Design etectar tendências e ocupar posições avançadas entre os consumidores, representa a principal vantagem estratégica que uma empresa pode obter. Estar antenado para a evolução da sociedade e s e u s hábitos de consumo é fundamental para se encontrar oportunidades de c r i a r produtos que atendam a e s s a s novas necessidades. As pessoas de hoje em dia não têm mais tempo para nada e estão freqüentemente envolvidas em dupla jornada: trabalham e estudam, freqüentam academias, cursos complementares e outras atividades paralelas ao estudo e ao trabalho que fazem com que elas tenham que se alimentar em trânsito entre uma atividade e outra. Os alimentos e bebidas representam, no Brasil, cerca de 65% do consumo de todas as embalagens produzidas e um amplo espaço para inovações tecnológicas que venham a atender aos novos hábitos de consumo e às necessidades do consumidor moderno. As necessidades fisiológicas do ser humano como, comer e beber, não mudaram desde o surgimento do homem. Cada pes- Mestriner soa precisa se alimentar e se hidratar todos os dias, não importando sua classe social ou ramo de atividade. Nunca se falou tanto, nem se deu tanta importância à nutrição, dietas e complementos alimentares como agora. Pesquisas recentes mostram que a globalização, as novas tecnologias da informação e a aceleração dos processos de produção e gestão empresariais estão levando as pessoas a viverem num novo ritmo, o que tem convertido o tempo no bem mais precioso e escasso do planeta. Essa situação tem favorecido o aparecimento de alimentos e bebidas em embalagens práticas que permitem esse tipo de c o n s u m o , ou seja, estas n e c e s s i d a d e s exigem novas embalagens. As pessoas de hoje em dia não têm mais tempo para nada e estão, freqüentemente, envolvidas em dupla jornada: trabalham e estudam, freqüentam academias, cursos complementares e outras atividades paralelas ao estudo e ao trabalho que fazem com que elas tenham que se alimentar em trânsito entre uma atividade e outra. Biscoitos em dose individual, snacks em potes plásticos que não amassam e permitem dispensar o conteúdo diretamente na boca, são novidades de sucesso no mercado americano. Embalagens que aquecem o produto quando acionadas e outras inovações tecnológicas estão surgindo graças à identificação das necessidades desse novo consumidor. Alimentos que podem ser consumidos no carro, sem sujar as mãos e o próprio veículo, bebidas que, além de cumprir estas funções, funcionam também como alimento, vêm ganhando participação cada vez maior no m/x de produtos das categorias alimentos e bebidas. A necessidade é a mãe da invenção, mas estar atento às mudanças e ao surgimento de novos hábitos de consumo continua sendo a forma mais eficiente de a indústria encontrar oportunidades estratégicas para criar produtos inovadores. Já existem muitas embalagens que expressam essa nova tendência de produtos para o consumo em trânsito, entre as várias atividades que esse novo consumidor desempenha. Trata-se de uma tendência qualificada e identificada, em pesquisa, por vários fabricantes. Mostraremos a seguir, alguns exemplos encontrados no mercado internacional e também no Brasil, que mostram, claramente, como essas novas necessidades têm transformado esta constatação, em soluções, inovadoras, principalmente nas embalagens, uma vez que esses produtos já existiam, em sua grande maioria. O primeiro exemplo é o da embalagem de biscoitos salgados, em dose individual. Embora vendido em pacotes maiores, esses biscoitos são oferecidos também em "doses", para serem levados pelo consumidor a todos os lugares e consumidos entre uma atividade e outra. O sucesso desse produto foi tão grande, que levou todos os fabricantes importantes do segmento a lançar rapidamente, suas versões similares. (foto 1) Marilan Club - Biscoito salgado em doses individuais para consumo entre as refeições em qualquer hora e lugar. O segundo exemplo mostra um salgadinho snaks que era tradicionalmente vendido em saquinhos flexíveis, feitos com filme metalizado e que agora, passou a ser oferecido também num pote plástico rígido, com rótulo sleev. Essa embalagem tem a vantagem de proteger melhor o produto no transporte, evitando Lay's - Salgadinho snacks em pote plástico com rótulo sleev. A tampa se transforma num potinho para acomodar os snacks e comer sobre a mesa de trabalho ou para acrescentar ketchup. que ele se quebre ou amasse. Permite, também, um maior controle, na hora do consumo, pois pode ser mantido entre os joelhos, enquanto se dirige de um local a outro, ou apoiado no porta-copos do veículo. Traz, ainda, uma tampa acoplada pelo rótulo, que se transforma num potinho, que facilita o consumo sobre a mesa, enquanto, por exemplo, se lê os e-mails. (foto 2) Fábio O terceiro exemplo é uma novidade, pois o produto pode ser despejado diretamente na boca sem sujar os dedos e, conseqüentemente, o teclado, o volante e assim por diante... Há uma tendência, qualificada no segmento de snaks, que recomenda a inclusão desse tipo de embalagem, como uma alternativa ao saquinho de filme metalizado, nos produtos criados para funcionar como alimentação, em