Obesidade infantil A obesidade está à vista de todos. Por todo o mundo (e o nosso país não é excepção), assiste-se a um aumento preocupante da obesidade em todos os grupos etários, percorrendo todos os níveis sócioeconómicos e culturais, surgindo com maior incidência na infância. Esta realidade é extremamente preocupante, uma vez que a probabilidade de um jovem obeso ser um adulto obeso é real e está bem documentada. Em Portugal, estima-se que 25% das crianças entre os 3 e os 5 anos e cerca de 30% das crianças entre os 6 e os 10 têm excesso de peso. Associado a um aparecimento cada vez mais precoce da obesidade, surge um aumento da prevalência de doenças relacionadas, tais como as doenças cardio-vasculares, hipertensão arterial, diabetes, maior incidência de certos tipos de cancro, etc. Este tipo de doenças crónico-degenerativas, até aqui mais frequentes em idades avançadas, começam a surgir cada vez mais cedo e em crianças já superobesas. Neste contexto, a educação alimentar revela-se a forma mais simples e eficaz de combater o aumento da obesidade. Dados de investigação sugerem que as crianças não estão dotadas de uma capacidade inata para escolher alimentos em função do seu valor nutricional. Pelo contrário, os seus hábitos são aprendidos através da experiência, da observação e da educação. Por esta razão, é inquestionável a responsabilidade de todos os intervenientes no processo de formação das crianças e dos jovens, tanto pais e família, como professores e profissionais de saúde. Contudo, obesidade não significa necessariamente excesso de nutrientes. O excesso calórico é, de facto, responsável por uma acumulação de gordura anormal para as capacidades funcionais do organismo, podendo estar também relacionado com um aporte excessivo de todos os outros nutrientes - geralmente não o está. Actualmente, o bombardeamento publicitário de produtos excessivamente calóricos e de baixo valor nutricional abunda na comunicação social, promovendo a obesidade, mas simultaneamente a desnutrição, pela falta de nutrientes essenciais. Em conjunto com a diminuição significativa da actividade física – temos cada vez mais atletas de sofá! – estamos a criar jovens mais obesos, mas também mais desnutridos. Concluindo, é nas primeiras etapas da vida infantil e juvenil que se começam a formar os hábitos alimentares que, posteriormente, serão mais difíceis de alterar. Por isso, é muito importante tentar que o padrão alimentar em todo este processo seja saudável, capaz de garantir, um bom crescimento e desenvolvimento, um bom estado de saúde e um maior bem-estar e qualidade de vida. É fundamental ter o conhecimento necessário para saber filtrar a informação disponível e fazer boas escolhas alimentares, uma vez que agora, mais do que nunca, o futuro das nossas crianças depende da nossa intervenção! Dr. Tiago Almeida – Nutricionista www.clinicanutricao.com Junho 2008