ANÁLISE HARMÔNICA DE SINAIS Prof. M.A.Garms UNIP - 2013 Índice Geral 1- Estudo de sinais............................................................................................ 2 2- Serie de Fourier........................................................................................... 11 3- Transformada de Fourier............................................................................. 23 4- Convolução...................................................................................................44 5- Sistemas e Classificação..............................................................................51 6- Espectro e densidade de Energia..................................................................61 7- Transformada Discreta de Fourier...............................................................68 8- Bibliografia...................................................................................................78 1 1- ESTUDO DE SINAIS Neste capítulo introdutório abordaremos alguns conceitos básicos para o estudo de sinais. Conceitos básicos Definição Um sinal é uma função que representando uma quantidade física ou variável, e tipicamente ela contém informações sobre o comportamento ou natureza do fenômeno. Assim, um sinal é qualquer função que carrega alguma informação. Inicialmente consideraremos apenas sinais nos quais a variável independente é o tempo. Classificação de Sinais Basicamente sinais podem ser divididos em: Contínuo no tempo e Discreto no tempo Analógico e Digital Periódico e Não periódico Energia e potência Determinístico e probabilístico Sinais Contínuos: Um sinal g (t) é contínuo no tempo se t é uma variável continua. A representação deste tipo de sinal é mostrada na figura a seguir: g(t) t 2 Sinais Discretos: Se t é uma variável discreta, em que x(t) é definido em tempo discreto, então x(t) é um sinal discreto no tempo. Assim um sinal discreto no tempo é definido com tempos discretos, e um sinal discreto no tempo pode ser identificado como uma sequência de números, determinados por xn ou x n , onde n = nº inteiro. A representação deste tipo de sinal é mostrada na figura a seguir: x n 2 1 ● ● -5 –4 –3 –2 –1 0 ● ● 1 2 3 4 5 Sinais periódicos e aperiódicos Um sinal v(t) é periódico com período T se v (t ) v (t mT ) onde m é inteiro. Tal sinal se repete a cada intervalo de T segundos denominado período. Um sinal será aperiódico caso não haja esta repetição. Sinais de energia e sinais de potência Ver capítulo 6. Sinais Reais e Complexos Sinais Reais assumem valores no conjunto de números reais ou seja x ( t ) R Sinais Complexos assumem valores no conjunto de números complexos ou seja x (t ) C. Sinais complexos são usualmente usados em comunicações para modelos de sinais que necessitam ser representados pela sua amplitude e fase. 3 Sinais Determinísticos e Probabilísticos (Aleatórios) Sinais Determinísticos São descritos por funções no sentido matemático usual tendo como variável independente o tempo t . Dessa forma conhecendo a função que descreve um sinal determinístico pode-se obter o valor assumido por ele em qualquer instante de tempo t desejado. Sinais Probabilísticos (Aleatórios) Tem sempre associado a ele um elemento de incerteza, não sendo possível em um determinado instante qualquer, determinar o seu valor exatamente. Entretanto é possível descrever este sinal em termos de suas propriedades na média, como por exemplo, a potência média, o seu valor médio, a probabilidade de sua amplitude exceder um determinado valor e assim por diante. Em outras palavras, é possível descreve-lo por meio de um modelo probabilístico que chamamos de processo aleatório. 4 Exemplo de um processo aleatório: O exemplo nos leva a conclusão que o sinal ( forma de onda ) gerada em um dos terminais do sistema pode ser considerado tanto um sinal determinístico como um sinal aleatório. Para um operador que conhece a mensagem a ser transmitida, o sinal será perfeitamente determinístico, enquanto, para outro observador que não tem o conhecimento da mensagem, o sinal terá um caráter aleatório. Vale ressaltar que o conhecimento das regras probabilísticas que regem um certo fenômeno, ou seja o conhecimento de um modelo probabilístico completo, é bastante raro. Normalmente tem-se um conhecimento parcial ou até um total desconhecimento dessas regras. Entretanto, há a possibilidade de se realizar medidas, pelo menos durante um intervalo de tempo finito, dos sinais envolvidos. Uma vez que algumas medidas tenham sido coletadas, elas podem ser usadas para propor um modelo probabilístico que deve descrever os sinais envolvidos. 5 Revissão de Núm meros Comp plexos Álgeb bra dos Nú úmeros Com mplexos O núúmero compplexo z = a + jb pode ser represenntado graficcamente porr um ponto cujas coorddenadas carttesianas sãoo (a, b) em uum plano coomplexo, vidde figura abbaixo. mente a parrte real e a parte Os nnúmeros a ((= abcissa) e b (= ordeenada) são respectivam imaginária do núúmero compplexo z: a Reaal z b Imag z m expressar oos númeross complexoss em termoss de coordennadas polarees. Se Pode-se também ordenadas poolares de um m ponto z = a + jb, entãão: (r , ) são as coo a r cos b jrsen n ) Logoo se tem: z a jb r cos jrrsen r (ccos jsen Destaa última exppressão obtéém-se a form ma polar z r de representaçãão de um núúmero compplexo. Por ooutro lado, do Cálculoo sabe-se quue os polinôômios de orrdem abaaixo listadoos são repreesentações ddas funções exponencial, cosseno e seno: e j 1 j 1 j ( j ) 2 ( j ) 3 ( j ) 4 ( j ) 5 ... 2! 3! 4! 5! 2 2! j 3 3! 4 4! j 5 5! 6 .... cos 1 2 sen 2! 3 3! 4 4! 5 5! 6 6! 7 7! 8 8! ... 9 9! ... Fazenndo a interaação entre esstes polinôm mios resulta:: e j coss jsen Na fiigura seguinnte apresentta-se no plaano complexxo este resuultado denom minado relaação de Eulerr. Assim m um númeero complexo tem divversas representações das d quais ass que estuddamos podem m ser resum midas na segguinte expreessão: z a jjb r j re senddo r a2 b2 arctg ou a r coos b jrsen b a uação diferrencial d2y((t)/dt2 + y(t))=0 A equ A funnção exponeencial compplexa ejt é soolução de d2yy(t)/dt2 + y((t)=0 pois: 7 d 2 jt d d2 2 jt jt jt e ( je ) j e -e ou 2 y y dt dt 2 dt Outra solução desta equação diferencial é a função e-jt, pois: d 2 jt d d2 2 jt jt jt e ( je ) j e -e ou 2 y y dt dt 2 dt Assim a combinação linear destas soluções será solução da mesma equação diferencial d2y(t)/dt2 + y(t)=0 (princípio da superposição válido para este tipo de equação diferencial linear a coeficientes constantes). Sendo assim considere as seguintes soluções: y (t ) 0.5e 0.5e jt jt e jt e jt cos t jsen t cos t jsen t cos t 2 2 e y (t ) 0.5 je jt 0.5 je jt e jt e jt cos t jsen t cos t jsen t sen t 2j 2j Isto mostra que as exponenciais complexas são “equivalentes” às funções seno e cosseno, pois fazem parte do conjunto de soluções da equação diferencial d2y(t)/dt2 + y(t)=0. Em suma pode-se considerar a exponencial complexa como solução de equações diferenciais lineares a coeficientes constantes e “projetá-la” no eixo real para obter a solução no domínio real. ~ Fasores e resolução de circuitos elétricos em regime senoidal ( x(t) = ) Consegue-se uma simplificação na análise de equações diferenciais lineares, ou mais especificamente no caso de engenharia elétrica, por exemplo, na análise de circuitos RLC (que servem de base inclusive para modelos equivalentes de dispositivos eletrônicos), representando senóides como exponenciais complexas. Para mostrar as vantagens deste processo vamos discutir um gerador de corrente senoidal descrito por: i A cos(t ) A e j (t ) e j (t ) Real Ae j e jt 2 Considere-se então o efeito da aplicação desta corrente ao circuito RLC (figura seguinte). Define-se a corrente I como um número complexo que tem módulo igual à amplitude da senóide e argumento igual à fase da senóide, isto é: 8 I I e j i Ie j t , com I A e I Sabe-se que: di 1 v Ri L idt dt C 1 d RIe jt L Ie jt Ie jt dt dt C R i C Então: L 1 j t Ie Ve jt R jL jC onde 1 I ZI Z e j I e j Z I e j ( ) V R jL j C j Onde a grandeza Z Z e , é um número complexo (fasor), denominada impedância: 1 j Z R j L Ze C sendo 1 Z R 2 L ; C tg 1 L 1 C R A aplicação de I * | I | e j (conjugado de I) ao mesmo circuito conduziria ao resultado V * (Z .I )* Z *V * | Z | e j | I | e j | V | e j ( ) . Como vale o princípio de superposição pode-se garantir que: v ou 1 Ve jt V * e jt Real Ve jt Real Z e j I e j e jt 2 v Z A cos t Portanto, |Z| altera a amplitude de v por multiplicação e altera sua fase por adição. 