Caro Professor: A Pré-UNIVESP é uma publicação eletrônica, mensal e temática, com um dossiê baseado em temas factuais e conteúdos distribuídos pela grade curricular do ensino médio e dos vestibulares. São reportagens, artigos, infográficos, entrevistas, além de um blog com textos sobre temas diversos. Nosso principal objetivo é oferecer um conteúdo relevante e em linguagem acessível, que trata de assuntos de interesse dos principais vestibulares do país (inclusive o da UNIVESP), dirigido a estudantes, a professores do ensino médio e a vestibulandos. Dentro do plano de reformulação editorial da revista Pré-UNIVESP, concebemos este plano de atividades multidisciplinares. Voltado para o uso pedagógico no ensino médio, ele contempla conteúdos da edição atual, que têm como tema GUERRAS. Nosso objetivo é incentivá-lo a utilizar a revista Pré-UNIVESP nas atividades escolares da sala de aula. Ao final do plano de atividades, reunimos exercícios complementares, relacionados ou não às abordagens da revista. Para a produção dos planos de atividades, contamos com a assessoria de professores de diversas áreas do ensino médio. Eles serão publicados sempre na última semana do mês, no fechamento do número. Esperamos que o trabalho escolar promova reflexão e aprofundamento sobre os temas tratados, por meio da ação mediadora do professor, sem prescindir de outros materiais fundamentalmente didáticos e das conexões entre as diversas áreas do conhecimento. Equipe Pré-UNIVESP Proposta Multidisciplinar Pré-UNIVESP - Edição 44 - Guerras Assessoria pedagógica Fernanda Pimentel Dizotti Márcia Azevedo Coelho Maria Cristina Rossetti Inonhe Mariangela Ávila Vera Lúcia O. F. Martins Ilustrações Matheus Vigliar Bruna Garabito Charles Rubin Textos utilizados A Guerra de Canudos, de Monica Duarte Dantas. Infográfico Como funciona o escudo antimísseis, texto de Roberto Belisário, arte, Charles Rubin. Disciplinas envolvidas Literatura História Língua Portuguesa Física Matemática Recursos Computadores / Projetor (ou) textos impressos LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA E HISTÓRIA O arraial de Canudos, construído em meio ao sertão da Bahia, pode ser considerado um exemplo de vida comunitária que desafiou a ordem social, política e econômica estabelecida pelos coronéis nos primeiros anos da jovem república brasileira. A guerra travada contra essa população, que construiu uma vida autônoma, a despeito do mandonismo local, nos leva a refletir sobre as possibilidades de organização social e política do povo, muitas vezes, considerado massa de manobra, acrítico e incapaz de refletir sobre a situação de desigualdade que vivencia diariamente. Nesse contexto, o artigo de Monica Duarte Dantas nos permite repensar esse Brasil múltiplo, desigual, onde as manifestações populares se fazem presentes, desconstruindo o mito acerca da passividade do povo brasileiro. 1. Leitura, contextualização, interpretação e produção de texto: Proponha a leitura do artigo “A guerra de Canudos”, de Monica Duarte Dantas, em forma de um telejornal e, se possível, filme a apresentação com as câmaras de celulares. Explique que um desses conflitos, especificamente a Guerra de Canudos, foi tema de uma das obras mais relevantes da literatura brasileira, Os Sertões, de Euclides da Cunha. Apresente um quadro sinótico para os alunos sobre Euclides da Cunha, as motivações que o levaram a escrever Os Sertões e o contexto histórico em que a obra fora publicada. 1.1 Parte I Peça que os alunos assistam à entrevista com o professor Leopoldo Bernucci, sobre Euclides da Cunha e Os Sertões, produzida pela UNIVESPTV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SI97o38QfjY e que, a partir da entrevista, respondam em duplas às seguintes questões: 1. O que levou Euclides da Cunha e, posteriormente, Mario Vargas Llosa a afirmarem que a Guerra de Canudos fora uma “história de mal entendidos”? 2. Na entrevista, o professor Leopoldo Bernucci afirma que Os Sertões tem uma “linguagem rebuscada”. Essa característica está de acordo com as obras produzidas no período chamado “pré-modernista”? Explique. 