PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Sociais Departamento de Relações Internacionais Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais Maria Rita Thomaz Viana Reis ENTRE O CONSENSO E A DISSIDÊNCIA: Editoriais israelenses sobre a ofensiva contra a Faixa de Gaza 2008/2009 Belo Horizonte 2013 Maria Rita T. V. Reis ENTRE O CONSENSO E A DISSIDÊNCIA: Editoriais israelenses sobre a ofensiva contra a Faixa de Gaza 2008/2009 Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Internacionais. Orientador: Danny Zahreddine Belo Horizonte 2013 Mestre em Relações FICHA CATALOGRÁFICA Maria Rita Thomaz Viana Reis ENTRE O CONSENSO E A DISSIDÊNCIA: Editoriais israelenses sobre a ofensiva contra a Faixa de Gaza 2008/2009 Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Internacionais. _____________________________________________________________ Prof. Dr. Danny Zahreddine (Orientador) - PUC Minas _____________________________________________________________ Prof. Dr. Jorge Lasmar (Examinador) - PUC Minas _____________________________________________________________ Rashmi Singh (Examinadora) - St.Andrews Belo Horizonte, 20 de maio de 2013. Relações A meus pais, por terem me dado a estranha noção de que posso ser tudo o que desejar. E a Dom Pedro II, meu herói e único homem político que amou, incondicionalmente, o Brasil. AGRADECIMENTOS Com duas malas, vinte anos e toda curiosidade do mundo, cheguei à Londres quatro dias antes dos ataques ao sistema de transporte público da capital inglesa, em 2004. Um frenesi instantâneo se instalou na mídia que anunciava, em imensas manchetes vermelhas, a cobertura non-stop dos atentados. A comunidade islâmica, acuada, por meio de suas mesquitas e centros comunitários, montou barracas por toda a cidade, nas quais distribuíam-se folhetos e respondiamse a todas as perguntas sobre a religião do profeta Muhammad. À estas pessoas que tentaram combater o preconceito através da informação e, inadvertidamente, despertaram de maneira irreversível meu interesse pelo Oriente Médio, obrigada. Agradeço também ao vendedor de tâmaras muçulmano do mercado de White Chapel, que me explicou o que era aquela deliciosa fruta seca, me contando que quando o anjo Gabriel ("o mesmo que revelou o Corão a Muhammad"), disse a Maria que ela carregava Jesus no ventre, ela comia tâmaras. Ao me dar as tâmaras de presente, contando sua história com tamanha delicadeza e entusiasmo, fez com que me apaixonasse pela história de sua religião. No retorno ao Brasil, ao expressar a descoberta que havia feito à minha querida tia, Maria Helena, ganhei de presente o livro que estava em sua cabeceira , "Os Conflitos do Oriente Médio - século XX", de Massoulié. Estava sedimentada a escolha que me acompanharia, por diferentes caminhos, durante toda a vida. A chegada às Relações Internacionais foi tortuosa. Entretanto, uma vez no programa de pós-graduação da PUC, encontrei bons amigos e inspiração. Agradeço ao professor Danny Zahreddine por possibilitar o aprofundamento do meu conhecimento sobre o Oriente Médio, e pelos constantes votos de força e honra durante a realização deste trabalho. À Paula e Bianca agradeço todo o carinho e ajuda com as diversas burocracias da vida acadêmica. Ao programa como um todo, agradeço pela acolhida durante os anos de aula, e pela compreensão e apoio durante os períodos de ausência em virtude dos problemas de saúde. Gostaria também de agradecer à FAPEMIG, que ao me conceder uma bolsa de estudos possibilitou que eu me dedicasse integralmente ao mestrado. Chego ao fim deste processo com a promessa de uma vida embrenhada em livros e viagens àquela região que tanto me suscita. Barreira da Separação, Ramallah checkpoint Grafiti. Banksy, 2005 RESUMO A Guerra de Gaza, Israel versus Hamas, travada entre 27/12/2008 e 18/01/2009, deixou um saldo de 1.434 palestinos e 13 israelenses mortos. Este importante capítulo do conflito israelo-palestino ainda é pouco documentado na literatura sobre o tema. O objetivo desta dissertação é fazer um levantamento da gramática e dos enquadramentos utilizados para informar e construir o conflito, através da análise de editoriais veiculados em dois grandes jornais israelenses, Haaretz e Jerusalem Post. Este trabalho pressupõe que a mídia de massa pode agir como dissidente ou legitimadora do discurso governamental. Ao agir como legitimadora ela normaliza um discurso cuidadosamente criado para gerar consenso em torno de uma ação. Ao se portar como dissidente ela confere embasamento a um posicionamento crítico da sociedade perante este discurso. Papéis de extrema importância no seio da sociedade democrática. Desta forma, tem-se como premissa a essencialidade da linguagem para a materialização de ações. Para a realização deste trabalho foi mobilizado o conceito de gramática, oriundo da obra de Wittgenstein, transposto para as Relações Internacionais dentro da abordagem construtivista nãoconvencional da disciplina. Além deste foram utilizados os conceitos de agendamento e a perspectiva da abordagem construtivista do enquadramento, provenientes do campo da Comunicação. A análise foi realizada a partir da tradução de quatorze editoriais selecionados de um total de quarenta publicados durante o conflito. A escolha dos editoriais foi baseada na reconstrução de uma linha cronológica da guerra, na qual são abordados pontos específicos da operação discutidos no capítulo de contextualização histórica. O objetivo da análise foi, utilizando todos os dados obtidos através da aplicação dos conceitos mobilizados, fazer um levantamento da linguagem e dos enquadramentos utilizados por ambos jornais para construir o conflito para seus leitores, situados em lados opostos do espectro político israelense. Esta dissertação inclui uma análise empreendida sobre este episódio do embate entre israelenses e palestinos no contexto mais amplo do conflito. Palavras-chave: Guerra de Gaza. Conflito israelo-palestino. Análise de editoriais. Haaretz e Jerusalem Post. ABSTRACT The Gaza War, Israel versus Hamas, fought from December 27th, 2008 to January 18th, 2009, left a body count of 1,434 Palestinians and 13 Israelis dead. This important chapter of the PalestinianIsraeli struggle is still relatively poorly document in the literature about the conflict. The objective of this dissertation is to extract the grammar and the frames used to inform and construct the conflict, through the analyses of the editorials published in two widely read Israeli newspapers, Haartez and Jerusalem Post. This study pressuposes that the mass media can act as a dissident or a legitimizer of the governmental discourse. When acting as a legitimizer, it normalizes a discourse carefully crafted to generate consent for a specific action. When acting as a dissident, it offers a foundation for a critical stand within society, face the governmental discourse. Two roles of great importance in a democratic society. Therefore, this dissertation has as a premise the fact that language is fundamental to materialize actions. The main theoretical tool used in the accomplishment of this study was the concept of grammar, extracted from the oeuvre of Wittgenstein, as used by the non-conventional constructivist approach of International Relations. The concepts of agenda setting and the constructivist approach to framing, brought from the field of Communication studies, were also included in the theoretical framework. From the forty editorials that were published during the conflict, fourteen were translated and analysed. The selection of the texts for analyses was based in a chronological reconstruction of the war, in which features the specific topics of the operation discussed in the historical contextualization chapter. The goal of the analyses was, using all the data obtained through the application of the conceptual framework, to extract the language and frames used by both newspapers to construct the conflict for their readers, placed in the opposite sides of the Israeli political spectrum. This study includes the analyses carried out about this episode of the clash between Israelis and Palestinians in the broader context of the conflict. Key words: Gaza War. Israeli-Palestinian conflict. Editorial analyses. Haaretz and Jerusalem Post. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Esquema da Barreira de Separação da Cisjordânia....................................................21 FIGURA 2: Os três componentes do processo de agendamento....................................................54 FIGURA 3: Concepção tridimensional do discurso.......................................................................58 FIGURA 4: Triângulo da comunicação política.............................................................................69 LISTA DE MAPAS MAPA 1: Acordo Sykes-Picot.........................................................................................................8 MAPA 2: Divisão da Palestina sob Mandato Britânico...................................................................9 MAPA 3: Partilha da Palestina - ONU...........................................................................................11 MAPA 4: Linha do Armistício de 1949.........................................................................................12 MAPA 5: Localidades da operação Defensive Shield....................................................................19 MAPA 6: Barreira da Separação em 2008, ano da operação Cast Lead........................................22 MAPA 7: Localidades referentes à operação Continous Story......................................................25 MAPA 8: Faixa de Gaza.................................................................................................................40 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Indicadores estatísticos às vésperas da operação Cast Lead......................................39 TABELA 2: Definições utilizadas pelo jornal Haaretz..................................................................72 TABELA 3: Definições utilizadas pelo jornal Jerusalem Post.......................................................73 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Problemas mais sérios que confrontam palestinos atualmente – Eleições Locais 2005................................................................................................................................................28 Gráfico 2: Fator muito importante ao eleger um candidato – Eleições Locais 2006................................................................................................................................................29 Gráfico 3: Número de editoriais com a operação Cast Lead como tema central...........................70 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Autoridade Nacional Palestina – ANP Agência da Organização das Nações Unidas para refugiados palestinos - UNRWA Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas - CSONU Comitê Internacional da Cruz Vermelha - CICR Forças de Defesa Israelense – FDI Frente Popular pela Libertação da Palestina - FPLP Jihad Islâmica – JI Jerusalem Media and Communication Center - JMCC Jerusalem Post - JP Memorandum of Understanding - MOU Office for the Coordination of Human Affairs ocuupied palestinian Territory - OCHA oPt Organização das Nações Unidas – ONU Organização para a Libertação da Palestina - OLP Organização Não Governamental – ONG Palestinian Center for Policy and Survey Research - PCPSR SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................1 2. Capítulo I CONTEXTUAÇÃO HISTÓRICA E OPERAÇÃO CAST LEAD...............................6 1.1 Breve Contextualização do Conflito israelo-palestino...............................................................7 1.2 2000 a 2008: 2a Intifada à Operação Cast Lead....................................................................16 1.2.1 Hamas X Fatah ....................................................................................................................27 1.3 Operação Cast Lead..................................................................................................................32 1.3.1 Campanha de Relações Públicas da Operação Cast Lead....................................................34 1.3.2 O apoio incondicional dos Estados Unidos da América.......................................................35 1.3.3 O Código de Conduta das Forças Armadas Israelenses........................................................37 1.4 Linha do Tempo........................................................................................................................42 3. Capítulo II ABORDAGENS TEÓRICAS.................................................................................52 2.1 Teoria da Comunicação: os limites do agendamento...............................................................52 2.1.2 A Abordagem Construtivista do Enquadramento..................................................................55 2.2 A Abordagem Construtivista nas Relações Internacionais .....................................................59 2.3 Metodologia.............................................................................................................................64 4. Capítulo III ANÁLISE DOS EDITORIAIS..............................................................................68 3.1 AGENDAMENTO...................................................................................................................69 3.2 Definições.................................................................................................................................72 3.3 Análise dos editoriais...............................................................................................................74 3.4 Conclusão...............................................................................................................................120 3.5 Tabelas...................................................................................................................................124 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................148 REFERÊNCIAS...........................................................................................................................152 APÊNDICE..................................................................................................................................159 ANEXO........................................................................................................................................170 INTRODUÇÃO O conflito israelo-palestino há quase sete décadas desperta a curiosidade, a compaixão e a incompreensão do mundo. Uma história de movimentos erráticos de ambas as partes, ora tão próximas a inspirar a certeza de uma resolução iminente, ora interplanetariamente distantes. Estudá-lo se faz necessário para iniciar a compreensão da complexa dinâmica do Oriente Médio, região estratégica por sua localização geográfica, pelo denso líquido negro que corre sob partes de seu território, por abarcar a esmagadora maioria daqueles que professam a segunda maior religião do mundo, o Islã. Neste momento da história é particularmente essencial voltar os olhos para esta região. Um processo de transição sem precedentes permeia aquelas terras. A Primavera Árabe trouxe sentimentos mistos para a população: orgulho, incertezas, frustração, esperança. Mas talvez, acima de tudo isso, o levante que se iniciou com a imolação de um vendedor de frutas, tenha aportado a consciência de que mudar é possível, mesmo nos cenários mais improváveis. E que o poder de mudança está na ação coletiva do povo, não nos memorandos que percorrem os palácios governamentais. O recorte histórico escolhido para a realização deste estudo é a Guerra de Gaza. Travada entre Israel e Hamas, ao longo de 23 dias deixou um saldo de 1.434 palestinos e 13 israelenses mortos, segundo o enviado da ONU, além de diversas infraestruturas essenciais completamente arrasadas na Faixa de Gaza. Pelo fato de ser relativamente recente 1 , este conflito não é amplamente documentado. O capítulo de contextualização histórica desta dissertação visa contribuir para construção do conhecimento sobre este episódio do conflito israelo-palestino. No fim de 2012 uma situação extremamente semelhante se repetiu na região. A Força de Defesa Israelense lançou a operação Pillar of Defense na Faixa de Gaza. Mediante um novo contexto regional, os esforços diplomáticos foram mais efetivos e um cessar-fogo foi acordado em seu oitavo dia, deixando um saldo de cinco israelenses e 140 palestinos mortos. A recorrência de situações similares constitui mais um motivo para estudar a operação Cast Lead. Esta dissertação se propõe a compreender como a Guerra de Gaza foi informada e construída para parcelas da sociedade israelense através de parte da mídia de massa do país. Para 1 Esta dissertação adota a perspectiva de que o conflito teve início a partir do processo de constituição do sionismo e 1 isto, são analisados editoriais veiculados durante o conflito, nas versões impressas e de língua inglesa, nos jornais israelenses Haaretz e Jerusalem Post, tradicionalmente representantes de pontos antagônicos do espectro político israelense. Realizado sob a égide de elementos da abordagem construtivista não-convencional das Relações Internacionais e da teoria do jornalismo, este estudo confere fundamental importância à linguagem. Uma das motivação para a realização desta dissertação foi o desejo de unir os campos da Comunicação e das Relações Internacionais. Acredita-se ser o discurso midiático vital para o estudo de temas diversos dentro desta disciplina. Na sociedade moderna, a mídia constitui um elo essencial entre políticos e sociedade. Como ressalta Jackson (2005), existem poucas alternativas para se comunicar uma mensagem política para as massas. Da mesma forma, o principal meio de se obter informações sobre políticas governamentais é através da mídia de massa. Pensar esta relação e conhecer os processos que ocorrem na transformação de um fato em notícia é fundamental para a compreensão deste vínculo, que em momentos de crise torna-se ainda mais determinante. "O papel da mídia nunca é tão importante quanto em tempos de crise nacional. Existem duas razões principais para isto. Primeiro, a mídia olha primariamente para líderes políticos para obter indicações de como interpretar e explicar os acontecimentos nacionais, e oferece aos oficiais acesso quase ilimitado para que se comuniquem com o público. Os enquadramentos empregados pela mídia para transmitir as mensagens dos políticos são, desta forma, cruciais. Segundo, em tempos de crise o público confia enormemente na mídia para informações e explicações, e a forma como a mídia enquadra estes acontecimentos exercem um efeito poderoso na percepção, compreensão e conhecimento subsequente do público2" (Jackson, 2005, p.165, tradução nossa). Para chegar na análise dos editoriais, a construção deste estudo se inicia por um breve resgate histórico, que tem sua origem no império otomano. Passando pelo seu declínio e divisão arbitrária pelas potências da época, chega-se às portas da Palestina com as ondas de imigração judaica anteriores à formação do Estado de Israel. Após a criação deste, no ano de 1948, abordase sucintamente as guerras árabe-israelense e a retomada da causa palestina pelos próprios. A 2 The role of the media is never more important than during times of national crisis. There are two main reasons for this. First, the media looks primarily to political leaders for cues about how to interpret and explain national events and it offers officials almost unlimited access to communicate with the public. The frames employed by the media to transmit messages from politicians are thus critical. Second, in times of crisis the public relies heavily on the media for information and explanation, and the way in which the media frames such events will therefore have a powerful effect on the public's subsequent understanding, perception and knowledge. 