9 Pode-se observar que a solução se transformou em um problema algébrico devido ao fato de que, para os sinais exponenciais, a derivação se transformou numa operação de multiplicação por j, e a integração em uma divisão por j. A maneira geral de resolver os problemas pode agora ser metodizada pelos seguintes estágios: (1) Passagem das excitações senoidais para números complexos correspondentes, que podem ser designados como seus transformados. (2) Solução do problema no campo transformado dos números complexos – fasores, isto é, solução do problema algébrico. (3) Passagem de volta dos transformados para as soluções explicitas. Depois de um pouco de prática, os estágios 1 e 3 podem ser mantidos implícitos, e as soluções e interpretações relizadas inteiramente no campo complexo, isto é, do modo como realmente ocorrem na analise de circuitos elétricos em corrente alternada (senoidal). Exercícios 1) Mostre que: e j e j a) cos ; 2 e j e j b) sen 2j c) cos( A B ) cos AsenB cos BsenA 2) Mostre que r cos(t ) A cos t Bsen t com r A 2 B 2 e tg 1 B . A 3) Mostre que: 2 a) b) 2 2 2 sen mx sen kx dx 0 0 cos mx cos kx dx mk cos mx sen kx dx 0 0 sen mxdx cos mxdx 0 0 2 c) 0 Observação: símbolo de delta de Kronecker é definido como sendo mk 1 para m = k e mk 0 para m k. 4) Represente z* na forma polar. Observação: define-se a operação de conjugação de um número complexo z a bj a 2 b 2 e jtg 1 b Conjugado z z* z a jb 10 a como sendo: 2- SÉRIE DE FOURIER ( xp(t) = ) Resumindo, sinal é um dos elementos básicos em Eletrônica. Traz inerente a si, através de manipulações convenientes que a ele associamos, a informação. A análise matemática dos sinais pode ser feita no domínio de frequência ou do tempo. Em nosso estudo, esta análise será feita no domínio de frequência, onde as técnicas matemáticas são mais simples e significativas. ~ Os sinais podem ser determinísticos ou aleatórios. Sinal determinístico é aquele em que o sinal é uma função bem determinada do tempo; é aleatório quando o sinal estiver na dependência de uma função probabilística. Quando o sinal for determinístico periódico, emprega-se Série de Fourier, como caracterização do sinal no domínio de frequência. Para sinais determinísticos aperiódicos emprega-se a teoria de probabilidade. Sinais determinísticos periódicos Um sinal f(t) é dito periódico, quando for válida a relação: f (t ) f (t nT ) onde n = 0, 1, 2, ... e T é o período. Uma função periódica que obedece às condições de Dirichlet pode ser desenvolvida em série de Fourier. Tais condições são: a) f(t) é definida num intervalo (a, b) b) número finito de máximos e mínimos em (a, b) c) número finito de descontinuidades em (a, b) d) possuir derivada à direita e à esquerda do ponto de descontinuidade. Série trigonométrica de Fourier (de senos e cossenos) Uma função f(t) periódica pode ser desenvolvida por uma combinação linear de senos e cossenos: f (t ) a0 (a n cos n 0 t bn sin n 0 t ) 2 n1 (1) é a frequência angular fundamental. onde Um modo equivalente de se escrever a relação (1) é o seguinte - série trigonométrica de Fourier (de cossenos): f (t ) E 0 E n cos(n 0 t n ) n 1 sendo que E0 a0 1 bn 2 2 , E n a n bn e tg . an 2 11 Dada uma função periódica, para expressá-la em série de Fourier só é necessário a determinação dos coeficientes de Fourier (an, bn) que são obtidos utilizando-se da ortogonalidade das funções seno e cosseno. Ortogonalidade do seno e do cosseno. As propriedades de ortogonalidade, do seno e cosseno são: 2 d) e) 2 sen mx sen kx dx cos mx cos kx dx 0 2 sen mxdx cos mxdx 0 (2) 0 2 0 mk 0 (3) 2 f) cos mx sen kx dx 0 (4) 0 Lembrando que o símbolo delta de Kronecker é definido como sendo mk 1 para mk 0 para mk. Determinação dos coeficientes de Fourier a) Cálculo de a0 Integrando-se ambos os lados da expressão (1), resulta: 2 a 0 f t d t ( ) ( ) (a n cos n0 t bn sin n0 t ) d (0 t ) 0 0 0 2 n 1 a 2 a 1 2 0 d (0 t ) 0 2 a0 a0 f (t )d (0 t ) 2 0 2 0 2 Mas a 0 1 2 0 f (t ) d ( 0 t ) 1 2 0 1 2 2 f (t ) d t a0 T T T 0 f (t ) dt Finalmente obtém-se: a 0 2 T f (t )dt T 0 (5) Pela expressão (5) verifica-se que o termo a0/2 é o valor médio da função f(t). b) Cálculo de ak para k0 Multiplicando ambos os lados da expressão (1) por cos k0t e integrando, resulta: 12 m=k e 2 a 0 f ( t ) cos k t d ( t ) ( a cos n t b sin n t ) cos k0 t d (0 t ) 0 0 n 0 n 0 0 0 2 n1 1 2 an kn ak ak f (t ) cos k0 t d (0 t ) 2 n 1 0 Obtém-se assim o resultado final: ak 2 T f (t ) cos k0 t dt T 0 (6) b) Cálculo de bn: Utilizando procedimento análogo ao feito para o cálculo de an, obtém-se: bk 2 T f (t ) sen k0 t dt T 0 (7) Propriedades da série de Fourier trigonométrica 1. Para o cálculo dos coeficientes de Fourier de uma função periódica não é importante aonde se inicia a integração, mas sim que a mesma seja efetuada dentro de um intervalo correspondente a um período. Esta propriedade decorre do fato de que para sinais periódicos (nas expressões abaixo f(t) é periódico de período 2/0), vale: e 2. Uma função par a qual caracteriza-se por: tem os coeficientes dos termos em senos da série de Fourier nulos. 3. Uma função impar é caracterizada por: e, neste caso, os coeficientes dos termos em cossenos são nulos. Exemplo 1 Desenvolver em série de Fourier Trigonométrica a onda quadrada. 13 Onda quadrada. Como a função f(t) é impar, ela só terá os termos em senos no seu desenvolvimento da série de Fourier: Portanto 14 Série Exponencial de Fourier A série exponencial pode ser escrita na forma exponencial: (8) o que pode às vezes resultar em cálculos matemáticos mais simples para a obtenção dos coeficientes de Fourier. A série exponencial em (8) pode ser obtida da série trigonométrica, substituindo-se na expressão (1) as seguintes identidades: e Pode-se verificar então que: (9) (10) (11) Cálculo de An Substituindo-se (5) a (7) nas expressões (9) a (11), resulta: de onde (12) 15 ou (13) As expressões (12) e (13) permitem o cálculo de An e são bastante gerais, pois podem ser aplicadas para o cálculo de A0, fazendo-se n = 0, e de A-n substituindo-se por -n. Propriedades da Série Exponencial de Fourier 1. An é um número complexo, portanto pode ser caracterizado por um módulo e uma fase: (14) (15) (16) 2. An é complexo conjugado de A-n, ver (11). 3. Se então o que vale dizer que os coeficientes da série de Fourier são reais, ver (10) e (11). 4. Se então o que significa que os coeficientes da série são imaginários, ver (10) e (11). Exemplo 2 Calcular a série de Fourier do pulso periódico. 16 Pulso periódico. Utilizando a equação (1.12b), resulta: logo (17) 17 Espectros Discretos O espectro serve para caracterizar um sinal periódico no domínio da frequência. Espectro de amplitudes É a representação gráfica das amplitudes das harmônicas em função da frequência. Espectro de fases É a representação gráfica das harmônicas em função da frequência. Espectro Unilateral Uma função periódica pode ser escrita na forma: O gráfico de En em função da frequência (figura a) corresponde ao espectro unilateral de amplitudes. O gráfico de n em função da frequência (figura b) corresponde ao espectro unilateral de fases. Os espectros são ditos unilaterais porque são definidos no semi-eixo positivo da frequência. a) Espectro unilateral de amplitudes b) Espectro unilateral de fases. Exemplo 3 - Espectro Unilateral da onda Quadrada No Exemplo 1 vimos que a série de Fourier correspondente à onda quadrada é: o que pode-se reescrever na forma: 18 (18) Utilizando a relação (18) podemos esquematizar o espectro de amplitudes e fases da onda quadrada, que são apresentados nas figuras seguintes. a) Espectro de amplitude da onda quadrada b) Espectro de fases da onda quadrada Espectro Bilateral O espectro bilateral é a representação dos módulos e fases dos coeficientes An (série exponencial) em função da frequência. Dele diz-se bilateral porque n varia de (-, ) e desse modo utilizamos os semi-eixos positivo e negativo de frequência. Um sinal periódico se representa em série de Fourier exponencial na forma: e as figuras a e b mostram os espectros de amplitude e de fases em configuração bilateral. Das propriedades já citadas dos coeficientes da série exponencial podemos concluir que o espectro bilateral de amplitudes é uma função par e o seu espectro de fases correspondente é uma função impar. 