NA BACIA DAS ALMAS
Carta de Formulação e Mobilização PolíticaiQuinta-feira, 16 de julho de 2015inº 1182. Concluída às 10h29
A Petrobras pôs à venda um pacote de ativos cujo montante iguala seu valor de mercado e
supera tudo o que foi privatizado no governo FHC. É o mega-saldão do desespero
O
governo do partido que sempre demonizou as privatizações está promovendo um
mega-saldão de ativos da principal joia da coroa, a Petrobras. Nas últimas semanas, a
estatal tem divulgado que pretende vender empresas e negócios importantes para fazer
frente ao assombroso desmanche de que vem sendo vítima nas mãos do PT.
Acontecerá com a empresa agora, com o PT, o que nunca antes na história aconteceu: a
venda e privatização de ativos relevantes, em montante que equivale a tudo o que foi
privatizado em âmbito federal no país durante todo o governo Fernando Henrique. Os
bens postos à venda somam US$ 57,6 bilhões.
Para se ter noção da queima de ativos que está sendo patrocinada pelo PT, a cifra
pretendida é similar ao atual valor de mercado da Petrobras. Além disso, a estatal teve que
diminuir em 37% os investimentos planejados até o fim da década. Serão US$ 77 bilhões a
menos, o que significa uma média anual de corte que equivale a tudo o que o governo
federal destinou para o PAC no Orçamento da União deste ano.
A lista da queima é extensa. Na bacia das almas, deve entrar até uma parte das gigantescas
reservas do campo de Libra. Cogita-se a venda de 10% de participação no
bloco, arrematado pela Petrobras em consórcio em outubro de 2013 no único leilão do
pré-sal realizado até agora. Antes, o governo petista dizia que estes ativos eram intocáveis...
O mais novo ativo da xepa das privatizações é a TAG, empresa subsidiária por meio da
qual a Petrobras controla sua malha de 6,5 mil km de gasodutos. Entre as alternativas está a
venda de até 80% de sua participação na empresa, ou seja, a sua privatização.
No rol do queimão já estavam a Gaspetro, que reúne participações da estatal em
concessionárias estaduais de gás, e a BR Distribuidora, dona da maior rede de postos de
combustíveis do país. Também engordam a lista termelétricas, fábricas de fertilizantes,
ativos dos setores petroquímico e de biocombustíveis.
O mega-saldão da Petrobras acontece no momento em que o mercado está desfavorável,
com as cotações do barril em queda, baixa na demanda e superoferta de ativos. Ontem, por
exemplo, o governo mexicano fez a primeira licitação de áreas de exploração do país em
quase oito décadas. Foi um fracasso, com apenas 14% das áreas arrematadas.
Na prática, a Petrobras sofre as consequências da pilhagem de que vem sendo vítima nos
últimos anos e o país se ressente da adoção de um modelo de exploração que alquebrou o
setor de petróleo, paralisou investimentos, freou a atividade e ora desagua em milhares de
desempregados. É o preço de escolhas politiqueiras e equivocadas tomadas pelo PT.
O desmonte da Petrobras joga definitivamente por terra o discurso eleitoreiro que os
petistas usaram durante várias campanhas, mas, pior que isso, compromete importante
patrimônio dos brasileiros. Privatizar é a alternativa correta para economias que buscam ser
saudáveis. Vender ativos na bacia das almas, contudo, é péssimo negócio.
Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela
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