trânsito, entre uma atividade e outra, e não apenas como um junk food o snaks. (foto 3) O quarto exemplo mostra as já existentes barrinhas de cereais que, apesar de não serem novidade, vêm crescendo muito em consumo, por se inserir, nessa tendência, apresentando a vantagem de oferecer, ao consumidor, o benefício da sensação de estar consumindo um alimento saudável. As barrinhas estão agregando novos apelos, como fibras ou energéticos e guaraná. (foto 4) As barrinhas de cereais são vendidas em toda parte. Sua venda em farmácias e drogarias, bancas de revistas fizeram dela um recurso de emergência para se alimentar a qualquer hora e lugar. Vendidas em toda parte, incluindo farmácias, lanchonetes e bancas de revistas, essas barrinhas são uma "mão na roda" para quem precisa comer alguma coisa antes de entrar na próxima atividade. Companhias de aviação vêm utilizando-as em substituição às refeições e aos sanduíches, anteriormente servidos a bordo. Sua embalagem flowpack, em filme metalizado, é muito prática e oferece boa proteção e shelflife ao produto. O exemplo cinco segue nessa linha de alimentos considerados saudáveis, pois este tipo de alimentação em trânsito é feita, geralmente, por pessoas que não têm tempo para se alimentar corretamente e que por isso procuram compensar, com alimentos que elas sabem que deveriam estar consumindo, como as frutas e os legumes. O suco composto com vegetais, a exemplo do que acontece com os néctares de frutas, está substituindo os refrigerantes, no acompanhamento das refeições das pessoas com este tipo de preocupação, e a lata de alumínio favorece a distribuição e venda do produto gelado em bares, restaurantes e lanchonetes e também nas vending machines, estando sempre ao alcance dos consumidores. São muito vendidos nas academias. (foto 5) Bebida que combina suco de laranja, cenoura e acerola para funcionar como complemento à alimentação. As bebidas alimentícias vêm conquistando espaço cada vez maior, pois fazem a função dos alimentos, porém são muito mais fáceis de ingerir e não precisam ser manuseadas. O exemplo 6 mostra uma embalagem de última geração que aquece o produto quando acionamos uma válvula, que se encontra no fundo da embalagem. Uma solução que também atende a quem precisa de uma bebida quente, para aquecer o corpo no inverno, ou nos países frios. Essa embalagem ativa radicaliza o conceito de conveniência ao combinar uma parede externa com rótulo sleev, uma válvula plástica no fundo e uma cápsula interna, onde o produto é aquecido para o consumo onde quer que ela seja ativada. Trata-se de uma nova tendência, em que as embalagens são ativadas e desempenham funções, como, aquecer e gelar o produto, oferecendo o máximo de praticidade e conveniência. (fotos 6 e 7) Nescafé - Bebida à base de café em embalagem com válvula que, uma vez acionada, aquece instantaneamente o produto Os próximos exemplos mostram como os fabricantes dos produtos e das embalagens vêmse mobilizando para participar dessa tendência, ajustando-se para produzir refeições regulares. O saché de filme flexível metalizado encontrou uma solução estrutural para ficar "de pé" e favorecer o consumo do produto sobre mesas de estudo ou de trabalho. O produto que, na sua versão regular, quebra ao ser mordido, soltando migalhas que sujam a superfície onde caem ou mesmo as roupas do consumidor, foi cortado em cubinhos que podem ser jogados dentro da boca e comidos de uma só vez, sem a necessidade de serem mordidos. (foto 8) Biscoitos snacks são cada vez mais consumidos, e suas embalagens vêm adotando novas soluções para viabilizar a entrada de novos produtos neste segmento. Algumas indústrias de embalagem já se movimentam para oferecer soluções que atendam a essas novas necessidades do consumidor. Essa embalagem, que tradicionalmente era utilizada apenas para acondicionar líquidos e produtos pastosos, como polpa de tomate, desenvolveu uma solução para produtos secos e snacks, como o da foto (foto 9), criado para mostrar as possibilidades dessa solução em participar da tendência. Essa embalagem cartonada apresenta rigidez que protege o produto e facilita o consumo, pois a boca se abre completamente, permitindo pegar facilmente o produto em seu interior. Soluções como esta embalagem cartonada posicionada para alimentos secos demonstram que a indústria de embalagem já percebeu esta tendência e vem criando produtos para atendê-la. A nova embalagem de aço com shape para bebidas foi criada para atender à necessidade conveniência e portabilidade. Os f a b r i c a n t e s de latas de aço desenvolveram também uma solução para bebidas e sucos, com uma vantagem especial. A exemplo dos potes, que aparecem no início do artigo, elas podem ganhar f o r m a s e x c l u s i v a s que dão maior personalidade ao produto. (foto 10) FÁBIO MESTRINER É professor de design da ESPM, dirige a Packing, agência especializada em design de embalagem e é presidente da ABRE, Associação Brasileira de Embalagem. MESTRINER, Fábio. Tendências de embalagens: novos hábitos dos cosumidores exigem novas embalagens. Revista da ESPM, São Paulo, v. 11, ano 10, n. 3, p. 72-81, maio. jun. 2004.