19 a) Espectro bilateral de amplitudes Exemplo 3 - Espectro bilateral do pulso periódico. b) Espectro bilateral de fases; Do exemplo 2, relativo ao pulso periódico de largura, deduz-se que: (19) do qual pode-se reproduzir a representação espectral ilustrada na seguinte figura: Espectro bilateral do pulso periódico. No caso particular do pulso periódico preferimos representar em gráfico An e não |An| em função da frequência, pelo fato de An ser real. Dessa maneira podemos condensar simultaneamente a informação de amplitudes e fases num único - gráfico. Observamos da 20 figura anterior que a envoltória do espectro do pulso periódico segue a função (sen x) / x, tendo pontos de nulos nas frequências múltiplas de 2 / . Define-se normalmente uma largura de faixa para a transmissão do pulso periódico em função da largura de pulso. A largura de faixa em frequência (angular) de um pulso retangular periódico de largura temporal pode ser aproximada à B = 2 / pois a maior parte da energia deste sinal está contida no intervalo [0, 2 /] – note que amplitude das componentes senoidais neste intervalo são “bem maiores” que as dos demais intervalos. Análise Harmônica - Série de Fourier em circuitos RLC Em virtude do principio de superposição, a mesma técnica de fasores pode ser aplicada a sinais que sejam a soma de senóides ou de exponenciais complexas. A série de Fourier permite então estender o procedimento visto para sinais senoidais a uma classe maior de sinais que são os sinais periódicos, desde que satisfaçam condições de Dirichlet, pouco restritivas na prática. O tratamento das componentes senoidais de um sinal periódico qualquer é denominado análise harmônica de sinais periódicos. Deste modo, uma função periódica pode ser escrita como: f (t ) F e n n jn 0 t onde 0 = 2n/T é a frequência fundamental e os coeficientes Fn são dados por: T 1 2 Fn f (t )e jn0t dt T nT 2 Cada componente pode então ser multiplicada por uma impedância, admitância ou função de transferência para dar as componentes correspondentes da solução particular. Assim, uma corrente de forma periódica pode ser escrita como: i (t ) I n n e jn0t Esta corrente, atravessando uma impedância, causará a seguinte tensão: v (t ) V e n com n jn 0 t Vn I n Z (n0 ) Novamente, caso se deseje, é possível obter o sinal de tensão que realmente ocorre no circuito tomando-se a parte real do resultado anterior. 21 Exercícios 1) Deduza a expressão (7) para o cálculo dos coeficientes bk da serie trigonométrica (de senos e cossenos), ou seja: bk 2 T f (t ) sen k0 t dt T 0 2) Obtenha os coeficientes da serie trigonométrica (senos e cossenos) de Fourier do sinal de onda quadrada definida a seguir: A ‐3/2 ‐/2 /2 3/2 5/2 0t ‐A 3) A partir das seguintes expressões da serie exponencial de Fourier e da serie trigonométrica (de senos e cossenos) de Fourier: f (t ) A e n n jn 0 t e f (t ) a0 (a n cos n 0 t bn sin n 0 t ) 2 n 1 relacione os coeficientes A0 , An e An com os coeficientes a0 , a n e bn - ver expressões de (9) a (11). Prove também as expressões (12) e (13): 1 An 2 2 f (t )e jn0t 0 T 1 d ( 0 t ) e An f (t )e jn0t dt T0 4) Demonstre as expressões (15) e (16). Dica: use a expressão (10). 5) A partir das seguintes expressões da serie exponencial de Fourier e da serie trigonométrica (de cossenos) de Fourier: f (t ) A e n n jn 0 t e f (t ) E 0 E n cos n 0 t n n 1 relacione os coeficientes A0 , An e An com os coeficientes E0 , E n e n . Compare com o resultado do exercício (3). 22 ~ 3- TRANSFORMADA DE FOURIER – TF ( x(t) = ) Vimos que a série de Fourier permite a análise de sinais periódicos pela sua decomposição em sinais senoidais. A seguir a mesma técnica é generalizada para sinais aperiódicos, chegando-se a Transformada de Fourier. Quando os sinais ou excitações f(t) não são periódicos, não podem ser decompostos em série de Fourier, e, portanto não podem ser caracterizados pelo espectro de frequência. Mas seria útil se o mesmo procedimento pudesse ser estendido a sinais aperiódicos, pois assim seria possível resolver uma família maior de problemas. A extensão do procedimento com sinais periódicos para sinais aperiódicos pode ser feita deixando o período T crescer indefinidamente. Condições suficientes para que isto possa ser feito são as seguintes: (1) Há um número finito de descontinuidades de f(t) em cada intervalo de tempo finito. (2) Existe derivada a direita e a esquerda em cada ponto. (3) As funções f(t) são de módulo integrável: | f (t ) | dt finita. A condição (3) exige que a função f(t) tenda para zero quando t = + com suficiente rapidez. Agora, escreve-se: o 2 T Quando o período T cresce indefinidamente, tenderá para zero. expressão (8), 0 por , tem-se: f (t ) F e jn t (19) n n Substituindo-se, na Usando a expressão (13) e notando que a região de integração é realizada em todo intervalo de um período da função, que agora é de - a +, resulta para o coeficiente Fn o seguinte: Fn 2 f (t )e jnt dt (20) Vê-se que, a medida que o período T cresce, as frequências das componentes do espectro de frequência ficam cada vez mais próximas e suas amplitudes diminuem. Para período infinito, define-se a densidade de componentes harmônicas por unidade de frequência (angular) como sendo: 23 F ( n ) Fn 1 ( 20 ) F ( ) 2 (19 ) f (t ) e F ( n ) e f (t )e jnt dt (21) jn t (22) n Obtém-se assim o espectro contínuo, que caracteriza os sinais aperiódicos. Pode-se dizer que a função f(t) está sendo considerada como a superposição de uma infinidade de componentes exponenciais (ou senoidais) com densidade F(). Estabelecendo-se = n e ( d) 0 nas expressões (22) e (21), obter-se-ia: f (t ) F ()e jt d F () 1 2 f (t )e jt dt Entretanto, em engenharia o fator 1/2 normalmente é utilizado na definição da antitransformada de Fourier (por que esta liberdade na definição é possível?). Assim resultam as seguintes definições: f(t) = F -1 F () 1 2 F ()e jt d F() = F f (t ) f (t )e jt dt ou f (t ) 1 2 jt F ()e d F () f (t )e jt dt (23) Que são denominadas respectivamente de Antitransformada de Fourier da função F() e Transformada de Fourier da função f(t). Espectro contínuo em frequência do sinal f(t) Pode-se escrever: F ( ) F ( ) e onde j ( ) F ( ) é a amplitude e F ( ) é a fase de F(). Desta forma necessita-se de um diagrama para a amplitude e outro para a fase para representar F(), figura a seguir. Tais representações correspondem ao espectro continuo em frequência do sinal f(t). 24 Magnitude e fase de um F() típico em função da frequência. Como já discutido, uma função y(x) é par se y(-x) = y(x) e é impar se y(-x) = -y(x). Logo esta figura indica que a magnitude de F() é uma função par e que a sua fase é impar. Isto pode ser provado considerando-se que a função f(t) é real. Então, de (23): F ( ) f (t )e jt dt F * ( ) n f (t )e j t dt F ( ) n Ou ainda: F ( ) F * ( ) F ( ) e F ( ) F * ( ) F ( ) . Portanto, pode-se afirmar que o espectro da amplitude é uma função par, pois F ( ) F ( ) e que o espectro de fase é uma função impar, pois F ( ) F ( ) . Análise Harmônica de sinais aperiódicos Costuma-se adotar o ponto de vista de considerar F() como uma função da frequência angular associada a f(t), e chamá-la de representação de f(t) no domínio frequência. Do mesmo modo que na serie de Fourier cada “componente senoidal de uma TF” (área sob a curva da TF com largura d) deve ser multiplicada por uma impedância, admitância ou função de transferência para se obter as componentes correspondentes da solução particular. Por exemplo, a transformada de Fourier de uma dada corrente i(t) pode ser escrita como: 1 I ( ) 2 i(t )e jt dt n 25 Esta corrente atravessando uma impedância Z irá causar uma queda de tensão que resulta das seguintes operações: V ( ) Z ( ).I ( ) v(t ) Z ( ).I ( ).e jt d n Este cálculo denominado análise harmônica de sinais aperiódicos é constituído dos seguintes estágios: (1) Passagem da função de entrada f(t), no domínio tempo, para a sua representação no domínio frequência F() por meio de uma transformação de Fourier. (2) Solução do problema algébrico, usando funções complexas, no domínio frequência. (3) Volta para o domínio tempo pelo cálculo da Antitranformada da saída, caso se considerar necessário. 