Notícia anterior Próxima notícia Classificação do artigo 6 mai 2015 O Globo ANA PAULA RIBEIRO, RAMONA ORDOÑEZ E DANILO FARIELLO economia@ oglobo.com. br CVM abre processo contra ex conselheiros da Petrobras Mantega e Coutinho estão entre investigados por induzir investidor a erro “A acusação se baseia na falsa expectativa que foi gerada ao mercado” SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA As decisões tomadas pelo Conselho de Administração da Petrobras em anos anteriores começam a ser formalmente investigadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia abriu um processo contra oito exintegrantes do conselho para avaliar se eles induziram os investidores a erro ao aprovarem medidas que afetaram os negócios da estatal. Entre os citados no processo estão o exministro da Fazenda Guido Mantega; a exministra e atual presidente da Caixa, Miriam Belchior; e o presidente da Eletrosul, Márcio Zimmermann. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que permanece no conselho da petrolífera, também está entre os investigados. A lista inclui ainda os exconselheiros Francisco Roberto de Albuquerque, Jorge Gerdau Johannpeter, José Maria Ferreira Rangel e Sergio Franklin Quintella. Dos oito investigados, apenas Coutinho continua no conselho da estatal. DADO GALDIERI/BLOOMBERG/1222015 Processo. Sede da Petrobras: investigados terão 30 dias para apresentar defesa O procedimento de investigação em vigor, chamado de processo administrativo sancionador, foi aberto a partir de três processos administrativos. Nenhum tem relação com a operação LavaJato. A intenção da CVM é apurar a responsabilidade dos acusados ao aprovar o plano de negócio da estatal para o período de 20142018 e a política de preços dos produtos da companhia. “Neste sentido, a acusação se baseia na falsa expectativa que foi gerada ao mercado em razão da divergência entre as divulgações feitas pela companhia sobre a política de preços e a forma como ela foi levada a efeito pelos administradores na prática”, explicou, em nota, a autarquia. GRAÇA FICA FORA DO PROCESSO O primeiro dos três processos administrativos que deram origem à acusação aos exconselheiros da Petrobras foi aberto em agosto de 2013 com base na reclamação de um investidor em relação à política de preços da Petrobras e aos investimentos na refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Os dois outros processos administrativos são do ano passado. Um, de janeiro de 2014, tem como base a reclamação de um investidor sobre a política de preços da estatal. O outro, de outubro de 2014, foi provocado por parte dos membros do Conselho de Administração da Petrobras, que questionaram à própria CVM a política de preços e os investimentos em Abreu e Lima. Além disso, eles suspeitavam que algumas informações teriam sido omitidas em relação à viabilidade da refinaria. O nome dos conselheiros não foi revelado. Entre os conselheiros da época dos processos administrativos que não foram citados estão a ex presidente da Petrobras Maria das Graças Foster e Mauro Cunha, que representava os minoritários detentores de ações ordinárias. Miriam Belchior foi procurada por meio da assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, da qual é presidente, e a instituição informou que não vai se manifestar. Procurado, Quintela, que está no exterior, preferiu não comentar a questão, afirmando que antes pretende conhecer o teor do processo. A assessoria de imprensa do BNDES informou que Coutinho não vai se pronunciar sobre o assunto. O ex ministro Guido Mantega foi procurado, mas não foi localizado. O general da reserva Francisco de Albuquerque foi procurado, mas não respondeu. A assessoria de imprensa da Gerdau foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição. Procurada, a assessoria de comunicação do Ministério de Minas e Energia informou que não se manifestará sobre a citação de Zimmermann na investigação da CVM. O sindicalista José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), foi representante dos funcionários da estatal no conselho de março de 2013 a março de 2014. Ele questionou a decisão da CVM de abrir o processo e ressaltou que até o ano passado a companhia apresentou lucro e distribuiu dividendos aos acionistas. — Achar que o investidor vai ser induzido ao erro por alguma decisão do conselho... Acho estranho só serem citados oito conselheiros, não os dez que faziam parte do conselho. E os acionistas, à exceção deste ano, receberam sempre dividendos. Nunca se aprovou o “congelamento” dos preços dos combustíveis. A política da Petrobras era de não repassar a volatilidade do mercado, e levava em conta uma série de coisas, como produção nacional e câmbio — disse José Maria. Ele disse que só tomou conhecimento do assunto pela imprensa e que vai esperar ser notificado para tomar as devidas providências. Os investigados terão agora que se defender. Nesses casos, uma deliberação da CVM determina o prazo de 30 dias. O período dobra quando o processo conta com mais de um advogado, o que é comum nos procedimentos em que são múltiplos os acusados. Os advogados também podem solicitar à autarquia um prazo maior para a defesa, que irá avaliar se o tempo extra será concedido ou não. PUNIÇÃO PODE INCLUIR MULTA Se ficar provada alguma responsabilidade deles, os exconselheiros devem ser multados. A CVM também pode proibir que qualquer um deles exerça cargo de administrador ou de membro de conselhos de uma companhia aberta. Outra alternativa é um termo de compromisso entre as partes, em geral com pagamento de multas, evitando assim o julgamento. A Petrobras confirmou ontem que divulgará os resultados do primeiro trimestre no próximo dia 15. Impresso e distribuído por NewpaperDirect | www.newspaperdirect.com, EUA/Can: 1.877.980.4040, Intern: 800.6364.6364 | Copyright protegido pelas leis vigentes. Notícia anterior Próxima notícia