(artigo publicado no livro “Governança Corporativa e os Fundos de Pensão”. São Paulo: Abrapp, 2010. pg. 36-45.) Transparência e Desempenho Ricardo Pena1 “o segredo propicia o mau exercício da governança corporativa”. (Stephen Davis, 2008) Como os participantes podem acompanhar e avaliar o desempenho do seu fundo de pensão. Qual o nível de informação e prestação de contas que ajuda a melhorar a relação com o participante e a gestão do fundo. Qual a relação entre “educação previdenciária” e governança? Esse capítulo aborda aspectos da governança relacionados com a transparência das informações e desempenho dos fundos de pensão. Busca-se demonstrar a relação existente entre a estrutura de governança, o nível de informação prestada, o grau de educação financeira e previdenciária dos participantes exigido e o desempenho dos planos de benefícios. 1. Governança – Conceitos e Melhores Práticas Para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), governança corporativa é o sistema segundo o qual as corporações são dirigidas e controladas. A estrutura da governança corporativa especifica a distribuição dos direitos e das responsabilidades entre os membros e participantes da corporação, tais como conselho de administração, diretores, acionistas e outros interessados, além de definir regras e procedimentos para a tomada de decisão em relação a questões corporativas. 1 Economista e Demógrafo com pós-graduação em finanças e atuária pela USP, é doutor pela UFMG/CEDEPLAR. É Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda. Na SPC, desde 2003, foi Diretor de Assuntos Econômicos, Secretário-Adjunto e Secretário de Previdência Complementar (2008 e 2009) do Ministério da Previdência Social. Autor e articulador da Lei 12.154, de 2009, que criou o CNPC – Conselho Nacional de Previdência Complementar, a CRPC – Câmara de Recursos da Previdência Complementar e a PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar, atualmente exerce o cargo de Diretor Superintendente da PREVIC. É professor de pós-graduação em Previdência Complementar na pela FGV-DF, ICAT-DF e CESUSC-SC. É membro do COREMEC – Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiros, de Capitais e Seguros e Previdência. É autor do livro “A demografia dos fundos de pensão”, da coleção MPS, 2007. 1 Para a Organização Internacional dos Supervisores de Fundos de Pensão (IOPS), da qual a PREVIC faz parte, governança corporativa para fundos de pensão é a estrutura pela qual o corpo diretivo toma decisões relativas às atividades das entidades previdenciárias e abrange: i. estrutura dos órgãos de governança (compreendendo base legal e segregação de funções); ii. processo de tomada de decisão dentro do corpo diretivo (incluindo controles internos, gerenciamento de risco, funções de conformidade com a lei e estruturas de supervisão interna e políticas de alçadas); iii. requisitos de habilidade e competência dos gestores;e iv. o entendimento que os gestores são responsáveis perante os investidores, principalmente, os participantes e beneficiários dos planos de benefícios, mas também frente aos empregados, conselhos supervisores, órgão de fiscalização e Estado. De acordo com o Grupo de Pensões da OCDE, o objetivo da governança nos fundos de pensão é minimizar os potenciais problemas organizacionais ou conflitos de interesse que podem surgir entre participantes e gestores, e afetar, adversamente, a segurança das reservas e o pagamento dos benefícios. Uma boa governança é importante na medida em que ajuda a criar confiança entre participantes e gestores, ajudando a melhorar o desempenho dos planos e do fundo de pensão, com baixos custos. Os fundos de pensão são criados de acordo com a Lei, e seus estatutos e regulamentos precisam estabelecer seus principais objetivos, além da sua estrutura interna de governança. Os objetivos, na medida do possível, devem ser especificados de forma direta, incluindo metas de desempenho e indicadores de qualidade. Uma boa governança exige uma clara identificação e segregação das responsabilidades operacionais e de supervisão do fundo de pensão, considerando, sempre que possível, a extensão e natureza dos riscos envolvidos. É importante que os fundos de pensão possuam controles internos que garantam a independência e imparcialidade nas decisões, bem como que assegurem a confidencialidade das informações. 2 Assim, a adoção de um sistema de governança corporativa eficaz e abrangente nas empresas (e nos fundos de pensão) e na economia como um todo, contribui para o estabelecimento da credibilidade necessária ao funcionamento adequado de uma economia de mercado. Na dimensão externa, em que os fundos de pensão se relacionam com as empresas e o mercado de capitais e financeiro, está emergindo a chamada “economia civil”, em que novas políticas de governança ativistas que procuram promover transparência e reforçar a integridade nas práticas e ações dos dirigentes, evitando assim manipulações e criando um repositório de valor capaz de gerar rendas de aposentadoria no futuro. 