26 Impoortantes sin nais e suas ttransformaadas Funçção impulsoo unitário (de Dirac) A funnção Impulsso Unitário (t ) é umaa das mais importantes i funções noo estudo de ssinais e sistem mas. Ela foii inicialmentte definida ppor P.A.M.D Dirac. nição: Defin ( t ) ddt 1 ( t ) 0 t0 t0 A funnção impulsso só tem seentido de deefinição na área em quue a mesma se concentrra, ou seja, na origem, t= 0. Portaanto 0 (t )dt (t )dt 1 0 (24)) onde 0 e 0 sãão valores arrbitrários peequenos quee se aproxim mam da origgem pela dirreita e pela esquerda. e A funnção impulsso unitário ppode ser connsiderada um m pulso estrreito de áreaa unitária coom o 1 limitee de larguraa 0 e am mplitude conforme figurra a seguir: A reppresentação gráfica da F Função Imppulso de Dirac é apresenntada na figuura abaixo. 27 f(t) (t ) t 0 Propriedade da amostragem da “função” de Dirac (t ) (t ) dt (0) , onde (0) é uma função continua na A propriedade da amostragem origem, é verificada através da multiplicação (t ) por um pulso estreito como mostrado na figura abaixo, que representa (t ) quando se faz o limite de 0 . 1 (t ) 2 2 O produto (t ) (t ) é então aproximado pelo valor (0) 2 , 2 . Resulta daí que: (0) (t ) (t )dt dt 2 2 (0) dt 2 0 2 0 1 que é constante no intervalo (0) (0) cqd. 0 Esta propriedade significa que a área sob o produto da função com um impulso (t ) é igual ao valor da função no instante onde o impulso unitário é localizado. Nesta derivação assumimos que a função é continua no instante em que o impulso é localizado. O resultado acima pode ser generalizado para: (t ) (t t ) dt (t ) 0 (25) 0 28 A transformada de Fourier da função impulsiva unitária na origem é dada por: (t ) (t )e jt dt e j 0 1 (26) Cujo gráfico é apresentado na figura abaixo. F( ) 1 0 Representação integral da função de Dirac De (t ) 1 conclui-se que: 1 1 (t ) (t ) 1 1 e jt d 2 2 1 1 1 (t ) 2 e jt d e jt 1 d () 2 e jt d (27) Função degrau unitário Outra função também muito utilizada no estudo de sinais é a função degrau unitário, normalmente escrita como u (t ) e definida por: 1 u (t ) 0 t0 t 0 Sua representação gráfica é dada por: 29 u (t ) 1 t 0 Um sinal g (t ) é causal quando possuí a seguinte propriedade: g (t ) 0 t 0 Um sinal g(t) em que isto não ocorra pode ser transformado em causal f(t) multiplicando o sinal original por u(t): f(t)= g(t).u(t) Vamos observar um exemplo a seguir: O sinal e at , figura “a” seguinte, representa uma exponencial que começa em t 0 . Se quisermos que este sinal comece em t = 0 (forma causal), deve-se descrevê-lo como e atu(t ) sendo sua representação gráfica a apresentada na figura “b” abaixo. g(t) f(t) e at . u(t ) e at 0 0 t figura a figura b A transformada de Fourier da função degrau unitário na origem é dada por: u (t ) u(t )e jt dt e 0 jt 1 dt e jt j 30 0 1 j (28) Exemplos de Transformada de Fourier (e de Antitransformada de Fourier) Calculemos transformadas e antitransformadas de Fourier para alguns casos. 1) Função exponencial: Ela é dada por: 2) Pulso retangular: Isto pode ser simplificado para: Desde que X() é uma função real de w, sua fase é zero para todo w. O gráfico de X() é apresentado na figura seguinte. Transformada de Fourier de um pulso retangular. 31 3) Função g (t ) cos ot cos o t 1 j 0 t e e j 0 t 2 Relação de Euler e j0t 2 ( 0 ) e j0t 2 ( 0 ) cos o t 1 2 ( 0 ) 2 ( 0 ) 2 cos o t 2 1 ( 0 ) ( 0 ) da qual resulta: 2 cos o t ( 0 ) ( 0 ) Espectro da Função cos 0 t 0 5) Função g (t ) sinot sen o t 1 j 0 t e e j 0 t 2j Relação de EULER e j0t 2 ( 0 ) e j0t 2 ( 0 ) sen o t 1 2 ( 0 ) 2 ( 0 ) 2j 32 sen o t 2 1 ( 0 ) ( 0 ) da qual resulta: 2j sen o t j ( ) ( ) 0 0 sen 0 t Espectro da Função j 0 0 4) 1 ( 0 ) Usando a propriedade de amostragem da função impulso temos: 1 1 ( 0 ) ( 0 )e jt d e j0t 2 2 1 Portanto; 1 j 0 t e ( 0 ) ou 2 Temos ainda que: e j0t 2 ( 0 ) e j0t 2 ( 0 ) 33 7) 1 ( ) g ( t ) G ( ) 1 ( ) 1 2 1 g(t ) 2 ( )e jt G ( ) e jt d onde G(ω ) δ (ω ) d 1 2 (t ) ( ) 1 0 t 1 ( ) 2 ou 0 1 2 ( ) 34 Propriedades da Transformada de Fourier 1) Propriedade da Simetria Se f (t ) F ( ) então F (t ) 2 f ( ) Demonstração: 1 Tomando - se a equação f (t ) 2 F ( )e temos: 2 f (t ) jt F ( )e j t d d Nesta integral, é uma variável simbólica e, portanto pode ser substituída por outra variável qualquer. Por exemplo, uma variável x. Assim: 2 f (t ) F ( x )e jxt dx Trocando agora a variável t por resulta: 2 f ( ) F ( x )e jx dx Da mesma forma substituindo a variável simbólica x por outra variável t, teremos: 2 f ( ) F (t )e jt dt F (t ) ou F (t ) 2 f ( ) Isto demonstra claramente a propriedade de simetria quando f(t) é uma função par. No caso em que f ( ) f ( ) a equação F (t ) 2 f ( ) se reduz a: F (t ) 2 f ( ) Como foi demonstrado, pode se notar que a transformada de Fourier de uma função pulso retangular, é a função amostragem e que a transformada de Fourier de uma função amostragem é um pulso retangular. 35 Assim fica demonstrado que a propriedade de simetria se aplica a todas as funções pares. 2) Propriedade da Linearidade g11 (t ) G11 ( ) g 2 (t ) G2 ( ) g1 (t ) g 2 (t ) G1 ( ) G2 ( ) então se considerarmos quaisquer constantes arbitrárias a 1 e a 2 a1 g1 (t ) a2 g 2 (t ) a1G1 ( ) a2G2 ( ) a1 g1 (t ) a2 g 2 (t ) ..... an g n (t ) a1G1 ( ) a2G2 ( ) ..... anGn ( ) 3) Propriedade da Escala Uma expansão do domínio do tempo equivale a uma compressão no domínio da frequência e vice - versa. Se g (t ) G ( ) Então para uma constante real a, temos: g (at ) 36 1 G a a Demonstração: Se a > 0 (Real) g (at ) g (at )e jt dt fazendo x at 1 1 ( j ) x g ( x)e a dx G a a a 1 portanto g (at ) G ( ) a a 1 se a < 0 então g ( at ) G a a temos: g (at ) 1 G a a g (at ) 4) Translação em frequência Se g (t ) G ( ) então g (t )e j 0 t G ( 0 ) Este teorema estabelece que numa defasagem de 0 no domínio da frequência equivale a multiplicar a função f(t) por e j 0 t no domínio do tempo. A multiplicação da função pelo fator e j 0 t translada todo o espectro da frequência em 0 . Demonstração: g (t )e j 0 t G ( 0 ) g (t )e g (t )e j 0 t j 0 t j 0 t e dt g (t )e Portanto: g (t )e j o t G 0 37 j ( 0 ) t dt G 0 5) Defasagem no tempo Teorema Se g (t ) G ( w) Então g(t t 0 ) G( w). e j t0 Demonstração: x g (t t ) . e g (t t 0 ) j t0 0 dt x Substituindo t t0 x dt dx e obtém-se: g (t t 0 ) x x g (t t 0 ).e j ( x t 0 ) x dx = g ( x).e x onde x g ( x).e jx dx G( ) x Portanto: g (t t 0 ) G( ).e j t0 38 jx .e jt0 dx e jt0 x g ( x).e x jx .dx Transmissão de sinais através de Sistemas Lineares Colocando-se na entrada de um sistema uma função f(t) teremos na saída desse mesmo sistema outra função r(t). Quando o sistema não introduzir em r(t) frequências diferentes daquelas existentes no conteúdo harmônico de f(t), o sistema em questão será dito linear. É de nosso interesse conhecer a resposta r(t) de um sistema quando excitado por um sinal f(t) na entrada. A figura abaixo ilustra em diagrama de bloco a representação generalizada de um sistema. Sinal através de sistema Resolve-se este problema utilizando o domínio da frequência a depois retornando ao domínio do tempo. As transições entre esses dois domínios serão feitas através da transformação de Fourier. A transformada G () é conhecida como função de transferência. Ela a uma característica do sistema a possibilita fazer a 1igacao no domínio de frequência de F() com R(). A transferência G() depende apenas dos parâmetros do sistema a nos indica que em uma dada frequência o sinal - de entrada sofrerá alterações em fase e em amplitude, sendo que: Transmissão sem distorção Um sistema ideal é aquele que transmite qualquer sinal sem causar-lhe deformação. Um sistema é dito sem distorção quando: onde f(t) é o sinal de entrada, r(t) é o sinal de saída e ta é o atraso imposto pelo sistema. 