2 primeira Intifada acontece no fim da década de 1980, o conflito torna-se israelo-palestino e assim chega-se ao início da contextualização histórica mais aprofundada. O capítulo histórico continua com a segunda Intifada, iniciada no fim dos anos 2000, sob os auspícios do colapso das negociações de Oslo. A frustração e o aumento da violência, a incredulidade face ao extremismo, que em uma de suas facetas resultou na morte de Yitzhak Rabin, tudo se misturou fazendo daquele um momento particularmente nefasto do conflito. Entre 2000 e 20008, ano do início da Guerra de Gaza, várias situações marcaram irreversivelmente o conflito entre israelenses e palestinos. A retirada unilateral da Faixa de Gaza por Israel, que evacuou as colônias judaicas deixando as fronteiras sob seu controle. A morte de Arafat, símbolo absoluto da luta pela auto determinação do povo palestino. A cisma palestina, que resultou na Cisjordânia governada pela Autoridade Nacional Palestina, agora comandada por Mahmud Abbas, e a Faixa de Gaza sob o controle do Hamas. A chegada do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, ao poder nas eleições de 2006, preocupou enormemente o Estado judeu. Este reagiu apertando de forma feroz o cerco a Gaza. Após uma série de agressões mútuas foi negociado, com a ajuda do Egito, um frágil cessar-fogo com duração de seis meses. Mal terminou um período durante o qual se gozou de relativa paz, teve início a operação Cast Lead. No segundo capítulo desta dissertação são apresentadas as ferramentas teóricas com as quais será realizada a análise dos editoriais. Adentra-se o capítulo por meio de conceitos encontrados no campo da Comunicação, nomeadamente o agendamento e a abordagem construtivista do enquadramento. O agendamento é definido como a influência que as agendas midiáticas, pública e governamental exercem umas sobre as outras. A relevância deste conceito para as Relações Internacionais reside no fato de que pesquisas realizadas exaustivamente desde a década de 1960 documentam a influência que a agenda midiática exerce sobre a agenda governamental, principalmente através da agenda pública. A abordagem construtivista do enquadramento foi escolhida por dialogar com a abordagem construtivista não-convencional das Relações Internacionais. Ao privilegiar categorias como conhecimento intersubjetivo e cultura, sua utilização contribui para a realização de um trabalho coerente. Isto se dá pela perspectiva das categorias analíticas, que também visam demonstrar a utilidade de conceitos de campos acadêmicos díspares na análise de um fenômeno oriundo do ambiente internacional. 3 Em seguida, é exposta a contribuição da abordagem construtivista das Relações Internacionais com a qual se pretende trabalhar. Tratando-se de uma dissertação que lida com o discurso midiático, as contribuições de Wittgenstein, transpostas para o campo das Relações Internacionais, apresentou-se como a escolha mais congruente. Dentre os teóricos construtivistas que trabalham com as categorias do filósofo expostas em Philosophical Investigations (1953), Karin M. Fierke é a melhor opção para esta dissertação. Ao focar no discurso de maneira mais intensa, seu programa de pesquisa se encaixa naturalmente à proposta deste trabalho. No terceiro capítulo, por meio dos conceitos mobilizados anteriormente, é iniciada a análise de editoriais selecionados entre todos aqueles veiculados durante o conflito, nos jornais Haaretz e Jersusalem Post. A seleção dos editoriais foi baseada na intenção de reconstruir uma linha do tempo do conflito na qual se aborda, através dos temas dos editoriais, os pontos da guerra discutidos na seção 'Operação Cast Lead' do capítulo de contextualização histórica. Desta maneira, acredita-se ser possível perceber como um mesmo fenômeno foi informado, construído e enquadrado por dois grandes jornais israelenses, para duas grandes porções da população israelense. Em um contexto onde a formação de consenso e a criação de legitimidade é fundamental, como o período de guerra em um país democrático, pensa-se que a mídia exerce um papel crucial. Seja confirmando a retórica apresentada pelo governo, ou oferecendo embasamento para uma posição crítica por parte da sociedade, questionando ou não a linguagem governamental estruturada para criar o consenso necessário para a ação. A escolha de editoriais, ao invés de outro tipo de artigo ou matérias jornalísticas, se deu pela essencialidade que sua liberdade textual e rejeição de ritos jornalísticos, como a objetividade, tem para a obtenção do objetivo proposto. Além de ser a opinião do jornal, outro fator importante na análise, o editorial é uma narrativa. Isto permite a coleta dos elementos subjetivos necessários para a realização do trabalho. Este estudo pressupõe que a escolha da linguagem utilizada para relatar uma experiência ou construir um fenômeno é baseada em um certo grau de subjetividade, e necessita estar inserida no arcabouço do conhecimento intersubjetivo de uma sociedade. Desta maneira, ao extrair dos textos analisados a linguagem empregada por cada jornal para construir o mesmo fenômeno, a Guerra de Gaza, objetiva-se reforçar a consciência de que relatos não são absolutos, naturais e incontestáveis. 4 Em virtude da Guerra de Gaza ainda não ser um capítulo bem documentado do conflito entre israelenses e palestinos, foi necessário utilizar fontes diversas para este estudo. Uma preocupação constante foi a verificação dos dados apresentados, através do cruzamento de fontes. O rigor científico, e a utilização de alguns ritos jornalísticos empregados na transformação de um fato em notícia, foram as guias durante a realização deste estudo. 5 1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E OPERAÇÃO CAST LEAD Neste capítulo é proposto um breve resgate histórico do conflito israelo-palestino. Começando pelo fim do império otomano, pretende-se abordar de forma sucinta as influências franco-britânica sobre a região, a imigração judaica para a Palestina, a 2a Guerra Mundial e a criação do Estado de Israel. Em seguida trata-se da ascensão e predomínio da influência estadunidense, as guerras que pautaram as relações entre árabes e israelenses, e a conturbada dinâmica da relação entre palestinos e israelenses até a 2a Intifada. Posteriormente, é apresentado um registro histórico mais detalhado sobre os acontecimentos considerados mais relevantes ocorridos na Palestina e em Israel entre os anos 2000 e 2008. Este resgate histórico visa preparar o leitor para uma compreensão mais ampla dos acontecimentos que moldaram a região naquela época, tanto física quanto politicamente. Busca também indicar quais eram os atores mais importantes, evidenciar a simbologia que envolve o conflito e a assimetria, em diversos níveis, entre os dois lados da disputada fronteira. Por fim, a Operação Cast Lead, recorte temporal deste estudo, é analisada detalhadamente. Além de sua cronologia, são apresentados pontos específicos da operação iniciada em 27 de dezembro de 2008 e terminada em 18 de janeiro de 2009, com um cessar fogo declarado unilateralmente por Israel. Estes pontos foram escolhidos por sua importância para o entendimento deste embate e de outras relações, fundamentais para uma compreensão mais ampla do que se passa na região. Ainda nesta seção é feito uma descrição dia a dia dos eventos mais importantes da operação. Em virtude da Operação Cast Lead ter ocorrido há relativamente pouco tempo, livros e artigos sobre o tema ainda são escassos. Portanto, para corroborar relatos, buscar informações mais precisas e tentar reconstituir de maneira balanceada o que aconteceu durante os 23 dias de conflito, foi necessário expandir a gama de fontes utilizadas no estudo. Além de periódicos encontrados no site JStor e relatórios das Nações Unidas, foi necessário recorrer à fontes jornalísticas e organizações não governamentais. A escolha destas fontes foi baseada em um histórico de excelência e busca pela imparcialidade. 