujeitos no grupo de Usuários (34,5%), com idade média de 15,76 (DP=1,27), e 50 sujeitos no grupo de Não-Usuários (65,5%), com idade média 15,18 (DP=1,39), sugerindo diferença significativa entre as idades dos grupos já que t=1,92 e p=0,059. Em relação à escolaridade dessa amostra foi verificado que o grupo de Usuários apresentou uma média igual a 7,23 de anos de estudo (DP=2,67) e o grupo de Não-Usuários apresentou uma média igual a 8,83 de anos de estudo (DP=2,83), o qual foi verificado um t=2,5 e p=0,014, havendo portanto diferença significativa entre os resultados, indicando dessa forma que é comum entre os jovens usuários de drogas desistirem e repetirem de ano mais que jovens não-usuários. Ao comparar resultados de comportamentos entre os grupos, observou-se que houve diferença significativa no fator de Quebrar Regras, com Z=-3,67 e p=0,000, sugerindo que o grupo de Usuários tende a concretizar mais tal comportamento que o grupo de Não-Usuários. Houve também uma diferença significativa no total da escala de Problemas Externalizantes, havendo Z=-2,13 e p=0,33, indicando que o grupo de Usuários apresenta mais problemas relacionados a comportamentos externalizantes. Não houve diferença significativa nos fatores internalizantes dessa última amostra. Assim, pode-se verificar que houve discrepâncias de percepção de alguns fatores do comportamento desses adolescentes. Referências Achenbach, T. M. (1991). Manual for the Child Behavior Checklist/ 4-18 and 1991 profile.Burlington, VT: University of Vermont. Department of Psychiatry. Achenbach, T. M.(2001). Manual for the Data Manager Program (ADM): CBCL, YRS, TRE, YARS, YABCL, CBCL/2-3, CBCL/ ½-5 & C-TRF. Vermont: ASEBA (Manual disponível no CD de instalação do programa). X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009