3. Segundo o professor Bernucci, a divisão de Os Sertões em três partes tem estreita relação com a forma de pensar de Euclides da Cunha e encontra-se em consonância com o pensamento dominante da época. A partir disso, explique: a) Qual era o pensamento dominante da época? b) Que relação pode ser estabelecida entre a visão de mundo determinista e as três partes de Os Sertões? c) Por que a obra de Euclides da Cunha pode ser considerada pré-modernista, ou seja, o que ela conserva da ideologia do séc. XIX e que abordagem inovadora ela traz, no que se refere ao tratamento regionalista? 4. Leia o trecho que segue: Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados. Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos.Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem. Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que repontassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos?E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais, desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos colhidos na véspera, e entre eles aquele Antônio Beatinho, que se nos entregara, confiante — e a quem devemos preciosos esclarecimentos sobre esta fase obscura da nossa história ? Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casas, 5.200, cuidadosamente contadas. (CUNHA, Euclides da. Os Sertões. 27.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1968. p.458459.) 5. O governo via Canudos como um povoado de rebeldes antirrepublicano a ser combatido. É possível afirmar, pela leitura do trecho acima, que a obra de Euclides da Cunha reforça ou questiona a ideologia oficial? Justifique sua resposta. Socialize as respostas das questões acima, solicitando que cada dupla exponha uma delas. Professor, caso queira ampliar a discussão sobre a Guerra de Canudos. Apresente para a turma o vídeo “Canudos - Guerra de Deus e do diabo”, produzido pela "Fundação Joaquim Nabuco" e pelo "Ministério da Cultura", com o apoio da "TV Cultura", disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=o7TAxhm4kss. 1.2. Parte II Divida a classe em grupos e solicite que cada grupo elabore, a partir do texto, do vídeo e de outras pesquisas que se façam necessárias, um telejornal ao vivo com recursos de projeção (Power Point ou Prezy), contemplando os seguintes aspectos: I- Quem foi Antônio Conselheiro? II- Mapa do Brasil, com destaque para o Estado da Bahia, contendo a localização do Arraial de Canudos. III- Contextualização histórica: momento político e econômico vivido pelo Brasil na época. IV- A relação entre o “imposto do chão” local e a fundação de Canudos. V- A relação entre os interesses dos fazendeiros da região e o massacre do Arraial. Professor, ao final das apresentações, caso necessário, intervenha chamando a atenção para as questões políticas e econômicas importantes no início da república. 1.3. Parte III Apresente imagens sobre a região de Canudos atualmente e mostre o açude de Cocorobó, construído em 1968, sobre as ruínas de Canudos. Converse com a turma sobre o porquê da construção do açude, mostrando que as opiniões divergem. Há aqueles que defendem que a construção do açude foi fundamental para minimizar a seca que assola a região, enquanto outro grupo defende que a construção do açude, exatamente naquele local, foi uma maneira de apagar a memória sobre o povo e a guerra fraticida ocorrida em 1897. Solicite que assistam aos vídeos sobre a construção do açude de Cocorobó: https://www.youtube.com/watch?v=6-i42OGLVg4 (esse link corresponde à primeira de quatro partes) e promova um debate em torno da seguinte questão: O açude de Cocorobó foi construído para solucionar o problema da forte seca que atinge a região ou para apagar um dos maiores massacres da história brasileira? Professor, antes de dar início ao debate, comente com os alunos sobre a importância da memória oral como documento histórico e sobre o significado dos patrimônios históricos para a preservação da memória. 