39 As figuras seguintes ilustram esquematicamente o sinal de entrada e de saída quando um sistema não apresenta distorção. Transmissão sem distorção (a) sinal de entrada; (b) sinal de saída. Deseja-se determinar qual a característica que deve ter a função de transferência para que o sistema seja considerado sem distorção. Caso f(t) tenha Transformada de Fourier F() então a transformada de Fourier de k f(t-ta) será dada por: r(t) = (veja o item “time shift”, da Tabela de propriedades da transformada de Fourier – página 41) Como F() e R() estão relacionadas pela transferência do sistema G(), sendo que: chega-se a conclusão de que para um sistema no introduzir distorção a sua transferência deverá ser igual à: Desta relação concluí-se que para um sistema não introduzir distorção é necessário que a sua curva de resposta em amplitude seja constante em toda a faixa de frequência e que sua 40 curva de fase seja linear com a frequência. Na prática esta condição é ideal, pois todos os sistemas apresentam limitação de faixa. Na figura a seguir apresentam-se as características de amplitude e fase de um sistema para que não ocorra distorção do sinal processado. (a) (b) (a) curva do ganho em amplitude de um sistema sem distorção; (b) curva de fase de um sistema sem distorção. Largura de faixa de um Sistema A constância da magnitude G ( ) em um sistema é especificada normalmente pela sua largura de faixa. A largura de faixa de um sistema é definida arbitrariamente como o intervalo de frequências no qual a magnitude G ( ) permanece dentro de 1 vezes (dentro de 3 dB ) 2 o seu valor na metade da faixa. A largura de faixa de um sistema, cujo gráfico G ( ) é mostrado na figura abaixo, é 2 1 . 41 Para uma transmissão sem distorção, precisamos, evidentemente, de um sistema com largura de faixa infinita. Devido às limitações físicas, é impossível construir esse sistema. Na prática pode-se conseguir uma transmissão sem distorção satisfatória, mediante sistemas com larguras de faixa finitas, mas suficientemente grandes. Para qualquer sinal físico, o conteúdo de energia diminue com a frequência. Por isso, só é necessário a construção de um sistema que transmita as frequências que contenha a maior parte da energia do sinal. A atenuação dos componentes de frequência extremamente alta tenderia a causar uma distorção muito pequena, uma vez que essas componentes carregam muito pouca energia. Exercícios 1. Encontre a TF de f (t ) e a t . Desenhe seu espectro 2. Encontre a TF de f (t ) e a t t0 . Desenhe seu espectro. 3. Determine a TF da função g ( t ) sen 0 t . 4. Determine a TF do pulso retangular mostrado na figura a seguir e desenhe seu espectro de frequência. g (t ) 1 T2 T 2 t 5. Encontre a TF para a função representada abaixo: 42 g(t) e at t T 6. Mostre que g (t T ) g (t T ) 2G ( ) cos T 7. Mostre que: (t ) (t t ) dt (t ) 0 0 8. Mostre que e j 0 t 2 ( 0 ) 9. Prove as propriedades das TFs apresentadas na Tabela seguinte: 10. “Relacione” a TF com a Transformada de Laplace. 43 4- CONVOLUÇÃO Considere conhecida a saída h(t) de um sistema (bloco de processamento – figura abaixo) quando sua entrada é um impulso unitário de Dirac. h(t) (t) H Então, para um sistema do tipo linear e invariante no tempo (LIT) e conhecida uma entrada x(t) genérica é possível a partir de h(t) determinar a saída y(t), isto é: y(t) x(t) Dado H então é possível obter y(t) de x(t) e de h(t) se: y(t-) x(t-) Ax(t)+Bx’(t) Ay(t)+By’(t) H H o sistema for invariante no tempo e ... linear. Para tal a função de entrada x(t) será aproximada por uma soma de impulsos como apresentado na figura abaixo. x(t) Ak (t-k) ; - < k < x(k) x Ak = x(k) k t Aproximação da entrada por meio de impulsos. 44 Desta figura pode-se escrever: x(t ) A (t k k k ) com Ak x( k ) Cada componente impulsiva Ak (t k ) na entrada irá gerar uma resposta na saída do sistema LIT igual à Ak h(t k ) . A saída total será então a soma destas respostas individuais, ou seja, igual à: y(t ) A h(t k k k ) x( k k )h(t k ) Quando se aproxima de zero, pode-se escrever: y(t ) x( )h(t )d A expressão acima por definição é a convolução entre a resposta impulsiva e o sinal de excitação y(t) = x(t) * h(t). Genericamente a convolução entre duas funções f1 (t ) e f 2 (t ) é igual a uma função f ( t ) obtida pela integral: f (t ) f1 (t ) * f 2 (t ) f ( ) f 1 2 (t )d Os seguintes teoremas da convolução são provavelmente os instrumentos mais eficazes na análise de sinais e de seus harmônicos dos quais se obtém com facilidade muitos resultados importantes. Teorema da convolução no tempo Se f1 (t ) F1 ( ) f 2 (t ) F2 ( ) Então f ( ) f 1 2 (t ) d F1 ( ) F2 ( ) ou f 1 ( t ) * f 2 ( t ) F1 ( ) F2 ( ) 45 Demonstração: f 1 ( ) f 2 (t ) d dt e f (t ) e f 1 (t ) * f 2 (t ) j t f 1 (t ) * f 2 (t ) j t 1 f 2 ( t ) dt d F2 ( ) e j t Pela propriedade da defasagem no tempo f (t t 0 ) F ( ) e j t0 Portanto f 1 (t ) * f 2 (t ) f 1 ( ) e j F2 ( ) d F1 ( ) F2 ( ) cqd. F1 ( ) Teorema da convolução em frequência Se Então f1 (t ) F1 ( ) ) f 2 (t ) F2 ( f 1 (t ) f 2 (t ) 1 2 F (u) F ( u ) du 1 2 ou f 1 (t ) f 2 (t ) 1 F ( ) * F2 ( ) 2 1 cqd. Observe que usando o teorema da convolução no tempo o sinal de saída pode ser calculado do seguinte modo: f s (t ) g (t ) * f e (t ) 1 G( ) Fe ( ) 46 Algumas relações da convolução 1. Lei Comutativa f 1 (t ) * f 2 (t ) f 2 (t ) * f 1 (t ) 2. Lei Distributiva f 1 (t ) * f 2 (t ) f 3 (t ) f 1 (t ) * f 2 (t ) f 1 (t ) * f 3 ( t ) 3. Lei Associativa f 1 (t ) * f 2 (t ) * f 3 (t ) f 1 (t ) * f 2 (t ) * f 3 (t ) F1 ( ) F2 ( ) F3 ( ) F1 ( ) F2 ( ) F3 ( ) Processo de Convolução Gráfica O processo matemático para cálculo da convolução, muitas vezes apresenta dificuldades e gera complicadores que exigem do aluno um conhecimento bastante profundo e detalhado de ferramentas específicas de cálculo. Há vários casos em que dois sinais r(t) e s(t) são representados por funções matemáticas complexas, ou ainda representados por formas de onda não muito conhecidas e que portanto dificultam a escrita da função matemática que os define. Como simplificação para o cálculo da convolução destes sinais, podemos utilizar um método onde não há necessidade de detalhar estas funções através do processo matemático de integração. Este método é relativamente simples e pode ser utilizado para muitas aplicações em sistemas de comunicação. O método consiste na observação do comportamento de r(t) e s(t) através da convolução gráfica destas funções. Exemplo: Calcule a convolução gráfica de r(t) com s(t), quando r(t) e s(t) são pulsos como mostrado abaixo: r(t) s(t) 1 1 t -1 t 1 -2 2 Solução procedimento para o calculo da convolução entre r(t) e s(t) é mostrado a seguir: 47 48 Exercício: Use a técnica da convolução gráfica para calcular a convolução das funções mostradas abaixo: 49 O resultado desta convolução é apresentado a seguir: Exercícios 1. Encontre v*v*v(t) (convolução tripla) de v(t), onde v(t) é um pulso retangular de largura e amplitude iguais a 1. Utilize convolução gráfica para obter a solução. 2. Determine as seguintes integrais da convolução: (a) u (t ) * u (t ) ; (b) u (t ) * et .u (t ) ; (c) u (t ) * t u (t ) Verifique os resultados aplicando as Transformadas de Fourier 3. (a) Obter a corrente i(t) no circuito apresentado na figura seguinte sendo sua entrada, v(t), um impulso unitário no instante t= 0s. (b) Idem para v(t) = cos t. (c) Idem para v(t) igual a um impulso unitário no instante t= 1 s. 4. Use ( t ) 1 2 f (t ) F ( ) j ( t ) d em f ( ) ( t ) f (t ) dt para definir a transformação e f (t )e jt dt e sua inversa f (t ) 1 F ( ) 1 2 F ( )e jt d . 5. Considere a seguinte definição: um trem de impulsos unitários (neste caso de período T=1) é um sinal periódico formado por deltas de Dirac com a seguinte expressão: x(t ) (t k ) . (a) Obtenha a convolução z(t) = x(t) * y(t) sendo x(t) um trem de impulsos unitários (com T=1) e y(t) um sinal que seja nulo nos intervalos t < 0 e t > 1. (b) Encontre a TF de um sinal de um trem de impulsos unitários (com T=1). Resposta: X ( ) (t k ) 2 ( k 2 ) (c) Encontre a TF do sinal obtido em (a). (d) A partir do resultado em (c) obtenha a TF de um sinal periódico de período T qualquer. 