4. CONTRATOS E MONTANTE DO PRONAF
CRÉDITO NA BAHIA
O Pronaf originou-se em 1995/96 na Secretaria de Desenvolvimento Rural
(SDR) do antigo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAA), atual Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e em 1999 foi
deslocado para a Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). Essa mudança pode ser percebida na forma como estão disponibilizados os dados relativos à aplicação do crédito
no site do Pronaf (www.pronaf.gov.br). De um lado, tem-se os dados do
MAA que revelam o número de contratos e o montante aplicado por estado,
para o período 1996/98. De outro, existem dados da SAF, obtidos junto aos
agentes financeiros, relativos ao período 1999/02, com um detalhamento
muito maior: contratos, montante, fonte dos recursos, agentes financeiros,
modalidade e enquadramento (grupos), por estado e município.
Além dessas fontes, no mesmo site estão disponíveis os dados do Banco
Central, para todo o período (1995/02), com o seguinte detalhamento: contratos, montante, produtos e fonte de recursos, tudo desagregado para os
níveis estadual e municipal. O grande problema dessa fonte é que ela apresenta basicamente informações para a modalidade custeio (não trata suficientemente do investimento), além de não informar o enquadramento.
Considerando as diferenças e a impossibilidade de se somarem e compararem as informações, optou-se por trabalhar exclusivamente com os dados da SAF, que são os mais completos, para o período 1999 a 2001, ano
de referência da pesquisa.
Entre 1999 e 2001, a Bahia apresentou crescimento no número de contratos
do Pronaf, passando de 42 mil para 57 mil, em 2000, e 72 mil, em 2001. Este
incremento se deu, basicamente, em razão da criação e crescimento de
recursos disponibilizados para o grupo “B”, que até 1999 não existia. Para
se ter uma idéia, em 1999 nada foi aplicado no grupo “B”, em 2000 já foram
13 mil contratos e sete milhões de Reais e em 2001, 32 mil contratos e 16
milhões de Reais.
Por outro lado, neste mesmo período, houve uma diminuição significativa
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do montante total aplicado no estado, saindo de um patamar de 130 milhões de Reais, em 1999, para 125, em 2000, e 105, em 2001. Ocorre que o
crescimento do número de contratos do grupo “B” não foi suficiente para
cobrir a queda verificada nos grupos “A” e “D”. Vale lembrar que os valores
médios concedidos nos grupos “A” (R$ 8.925,00, referente a 2001) e “D” (R$
3.911,00, referente a 2001) são bastante superiores ao do grupo “B” (R$
499,00, referente a 2001).
Não são claros os motivos da queda dos citados grupos, mas especula-se
que houve uma diminuição do recurso disponibilizado para o grupo “A” no
estado e uma maior dificuldade por parte do grupo “D” de obtenção do
crédito junto aos bancos, que passaram a dar preferência aos recursos do
grupo “B”, garantidos pelo Tesouro Nacional.
Quanto à aplicação por modalidade, constata-se que houve um processo
rumo ao equilíbrio dos valores aplicados. Em 1999 foram aplicados R$ 93
milhões em investimento contra R$ 37 milhões em custeio, em 2000 a relação foi de R$ 79 milhões contra R$ 46 milhões e em 2001 foram destinados
R$ 54 milhões para investimento e R$ 50 milhões para custeio. A mudança
se deu principalmente em razão do crescimento do custeio no grupo “C” e
da queda do investimento no grupo “D”.
O crescimento do custeio foi muito bem vindo, e deve ser comemorado,
principalmente porque historicamente esta modalidade tem-se concentrado nos estados do Sul do país em detrimento do Nordeste. Sobre a queda
do investimento, este é um problema que atinge todo o país, já que os bancos têm sido mais exigentes para emprestarem recursos nessa modalidade, em razão dos maiores riscos e menores ganhos que ela proporciona
aos agentes financiadores.
Sobre os municípios pesquisados, vale ressaltar que os três juntos representaram em 2001 2,51% do total dos contratos e 2,55% do total do montante aplicado na Bahia. Dos três, o município de Ituaçu foi o que apresentou o maior número de contratos (656), sendo 638 do grupo “B”, e o município de Maragogipe o maior montante aplicado (R$1,7 milhões de Reais),
quase tudo do grupo “D”.
Nos municípios de Ituaçu e Monte Santo prevalecem as operações de in-
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vestimento, já para Maragogipe, acontece o contrário, são os contratos de
custeio que representam a maioria.
Pode-se então dizer que, de uma forma geral, estão representados nestes
municípios os agricultores dos três grupos, com menor participação do grupo “C”, e das duas modalidades de crédito. Infelizmente para fins de
amostragem, não há um cruzamento ideal entre as variáveis trabalhadas:
modalidade e grupo. O investimento está concentrado nos grupos “B” e “C”
e o custeio no “D”.
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