1.4. Parte IV - Proposta de redação Com base na leitura dos textos motivadores presentes no número 44 da revista PréUNIVESP, nas aulas de Literatura e História que abordaram a Guerra de Canudos e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um ARTIGO DE OPINIÃO, de até 40 linhas, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema As revoltas populares no Brasil: manifestações ingênuas do povo ou formas de resistência e luta? Você poderá abordar o tema sob diferentes pontos de vista, baseando-se em algumas das questões abaixo ou em outros questionamentos advindos de sua formação: → Qual é a importância da preservação do patrimônio histórico? → As camadas populares têm consciência das manobras políticas e econômicas que, por vezes, perpetuam a situação de miséria em que vivem? → As saídas encontradas pelo povo, via de regra, são bem-sucedidas? → Cabe ao governo reprimir as manifestações populares, em nome da ordem e da garantia do bem comum? Elaboração Lembre-se que, por se tratar de um artigo de opinião, é desejável que seu texto apresente: estrutura composta por exposição, interpretação e opinião. exposição e defesa de ponto de vista sobre o assunto. opiniões fundamentadas em fatos. verbos predominantemente no presente. frequentes relações entre causa e consequência. antecipação de uma possível crítica do leitor. título provocativo e/ou polêmico. comparação entre épocas e lugares. argumentos de autoridade. citações com referência de fontes. Trecho 1 Hoje em dia, ao contrário do que se repetiu por muitas décadas, sabemos que o segundo reinado foi tudo, menos um tempo de paz e tranquilidade; sedições e motins perturbaram a chamada ordem nas mais diferentes províncias do Brasil. Foram motins como “A carne sem osso e farinha sem caroço”, de 1858, em que a população de Salvador se levantou em defesa do controle dos preços da carne e da farinha, os dois gêneros básicos de sua alimentação; e sedições como o “Ronco da abelha” (ou “Guerra dos marimbondos”), que levantou, em 1851-52, dezenas de vilas e povoações em cinco províncias do país, com o objetivo de garantir que os novos decretos sobre o registro civil de nascimentos e óbitos, e de realização do primeiro censo nacional, não fossem efetivados. E, finalmente, a sedição do “Quebra-quilos”, ocorrida em 1874-75, quando os habitantes da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas se rebelaram contra a implementação do sistema métrico-decimal, da nova lei de recrutamento e contra a cobrança de um novo imposto, o chamado “imposto do chão”. Trecho 2 Da fundação, em junho de 1893, até a primeira expedição, em novembro de 1896, as pesquisas mostram que a vida no arraial assemelhava-se muito ao cotidiano de qualquer outra vila e povoado daqueles sertões, com uma grande diferença: sua independência em relação aos fazendeiros e autoridades governamentais. Desnecessário dizer que tal independência não agradava aos potentados locais, incômodo que, agravado pelas disputas políticas entre a elite baiana, está no cerne da guerra que viria a dizimar os conselheiristas e fazer sumir nas chamas seu precioso arraial. Trecho 3 Uns dizem que o Getúlio Vargas chegou com Os Sertões debaixo do braço perguntando ao chefe político, que era Isaías Canário, o que queria para Canudos, e ele disse que queria um açude; outros, eu já li num livro que não protestam isso, dizem que não aconteceu, que ele já chegou lá oferecendo o açude. (Joselina de Oliveira Rabelo. In: Cocorobó – parte 1) [...] Então como é que Getúlio Vargas, com essa estatura dele, não compreendeu que aquilo não poderia ser coberto por águas? (Padre Enoque. In: Cocorobó – parte 1) Imagem 1 Fotografia de Flávio de Barros, fotógrafo http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos do Exército. Disponível em: Imagem 2 Fotografia de Aline Vale. Disponível em: http://www.panoramio.com/photo/46837589 Habilidades: Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais. Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos. Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário. Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos. Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras. Interpretar historicamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. Física e Matemática O infográfico “Como funciona o escudo antimíssil” mostra o funcionamento dos radares, proporcionando uma aula do estudo de ondas em Física, de forma contextualizada. Pode-se associar este conceito ao estudo de função trigonométrica. Professor, para realização deste trabalho, os estudantes deverão ter conhecimento prévio sobre função trigonométrica e ondas. 1. Leitura e contextualização Proponha a leitura e análise do infográfico Como funciona o escudo antimísseis, de Roberto Belisário. Solicite uma pesquisa sobre que tipo de onda está sendo representada neste infográfico (eletromagnética ou mecânica). Apresente um comparativo entre onda mecânica e eletromagnética. A representação gráfica desta onda pode representar uma função? Qual? 1.1. Parte I Divida a sala em dois grupos: Grupo 1 – Física. Grupo 2 – Matemática. Divida os grupos em subgrupos e solicite pesquisas sobre: Grupo 1 – Física: a) Exemplos de ondas mecânicas e suas características; b) Exemplos de ondas eletromagnéticas e suas características; c) Tipos de interferência; Grupo 2 – Matemática: a) Dois exemplos de função cosseno; b) Construção gráfica da função cosseno; c) Determinação de domínio e imagem. 1.2. Parte II Apresentação dos grupos: Solicite que os alunos elaborem uma apresentação de seus trabalhos em Prezzi ou PowerPoint. Após cada apresentação, faça um esquema com os alunos sobre os pontos principais. Relacione as pesquisas dos grupos 1 e 2, destacando a interdisciplinaridade entre matemática e física. Introduza os conceitos de domínio e imagem de função cosseno, associando amplitude e frequência de onda. Utilize o trecho do infográfico “Como funciona o Radar Aesa”?, para trabalhar interferência de onda, e o que a interferência altera no domínio e na imagem da função. Reagrupe os alunos mesclando os integrantes dos grupos e solicite uma conclusão geral do que foi estudado. Habilidades: Compreender funções trigonométricas. Identificar gráficos de funções trigonométricas (seno, cosseno, tangente), reconhecendo suas propriedades. Construir gráficos da função cosseno. Reconhecer a existência de fenômenos que se repetem de forma periódica. Analisar os princípios e leis que relacionam a Física com a tecnologia, com a vida, com a Terra. Compreender os modelos físicos identificando suas vantagens e limitações na descrição de fenômenos. Utilizar a representação matemática das leis físicas como instrumento de análise e predição das relações entre grandezas e conceitos. Analisar e interpretar de grandezas e leis físicas representadas em gráficos e tabelas. Exercícios complementares 1. (PUCRS 2010) Leia o fragmento que segue. “A travessia foi penosamente feita. O terreno inconsistente e móvel fugia sob os passos aos caminhantes; remorava a tração das carretas absorvendo as rodas até ao meio dos raios; opunha, salteadamente, flexíveis barreiras de espinheirais, que era forçoso destramar a facão; e reduplicava, no reverberar intenso das areias, a adustão da canícula. De sorte que ao chegar à tarde, à “Serra Branca”, a tropa estava exausta. Exausta e sequiosa. Caminhara oito horas sem parar, em pleno arder do sol bravio do verão.” O fragmento pertence ao livro Os sertões, de Euclides da Cunha, que relata a Guerra de Canudos, travada no Nordeste brasileiro entre os homens liderados por Antônio Conselheiro e as tropas militares republicanas. Neste trecho da obra, I. alternam-se a linguagem coloquial e a inconformidade com a exploração do homem pelo homem. II. a complexidade vocabular e o predomínio da descrição constituem características marcantes. III. a reiteração de expressões regionais e a preocupação com a condição humana permeiam o ponto de vista do narrador. A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Os representantes do atraso e do progresso aparecem como faces da mesma moeda em Os Sertões e em outro livro da época, O Bota-Abaixo, de José Vieira. Euclides traça o perfil de Conselheiro no parágrafo "Como se faz um monstro": "E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano"; Vieira parece retomá-lo na caracterização do prefeito