2. Transparência Mais do que uma determinação legal, a transparência é um valor que deve estar presente no dia a dia dos fundos de pensão, permeando as ações dos órgãos de governança e a rotina de trabalho dos dirigentes e gestores de planos de previdência. Ou seja, mais do que uma obrigação, o desejo de querer informar deve ser visto como um conceito que agrega valor na administração de uma entidade de previdência. Esse princípio está fundamentado no art. 202 da Constituição Federal, que disciplina a previdência complementar e no art. 3º da Lei Complementar nº 109, de 2001, que asseguram aos participantes de entidades de previdência privada, seja ela aberta ou fechada, o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus planos de benefícios. Acabou a “caixa preta”. É obrigação, portanto, das entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) oferecer aos participantes total transparência nas informações inerentes ao seu plano de benefícios, sejam elas de ordem atuarial, contábil ou financeira. A OCDE recomenda a adoção de uma política de divulgação de informações e de transparência, capaz de levar ao conhecimento dos participantes e assistidos todos os dados e informações que possam gerar algum impacto sobre o desempenho do plano de benefícios ou da entidade como um todo. A perfeita compreensão pelos dirigentes e gestores de suas atribuições e responsabilidades na defesa dos interesses dos participantes, e consequentemente, dos planos de benefícios, é 3 fundamental para assegurar a transparência da entidade. Cabe a estes agir com boa fé, lealdade e diligência, observando os princípios de segurança, rentabilidade, solvência e liquidez. Além disso, também é responsabilidade dos dirigentes e gestores zelar pela manutenção dos padrões éticos, adotando práticas que garantam o cumprimento do dever fiduciário e pagamento dos benefícios aos participantes e assistidos. Para o desempenho de todas essas atividades, sempre em consonância com o princípio da transparência, é fundamental investir em qualificação. Em paralelo às iniciativas de educação, que ajudam os participantes e assistidos a entenderem melhor seus planos de benefícios e a tomar decisões conscientes ao logo dos anos, a qualidade da informação transmitida pelas EFPC é fator relevante no processo de garantia da transparência. A amplitude, o tipo e profundidade das informações devem ser analisadas de acordo com o nível de educação financeira e previdenciária dos membros dos planos e mensuradas, de preferência, com pesquisas realizadas localmente. 3. Educação Financeira e Previdenciária A educação financeira é o processo mediante o qual os indivíduos melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação clara, possam desenvolver as competências e a confiança necessárias para que se tornem mais conscientes das oportunidades e riscos financeiros, de modo a fazer escolhas financeiras, ao longo da sua vida, de melhor qualidade, saber onde procurar ajuda e a adotar outras ações que melhorem o seu bem-estar. Nesse sentido, é importante que o órgão supervisor dos fundos de pensão, além de verificar a aderência dos planos aos regulamentos e normas, dedique-se também, a promover ou incentivar a qualificação dos responsáveis pela gestão das EFPC e a fomentar a educação financeira e previdenciária para participantes, assistidos, patrocinadores e instituidores. Porém, essa responsabilidade não é apenas do Governo. É fundamental que as entidades desenvolvam programas de educação financeira e previdenciária para seus empregados, dirigentes, participantes e assistidos complementando os esforços na busca da excelência da gestão. 4 Dentre uma série de diretrizes que as entidades devem seguir e aderir, uma das mais relevantes é a qualificação adequada e a capacitação continuada dos dirigentes e demais envolvidos na gestão e operacionalização dos fundos de pensão. Os programas educacionais desenvolvem habilidade e conhecimentos necessários para que as pessoas possam assumir responsabilidades e exercer suas funções, resolver conflitos de interesse, buscar fontes confiáveis de consulta, reconhecer pontos fracos que precisam ser trabalhados, enfrentar as situações imprevistas e as possíveis mudanças na legislação do setor ou da economia. 