Antonio Pereira da Silva
Economista
O CAPITALISMO E SUAS CRISES
Eis mais uma crise do sistema capitalista.
Miséria, desemprego, destruições de parques industriais, queimas de estoques, enfim
mais uma tragédia humana, fruto desse irracionalismo econômico.
E agora?
Simples, vamos socializar os prejuízos.
Chamem o Estado, esse monstrengo na visão liberal, para resolver o dilema criado
pela sanha fácil de ser ter lucros exorbitantes, sem que a produção de bens e serviços seja
consumida pela espécie humana.
Mas, afinal por que ocorreu novamente uma crise no sistema?
Excesso de produção, má distribuição da riqueza produzida, remuneração do trabalho
em franca diminuição, ganho de produtividade não revertido para a redução das horas de
trabalho, mais valia que não se realiza, enfim aqueles mesmos defeitos, que sem a intervenção
do Estado Social, sempre irá ocorrer novamente.
O descompasso entre a produção e o consumo em termo mundial, atualmente, beira
a 30% (trinta por cento), o que implica, segundo a lógica capitalista, desempregar
trabalhadores para que se possa desovar esses estoques (realizar a mais valia).
E por que não ficar o rentista capitalista uns 2 a 3 anos sem aumentar seu patrimônio.
Sim, não é confiscar seu patrimônio e sim que ele se estabilize durante 2 a 3 anos sem
nenhum acréscimo.
Só disse acréscimo, portanto, o retorno normal seria realizado.
Mas não. O imperativo do crescimento incessante impõe a obrigação de ser ter o
sistema de valorização continua do dinheiro, ficando a reprodução física e cultural da
sociedade como um mero apêndice desse processo, que visa unicamente fazer do dinheiro
mais dinheiro.
O sistema capitalista não aceita tal trégua humanitária, o que quer é a liberdade de
mercado, a qualquer preço, ou seja, fazer crescer a produção dos bens e serviços não de
acordo com as necessidades do ser humano, mas sim, para saciar sua voraz sede de lucros,
na medida em que buscar a valorização do dinheiro sem se importar com qualquer ética.
Bom, se o criador da crise não a resolve, resta ao Estado, esse ente criticado pelos
liberais, entrar na história e fomentar algumas políticas para que o mercado possa voltar ao
equilíbrio até que ocorra uma nova crise.
Ao Brasil é necessário:1) - Reduzir o superávit primário através de pagamento menor aos juros;
2) - Reduzir a taxa de juro, incentivando o investimento produtivo visando fornecer
bens de consumo semiduráveis acessível às camadas mais pobres;
3) - Investir pesadamente em infra estrutura, políticas sociais (melhoria na educação,
incentivos as comunidades carentes, distribuição de renda via bolsas estudos, bolsas
reciclagens, etc.), acelerar o PAC, enfim injetar recursos financeiros no economia para que se
possa criar um mercado interno de consumo capaz de demandar um nível adequado de
produção, para que possamos, se possível, ficar a margem dessa distorção mundial de se ter
estoque de 30% (trinta por cento) da produção sem o respectivo consumo.
Ninguém quer comunismo nesse estágio de evolução da espécie humana, aliás,
nunca existiu esse sistema de produção no planeta Terra, o que se viu foi um capitalismo de
Estado.
No entanto a liberdade humana também não pode ser cerceada pelo consumismo
desenfreado imposto por um sistema irracional (ter é poder).
O Governo Lula poderia passar para a história, mas, faltou a visão de um Estadista,
ao não fixar a obrigatoriedade do estudo para a faixa etária dos 7 aos 17 anos das 8:00 horas
às 18:00 horas em todo o Brasil.
Recurso? Simples. Bastava a redução da taxa de juro a níveis compatíveis com a
racionalidade do mercado, e não ficar remunerando uma classe de rentista que manda e
desmanda no governo há anos, e, redirecionar para essa geração, a qual serviria como um
esquizo entre o que era antes.
O crédito financeiro em grande escala nada mais representa senão a antecipação do
valor ou da mais valia não produzida, tendendo ao fim, na criação de bolhas financeiras, que,
dialeticamente, resulta na falta de poder de compra, para a realização desse valor, ou seja, a
mais valia não se concretiza.
A critica não se reduz ao capital que rende juros, e, sim, a superacumulação cíclica,
que expõem os limites reais inerentes ao modo de produção capitalista.
Viva, vamos salvar o capitalismo já que não existe um substituto a altura, e
vangloriarmos a incompetente dos excessos com a forma privada do credito ao consumo, pois,
a nós, simples mortais, restam as práticas fetichistas como expectativas futuras.
Somos escravos dessa visão limitada de se querer "capitalizar o futuro" propondo
uma forma de consumismo com base no crédito privado.
Tem-se que distribuir a riqueza produzida via remuneração justa, mais isso implica em
socializar os lucros, o que para o sistema capitalista é algo mortal.
Antonio Pereira da Silva
Economista
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