50 5- SISTEMAS E CLASSIFICAÇÃO Representação de um Sistema Um sistema é um modelo matemático de um processo físico que relaciona um sinal de entrada ( excitação ) com um sinal de saída ( resposta ). Tomemos x e y como sendo os sinais de entrada e saída , respectivamente, de um sistema. Esse sistema pode ser interpretado como sendo a transformação ( ou mapeamento ) de x para y. Esta transformação é representada matematicamente pela seguinte notação: y Hx onde H é o operador que representa uma regra bem definida para a qual x é transformado em y. A relação acima é representada como mostra a figura (a) abaixo. Múltiplas entradas e/ou saídas também são possíveis como visto na figura (b). x Sistema y x1 Sistema xn H (a) y1 yn (b) Sistema com simples ou múltiplas entradas e saídas Sistemas contínuos ou discretos no tempo Se o sinal de entrada e saída x e y são sinais contínuos no tempo, então o sistema é chamado de sistema continuo no tempo. Se o sinal de entrada e saída x e y são sinais discretos no tempo ou seqüências discretas no tempo então o sistema denomina-se de sistema discreto no tempo. x Sistema y x n Sistema H (a) Sistema continuo no tempo (b) Sistema discreto no tempo 51 y n Sistema com memória e sem memória Um sistema pode ser chamado de sem memória se sua saída em qualquer tempo depende tão somente do mesmo tempo da entrada. Caso contrário o sistema é chamado com memória. Um exemplo de um sistema sem memória é um resistor R com entrada x(t) sendo uma corrente e que tem como saída y(t) uma tensão. A relação entrada-saída (Lei de Ohm) para um resistor é: y (t ) Rx (t ) Um exemplo de sistema com memória é um capacitor C com a corrente sendo a entrada x(t) e a Tensão como a saída y(t), assim: t y (t ) 1 x( )d C Um segundo exemplo de um sistema com memória é um sistema discreto no tempo para o qual a entrada e saída são relacionadas por: y n n x k k Sistemas Causal e Não-Causal Um sistema é chamado de causal se sua saída y(t) com um tempo arbitrário t t0 depende tão somente da entrada x(t) para t t0 . Isto é, a saída de um sistema causal no tempo presente depende somente do presente e/ou dos valores passados da entrada, e não dos valores futuros. Assim, em um sistema causal, não é possível se obter uma resposta na saída antes de se aplicar uma entrada para o sistema. Um sistema é chamado de não-causal se ele é não satisfaz as condições acima, e pode ser exemplificado como segue: y (t ) x (t 1) y n x n Observe que todos os sistemas sem memória são causal, mas não vice versa. 52 Sistema Linear e Não Linear Se o operador H na equação y Hx satisfaz as duas condições que se seguem, então H é chamado de um operador linear e o sistema é representado por um operador linear T chamado de um sistema linear. Condições: 1. Adição: Dado que Hx1 y1 e Hx2 y2 , então: H x1 x2 y1 y2 para qualquer sinal x1 e x2 2. Escala: H x y para qualquer sinal x e qualquer escalar Qualquer sistema que não satisfaça as condições acima é classificado como um sistema não linear. As equações acima podem ainda serem combinadas entre si resultando em: H 1 x1 2 x2 1 y1 2 y2 este novo resultado (equação ) é também conhecido como superposição. Exemplos: Sistemas lineares resistor da equação y = Rx Sistemas Não Lineares y x2 e y cos x Uma interessante e intuitiva conseqüência da propriedade da escala é que em um sistema linear, para uma entrada de sinal x(t) = 0 a saída é também igual à zero. Sistema Invariante no tempo e Variante no tempo Um sistema é chamado de invariante no tempo se o sinal de entrada causa o mesmo deslocamento ( atraso ou avanço ) no sinal de saída. Assim , para um sistema continuo no tempo, o sistema é invariante no tempo se: H x(t t0 ) y (t t0 ) Para um sistema discreto no tempo temos: 53 H x n k y n k onde k é qualquer número inteiro. Quando o sistema não satisfaz a equação H x(t t0 ) y (t t0 ) , o sistema é dito variante com o tempo. Se o sistema é linear e também invariante no tempo, então ele é denominado de Sistema Linear Invariante com o Tempo abreviado por ( LTI ). Sistemas Estáveis Um sistema é do tipo entrada limitada/saída limitada (BIBO – bounded input / bounded output) estável se e somente se toda a entrada limitada resultar em uma saída limitada. A saída desse sistema não diverge da entrada se a entrada não divergir. Para colocar a condição de estabilidade BIBO em uma base formal, considere um sistema de tempo contínuo cuja relação de entrada e saída está de acordo com a descrição da equação abaixo. O operador H é BIBO estável se o sinal de saída y(t) e de entrada x(t) satisfizerem esta condição. y (t ) kn e x(t ) kn (saída) (entrada) onde kn é um número real, positivo e finito. Sistema com Realimentação Uma classe especial de sistemas com grande importância no estudo e aplicação de sistemas consiste na de sistemas com realimentação (feedback). Em um sistema com realimentação, o sinal de saída é realimentado e adicionado à entrada do sistema como mostrado abaixo: x(t ) y(t) Σ Sistema Sistema com Realimentação 54 Exemplo Considere o capacitor mostrado na figura abaixo. Faça a entrada x(t) = i(t) e a saída y(t) = vc (t ) Para estas considerações determine a relação entrada /saída do sistema Determine ainda se o sistema é: a) Sem-memória b) Causal c) Linear d) Invariante no tempo e) Estável Solução Assumindo que a capacitância C é constante, a tensão de saída vc (t ) sobre o capacitor e a corrente de entrada x(t) pode ser relacionada por: y (t ) H x(t ) t 1 x( )d C a) Observando a equação acima é fácil de ver que a saída y(t) depende dos valores de entrada iniciais e presente do sistema. Assim o sistema é com memória. b) Desde que a resposta do sistema não depende de valores futuros da entrada, o sistema é causal. c) A condição de linearidade é x(t ) 1 x1 2 x2 y(t ) 1 y1 2 y2 então t 1 y (t ) H x(t ) 1 x1 ( ) 2 x2 ( ) d c 55 1 t 1 t 1 x1 ( )d 2 x2 ( )d C C 1 y1 (t ) 2 y2 (t ) Portanto como a propriedade da superposição é satisfeita pode-se afirmar que o sistema é linear d) Fazendo y1 (t ) ser a saída produzida por uma corrente na entrada deslocada representada por x1 (t ) x(t t0 ) teremos: y (t ) H x(t t0 ) 1 c t t0 t 1 x( t0 )d c x( )d y (t t0 ) Neste caso o sistema é invariante no tempo e) x(t ) k1u(t ) com k1 0 t k k 1 y (t ) k1u ( )d 1 tu (t ) 1 r (t ) c C C onde r (t ) tu (t ) que é a função rampa unitária mostrada na figura abaixo. r (t ) tu (t ) 0 t Analisando as condições matemáticas e gráficas apresentadas, desde que y(t) cresce linearmente no tempo sem limite, o sistema é não estável (não BIBO). 56 Conexões em Cascata, Paralelo e com Realimentação Modelo básico x(t) X ( ) h(t ) r(t) R ( ) H ( ) Normalmente um sistema possui muitas unidades ou subsistemas interligados. Quando os subsistemas em questão são descritos por função de transferência individual, é possível e desejável juntá-las e considerar uma função de transferência do sistema global. As relações correspondentes para dois subsistemas ligados em paralelo, cascata e com realimentação são fornecidos abaixo. As configurações mais complexas podem ser analisadas pela aplicação sucessiva dessas regras básicas. Uma consideração essencial deve entretanto ser feita; quaisquer interações ou efeitos de cargas devem ser consideradas nas funções de transferência individuais de modo que representem a resposta real dos subsistemas no contexto do sistema global. A figura abaixo fornece o diagrama de dois subsistemas em paralelo; as duas unidades tem a mesma entrada e suas saídas são somadas para fornecer a saída do sistema. Da superposição segue-se que: Y( ) X( ).H1 ( ) X( ).H 2 ( ) ou Y( ) [ H1 ( ) H 2 ( )]. X( ) , de modo que a função de transferência global é: H( ) H1 ( ) H 2 ( ) Sistema em Paralelo H1 ( ) x(t) X( ).H1 ( ) Y( ) X( ).H1 ( ) X( ).H 2 ( ) + X ( ) H 2 ( ) X( ).H 2 ( ) 57 Na ligação em cascata, conforme figura a seguir tem-se: Cascata H1 ( ) X ( ) H 2 ( ) Y ( ) Y( ) X( ).H1 ( ).H 2 ( ) E, portanto a função de transferência é: H( ) .H1 ( ).H 2 ( ) A ligação em realimentação difere das outras duas, considerando-se que a saída é dirigida para trás através de H 2 ( ) e subtraída da entrada. Portanto: Y( ) H1 ( )X( ) Y( ).H 2 ( ) Assim: Y( ) H 1 ( ) X( ) 1 H1 ( ).H 2 ( ) Este caso é mais apropriadamente