SERVIÇO SOCIAL APLICADO
(RE) DESCOBRINDO A HISTÓRIA DA COMUNIDADE EM QUE MORAMOS
Maria Elisa da Cruz¹ [email protected], Clarissa Andrade Carvalho², Vânia Carvalho Santos³
1, 2, 3 – Departamento de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, UFS, Aracaju/SE.
(INTRODUÇÃO) O trabalho é parte de um Projeto de Pesquisa e Assessoria aos Movimentos Sociais Urbanos em
parceria com a Federação das Comunidades Independentes (FCI), relacionando com o ensino, a pesquisa e
extensão. É uma experiência pedagogicamente vivenciada com os alunos que cursam a disciplina Desenvolvimento
de Comunidade. É oportuno dizer que os alunos estão matriculados nos diversos cursos a saber: Serviço Social,
Pedagogia, História, Administração, Psicologia, Odontologia, Enfermagem, Educação Física, Biologia e Engenharia
Civil. Este estudo tem como objetivo por um lado, conhecer a comunidade objeto de intervenção, abordando o seu
processo histórico, analisando e descrevendo criticamente as relações sociais, econômicas, culturais, políticas,
religiosas, saúde, educação e também considerando os aspectos de infra-estrutura. E por outro lado, construir com o
morador a história do espaço local, desmistificando os segredos da vida comunitária, verificando interesses e
preocupações básicas, visão de mundo, ações empreendidas coletivamente objetivando o enfrentamento da questão
social. “Questões do cotidiano transformam-se em demandas políticas e em instrumento de defesa dos direitos de
cidadania ou de contestação do autoritarismo” (Scherer – Warren, 1993, 115).Como também identificando a
singularidade do local e do seu entorno numa concepção de totalidade. Trata-se portanto de um estudo de seis
comunidades (Barreiro, Conjunto Castelo Branco, Jabotiana Sul, Largo de Aparecida, Pantanal e Várzea Grande)
localizadas na periferia de Aracaju, abordando o seu processo de desenvolvimento desde a sua gênese até o
momento atual. Entendendo que “a substância da comunidade não está no aspecto físico da área de moradia mas no
conjunto de relações e inter-relações, de poderes e contra-poderes que se estruturam, tomando como referência à
infra-estrutura física e social da área que, por sua vez, tem suas determinações nas estruturas fundamentais da
sociedade. A comunidade é, portanto, forma particular de expressão da própria sociedade” (Souza, 66 - 67).
(METODOLOGIA) O método utilizado é o dialético objetivando a apreensão da dinâmica do real, em virtude da
necessidade de contextualizar e identificar as contradições do objeto em tela. No percurso do estudo realizamos
levantamento bibliográfico, entrevistas semi-estruturadas e observação participante enfocando a singularidade da
trajetória de cada comunidade, tendo como ponto de referência e apoio às organizações existentes na área.
(RESULTADOS) O processo de participação, mobilização e organização da sociedade civil, decorrem de algumas
situações de práticas organicamente silenciosas de natureza sócio-educativa, desvinculada da máquina e da
burocracia estatal. O projeto foi respaldado no paradigma da ação-reflexão-ação objetivando demolir o monstro
ideológico, historicamente fortalecido que imprime a dependência e a subalternidade das classes populares. As
organizações comunitárias não são entidades à parte, são sujeitos que refletem a história da cultura política e a
dinâmica da conjuntura, apresentando avanços e retrocessos na organização e politização da sociedade. Como
avanço, podemos exemplificar a prática desenvolvida pela FCI, que produz conhecimento da realidade, traduzido no
compromisso ético e nas mais diversas formas de expressões culturais: o trabalho com grupo de pagode, capoeira,
funk, cursos de bordados, e a Escolinha Comunitária do Bem Viver, financiada pelo sindicato dos bancários. Um dado
que demarca a importância do estudo é o envolvimento dos estudantes dos cursos já mencionados, merecendo
destaque os alunos dos cursos de Serviço Social e Enfermagem, que embora concluído a obrigatoriedade do período
letivo mantém o seu vínculo com o projeto mesmo sem bolsa. Outro aspecto, pode-se aferir como positivo é que um
grupo de sete alunos do curso de medicina tomando conhecimento da realização do projeto, buscou a sua inserção
no mesmo desenvolvendo ações basicamente na área da medicina preventiva. Ainda como resultado, explicita-se na
participação do diretório central dos estudantes que vêm construindo um seminário com a participação da Pró-Reitoria
de Extensão e a Federação das Comunidades Independente para discutir e avaliar a presença da universidade na
sociedade.
(CONCLUSÃO) As seis comunidades pesquisadas expressam a unidade na diversidade, resgatando o conceito
Gramisciano de Estado e sociedade civil, dando ênfase ao morador cidadão como sujeito de direitos. A concepção de
cidadania que fundamenta o trabalho é a de: “direito a ter direitos, ... não se limita portanto a conquista legal ou ao
acesso a direitos previamente definidos, ou à implementação efetiva de direitos abstratos e formais, e inclui
fortemente a invenção, criação de novos direitos, que emergem de lutas específicas e de sua prática concreta.”
(Daginino-, 1994, 107 - 108). Finalizando podemos considerar o nível de politização das ações desenvolvidas pela
FCI., já reconhecida tanto pela sociedade civil organizada, como pela sociedade política na luta cotidiana, objetivando
a construção de uma sociedade cidadã.
54ª Reunião Anual da SBPC – Goiânia – GO – Julho/2002
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