AF_fyler_Fazendo Escola_animais obesos.pdf 1 24/07/2014 16:48:50 O que é a obesidade? A obesidade é a principal doença nutricional que acomete cães e gatos, caracterizada pelo excesso de gordura corpórea. Acredita-se que a obesidade atinja entre 25% e 40% dos animais de companhia, sendo considerada a principal forma de má nutrição. Obesidade em Animais de Companhia Qual a causa da obesidade? C M Y CM MY CY CMY K A obesidade se desenvolve quando a quantidade de energia ingerida é maior do que a quantidade de energia gasta por longos períodos de tempo. Vários fatores contribuem para o seu desenvolvimento, tais como pouca atividade física, alimentação excessiva do animal, predisposição genética, castração, etc. Já se sabe também que existe uma forte correlação entre a obesidade dos donos e dos seus animais, reflexo do sedentarismo e da alimentação gordurosa do dono, que podem resultar em vida sedentária do animal de companhia, além da ingestão de sobras de alimento. Também há evidência de que os animais que observam seus donos comendo têm maior risco de se tornarem obesos. Além disso, o animal pode se tornar obeso por doenças de origem endócrina, como o hiperadrenocorticismo e o hipotireoidismo, e pelo uso de algumas medicações, sendo os corticoides as principais delas. Cursos Graduação Agronomia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária. Mestrado Ciência Animal Fazendo Escola Escola de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária Contato: [email protected] 41-3271-1400 AF_fyler_Fazendo Escola_animais obesos.pdf 2 24/07/2014 16:48:51 Os animais podem ter predisposição à obesidade? Sim, algumas raças de cães e gatos têm um componente genético que as predispõem à obesidade. As raças caninas com maior tendência ao sobrepeso são labrador, beagle, cocker e o dachshund. Já entre os felinos, a maior predisposição é observada em gatos de pelo curto. Além disso, quanto mais idoso é o animal, menor é o seu metabolismo e com isso maior é o risco do cão ou gato se tornar obeso. A castração é outro fator que estimula a deposição de tecido gorduroso nos animais de companhia. Em relação ao sexo, as cadelas e os gatos machos tem maior tendência ao acúmulo de tecido adiposo. C Como saber se o meu animal está obeso? M Y CM MY CY CMY K A obesidade pode ser diagnosticada com base na avaliação física do paciente, pela pesagem do animal e comparação com peso ideal para cada raça. São utilizadas fórmulas semelhantes ao índice de massa corporal (IMC) humano e métodos de diagnóstico por imagem que calculam o percentual de gordura corpórea, como ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética. A partir das avaliações, o animal pode ser classificado como estando com sobrepeso, quando seu peso está entre 15% e 30% maior do que o peso ideal, ou pode ser classificado como obeso, quando seu peso está mais de 30% acima do ideal. As avaliações realizadas para o diagnóstico facilitam a identificação da deposição de gordura corporal, que pode estar distribuída na região abdominal, ocasionando um padrão de obesidade visceral, ou pode estar distribuída de forma generalizada, o que gera um padrão de obesidade generalizada. Existe tratamento? Sim. Para isto é realizado um programa de cálculo da necessidade de energia que o animal precisa ingerir diariamente e é estipulada uma dieta, que de preferência é específica para animais obesos. Uma vez determinado o aporte calórico necessário para o animal, devemos definir o método de alimentação. O ideal é que o paciente receba a quantidade de ração fracionada em porções e evite a alimentação à vontade. Isso tem que ser ajustado conforme a possibilidade do proprietário, mas o ideal é o fornecimento de 2 a 4 porções no dia. Apenas um membro da família deve ficar responsável por alimentar o animal, para que a alimentação inadvertida do animal seja reduzida. Os petiscos comerciais geralmente são grandes fontes de calorias, devendo ser evitados. Em algumas situações podem ser fornecidos petiscos hipocalóricos, frutas e/ou verduras de baixas calorias. Além disso, para que o animal perca peso é necessário aumentar o gasto energético, e a melhor maneira de estimular o gasto de energia é com exercícios físicos. O nível de exercícios deve ser recomendado de acordo com a idade, peso do paciente e a presença ou ausência de doenças osteoarticulares concomitantes, além da disponibilidade do proprietário. Quais informações devo fornecer ao veterinário para auxiliar no tratamento? As seguintes informações são necessárias para que o médico veterinário possa prescrever o tratamento: - Qual o tipo de dieta fornecida (caseira ou comercial); - Quantidade de alimento fornecida por dia; - Quem é responsável por alimentar o animal; - Se a alimentação é dividida em porções ou fornecida de forma livre para o animal; - Tipo e quantidade de petiscos fornecidos; - Se o animal tem acesso à alimentação de outros animais. Como avaliar a eficácia do tratamento? Animais no programa de perda de peso devem ser reavaliados a cada 2 (duas) semanas, inicialmente. De maneira ideal, gatos devem perder no máximo 2% do peso corpóreo por semana e cães devem alcançar de 1 a 2% de perda de peso semanal. Após o paciente atingir o peso ideal, a quantidade energética deve ser ajustada para manter o peso e o paciente deve ser reavaliado a cada 2 (dois) a 3 (três) meses, para assegurar que o peso está sendo mantido. Como a obesidade causa danos à saúde do animal? O tecido adiposo é reconhecido como um órgão endócrino ativo que libera diversas substâncias, chamadas adipocinas. O excesso de gordura corporal é responsável pela desregulação da produção destas adipocinas, contribuindo para ocorrência das disfunções metabólicas relacionadas à obesidade. Mais de 100 adipocinas já foram identificadas e estas têm efeito direto sobre o nível glicêmico, o equilíbrio de fluidos, biologia vascular, proliferação celular e processos inflamatórios. Que consequências da obesidade meu animal pode sofrer? As principais alterações relacionadas à obesidade incluem doenças articulares e problemas de locomoção, predisposição à pancreatite, doenças respiratórias, cálculos urinários, dermatopatias, hipertensão arterial sistêmica e neoplasias mamárias. Carolina Zaghi Cavalcante Professora Adjunta do Curso de Medicina Veterinária