6 1.1 Breve contextualização histórica do conflito israelo-palestino Para adentrar o objeto desta dissertação, é importante guardar uma visão geral da complexidade do conflito israelo-palestino. Este breve histórico tem sua origem em um dos maiores impérios da história, iniciado no século 14, o império otomano reunificou sob seu comando quase todo o mundo muçulmano, à exceção da Pérsia (originária do atual Irã, que adotou o xiismo). Dentro dos limites do império, minorias étnicas e religiosas gozavam de liberdade de culto e grande autoridade em suas comunidades. "O sultão turco, um estrangeiro no Oriente Médio árabe, deriva sua legitimidade unicamente de sua capacidade de lutar contra os xiitas e as potências cristãs, de defender os lugares santos e de organizar a peregrinação. A ideia de nacionalidade, que pressupõe uma relativa homogeneidade da população, permanece totalmente estranha à filosofia política otomana". (Massoulié, 1993, pg.13) Apesar de decadente no século 18, o império otomano ainda exercia certa influência na política europeia e mediterrânea. O século 19 trouxe um esvaziamento mais profundo do governo do sultão. A derrocada do império, que durou 640 anos, veio com a Guerra Balcânica3, em 1912, e com a 1a Guerra Mundial, na qual aliou-se à Alemanha. O sultanato foi extinto em 1922, concomitante à formação da Turquia moderna. (SMITH, 2008) Enquanto desmoronava, o império otomano lidou com diversas nações que desejavam seus despojos. Entre elas potências europeias, nomeadamente França, Grã-Bretanha e, mais timidamente, a Alemanha. Segundo Massoulié (1993), o que veio a ser a colonização francobritânica do Oriente Médio tornou-se a raiz de diversos conflitos atuais da região ao subverter a lógica local de poder e o equilíbrio político regional. Durante a 1a Guerra Mundial, França e Grã-Bretanha já dividiam os espólios do império otomano entre si, o acordo Sykes-Picot4 representa esta partilha. Ao mesmo tempo em que se designavam porções territoriais, as potências faziam alianças e promessas contraditórias à personagens da política local que mais tarde não se concretizariam, como o grande reino de Hussein, ou a nação curda. Apesar das divisões desejadas pelos vencedores da 1a Guerra não 3 Conflito entre a Liga Balcânica (Sérvia, Bulgária e Montenegro) e os otomanos, ocorrido entre 1912 e 1913. O acordo secreto assinado em maio de 1916 entre Grã-Bretanha e França definia a divisão da Síria, Iraque, Líbano e Palestina em áreas administradas pelas potências negociadoras. 7 4 terem se concretizado em sua totalidade, o esboço de fronteiras e da geopolítica da região foram traçados nesta época. (MASSOULIÉ, 1993. SMITH, 2008) Mapa 1: Acordo Sykes-Picot Fonte: Margaret MacMillan- Adaptado Segundo Dowty (2009) em 1914, 13.6% da população da Palestina era composta por judeus. Neste momento da história, os judeus sionistas5 eram mais numerosos do que os não sionistas ou anti-sionistas (Dowty, 2009) que de forma minoritária habitavam, pacificamente, há muito a região. Ao fim da 1a guerra, após anos de imigração judaica substancial e compra de 5 Theodor Herzl (1860-1904) é considerado o fundador do movimento sionista político. É de sua autoria o ensaio "O Estado judeu", onde é exposto o desejo de "regularizar" a situação dos judeus (vítimas de ações anti-semitas, especialmente na Europa) através da via política. Seu objetivo era, através da via diplomática, obter um "pedaço da superfície terrestre" para o estabelecimento de um lar judaico. Em 1897, ele convocou o primeiro congresso onde se materializou a organização sionista na Basiléia, Suíça. Outras formas de sionismo, como o revisionista e o religioso, também tiveram expressão dentro do movimento. (Massoulié, 1993) 8 terras palestinas de forma sistemática por judeus6, os palestinos tiveram seus medos acirrados e tendências hostis elevadas pela "Declaração Balfour", expedida em 1917. O documento explicitava o apoio do governo britânico à criação de um "lar nacional judaico na Palestina". Massoulié (1993) ressalta que ainda em 1891, quando a imigração judaica era pequena e o sionismo incipientemente organizado, a população palestina já enxergava de forma nociva estes movimentos7. Com o tempo, o aumento da imigração e os conflitos, esta percepção se acirrou exponencialmente. O autor lembra que no Congresso Sírio de 1919, a delegação palestina afirmou que: "o sionismo é mais perigoso do que a ocupação francesa, pois estes sabem que são estrangeiros, ao passo que os sionistas creem estar em casa na Palestina." O mandato britânico da Palestina foi formalmente confirmado pela Liga das Nações em 1922. Entretanto, já em 1921 a Grã-Bretanha havia divido seu domínio (atuais Gaza, Cisjordânia, Israel e Jordânia) em duas partes divididas pelo rio Jordão. À porção ocidental do rio denominouse mandato da Palestina, ao lado oriental chamou-se Transjordânia. Mapa 2: Divisão da Palestina sob Mandato Britânico Fonte: popularlogistics.com - Adaptado 6 Em 1858, uma lei expedida pelos otomanos visava regulamentar a posse de terra na Palestina através de um sistema de registro e taxação. O resultado desta medida foi a perda de terras comunitárias por camponeses que as cultivavam há gerações e a emergência de uma nova classe de proprietários ricos e muitas vezes ausentes. O império otomano estava sendo pressionado por potências europeias para permitir a posse de terra por estrangeiros, e esta medida acabou por favorecer enormemente a compra de terras pelo movimento sionista. (Dowty, 2009) 7 "(...) Em 1891 um grupo de árabes proeminentes de Jerusalém lança um grito de alarme num telegrama ao grãovizir, a quem pedem para 'proibir os judeus de entrar na palestina e de ali comprar terras." (Massoulié, 1993, pg. 51) 9 De acordo com Massoulié (1993), a administração inglesa limitou a imigração judaica à capacidade de absorção econômica da Palestina. Dois terços da população palestina era rural naquela época (Dowty, 2009). Sendo assim, o território teria a ganhar deste ponto de vista. Entretanto, o autor ressalta que é a questão política que se constitui como um problema real. Evidência disso são os conflitos entre árabes e judeus, que começam a se agravar à medida em que o "lar nacional judaico" ganhava força através de uma organização sionista que se tornava mais poderosa. Apesar da existência de conflitos anteriores em virtude da presença judaica e do mandato britânico, a revolta árabe de 1929 foi marcada por ter se espalhado por todo o território e pelo seu saldo de mais de 200 mortos. Entretanto, foi apenas em 1936 que teve início a grande revolta árabe que duraria três anos. Exasperados pelo aumento do fluxo de imigração judaica em virtude da chegada de Hitler ao poder em 1933, guerrilhas árabes se engajaram em ataques contra judeus e o exército inglês. A revolta árabe, reprimida com vigor pelos ingleses, levou o parlamento inglês a aprovar em 1939 a política do "Livro Branco", que limitava a imigração judaica para a Palestina. Esta medida deu início a um fluxo de imigração ilegal, que aumentou consideravelmente mediante a perseguição hitlerista na Europa, agravando as hostilidades entre as comunidades judaica e palestina. Com os ônus da 2a Guerra Mundial e a desordem em que se encontrava a Palestina, a situação inglesa se tornou insustentável (SINGH, 2011). A questão da Palestina foi "internacionalizada" (Massoulié, 1993), e em novembro de 1947 a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) votou pela partilha da Palestina entre dois Estados. O primeiro conflito travado entre árabes8 e judeus começou apenas dias após o fim do mandato britânico e a subsequente proclamação de Independência do Estado de Israel, em maio de 1948. Israel venceu este embate, ocupou aproximadamente 78% do território (Singh, 2011), Jerusalém foi dividida em dois e foi criado um dos maiores impasses nas negociações de paz do conflito, que perdura até os dias de hoje: o problema dos refugiados. 8 Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano. 10 Mapa 3: Partilha da Palestina - ONU Fonte: Perry-Castañeda Library Map Collection - Adaptado "Termina o êxodo do povo judeu, começa o exílio dos palestinos. Cerca de 750.000 refugiados dos combates de 1947-1948 serão instalados em caráter provisório. Numa planície árida entre Jericó e o mar Morto, este campo de refugiados encontra-se sobre tutela da Jordânia de Abdallah, que anexou esta parte do mandato da Palestina, desde então chamada Cisjordânia." (Massoulié, 1993, pg. 67) 11 Mapa 4: Linhas do Armistício de 1949 Fonte: Perry-Castañeda Library Map Collection - Adaptado O estabelecimento do Estado de Israel e o abandono (voluntário ou forçado) de suas terras pelos palestinos ficou marcado como al-nakba, ou catástrofe, na cultura palestina. Este sentimento se agravou após a guerra, quando houve uma grande onda de imigração para Israel (muitos sobreviventes do Holocausto), que a incentivava além de deportar árabes e legalizar a posse por judeus destas terras "abandonadas". (SINGH, 2011) Após a 2a Guerra Mundial, França e Grã-Bretanha, apesar de vitoriosas, tinham seus recursos exauridos. Concomitante ao declínio do poder colonial europeu (e à independência da maioria de suas colônias remanescentes na região) teve início a ascensão das influências estadunidense e soviética sobre o Oriente Médio. As tensões da guerra-fria seriam sentidas 12 também no Oriente Médio, até que os Estados Unidos se consolidasse como super potência mundial. Tensões entre palestinos e árabes permaneceram acesas com a ação da polícia israelense, que impedia o retorno de refugiados, e ataques de guerrilhas palestinas descoordenadas contra o território israelense. A relação entre as nações árabes e Israel se tornou ainda mais crítica com a crise de Suez, em 1956, quando este capturou Gaza e a península do Sinai, posteriormente devolvidos sob pressão das Nações Unidas. (SINGH, 2011) Em 1967, após o presidente egípcio à época, Gamal Abdel