Pereira Passos: "Ali estava ele - o monstro. Trajava um simples paletó azul, calça de listras, chapéu de feltro. Alto, a barba branca espontada, as sobrancelhas espessas sombreando-lhe os olhos pequenos". Sem se ocupar da população despejada, a reforma de Pereira Passos tornou sistemático um processo que deve o nome à campanha de Canudos: a favelização. Os veteranos da guerra, ao se reinstalar no Rio de Janeiro, deram ao morro da Providência o nome do seu local de acampamento nos sertões: o morro da Favela, também mencionado por Euclides como o lugar de onde um capuchinho amaldiçoou Conselheiro, abrindo caminho para a invasão. (Ricardo Oiticica. Nossa História. "Euclides incrível") 2. (Puccamp 2005) A frase "Os representantes do atraso e do progresso aparecem como faces da mesma moeda" indica que, para Euclides da Cunha, são antagônicas e complementares as ações dos: a) jagunços e as dos fanáticos. b) cangaceiros e as do governo. c) sertanejos revoltosos e as do poder da República. d) soldados amotinados e as dos oficiais do Exército. e) retirantes e as dos proprietários. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS DUAS QUESTÕES: BRASIL, MOSTRA A TUA CARA A busca de uma identidade nacional é preocupação deste século João Gabriel de Lima 1. Ao criar um livro, um quadro ou uma canção, o artista 11brasileiro dos dias atuais tem uma preocupação a menos: parecer brasileiro. A noção de cultura nacional é algo tão incorporado ao cotidiano do país que deixou de ser um peso para os 12criadores. Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir ao próprio talento. 6Essa é uma 7conquista deste século. Tem como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, 1uma espécie de 8grito de independência artística do país, 100 anos depois da 2independência política. Até esta data, o 13brasileiro era, antes de tudo, um 14envergonhado. Achava que pertencia a uma raça inferior e que a única solução era imitar os modelos culturais importados. Para acabar com esse complexo, foi preciso que um grupo de artistas de diversas áreas se reunisse no Teatro Municipal de São Paulo e bradasse que ser brasileiro era bom. O escritor Mário de Andrade lançou o projeto de uma língua nacional. Seu colega Oswald de Andrade propôs o conceito de "antropofagia", segundo o qual a cultura brasileira criaria um caráter próprio depois de digerir as influências externas. 2. A semana de 22 foi só um marco, mas pode-se dizer que ela realmente criou uma agenda cultural para o país. Foi tentando inventar uma língua brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães Rosa escreveram suas obras, 3as mais significativas do 9século, no país, no campo da prosa. Foi recorrendo ao bordão da antropofagia que vários artistas jovens, nos anos 60, inventaram a cultura pop brasileira, no movimento conhecido como tropicalismo. No plano das ideias, o século gerou três obras que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país. Os Sertões, do carioca Euclides da Cunha, escrito em 1902, é ainda influenciado por teorias racistas do século passado, que achavam que a mistura entre negros, 15brancos e índios provocaria 4um "enfraquecimento" da raça brasileira. Mesmo assim, é 5um livro essencial, porque o repórter Euclides, que trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo, foi a campo cobrir a guerra de Canudos e viu na frente de 18combate muitas coisas que punham em questão as teorias formuladas em gabinete. "Casa-Grande & Senzala", do pernambucano Gilberto Freyre, apresentava pela primeira vez a miscigenação como algo positivo e buscava nos primórdios da colonização portuguesa do país as origens da sociedade que se formou aqui. Por último, o paulista Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", partia de premissas parecidas, mas propunha uma visão crítica, que influenciaria toda a sociologia produzida a partir de então. VEJA, 22 de dezembro, 1999. p. 281-282. 