3.1. Modalidade do Plano de Benefícios Toda essa preocupação com educação e qualificação vem de encontro a um movimento que está ocorrendo no mundo. Nos últimos anos o Brasil tem seguido uma tendência de diminuição do número de planos estruturados na modalidade Benefício Definido (BD) e aumento do número de planos estruturados na modalidade Contribuição Definida (CD) e mistos – denominados aqui no sistema brasileiro de planos na modalidade Contribuição Variável (CV), que combinam características de planos CD na fase de acumulação e de planos BD na etapa de fruição dos benefícios. Com esse movimento, todos os envolvidos, direta ou indiretamente, com fundos de pensão precisam estar aptos a analisar, entender e até explicar as diferenças existentes entre esses tipos planos e o que muda nesse novo cenário que está sendo desenhado. É importante reforçar que dirigentes, gestores, participantes e assistidos precisam estar familiarizados com as características de cada modalidade de plano de benefícios. A diferença principal entre os planos BD e CD, diz respeito aos riscos assumidos. No primeiro os riscos são divididos entre participantes e patrocinadores, e, no segundo, os riscos se transferem para os participantes, na medida em que seus benefícios variam em função do montante de contribuição e do retorno dos investimentos. A flexibilidade é uma das características de muitos planos CD. Os participantes podem tomar decisões sobre o nível de suas contribuições, a alocação de seus recursos, a data de entrada em aposentadoria e a forma como receberão seus benefícios, se em única parcela, ou por período determinado ou por meio de uma renda vitalícia. 5 Uma das dificuldades encontradas é a de prever o nível de benefícios futuros. Nos planos BD, por alteração no nível dos salários ou nas premissas atuariais, demográficas e financeiras, podem ser detectados déficits, que para serem solucionados necessitam de aumento das contribuições ou redução dos benefícios. No caso de planos CD ou Contribuição Variável (CV), os benefícios dependem do nível de contribuição futura e também da taxa de retorno dos investimentos nos mercados de capitais. Por isso, é importante que os participantes dos planos CD e CV recebam o valor das contribuições vertidas ao plano em seu nome, de modo que ele possa verificar a veracidade da informação e a evolução da constituição de suas reservas. Os participantes dos planos BD devem tomar conhecimento, por exemplo, do atraso, por parte das patrocinadoras, no repasse dos recursos para os planos de benefícios que poderá repercutir na situação patrimonial de seu plano de benefícios. Pelo plano BD, o benefício futuro é composto por uma parcela do regime geral de previdência social (INSS – Instituto Nacional do Seguro Social) e outra do fundo de pensão, as informações devem ser dadas, na medida do possível, englobando as duas previdências, a pública e a privada. O participante precisa entender como funciona o regime geral, seus benefícios, carências, fórmulas de cálculo dos benefícios, de modo que possa perceber o nível real de sua renda futura. Outra tendência mundial que afeta diretamente os participantes dos planos de benefícios diz respeito às alterações no perfil da população. Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando um novo padrão demográfico que se caracteriza pela redução da taxa de crescimento populacional e por transformações profundas na composição de sua estrutura etária, com um significativo aumento do contingente de pessoas em idades avançadas. A esperança média de vida ao nascer no País era, em 2008, de 73,0 anos de idade, 3,3 anos a mais que em 1998. A variável demográfica afeta diferentemente participantes dos planos BD e CD. Nos planos BD as tábuas de mortalidade impactam fortemente os resultados do plano e podem significar aumento de contribuição ou diminuição de benefícios ao longo dos anos. Para os participantes de plano CD, a escolha de benefício por prazo certo pode significar que o pagamento do benefício acabe antes que o participante venha a falecer. 6 3.2. Informação e Comunicação Os participantes necessitam receber informações sobre ações ou eventos que podem afetar o nível de renda da aposentadoria. O conhecimento sobre o nível do benefício e como ele varia de acordo com o valor da contribuição e com a idade de entrada em aposentadoria, contribuem para que as escolhas sejam feitas de maneira consciente e segura. A informação previdenciária, aquela que os participantes necessitam receber de seu regime de previdência, deve ser repassada em uma escala crescente, que começa com as informações contábeis básicas de liquidez e solvência (dívidas e déficits), passando para informações sobre eventos que podem afetar a renda futura e informações sobre incerteza e risco a que o plano está sujeito. As informações contábeis refletem a situação patrimonial dos planos de benefícios e afetam diretamente os direitos dos participantes e, por isso, sua disponibilização visa à