Nasser, fechar o golfo de Ácaba para navegação israelense, a nação judaica afirmou ter sofrido um ataque do Egito. Com esta justificativa, o exército de Israel disferiu um ataque “preventivo”, destruindo os aviões de guerra egípcios ainda no solo. Era o início da Guerra dos Seis Dias. Neste episódio, Israel anexou Jerusalém Oriental, tomou as estratégicas Colinas de Golã da Síria, a península do Sinai até o canal de Suez do Egito e os territórios conquistados pela Jordânia em 1948. Logo após o fim da Guerra dos Seis Dias, teve início o processo de colonização dos territórios ocupados. Os assentamentos judaicos e sua expansão, tanto natural quanto a ordenada por governos diversos, se transformariam em um dos maiores impasses para a condução de negociações de paz. Neste contexto surgiram negociações baseadas na resolução 242 das Nações Unidas. Entre outras ações e compromissos, a resolução prevê a retirada israelense dos territórios ocupados em 1967 mediante uma paz "justa e duradoura". Entretanto, o status quo da região havia mudado, Israel tinha se estabelecido como uma potência militar com um valioso aliado, os Estados Unidos da América. Após a proclamação do Estado de Israel, o conflito foi travado entre árabes e israelenses. Depois dos acontecimentos de 1967, este quadro começou a mudar. As nações árabes começaram, mesmo que lentamente, a se conformar com a perspectiva de conviver lado a lado com a nação judaica, o que fez com que os palestinos retomassem a posse de sua causa. O problema dos refugiados, indesejados por Israel e negligenciados pelos vizinhos árabes, contribuiu de maneira definitiva para este protagonismo. (MASSOULIÉ, 1993) Nos final dos anos 1950, Yasser Arafat em conjunto com outros refugiados militantes criaram o al-Fatah, grupo que colocava "a libertação da Palestina como condição preliminar à realização da unidade árabe" (Massoulié, 1993, p.92). O grupo professava a luta armada como 13 meio para libertar a Palestina e retomou as operações de guerrilha em território israelense. Mais tarde, al-Fatah reivindicou o controle da OLP, a Organização pela Libertação da Palestina, que havia sido criada em 1964. (MASSOULIÉ, 1993) Como parte deste novo status quo, no qual começou a emergir uma separação mais clara entre as partes árabe e palestina do conflito com Israel, Egito e Síria atacaram Israel feriado judaico do Yom Kippur de 1973. O objetivo principal desta empreitada era buscar uma saída para o impasse político em que a região se encontrava. Um acordo de paz foi negociado pelos Estados Unidos, com retiradas parciais do Sinai e das Colinas de Golã por Israel. Sem uma vitória clara, talvez o saldo mais importante deste embate tenha sido a queda do mito da invencibilidade de Israel. Em 1978 foram assinados os acordos de Camp David entre o presidente estadunidense Jimmy Carter, o sucessor do presidente Nasser no Egito, Anwar al Sadat, e o primeiro ministro de Israel, Menachem Beguin. Segundo Smith (2009), o que era para ter sido um acordo entre árabes e israelenses, mediante diversas complicações, tornou-se um acordo de paz entre Egito e Israel. Este acordo, simbolizado pela ida de Sadat ao parlamento israelense em 1977, resultou durante anos no ostracismo do Egito. O país foi expulso da Liga Árabe, que mudou sua sede do Cairo para Túnis. O probema palestino aprofundou-se quando Israel invadiu o Líbano em 1982, durante a guerra civil que assolou este país, com a intenção de expulsar a OLP da porção sul da nação fronteiriça. Durante esta invasão ocorreu um episódio nefasto na história do conflito israelopalestino: os massacres nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, executado por forças libanesas leais à Israel e seu ministro da Defesa na época, Ariel Sharon. Israel atingiu seu objetivo e mais uma vez refugiada, agora na Tunísia, a OLP perde muito de sua efetividade e o front direto com Israel. Em 1987, todos os ingredientes estavam presentes para um levante palestino. Décadas de frustração com a falta de autonomia política, o crescimento dos assentamentos judaicos em terras ocupadas na Guerra dos Seis Dias, os massacres de Sabra e Chatila e as milhares de pessoas vivendo em condições precárias em campos de refugiados espalhados pelo Oriente Médio, todas estas questões estavam presentes na primeira Intifada. É no contexto desta "revolução das pedras", como também ficou conhecido o levante palestino, que surge na cena do conflito o grupo palestino Hamas. Inicialmente formado como 14 braço combatente da Irmandade Muçulmana baseada no Egito, por pertencer aos territórios palestinos o grupo islâmico foi capaz de "se projetar como locutor das expectativas e queixas palestinas" (Singh, 2011, p. 47). "A ênfase na ação política armada, combinada com o seu posicionamento da narrativa nacionalista na retórica islâmica, possibilitou ao Hamas lentamente chegar ao centro da comunidade política palestina como um movimento com identidade própria9." (Singh, 2011, p. 47, tradução nossa). A Intifada não pôs fim à ocupação israelense, mas colocou em evidência a causa palestina e angariou simpatia para a mesma. As imagens da "revolução das pedras" são umas das mais vívidas no que deixou de ser o conflito árabe-israelense, para se tornar o conflito israelopalestino. Smith (2009) ressalta que a "brutalidade" da resposta israelense perante os vigorosos protestos colocou em questão a ocupação dos territórios, e o caráter do papel de Israel como ocupador. Segundo Singh (2011), exilada e ineficaz na Tunísia, com a Intifada a OLP ganhou novo fôlego e penetrou novamente nos territórios palestinos. Negociações de paz foram iniciadas em 1991, após a guerra do Golfo, pelo então presidente estadunidense, George Bush. A conferência de Madri marca a primeira vez em que negociadores críveis de todos os lados (os países árabes representados eram Jordânia, Síria e Líbano) sentaram-se na mesma mesa de negociação. A OLP não estava presente, mas era oficialmente parte da delegação jordaniana. Apesar dos esforços, o processo deslanchou apenas em 1992, com a eleição de Yizhak Rabin10, para o cargo de primeiro ministro de Israel. Grande parte destes avanços deveu-se às negociações diretas entre o governo de Israel e a OLP, (conduzidas através de um canal secreto provido pelos Noruegueses) e a ameaça apresentada pela resistência islâmica armada do Hamas e da Jihad Islâmica, considerada mais nociva para a segurança de Israel do que Arafat e a OLP. (DOWTY, 2009, SMITH, 2009) 9 This emphasis upon armed political action combined with its location of the nationalist narrative in Islamic rhetoric enabled Hamas to slowly break into the center stage of the Palestinian political community as a movement with its own distinct identity. 10 Em 1994, Rabin, primeiro ministro israelense, dividiu o prêmio Nobel da Paz com Shimon Perez e Yasser Arafat, pelos seus esforços para atingir a paz entre judeus e palestinos. A assinatura dos acordos de Oslo levaria ao seu assassinato, em novembro de 1995, cometido por um israelense de extrema direita, que se opunha às negociações. 15 Além da célebre foto do aperto de mão entre Rabin e Arafat com Bill Clinton ao fundo no gramado da Casa Branca, as históricas negociações subsequentes à conferência de Madri, os acordos de Oslo, resultaram na Declaração de Princípios. Esta declaração previa o reconhecimento mútuo, o compromisso da OLP em prevenir atos de violência e a instauração de um autogoverno em Gaza e na Cisjordânia durante um período de cinco anos, no qual negociações sobre temas mais sensíveis (como Jerusalém e a questão dos refugiados) aconteceriam para que se efetivasse um acordo total de paz. Segundo Dowty (2009), a ênfase dada à cada passo do acordo foi diferente para israelenses e palestinos. Apesar da grande maioria apoiar os acordos, houve parcelas tanto da sociedade israelense, quanto da sociedade palestina, que se opunham às concessões feitas por seus líderes. Havia um claro problema de confiança que se traduziu em atrasos, implementações apenas parciais das fases acordadas e um entendimento de que havia pré-condições, quando na verdade os passos rumo à paz deveriam ser dados de forma concomitante. A década de 1990 foi um momento de grande esperança para os povos da região e de todo o mundo. Sua longevidade e histórico de oportunidades perdidas, que envolvia os horrores do Holocausto e o drama da autodeterminação palestina, cativou audiências ao redor do globo. Entretanto, a década de 1990 também se revelou um período de profunda frustração. Quando não se chegou a um acordo final durante as negociações de Camp David II11, todos os sentimentos que estavam presentes na primeira Intifada, mais agravados pelos anos infrutíferos de espera, voltaram à cena. 1.2 2000 a 2008: 2a Intifada à Operação Cast Lead A partir do ano 2000, o conflito israelo-palestino entrou em uma nova fase. O cenário político israelense estava profundamente marcado pelo assassinato de Yitzhak Rabin pelas mãos de um extremista judeu, e volatilizado pelos mais recentes atos de violência entre radicais de ambas as partes do conflito, que se opunham às negociações de paz. A esperança da autodeterminação, a ser obtida através da instauração de um Estado palestino ao fim do processo 11 O encontro em Camp David no ano 2000, reuniu o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, Ehud Barak e Yasser Arafat. Foi uma tentativa falha de negociar os pontos finais, e mais críticos, do acordo de paz. 16 de paz de Oslo, foi substituída por um profundo