3. (UFSM 2001) A - "Até esta data, o brasileiro era, antes de tudo, um envergonhado". B - "No plano das ideias, o século gerou três obras que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país". Considere o que se afirma sobre os fragmentos destacados. I. Em OS SERTÕES, Euclides da Cunha declara que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte". No fragmento A, o autor retoma a declaração de Euclides da Cunha reafirmando seu conteúdo elogioso. II. Em B, a escolha de "século" como sujeito torna a frase mais expressiva, porque contraria a expectativa de encontrar essa palavra como parte de um adjunto adverbial de tempo. III. Em B, a opção por "o século gerou" leva à associação com a ideia de criar, fecundar, o que reforça o sentido de que o século XX propiciou a concepção das obras destacadas. Está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas II e III. e) I, II e III. 4. (IBMECRJ 2013) O escritor e político peruano Mario Vargas Llosa recebeu da Academia Sueca o Prêmio Nobel de Literatura de 2010, pelo conjunto de sua obra, da qual podemos destacar “A guerra do fim do mundo”, publicada em 1981, tendo como tema básico: a) as previsões feitas pelos maias sobre uma possível catástrofe que ocorrerá no dia 21 de dezembro de 2012; b) a queda do Muro de Berlim, fato que mudou de forma radical as relações internacionais ao pôr fim à Guerra Fria; c) a ocorrência, na Bahia, da Guerra de Canudos, tomando como referência a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha; d) um inevitável desastre ecológico, resultado da ação predadora do homem ao longo do tempo em todo o planeta; e) uma análise comparativa entre a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã, tomando como referência a ótica norte-americana sobre os conflitos. 5. (Enem 2010) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de a) objetos arqueológicos e paisagísticos. b) acervos museológicos e bibliográficos. c) núcleos urbanos e etnográficos d) práticas e representações de uma sociedade. e) expressões e técnicas de uma sociedade extinta. 6. (UFG 2004) A Guerra de Canudos (1896-1897) é emblemática no debate sobre a formação da nação no período republicano. A República recém-proclamada enfrentou um Brasil desconhecido: o sertão e os sertanejos. A guerra, tragicamente, significou um aprendizado para os brasileiros demonstrando que a: a) fragmentação e as grandes distâncias das regiões litorâneas impediram a organização e o crescimento das comunidades sertanejas. b) unidade cultural do país é fruto de um longo processo de gestação iniciado com a ocupação do litoral e o fabrico do açúcar. c) presença da Igreja Católica no sertão representava um elo entre a comunidade e as autoridades republicanas. d) frágil base política em que se assentava o governo republicano foi incapaz de reconhecer a questão social e cultural suscitada por Canudos. e) resistência política dos monarquistas organizados no arraial de Canudos era uma ameaça à ordem republicana. 7. (UFC 2003) "Na manhã do dia seis Canudos foi destruída Com bombardeios e incêndios Não ficou nada com vida Dizem que o Conselheiro Tinha morrido primeiro Na Belo Monte querida" (FRANÇA, Antônio Queiroz de e RINARÉ, Rouxinol do. "Antonio Conselheiro e a Guerra de Canudos." Fortaleza, Tupynanquim, 2002, p 32.) Em relação aos movimentos como o de Canudos,é correto afirmar que: a) foram movimentos que se limitaram às regiões Norte e Nordeste do Brasil, marcadas pela presença dos latifúndios. b) foram movimentos sem grande repercussão, visto que se situavam no campo e a maior parte dos trabalhadores do país encontrava-se nas cidades. c) no campo o domínio dos coronéis era absoluto, e esses movimentos sociais tiveram que se disfarçar como um movimento de conteúdo religioso, para evitar a repressão. d) foram movimentos nos quais se combinavam conteúdos religioso e social, pois questionavam o poder das autoridades civis e religiosas. e) foram movimentos de conteúdo exclusivamente religioso, marcados pelo fanatismo, reprimidos por Pedro II e pelos republicanos que se esforçavam para construir um país civilizado. 