transparência do sistema de previdência complementar, contribuindo para torná-lo mais confiável. Informações como o nível de contribuições vertidas ao plano, a taxa de retorno dos investimentos, a taxa de administração e o nível de benefício futuro são extremamente importantes, mas não são suficientes para que os participantes possam tomar decisões consistentes. Além destas, a informação previdenciária deve incluir comunicação sobre a variação esperada no benefício futuro associada com um evento particular ou provocada por mudanças em variáveis macroeconômicas ou demográficas. Cabe aos fundos de pensão alertar os participantes quando suas reservas não estiverem adequadas ao nível pretendido de renda futura, bem como informar sobre alterações nos mercados financeiros ou nas premissas atuariais que podem impactar suas reservas. As informações que subsidiam as decisões dos participantes podem, por exemplo, demonstrar como um aumento de contribuição mensal pode impactar a renda futura, ou como um adiamento na data de aposentadoria pode afetar o benefício futuro. É possível que um participante, ao tomar conhecimento de simulações sobre a renda futura, altere o nível de contribuição, faça contribuições extraordinárias ou mesmo retarde a entrada em benefício objetivando manter o nível de renda planejado. Sem estas informações, aumentam os riscos de uma decisão equivocada. 7 Mas não é fácil comunicar esse tipo de informação. O participante precisa entender que o contrato previdenciário é dinâmico às condições econômicas e societais, podendo haver variações devido a mudanças futuras de cenários financeiros e demográficos e que essas informações são difíceis de serem previstas no longo prazo, podendo afetar o nível futuro de renda e de contribuição. Apesar da complexidade, a divulgação desses dados para os participantes de planos BD é de extrema relevância para o entendimento da origem do déficit que, por ventura, possam ser provocados por alterações nas taxas de juros de longo prazo, que são utilizadas para o desconto dos benefícios futuros ou de necessidade de alteração nas tábuas biométricas em virtude do aumento da taxa de sobrevivência dos participantes. A limitação do nível de benefícios do regime geral de previdência social, o saldamento dos planos de benefícios, a transformação dos planos BD em CD, o incremento na renda da população e da expectativa de vida dos brasileiros aumentam a necessidade de educação financeira, uma vez que a falta de conhecimento pode levar as pessoas a uma restrição na renda quando da idade da aposentadoria. É importante que as pessoas tomem consciência do impacto que as decisões tomadas ao longo da vida podem provocar no nível de renda futura e no bem estar individual e familiar. A comunicação aos participantes e assistidos, colocado em primeiro nível, precisa, sempre que possível, ultrapassar o conteúdo mínimo estabelecido pela legislação. A utilização dos meios adequados para a divulgação dos dados permite que participantes e assistidos tenham uma fácil compreensão da situação econômica, financeira e patrimonial do seu plano de benefícios. A linguagem clara e coerente ao nível de conhecimento dos usuários traduz os termos técnicos utilizados pelo regime de previdência complementar, facilitando seu entendimento. Além disso, a quantidade e a qualidade dessas informações precisam permitir uma tomada consciente de decisão financeira e previdenciária. Com o desenvolvimento de programas de educação, os dirigentes podem se assegurar de que os benefícios e os serviços ofertados ou recomendados são adequados às necessidades, interesses e objetivos dos participantes e assistidos dos planos de benefícios. 8 4. Desempenho dos fundos de pensão Para que os participantes e assistidos possam interagir ativamente na gestão dos planos de benefícios necessitam de conhecimentos, mesmo que básicos, nas áreas de finanças, contabilidade, atuária, direito, tributação, auditoria, gestão e governança. Entretanto, essas habilidades e competências envolvem uma complexidade que está além do nível normal de compreensão da população em geral. O processo educacional aliado à transparência capacita os participantes e assistidos para o exercício da fiscalização e do acompanhamento da sua poupança previdenciária, demandando qualidade na gestão e operação de seus planos de benefícios pelos dirigentes das EFPC. Os participantes, assistidos, patrocinadores e instituidores também precisam conhecer e entender o desempenho dos seus planos e entidades de previdência. No caso de planos BD, a compreensão é mais complexa, pois o resultado do plano depende da conjunção do desempenho dos ativos e das premissas atuariais frente ao conjunto de participantes e aos cenários econômicos e demográficos. Já