sentimento de frustração. Após sete anos, quando as negociações finalmente entraram em colapso, teve início a segunda Intifada. A revolta palestina foi deflagrada em setembro do ano 2000 pela visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo, terceiro lugar mais sagrado para o Islã. Sharon, em setembro de 2000 ainda líder da oposição, era uma figura controversa no que tangia os palestinos. Isto se devia aos massacres nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila no Líbano, e ao seu comprometimento com a expansão dos assentamentos judaicos em territórios ocupados enquanto ministro da agricultura a partir do fim da década de 1970. Apesar deste evento em particular ter iniciado a revolta, não foi sua causa primeira. O âmago da segunda Intifada encontrava-se na frustração coletiva acumulada durante os anos das negociações de Oslo. Para os palestinos, as mudanças seriam mais evidentes após a instituição de seu Estado. Ter feito a maior concessão no início do processo, reconhecer a existência de Israel na maior parte da Palestina histórica tornou o período de transição mais difícil. (DOWTY, 2009) Ao longo dos anos do processo de paz de Oslo, os palestinos foram confrontados com ações do governo israelense que geraram interpretações céticas com relação ao comprometimento deste com a criação de um Estado palestino. Especialmente, o crescimento de assentamentos judaicos já existentes no que seria o futuro Estado palestino durante os governos do conservador Likud, mas também do partido trabalhista de orientação centro-esquerdista. Tropas israelenses controlavam 60% da Cisjordânia. Postos de controle foram estabelecidos, dificultando a locomoção dos palestinos em relação ao período anterior à Oslo, quando a Cisjordânia era um território contíguo. Além disso, havia promessas não cumpridas relacionadas ao estabelecimento de um aeroporto e porto palestinos, à soltura de presos e ao salvo conduto entre Gaza e a Cisjordânia. (DOWTY, 2009) Nas eleições antecipadas de fevereiro de 2001, Ehud Barak, que havia retirado os soldados da "zona de proteção" no Líbano12, e participado de Camp David II, foi derrotado por Ariel Sharon. Este foi eleito Primeiro Ministro, possivelmente se beneficiando de uma revolta que ele mesmo ajudou a deflagrar. Dois anos mais tarde, nas eleições para o Knesset13, o Likud, 12 Também conhecida como "zona tampão" ou "zona de segurança", era uma faixa no sul do Líbano ocupada por soldados israelenses por quase duas décadas, estabelecida durante a Guerra Civil Libanesa. Foi finalmente desocupada no ano 2000, como promessa de campanha de Barak, sob forte pressão interna e internacional. 13 Knesset é o parlamento israelense, tem 120 membros e sede em Jerusalém. 17 partido de Sharon, dobrou sua representação, relegando o partido trabalhista e o restante da esquerda israelense ao seu nível mais baixo de representatividade até então. (DOWTY, 2009) Ariel Sharon se recusou a retomar às negociações de paz até que os episódios de violência palestina fossem completamente extintos e, Yasser Arafat, substituído como líder palestino. Apesar dos esforços empreendidos pelos Estados Unidos para leva-los de volta à mesa de negociação, medidas para reconstruir a confiança entre as partes foram neutralizadas pelos atentados suicidas perpetrados por radicais palestinos e pela prática de assassinatos seletivos executada pelo Estado de Israel. (BUTLER, 2009, DOWTY, 2009) Em dezembro de 2001, após uma série de ataques e contra-ataques entre facções palestinas e o exército israelense, Sharon ordenou um cerco ao quartel-general de Yasser Arafat, confinando-o ali. Desta maneira, isolou não apenas politicamente, mas também fisicamente uma representação política palestina de extrema importância, carismática e reconhecida mundialmente. Fortemente pressionado, Arafat declarou as alas militares do Hamas e da Jihad Islâmica (JI) ilegais, prendeu 150 islamistas (Shaykh Yasin, líder do Hamas, foi colocado em prisão domiciliar), e ordenou o fechamento de todos os escritórios, escolas, jornais e clínicas pertencentes ao Hamas e outros grupos. (BUTLER, 2009) Concomitantemente, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) se engajou em conversas com grupos palestinos para frear o descontentamento popular com a repressão ao Hamas e à JI. Uma pesquisa realizada em dezembro pelo Palestinian Center for Policy and Survey Research (PCPSR) apurou que 76% dos palestinos se opunham às prisões executadas pelo serviço de segurança palestino. Na mesma enquete, 61% afirmaram crer que confrontos armados ajudaram na obtenção de direitos nacionais palestinos de forma que negociações não conseguiriam. (PCPSR, 2001) O ciclo de violência mútua que se instalou com o início da segunda Intifada chegou a um ponto particularmente intenso entre março e abril de 2002. A frequência de ataques suicidas em território israelense aumentou, assim como seu grau de mortalidade. No dia 27 de março houve um ataque perpetrado pelo Hamas na cidade de Netanya durante a Pessach14, onde 29 pessoas morreram e 140 ficaram feridas, das quais 20 gravemente. Em território palestino, houve duas 14 Páscoa judaica. 18 séries de incursões da Força de Defesa Israelense (FDI) em vilas e cidades palestinas da Cisjordânia. As incursões israelenses em território palestino faziam parte da operação Defensive Shield, a maior operação militar na Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Iniciada dia 29 de março de 2002, em Ramallah, a operação logo se estendeu para Tulkarem, Qalqilya, Belém, Jenin e Nablus. (BUTLER, 2009) O fim da operação foi anunciado no dia 21 de abril de 2002, enquanto Israel completava a retirada de Nablus e de partes de Ramallah, ao mesmo tempo em que mantinha negociações para o fim do cerco à Igreja da Natividade, em Belém. Entretanto, mesmo após esse anúncio, houve dezenas de incursões em cidades palestinas (Organização das Nações Unidas, 2002). Mapa 5: Localidades da operação Defensive Shield Fonte: Wikipedia Commons De acordo com o relatório produzido pelo então Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, durante a operação Defensive Shield houve restrições ou o embargo total ao movimento 19 de monitores de direitos humanos, médicos e jornalistas. Em comunicado reagindo ao relatório, o governo israelense, através de seu site, afirmou que havia “tomado nota” das críticas. Entretanto, declarou rejeitar qualquer acusação feita sobre sua conduta durante a operação, já que, segundo o ministério das relações exteriores israelense, esta era oriunda do seu direito de defesa contra ataques terroristas. A restrição de movimento quase total imposta à observadores e jornalistas impossibilitou a realização de uma cobertura independente da operação. A Organização Não Governamental (ONG) Réporteres sem Fronteiras registrou diversos ataques contra jornalistas ao longo da operação, e também protestou contra a ordem de expansão da interdição do acesso de jornalistas à outras cidades onde eram realizadas incursões. No campo de refugiados de Jenin houve um episódio conhecido como a batalha de Jenin ou o massacre de Jenin, variando de acordo com a fonte, que constituiu o combate mais intenso da FDI em território Palestino em trinta e cinco anos. A ONU declarou que a crise humanitária era "extremamente séria" na cidade e no campo. Devido ao embargo de observadores independentes a averiguação das acusações e negações feitas por ambas as mostrou-se particularmente trabalhosa. Ainda em 2002, o governo israelense iniciou na Cisjordânia a construção de uma barreira de separação15. No site do governo israelense, a “barreira anti-terrorista” é apresentada como essencial para prevenir a entrada de terroristas em Israel e evitar ataques suicidas, perpetrados em maior número desde o início da segunda Intifada. Aduzida por Israel como uma medida puramente de segurança (removível, se necessário, após negociações), a colocação da barreira foi eximida pelo governo israelense de qualquer viés político. Em 2004, a Corte Internacional de Justiça, a pedido da Assembleia Geral da ONU, elaborou um parecer consultivo sobre a barreira de separação, julgando-a contrária à legislação internacional. Este parecer não é vinculante e foi rechaçado pelo governo israelense. A Corte Suprema de Israel ordenou algumas mudanças no trajeto da barreira em virtude de dificuldades desnecessárias impostas aos palestinos. Entretanto, a barreira continua a adicionar à Israel terras palestinas ocupadas após 1967. (OCHA oPt, 2007) 15 A escolha deste termo foi baseada na sua escolha pelos jornais Folha de São Paulo e da BBC. 20 Como pode-se observar no esquema a seguir, virtualmente impossível de ultrapassar, a barreira foi construída como uma forma de controlar o fluxo de pessoas. Entretanto, sua magnitude sugere a intenção de segregar os povos da região, e controlar de forma mais incisiva os movimentos do outro lado da fronteira. Um investimento de dois milhões de dólares por quilômetro construído (diferentes fontes afirmaram que este número aumentou consideravelmente), com 708 km previstos, não indica ser algo temporário ou com objetivo apenas de impedir a entrada de terroristas palestinos em território israelense. Figura 1: Esquema da Barreira de Separação da Cisjordânia Fonte: BBC /Adaptado 21 Mapa 6: Barreira da Separação em 2008, ano da Operação Cast Lead Fonte: OCHA oPt - Adaptado 22 Este mapa foi retirado do relatório produzido em 2008 sobre a barreira de separação, anualmente produzido pelo órgão das Nações Unidas