8. (Unesp 2001) "Restauração e Antônio Conselheiro tornam-se sinônimos, pois ambos surgem como antípodas de republicanismo e jacobinismo. Os jornais são os maiores veículos desta propaganda imaginativa, de consequências trágicas" (Edgar Carone. "A República Velha"). A citação relaciona-se a: a) Monarquismo e Guerra de Canudos. b) Federalismo e Revolução Farroupilha. c) Revolução Federalista e Proclamação da República. d) Deposição de D. Pedro II e Abolição. e) Guerra do Paraguai e Questão Militar. 9. (Unesp 2014) Duas ondas mecânicas transversais e idênticas, I e II, propagam-se em sentidos opostos por uma corda elástica tracionada. A figura 1 representa as deformações que a onda I, que se propaga para direita, provocaria em um trecho da corda nos instantes t = 0 e t T , em que T é o período de oscilação das duas ondas. A figura 2 representa as 4 deformações que a onda II, que se propaga para esquerda, provocaria no mesmo trecho da corda, nos mesmos instantes relacionados na figura 1. Ao se cruzarem, essas ondas produzem uma figura de interferência e, devido a esse fenômeno, estabelece-se uma onda estacionária na corda. A figura 3 representa a configuração da corda resultante da interferência dessas duas ondas, nos mesmos instantes t = 0 e t T . 4 A figura que melhor representa a configuração da corda nesse mesmo trecho, devido à formação da onda estacionária, no instante a) b) c) 3T , está representada na alternativa: 4 d) e) 10. (G1-CPS 2012) Em Portugal, a cidade do Porto aceitou o desafio de um fabricante de lâmpadas e instalou luminárias que usam a tecnologia dos LEDs de alta potência e emitem uma tonalidade de cor mais agradável, ao mesmo tempo que poupam energia. Sobre a propagação de ondas, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, o texto a seguir. Seja qual for o tipo de lâmpada utilizada, a luz propaga-se como uma onda ____________ no vácuo e também em meios materiais, desde que estes sejam ____________ ou sejam _____________. a) mecânica – opacos – transparentes b) mecânica – translúcidos – transparentes c) eletromagnética – opacos – translúcidos d) eletromagnética – opacos – transparentes e) eletromagnética – transparentes – translúcidos 11. (G1-IFPE 2012) A figura a seguir representa um trecho de uma onda que se propaga com uma velocidade de 320 m/s. A amplitude e a frequência dessa onda são, respectivamente: a) 20 cm e 8,0 kHz b) 20 cm e 1,6 kHz c) 8 cm e 4,0 kHz d) 8 cm e 1,6 kHz e) 4 cm e 4,0 kHz 14. (PUCRJ 2012) Uma corda presa em suas extremidades é posta a vibrar. O movimento gera uma onda estacionária como mostra a figura. Calcule, utilizando os parâmetros da figura, o comprimento de onda em metros da vibração mecânica imposta à corda. a) 1,0 b) 2,0 c) 3,0 d) 4,0 e) 6,0 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Dados: Aceleração da gravidade: 10 m/s2. Densidade do mercúrio: 13,6 g/cm3 . Pressão atmosférica: 1,0 105 N/m2 . Constante eletrostática: k0 1 4 πε0 9,0 109 N m2 /C2 . 12. (UFPE 2012) Uma onda estacionária se forma em um fio fixado por seus extremos entre duas paredes, como mostrado na figura. Calcule o comprimento de onda desta onda estacionária, em metros. 13. (UFRGS 2012) O número de interseções da função f(x) = sen 5x com o eixo das abscissas no intervalo [ 2π,2π ] é a) 10. b) 14. c) 21. d) 24. e) 27. 14. (UCS 2012) Para colocar um objeto em movimento e deslocá-lo sobre uma trajetória retilínea por x metros, é necessário aplicar uma força de 20 10 sen x newtons sobre ele. Em qual dos gráficos abaixo, no intervalo 0,3, está representada a relação entre a força aplicada e a distância, quando o objeto é deslocado até 3 metros? a) b) c) d) e) 15. (UFPB 2012) Um especialista, ao estudar a influência da variação da altura das marés na vida de várias espécies em certo manguezal, concluiu que a altura A das marés, dada em metros, em um espaço de tempo não muito grande, poderia ser modelada de acordo com a função: A(t) 1,6 1,4 sen t 6 Nessa função, a variável t representa o tempo decorrido, em horas, a partir da meia-noite de certo dia. Nesse contexto, conclui-se que a função A, no intervalo [0,12], está representada pelo gráfico: a) b) c) d) e) π 16. (UFRGS 2010) O período da função definida por f(x) = sen 3x é 2 π . 2 2π b) . 3 5π c) . 6 d) π. e) 2 π. a)