os participantes de planos CD e CV precisam comparar o desempenho relativo dos ativos financeiros de seu plano com o desempenho de outras modalidades de investimentos e de outros planos de benefícios. É importante também que a educação previdenciária estimule participantes ativos e assistidos a fazerem parte da estrutura de governança de seus fundos, permitindo que se posicionem ativamente nas principais decisões relacionadas ao futuro seu plano e a sua entidade de previdência. As iniciativas educacionais para gestores, empregados, participantes e assistidos e a busca da transparência das informações resultam em melhoria dos resultados globais e do gerenciamento dos riscos envolvidos, com o consequente aumento da rentabilidade dos ativos e redução das perdas intrínsecas à gestão de planos de benefícios. Adicionalmente, os fundos de pensão devem possuir mecanismos de avaliação de desempenho tanto de gestores internos como de prestadores de serviços externos (auditorias, consultorias e custodiantes). O desempenho da entidade e dos planos previdenciários requer exame e medição, sempre que possível, por meio de indicadores objetivos criados pela entidade ou obtidos externamente, comparando-se a gestão e o desempenho da entidade com a performance de outros planos de benefícios, de outras entidades e com benchmarks de mercados correlacionados. 9 Nesse sentido, a partir de 2004, com a edição da Resolução nº 13, que estabeleceu princípios, regras e práticas de governança, gestão e controles internos, o sistema de fundos de pensão melhorou de forma substancial seu ambiente de conformidade, possibilitando aproveitar a conjuntura econômica favorável, tendo, por conseqüência, uma performance financeira excelente, o que vem reforçando a credibilidade de longo prazo na previdência complementar no País. 5. Conclusão Os fundos de pensão devem buscar uma estrutura de governança adequada às suas características, como por exemplo, seu tamanho, quantidade e modalidade de planos de benefícios que administram, quantidade e perfil dos participantes, assistidos e tipo de gestão dos investimentos (interna ou terceirizada). A estrutura de governança bem como os controles internos da entidade devem ser suficientes para garantir a redução dos conflitos de interesse e mitigação dos riscos inerentes à operação dos fundos de pensão, buscando a redução de perdas e diminuição dos custos. Além disso, a qualificação dos dirigentes, conselheiros e gestores é fundamental no processo da busca da qualidade e desempenho da gestão dos planos de benefícios. A educação financeira e previdenciária dos participantes e assistidos e a quantidade e qualidade das informações prestadas contribuem fortemente para a supervisão e o acompanhamento do patrimônio previdenciário e da gestão da entidade. É fundamental que o Estado, os fundos de pensão, o setor privado e as organizações da sociedade civil se engajem na educação financeira e previdenciária da população brasileira de modo que os cidadãos se tornem cada vez mais independentes nos processos de decisão e, possam ser capazes de fiscalizar seus patrimônios previdenciários e participar da gestão e governança dos seus planos e entidades de previdência privada. O aumento da consciência da importância da previdência na vida de cada participante eleva os níveis de poupança de longo prazo, garantindo maior estabilidade financeira e possibilidade de desenvolvimento sustentável do País. Precisamos, portanto, reforçar os elos fortes da governança, responsabilidade e prestação de contas, de modo a propiciar um ambiente mais saudável e confiante para o desenvolvimento dos fundos de pensão. 10 6. Referências Bibliográficas 1. DAVIS, S. et al. Os novos capitalistas: a influência dos investidores-cidadãos nas decisões das empresas. Campus/Elservier, Rio de Janeiro, 2008, 303p. 2. Ministério da Previdência Social, “Guia PREVIC de melhores práticas em Fundos de Pensão”. Brasília-DF, Agosto/2010. 3. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). Improving financial literacy: analysis of issues and policies. 2005. 4. _________. Improving Financial Education and Awareness on Insurance and Private Pensions. Versão de Pré-Publicação. Maio, 2008. 5. _________. Taking Financial Literacy to the next level: important challenges and promising solutions. OECD/US Treasury, Maio, 2008. 6. PINHEIRO, Ricardo Pena.Educação financeira e previdenciária – a nova fronteira dos fundos de pensão, in "Fundos de Pensão e Mercado de Capitais". Instituto San Tiago Dantas de Direito e Economia. São Paulo, Ed. Peixoto Neto, 2008. 7. STEWART, F. and YERMO, J. (2008). "Pension Fund Governance: Challenges and Potential Solutions", OECD Working Papers on Insurance and Private Pensions, Nº 18, OECD publishing. 11