Office for the Coordination of Human Affairs occupied palestinian territory (OCHA oPt). Esta agência foi criada no ano 2000, após a derterioração das condições humanitárias em Gaza e na Cisjordânia. No Mapa 6, é possível ver os enforcamentos de terra, trechos presos entre a Linha Verde16 e a barreira já construída, em construção ou prevista. De acordo com o relatório produzido pelo órgão da ONU em julho de 2011, em torno de 6.500 palestinos viviam na área fechada entre a barreira e a Linha Verde. Segundo relatório da OCHA oPt (2001), residentes precisam passar por postos de controle para chegar em seus respectivos locais de trabalho, e obter serviços essenciais para a manutenção das famílias e das relações sociais no lado palestino da barreira. Os palestinos comumente chamam a barreira de “bareira da segregação” ou “barreira do apartheid”. O comprimento da barreira é de aproximadamente 708 km, segundo a OCHA oPt, esta informação não foi encontrada no site do governo israelense. Ainda de acordo com o órgão, quando finalizada, aproximadamente 85% de sua rota passará dentro da Cisjordânia, englobando, de acordo com outras análises, 12% do território palestino. Inicialmente esboçado em 2002, o “Roadmap to Peace” foi formalmente proposto pela administração Bush em 2003, como uma tentativa de reanimar o processo de paz. Este roteiro tornou-se a posição oficial do Quarteto de Madri (Rússia, Estados Unidos, União Europeia e Nações Unidas), para a retomada das negociações. O plano, em linhas gerais, consistia em três pontos, um dependente da implantação do anterior: 1. Fim total da violência, retirada Israelense das áreas ocupadas durante a segunda Intifada e o congelamento da construção de assentamentos. 2. Criação de um Estado palestino provisional até o fim de 2003. 3. Negociação, até o fim de 2005, de um acordo final baseado no modelo de dois Estados, que resolveria todas as questões remanescentes e extinguiria o conflito17 (Site da Casa Branca, 2003, tradução nossa.) Para dar continuidade às negociações, os palestinos foram exortados a reconstruir suas próprias instituições e rever sua liderança. A morte de Yasser Arafat em 11 de novembro de 2004 16 Linha Verde é o nome dado às fronteiras entre Israel e os países vizinhos designadas no Armistício israelo-árabe de 1949. 17 Complete end to violence, full withdrawal of the occupied areas after the second Intifada and total freeze of settlement building. Provisional Palestinian state created by the end of 2003. Final agreement negotiations based on the two state solution are finalized by the end of 2005, solving all remaining issues and the conflict. 23 possibilitou essa transição de poder. Mahmoud Abbas foi eleito presidente da ANP em janeiro de 2005, e imediatamente aceito por Israel e mediadores do conflito como um negociador legítimo, por rejeitar a luta armada e defender a criação de um Estado Palestino através de negociações. No final do ano de 2003, Ariel Sharon começou a advogar por um plano de desengajamento unilateral de Gaza. Inicialmente apresentado durante um discurso na 4a convenção de Herzliya18, o plano consistia na retirada unilateral de Gaza e na desocupação de quatro assentamentos na Cisjordânia. Apesar de o documento que apresenta a iniciativa no site do governo israelense exaltar a estratégia como um passo importante para a obtenção da paz, na transcrição do discurso do primeiro ministro é flagrante a isenção de viés político da proposta. “Eu gostaria de enfatizar: o plano de desengajamento é uma medida de segurança e não política.”19 (Sharon, 2003, tradução nossa). No ano seguinte, doze mil colonos chegaram à assentamentos na Cisjordânia, corroborando a hipótese de que este movimento israelense não era um passo em direção à paz baseada em dois Estados nas fronteiras anteriores à 1967. De acordo com Dowty (2009), houve uma maior aceitação da solução de dois Estados entre políticos israelenses de direita, em virtude da percepção de que Israel passava por um desafio demográfico, que colocava em risco a maioria judaica no Estado judeu. Outros adicionavam a esta razão, a possibilidade de definir as fronteiras do Estado israelense unilateral e definitivamente. A retirada unilateral de gaza, atitude que causou rupturas no governo israelense levando à criação de um novo partido, o Kadima20, foi realizada em agosto de 2005. Apesar de reconhecer a redução do controle israelense, críticos palestinos alertaram para o fato de que Israel continuava a controlar todos os acessos à Gaza, dos postos de controle terrestres ao espaço aéreo e marítimo. E ainda era encarregado de prover serviços essenciais à população, como o fornecimento de água e eletricidade, lidar com o esgoto, redes de comunicação, além de controlar todo o comércio que necessitasse cruzar as fronteiras do território. (DOWTY, 2009. RAND, 2011) Havia aproximadamente 9 mil colonos na região entre 1.4 milhões de residentes locais. Mantê-los ali significava um grande gasto com segurança, em território de pouco valor 18 A Conferência de Herzliya é uma conferência israelense anual sobre política global, que aborda temas nacionais, regionais e problemas estratégicos globais. 19 “I would like to emphazise: the disengagement plan is a security measure and not a political one.” 20 Ariel Sharon criou o partido Kadima Yisrael em novembro de 2005, após sua decisão de deixar o direitista Likud, em virtude de sua impopularidade causada pelo plano de desengajamento de Gaza. 24 estratégico ou religioso. As colônias foram desmanteladas, apesar da grande resistência dos colonos, e relocadas em colônias já existentes na Cisjordânia. Entretanto, para que tal movimento fosse possível, foi necessária uma intensa preparação nos frontes político e militar de Israel. Em 2004, as Forças de Defesa Israelense aumentaram o número de operações em Gaza. O objetivo era eliminar o maior número possível de membros detentores de altos cargos em organizações terroristas (Esposito, 2009b). Em março de 2004, após um ataque suicida perpetrado pelo Hamas em Ashod, no qual 11 pessoas morreram e 20 ficaram feridas, as FDI fecharam todos os pontos de passagem exceto Rafah e a zona industrial de Erez, e iniciaram a operação Continuous Story. Mapa 7: Localidades referentes à operação Continuous Story Fonte: BBC/ Adaptado Na pequena Faixa de Gaza exposta no Mapa 7, é possível observar os pontos de passagem que controlam virtualmente tudo e todos que entram e saem do território. Ashod está localizada ao norte da Faixa, a 38 kms da Cidade de Gaza, um dos centros urbanos mais densamente povoados do mundo, em 2004, com aproximadamente 342,247 habitantes divididos em 360 quilômetros quadrados. Rafah e Erez localizam-se nas extremidades da região, provavelmente 25 contribuindo para que um número grande de habitantes se tornassem refugiados involuntários dentro de seu próprio território. A operação abarcava a prática de incursões, assassinatos, demolições e terraplanagem. Durante a sua duração, de 15/03 a 05/04/2004, 37 palestinos morreram e ao menos 80 ficaram feridos. Entre as vítimas estava, Shaykh Ahmad Yasin, líder do Hamas. A sua morte somada às agressões militares alimentaram a inquietação vinda dos territórios palestinos. (ESPOSITO, 2009a) No mês de abril de 2004, Ariel Sharon e George W. Bush trocaram correspondências sobre os planos de retirada unilateral de Gaza. Em sua carta, Bush elogiou a iniciativa do primeiro ministro israelense e reiterou o compromisso “imutável” com a segurança de Israel.21 Três dias depois, Israel assassinou o substituto de Yasin no Hamas, Abd al-‘Azis Rantisi, causando uma escalada na violência entre israelenses e palestinos. Os Estados Unidos se recusaram a condenar o assassinato (Haaretz, 2004). Esta escalada nas agressões levou Israel a lançar a operação Raibow. Seu objetivo era aumentar a zona de proteção ao longo da fronteira egípcia. Durante doze dias, ao menos 43 palestinos morreram, 100 ficaram feridos, 1.000 temporariamente desalojados e 725 hectares22 foram terraplanados. (ESPOSITO, 2009a) Enquanto Sharon apresentava um plano de desengajamento revisado para torna-lo mais palatável ao seu gabinete, crescia a instabilidade em Gaza. Seguiram-se diversos ataques de morteiros palestinos, assassinatos e operações militares perpetradas por Israel, incluindo três operações de maior porte: Orange Iron, Violet Iron e Autumn Wind. As estatísticas sobre estas operações variam, mas ao menos cem palestinos morreram, centenas ficaram feridos e centenas de casas foram demolidas ou extremamente danificadas. (ESPOSITO, 2009b. ESPOSITO, 2009a) Em outubro 2004, após negociações conturbadas, o Knesset aprovou o plano de desengajamento. Logo depois, Arafat morreu em Paris, no dia 11 de novembro de 2004. Até que eleições acontecessem em 1o de janeiro de 2005, os papéis de liderança desempenhados por 21 “The United States reiterates its steadfast commitment to Israel's security, including secure, defensible borders, and to preserve and strengthen Israel's capability to deter and defend itself, by itself, against any threat or possible combination of threats.” 22 Um hectare corresponde a 10.000 m2, aproximadamente, um campo de futebol. 