chamado de realimentação negativa, distintamente da realimentação positiva, onde o sinal realimentado é somado com a entrada em vez de ser subtraído. Com Realimentação X( ) + - + H1 ( ) X( ).H1 ( ) Y( ) H 2 ( ) H 2 ( ).Y( ) X ( ) Y( ) 58 H 1 ( ) X( ) 1 H1 ( ).H 2 ( ) Sistemas vistos como Interconexões de Operações Em termos matemáticos, um sistema pode ser isto como uma interconexão de operações que transforma um sinal de entrada num sinal de saída com propriedades diferentes das do sinal de entrada. Os sinais podem ser da variedade do tempo contínuo ou discreto, ou uma combinação de ambos. Digamos que o operador H (função de transferência) global denote a ação de um sistema. Então, a aplicação de um sinal de tempo contínuo x(t) à entrada do sistema produz o sinal de saída descrito por: y( t ) Hx ( t ) A figura (1) abaixo mostra uma representação em diagrama de blocos da equação acima. x(t) H y(t) De maneira correspondente, para o caso de tempo discreto podemos escrever a equação da seguinte forma: y(n ) Hx (n ) em que os sinais de tempo discreto xn e yn denotam os sinais de entrada e saída, respectivamente como descreve a figura (2 ) x[n] H y[n] Sistema Invariante no Tempo Diz-se que um sistema é invariante no tempo se um retardo de tempo ou avanço de tempo do sinal de entrada levar a deslocamento de tempo idêntico no sinal de saída. Isto significa que um sistema invariante no tempo reage de maneira idêntica, não importa quando o sinal de entrada seja aplicado. Em outras palavras, as características de um sistema invariante no tempo não se modificam com o tempo. Caso contrário, diz-se que o sistema é variante no tempo. 59 Exercícios 1) Considere o indutor apresentado na figura abaixo. Faça a entrada x(t) = v(t) e a saída y(t) = i(t). Para estas considerações determine a relação entrada /saída do sistema. Determine ainda se o sistema é: a) Sem-memória b) Causal c) Linear d) Invariante no tempo e) Estável 2) (a) Dos sistemas estudados neste capítulo quais se pode aplicar o teorema da convolução no tempo ou seja para os quais o sinal de saída pode ser calculado pela seguinte expressão: y(t ) x(t ) * h(t ) 1 H ( ) X ( ) . Por que? (b) Identifique cada elemento da expressão acima apresentada. 3) Demonstre que y(t) = x(t) * h(t), sendo h(t) = H{(t)}, x(t) entrada de um sistema H do tipo LTI e y(t) a sua saída, através da seguinte sequência: (a) Escreva x(t) usando a integral (de - a ) em d da função impulsiva (t-) vezes x(). (b) Aplique H{x(t)} na expressão obtida em (a). (c) Finalmente use H{ x(t) dt} = H{x(t)}dt em (b). Note que H atua apenas em funções que contenham explicitamente a variável t. Obs.: por linearidade H{ xk(t) t}= H{ xk(t)} t H{ 60 x(t) dt}= H{x(t)}dt. 6- ESPECTRO DE DENSIDADE DE ENERGIA Um parâmetro útil de um sinal f(t) é a sua energia normalizada. Define-se a energia normalizada (E) de um sinal f(t), como a energia dissipada por um resistor de 1 quando se aplica ao mesmo uma tensão ou corrente f(t). Assim, E f 2 (t )dt Este conceito de energia só tem sentido se a integral acima é finita. Os sinais de energia finita são chamados de sinais de energia. Para alguns sinais, como os sinais periódicos a integral acima é infinita e o conceito de energia definido não tem sentido. Nesses casos considera-se a média no tempo da energia que na verdade é a média da potência do sinal. A esses sinais daremos o nome de Sinais de Potência. Se F ( ) é a transformada de f ( t ) 1 f (t ) 2 F ( ) e d j t A energia de f ( t ) será: E 1 ( ) f t 2 F ( )e jt d dt f (t ) f 2 (t )dt Mudando a ordem de integração do segundo membro teremos: 1 E f (t )dt 2 2 1 ( ) F 2 jt ( ) f t e dt d A integral nos parênteses é F ( ) , portanto: 61 1 1 E f (t ) dt F ( ). F ( ) d 2 2 2 1 E 2 F ( ) F ( ) 2 d 2 d Demonstração: Amplitude F ( ) F ( ) e j Fase F ( ) e par Se f ( t ) é uma função real então F ( ) ( ) fase e impar F ( ) F ( ) F ( ) f (t ) e jt dt * e portanto F( ) f (t ) e dt j t Devido a Simetria Hermitiana temos: F ( ) F ( ) e j F ( ) F ( ) e j ( ) Resultando F ( ). F ( ) F ( ) 2 62 Interpretação da densidade de energia 1 E 2 F ( ) 2 d Exemplo Consideremos um sinal f ( t ) aplicado a um filtro passa-banda como mostrado a seguir: H( ) 1 Este filtro corta todas as frequências, com exceção das que estão compreendidas dentro de cuja frequência central é 0 . Se R( ) é a TFde r(t) desse filtro, então: R ( ) H ( ). F ( ) e a energia E 0 de saída do sinal r(t) será: 1 E0 2 2 F ( )H ( ) d Como H( ) é zero em qualquer ponto exceto em uma banda onde ela vale 1, teremos para 0 : 1 2 E 0 2. F ( 0 ) . 2 f f 2 2 A energia de saída será então: 2 E 0 2 F ( 0 ) . f 63 Portanto só se transmitem (sem alteração) as componentes de f(t) que se encontram na banda definida por . As demais componentes são todas suprimidas. 2 A energia E 0 2 F ( 0 ) . f representa a energia de f ( t ) mais precisamente a energia das componentes de f ( t ) que estão em com centro em 0 . Exemplo: a) Pulso b) Densidade espectral c) Espectro de energia Sinais periódicos de potência A média num intervalo de duração T0 de uma função arbitrária v (t ) vale: 64 T0 1 v(t ) lim T T 0 2 v(t )dt T0 2 Considere o sinal v (t ) periódico, de período T0. Então esta média não varia alterando-se o instante inicial da integral: v (t ) 1 T0 t1 T0 v(t )dt = t1 1 v (t ) dt T0 T0 A potência média é a média no tempo da potência instantânea. Se v(t) é um sinal de tensão, v 2 (t ) será proporcional a sua potência instantânea. P v 2 (t ) 1 To v (t ) 2 dt T0 Exemplo: Dado v ( t ) A cos( 0 t ) 0 2 T T 2 0 2 T 1 P v ( t ) A cos( 0 t ) dt T0 0 2 A2 P T0 2 T0 cos( 0 t ) dt 0 T A2 0 2 cos ( 0t ) dt T0 0 cos 2 A 2 cos2 A 1 65 0 T P A2 0 1 cos(20 t 2 ) dt T0 0 2 T A2 T0 T0 T dt 0 0 2 0 cos(2 0t 2 ) dt A2 t 0 A2 A2 0 T 2T0 0 2 T0 2 0 A2 P 2 Teorema de Parseval Relaciona a potência média de um sinal periódico e os coeficientes de sua série de Fourier. 2 * j 2 f 0t 1 1 1 * v ( t ) V K e P v (t ) dt v (t )v (t )dt dt T0 T0 T0 T0 T0 T0 1 j 2 f 0t * ( ) . v t e dt V VK .VK * K T 0 T0 P 2 1 v (t ) dt T0 T0 V VK 2 K 66 2 Exercícios 1) Suponha que todas as componentes de frequência em f > 1 espectro do trem de pulsos retangulares de largura . são removidas do Use o teorema de Parserval para calcular a porcentagem de potência que resta quando f 0 1 2 (onda quadrada ). 2) Repita o problema anterior para f 0 15 67 7- TRANSFORMADA DISCRETA DE FOURIER (TDF) Com a revolução da Microeletrônica e a disseminação dos computadores, todas as áreas de aplicação da Engenharia Elétrica foram invadidas por equipamentos baseados em processadores digitais. Deste modo se evidenciou a criação de uma técnica com características próprias relacionada ao emprego específico de computadores que são incorporados de um modo quase “invisível” a produtos para os mais variados usos - a denominada Eletrônica Embutida (EE). Como exemplos de produtos caracterizados pela utilização da técnica de EE em sua concepção pode-se citar: em Telecomunicações - celulares, pagers, roteadores, modens; em Instrumentação – osciloscópio digital, instrumentos virtuais; em Medicina - medidores de pressão arterial, monitores de glicemia; aparelhos de ecocardiograma; em Controle Industrial - sensores inteligentes, controle de fornos e de maquinas; em Processamento de Dados e Escritório - calculadoras, fax, copiadoras, scanners, impressoras; em Consumo e Eletrodomésticos - forno de microondas, maquinas de lavar, secretária eletrônica, TV digital, videogames; na Industria automobilística - controle de transmissão, injeção eletrônica, freio ABS, suspensão ativa. Nestes produtos é comum representar-se sistemas ou subsistemas por conjuntos de blocos de processamento de sinais (que realizam operações como, por exemplo, filtragem, integração, diferenciação, soma, subtração, produto, retardo e outros) os quais atualmente em geral são implementados pela programação de processadores digitais. Nos primórdios da Eletrônica, blocos semelhantes a estes eram realizados exclusivamente por circuitos analógicos. Esta tendência na digitalização de produtos deu origem a teorias que estenderam as ferramentas matemáticas usadas na analise de sinais contínuos para englobar o caso de sinais