Notre Message au Rassemblement National
Paris, Place de la Bataille de Stalingrad, 2 février 2013
Mesdames et Messieurs,
Chers Amis,
Notre raison d´être, au Brésil, est d´apporter une vision de
l'histoire contemporaine qui ne correspond pas parfois aux schémas
et aux valeurs manichéennes de l´imagerie du grand voisin
américain.
Avant tout, on ne peut dire que la Seconde Guerre Mondiale a été
gagnée par l´intervention tardive des alliés anglo-saxons. Bien sûr,
les débarquements alliés en Afrique du Nord, en Italie et en
Normandie ont constitué une importante contribution à la défaite des
armées allemandes. Mais elle n´a pas été décisive.
Si l´on considère le tribut payé au cours des six années du conflit
(de 1939 à 1945) par les États-Unis d´Amérique et le Royaume Uni,
il n´a pas été plus élevé que celui de la France seule : environ
650.000 victimes, militaires et civiles (colonies incluses).
En revanche, ce sont plus de 20 millions de Russes qui ont péri (de
1941 à 1945) dont plus d´un million à Stalingrad, en 6 mois de
bataille. Malgré cette saignée, c´est bien l´Union Soviétique qui a
vaincu l´Allemagne nazie dont 80% de ses forces armées occupait
son territoire, semant la barbarie.
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C´est à Stalingrad qu´a eu lieu la première grande défaite d'Hitler.
C´est à Stalingrad qu´a commencé à sonner le glas lugubre de la
reculade fasciste jusqu´à Berlin, Berlin où le seul drapeau qui ait
flotté sur le Parlement nazi, le Reichstag, fut le drapeau soviétique.
C´est dans ce contexte historique, qu´un premier groupe de 14
garçons aviateurs et de 42 mécaniciens, tous volontaires, arrivait en
URSS, fin novembre 1942, deux mois avant la victoire de Stalingrad,
quand l´issue de la guerre n´était pas encore déterminée.
Ils refusaient la défaite sans combattre et la collaboration de la
France de Pétain. Ils voulaient combattre et apportaient leur
solidarité au peuple russe, en luttant aux côtés de ses courageux
camarades de combat. Ainsi allait naître et grandir, jusqu´au
sacrifice suprême, le vrai sens des mots Amitié et Fraternité.
C´est l´histoire véritable de ces valeurs-là que nous voulons, nous
trois au Brésil, apporter au public du pays et à sa jeunesse, en
particulier.
Nous sommes parmi vous aujourd´hui à Paris, pour vous faire part
de la solidarité brésilienne à votre initiative et au Devoir de Mémoire
que vous manifestez.
Affectueusement à vous tous, si nombreux.
De Rio de Janeiro,
Roméo Barchi, Rogério Torres, Marco Aguiar.
Carlos Drummond de Andrade
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“CARTA A STALINGRADO”
Extraído do livro A Rosa do Povo
(poemas escritos entre 1943 e 1945).
« (...) É o elogio de Drummond à força do povo soviético, que feriu de morte o nazismo e
que é muito pouco lembrado na história do século XX. Horror e glória mesclam-se neste
canto quase elegíaco à esperança.»
Carlos Drummond de Andrade foi um poeta brasileiro (1902-1987), também cronista,
contista e tradutor. Monumento na praia de Copacabana (Rio de janeiro).
Stalingrado...
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.
Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
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Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto)
estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos
distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.
Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem trabalho nas
fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de
parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,
ó minha louca Stalingrado!
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios
partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,
e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma fumaça
subindo do Volga.
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.
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HONNEUR et GRATITUDE ETERNELLE du PEUPLE - PRCF-22