discretos. Veremos a seguir um exemplo importante de como isto ocorreu no campo das Telecomunicações. Um processamento muito difundido em Telecomunicações é o da obtenção da composição harmônica senoidal de um sinal também denominada de espectro em frequência deste sinal. A Transformada de Fourier é uma ferramenta matemática utilizada na analise espectral de sinais. Entretanto, sua definição original é estabelecida para sinais contínuos e de tempo contínuo t R o que leva a espectros de frequência contínua f R . A representação contínua em absoluto é o modo mais natural de se tratar um sinal em computadores: as amostras de um sinal correspondem a valores lidos em intervalos discretos no tempo t Z . Além disto observa-se que é finito o tamanho de uma amostra o qual é limitado pelo próprio espaço de memória disponível no processador digital. A seguir será feita uma introdução à passagem da Transformada de Fourier de tempo continuo para a Transformada Discreta de Fourier visando sua aplicação em processadores digitais ou mais amplamente na EE. 68 Na Figura 1 apresentam-se um sinal f(t) e sua correspondente Transformada de Fourier F(). Já foram estudadas as expressões para o cálculo de uma destas funções conhecida a outra: F ( ) f (t )e jt dt (7.1) e f (t ) 1 2 F ( )e jt d (7.2) Ta = t f(t) t F() TA A = = 2/TA a= 2/Ta Figura 1 – Par f(t) F() Para processamento digital deste sinal serão consideradas amostras de ambas as representações. Os instantes de amostragem são apresentados pelas linhas pontilhadas da Figura 1 e na qual também estão definidos os seguintes valores: (i) Ta – intervalo de tempo entre duas amostragens sucessivas de f(t) (ii) TA – duração da Amostragem de f(t) (iii) A – intervalo de frequência angular entre duas amostras sucessivas de F() (iv) a – duração da amostragem de F() 69 A Transformada F() de Fourier do sinal f(t) da Figura 1 é dada por: F ( ) TA f (t )e jt dt f (t )e jt dt 0 (7.4) Aproxima-se F() substituindo a integral em (7.4) pela seguinte somatória: N 1 F ( ) f ( nT a ) e j ( nTa ) Ta (7.5) n 0 onde N TA Ta (7.6) é o número de elementos na amostra f(nTa): na expressão (7.5), f(nTa) é obtido do sinal f(t) para os instantes de tempo discretos iguais a t = nTa e portanto corresponde a uma amostra deste sinal. A amostragem do sinal F() é obtida da expressão (7.5) sendo dada por: Fm : F ( m A ) F ( ) m A N 1 f n 0 n e j ( m A )( nTa ) (7.7) onde f n : Ta f (nTa ) Ta f (t ) t nTa (7.8) Portanto, o número de elementos na amostra Fm resulta em: N' a 2 / Ta T A 0 m N '1 A 2 / T A Ta (7.9) As relações a 2 / Ta e A 2 / TA , previamente assumidas na Figura l, levam à igualdade no número de elementos das amostras Fm e fn, isto é, N’ = N, como pode ser verificado pelas expressões (7.6) e (7.9). Assim os intervalos Ta e TA podem ser usados para definir as resoluções desejadas para cada amostra: Ta define a resolução da amostra fn de f(t) e A (ou TA 2 / A ) a resolução da amostra Fm de F(). Contudo a relação N=TA/Ta determina o número de elementos para estas duas amostras. 70 Definição da TDF Uma vez que Ta e TA são preestabelecidos então se pode dizer que o produto ATa 2Ta / TA 2 / N , na expressão (7.7), é fixo ao longo dos demais cálculos. Nestas condições, define-se a frequência angular fundamental (relativa ao período N) como sendo igual a: 2 / N ATa (7.10) Substituindo-se (7.10) em (7.7), obtém-se: Fm N 1 f n 0 n e jmn (7.11) A função Fm na expressão (7.11) é então denominada Transformada Discreta de Fourier (DFT) da função fn. Em resumo as grandezas / expressões envolvidas na DFT são as seguintes: f n Ta f (nTa ) ; Fm F (m A ) ; A 2 / TA ; a 2 / Ta ; N TA / Ta ; 2 / N TDF inversa (TDFI) A comparação da Transformada Continua de Fourier F ( ) f (t )e jt dt e de sua inversa f (t ) (1 / 2 ) F ( )e jt d com a expressão (7.11) induz a seguinte tentativa para a transformação inversa de (7.11) (de Fm para fn): N 1 f n C Fm e jnm (7.12) m 0 sendo C uma constante a determinar. A função fn na expressão (12) é então denominada Transformada Discreta Inversa de Fourier (IDFT) da função Fm. Pode-se verificar se a IDFT proposta é consistente substituindo-se (7.12) em (7.11): N 1 N 1 N 1 N 1 Fm C Fk e jnk e jmn C Fk e jnk e jmn n 0 k 0 n 0 k 0 71 (7.13) Trocando-se a ordem das somatórias e colocando-se Fk em evidencia resulta: N 1 N 1 N 1 N 1 k 0 n 0 k 0 n 0 Fm C Fk e j ( k n ) n C Fk e j ( k n ) n (7.14) A segunda somatória corresponde a uma PG de razão r dada por: N 1 N 1 k 0 n 0 r e j ( k m ) Fm C Fk r n (7.15) Existem duas condições para realizar o cálculo da somatória desta PG: N 1 (i) k m r 1 r n N n 0 N 1 (ii) k m r 1 r n n 0 r N 1 e j ( k m ) N 1 (10 ) e j ( k m ) 2 1 0 r 1 r 1 r 1 Isto é, se k = m a somatória vale N e se k m ela vale 0. Usando o símbolo de Kronecker km , definido como sendo 1 se k = m e 0 se k m, é possível condensar os dois resultados anteriores numa única expressão: N r n 0 n N km (7.16) Finalmente de (7.15) e (7.16) obtém-se: N 1 Fm C Fk N km CFm N C k 0 1 N (7.17) De (7.17) conclui-se que se aplicando a antitransformada discreta de Fourier numa função Fm e a seguir aplicando-se a transformada discreta de Fourier no resultado obtém-se novamente a função original Fm como deveria ser. Periodicidade das TDF’s As expressões que definem estas transformações, Fm N 1 f n 0 n e jmn f n são periódicas de período N. Prova: m m N e jmn e j ( m N ) n e jmn Nn 10 e jmn e j 2n e jmn e n n N e jmn e jm ( n N ) e jmn mN 10 e jmn e jm 2 e jmn 72 1 N N 1 F m 0 m e jnm , Portanto, os períodos de repetição de Fm e de fn serão respectivamente iguais à: TFm N A T A 2 2 T a e T fn NTa A Ta T A Ta T A Ta Ta Este resultado é apresentado na Figura 2. fn t ‐TA TA 2TA Fm a ‐a Valores de F() apresentados por um Analisador de Espectro Região onde ocorre uma mistura significativa de valores entre períodos sucessivos de Fm Figura 2 – Funções amostradas de f(t) e de F(). Um efeito “não desejado” ocorre na função Fm devido a esta periodicidade. Pode-se mostrar que para um sinal f(t) limitado em t a sua TF não é limitada em e que, portanto os valores dos diversos períodos de Fm apresentados na Figura 2 irão se misturar (principalmente em torno de a/2). No entanto, como F() tende assintóticamente para zero com , é possível escolher Ta de modo a aumentar o período de Fm (Figura 2) e minimizar a interferência entre os períodos sucessivos desta transformada. Comentário Final Embora esta introdução histórica faça uma ponte do caso continuo para o caso discreto da transformada de Fourier atualmente a DFT é definida e tratada de modo independente na analise de sinais discretos e sob este ponto de vista o problema discutido anteriormente deixa de existir (ele só tem sentido quando se considera a DFT como aproximação da TF). 73 Private Sub spec_Click() ' Algoritmo para calculo da DFT por MAG em 02/2010 Dim i, k, n, f As Integer Dim x As Variant Dim a(1200), h(1200) As Double Dim real_, imag_ As Double i=0 For Each x In Sheets(3).Range("B2:B1025") a(i) = x.Value i=i+1 Next 'converte dominio frequencia - algoritmo direto: dft (nao fft) ' janela triangular For i = 1 To 1023 w = (i - 512) / 512 If w < 0 Then w = -w ' w=0 janela retangular a(i) = 2 * a(i) * (1 - w) Next f = Sheets(3).Range("N1").Value / 4 For k = 0 To 512 ‘ DFT real_ = 0 imag_ = 0 For n = 0 To 1024 x = 2 * 3.1415926535 * k * n / 1024 real_ = real_ + a(n) * Cos(x) imag_ = imag_ - a(n) * Sin(x) h(k) = ((real_ * real_ + imag_ * imag_) ^ 0.5) / f Next Next h(0) = h(0) / 2 i=0 For Each x In Sheets(3).Range("M2:M1025") x.Value = h(i) i=i+1 Next End Sub 74 75 76 77 9. BIBLIOGRAFIA 1. Modern Digital and Analog Communications Systems – B.P.Lathi – Oxford Press, 3ª Edition - 2003 2. Introdução aos sistemas de Comunicação – Simon Haykin,Michael MoherBookman, 2ª Edição – 2008 3. Sinais e Sistemas - Simon Haykin, Bookman -2005 4. Linear Systems and Signals B.P.Lahti – Oxford Press, 2ª Edition 2005 5. Sinais e sistemas lineares – B.P.Lathi, Bookman, 2006 6. Signal and Systems, Husey. P. Su, Schaum collection, 2003 7. Principios de Comunicação I- Oswaldo Egydio Gonçalves Junior, Apostila Unip, 2008. 8. Elementos de Análise de Sistemas Lineares- Boffi L.V. & Coutinho J.A.M., ETEGIL. 78