26 Arafat na ANP, no Fatah e na OLP foram divididos respectivamente entre Ahmad Quarai, Faruq al-Qaddumi e Mahmud Abbas. As hostilidades entre palestinos e israelenses continuaram. Até as eleições palestinas, ocorreram ataques suicidas perpetrados pelo Hamas e pela JI e operações militares israelenses consecutivas em território palestino. A operação Blue Skies foi temporariamente suspensa para que o pleito pudesse acontecer. (ESPOSITO, 2009b. ESPOSITO, 2009a) 1.2.1 Hamas X Fatah Em janeiro de 2005, Mahmud Abbas23 foi eleito presidente da ANP com 62% dos votos (PCPSR, 2005). Um mês após o pleito, Abbas se encontrou com Ariel Sharon no Egito e, com a ajuda do então presidente egípcio, Hosni Mubarak, e do rei da Jordânia, Abdallah, um cessar fogo foi estabelecido. Hamas e JI não assinaram o cessar fogo, mas declararam que não iriam quebralo. (Dowty, 2009) Apesar de Abbas gozar de amplo apoio internacional e um nível razoável de popularidade, 60% em junho de 2005 (PCPSR, 2005), o partido opositor, Hamas, ganhou nas eleições legislativas de janeiro de 2006, a maioria dos assentos do Conselho Nacional Palestino24. Uma breve análise das eleições locais de 2005 podem oferecer algumas explicações para este fato. Os próximos gráficos representam dados das pesquisas realizadas para as eleições locais de janeiro de 2005. Ao invés de dividir os eleitores pelos candidatos nos quais votaram, dividiram-se os participantes das enquetes entre habitantes da Faixa de Gaza, Cisjordânia e “Todos os Eleitores”. O Gráfico 1 demonstra quais problemas os palestinos percebem como sendo de maior importância no momento das eleições. 23 24 De acordo com os costumes árabes, Mahmud Abbas também é conhecido como Abu Mazen. O órgão legislativo da Autoridade Nacional Palestina. 27 Gráfico 1: Problemas mais sérios que confrontam palestinos atualmente – Eleições Locais 2005 Fonte: PCPRS - Adaptado Os quesitos "ocupação" e "corrupção/falta de reforma" apresentam as maiores diferenças entre os habitantes de Gaza e Cisjordânia. Já os itens "pobreza/desemprego" e "outros" obtiveram números similares de escolhas. Em Gaza, o item mais escolhido foi "pobreza e desemprego", seguido por "ocupação". É interessante observar o resultado dos territórios separadamente, "ocupação" foi o ponto mais significativo para habitantes da Cisjordânia, seguido por "pobreza e desemprego". É importante analisar estes dados em conjunto com as informações oriundas do Gráfico 2, que abrange os principais fatores na escolha de um candidato. O item considerado mais importante tanto para habitantes de Gaza, quanto para habitantes da Cisjordânia foi a idoneidade do candidato, 78% em Gaza e 66% na Cisjordânia. Afiliação política apareceu como a quinta dentre sete respostas possíveis. 28 Gráfico 2: Fator muito importante ao eleger um candidato – Eleições Locais 2005 Fonte: PCPRS / Adaptado "As simpatias políticas dos eleitores não eram necessariamente idênticas àquela nos quais eles haviam votado. Por exemplo, enquanto a boca de urna mostrou que o Hamas ganhou mais de 60% dos assentos nos Conselhos Locais em Gaza, apenas 27% dos habitantes de Gaza indicaram que apoiavam o Hamas, enquanto 37% indicaram apoiar o Fatah. A afiliação política dos candidatos não era importante (e muitas vezes desconhecida para os eleitores). O que era importante para os eleitores eram os atributos pessoais dos candidatos, como mostra o gráfico, com ênfase especial na sua integridade e incorruptibilidade."25 (Site do Palestinian Center for Policy and Survey Research, janeiro 2005, tradução nossa). De acordo com o PCPRS, Mahmud Abbas foi eleito presidente da ANP por ser percebido como o candidato mais apto para lidar com problemas de ordem econômica, e com o processo de paz. Já os candidatos do Hamas obtiveram mais votos nas eleições locais por terem sido percebidos pelos eleitores como sendo mais honestos. 25 While the results of the exit polls clearly indicate that a majority of Gaza voters elected candidates affiliated with Hamas (and in the West Bank a large part of the voters gave their votes to Hamas candidates but more voted to Fateh candidates) voters’ political sympathies were not necessarily identical to those of the candidates they have voted for. For example, while the exit poll showed Hamas receiving more than 60% of the seats in the elected local councils in Gaza, only 27% of the Gazan voters indicated that they support Hamas while 37% indicated that they support Fateh. (…) the political affiliation of the candidates was not important (and in many cases was unknown to the voters). What was important to the voters was the personal attributes of the candidates, as seen in the pervious section, with special emphasis on their integrity and incorruptibility. 29 Ainda em 2005, a retirada unilateral de Gaza ficou como um legado do Hamas e de todos os grupos que haviam se engajado na luta armada contra Israel. Na véspera do desengajamento, 84% dos palestinos o consideravam uma vitória para a resistência armada, e 40% concediam ao Hamas a maior parte do crédito. (PCPSR, 2005) Na esteira destes acontecimentos, o Hamas ganhou 74 dos 132 assentos do Conselho Nacional Palestino nas eleições legislativas em janeiro de 2006. Entretanto, o crédito pelo desengajamento de Gaza e a percepção de que os candidatos do Hamas são mais honestos não explicam sozinhos esta vitória. Apesar da queda do processo de paz na lista de prioridade dos palestinos, e da descrença nas capacidades da ANP, a fragmentação do Fatah foi o fator que mais contribuiu para o sucesso do Hamas nas urnas (Dowty, 2009. PCPRS, 2006). Na contagem final dos votos, o Hamas obteve 44% e o Fatah 41%. Entretanto, quando soma-se os votos do Fatah aos votos de candidatos independentes, anteriormente do partido, obtêm-se 56% dos votos. (PCPSR, 2006) Imediatamente após a vitória do Hamas, Israel e seus aliados ocidentais começaram a pressioná-lo. Caso o partido não reconhecesse o direito de Israel existir, renunciasse às armas e aceitasse os acordos realizados antes da sua subida ao poder, enfrentaria o ostracismo, cortes na ajuda financeira e o eventual colapso de seu governo. (ESPOSITO, 2009a). Israel e o Quarteto de Madri impuseram sansões econômicas à ANP entre 2006 e 2007. Abbas foi uma peça fundamental na tentativa de desestabilizar o novo governo do primeiro ministro, Ismail Haniyeh, do Hamas. A ideia, exposta por oficiais e diplomatas26 israelenses e norte-americanos ao NY Times, era cortar a ajuda financeira e as conexões internacionais da ANP, até que seu presidente, Mahmud Abbas, tivesse que convocar novas eleições. Abbas também tentou, através da estrutura da ANP e recebendo ajuda financeira internacional, retomar o controle de Gaza. (DOWTY, 2009. ESPOSITO, 2009) Em junho de 2006 houve uma escalada nas agressões entre Hamas, grupos radicais e Israel. Em uma retaliação a um ataque, integrantes do Hamas e outros grupos agiram na fronteira matando dois soldados israelenses, ferindo quatro e sequestrando um, Gilad Shalit. Em seguida, Israel lançou a operação, Summer Rains, com o objetivo de libertar Shalit. Mais tarde, perante a 26 “Os oficiais e diplomatas, que disseram que esta abordagem estava sendo discutida nos níveis mais altos do Departamento de Estado e do governo israelense, falaram em condição de anonimato porque não estavam autorizados a falar publicamente sobre o assunto” (Steven Erlanger, 2006, tradução nossa) 30 impossibilidade de encontra-lo, o objetivo declarado da operação passou a ser a punição do Hamas pelo sequestro. (ESPOSITO, 2009a. ESPOSITO, 2009b) Durante julho de 2006, Israel lançou operações praticamente diárias na Faixa de Gaza. A economia do pequeno território foi sufocada pelas restrições impostas por Israel que, virtualmente, ainda o controlava. A qualidade de vida dentro da faixa de Gaza, consequentemente, deteriorava rapidamente. (DOWTY, 2009. ESPOSITO, 2009a. ESPOSITO, 2009b) No contexto de uma operação militar não nomeada em Gaza (Unnamed Operation against Northern Gaza), Abbas negociou um cessar fogo de seis meses com facções palestinas em Gaza e conseguiu que o líder do Hamas radicado em Damasco, Khalid Mishal, aderisse a um cessar fogo na condição de que Israel também o fizesse, além do compromisso israelense com a criação de um Estado palestino viável. (ESPOSITO, 2009a. ESPOSITO, 2009b) Apesar da trégua o cenário continuava complexo, com agressões mútuas ainda ocorrendo. Em março de 2007 foi formado um governo de união nacional disposto a negociar um cessarfogo com Israel, que recusou-se a negociar com um governo que englobava o Hamas (Shlaim, 2011). Mais tarde, quando o presidente Abbas se recusou a entregar o controle de agências de segurança fundamentais, em uma tentativa de golpe, o Hamas reagiu tomando o controle da Faixa de Gaza em uma campanha rápida e intensa. (DOWTY, 2009) Os confrontos entre os partidos culminaram na divisão do controle do território palestino. O Fatah foi expulso de Gaza e estabeleceu a base de seu governo na Cisjordânia, de onde militantes do Hamas foram expulsos de volta para a Faixa de Gaza, agora completamente dominada pelo grupo. A divisão interna dos palestinos estava consolidada, enfraquecendo enormemente a causa da criação de seu Estado. Em setembro de 2007, Ehud Olmert (que assumiu o cargo de primeiro ministro de Israel em virtude de um derrame incapacitante sofrido por Ariel Sharon em 2006), declarou Gaza “território hostil”, controlado por uma “organização terrorista” e impôs restrições ainda mais pesadas ao território. "(...) Foi decidido adotar recomendações que foram apresentadas pelo stablishment militar, incluindo a continuação de operações militares e contra terrorismo perpetrado por organizações terroristas. Sanções adicionais serão impostas no regime do Hamas para restringir a entrada de vários produtos na Faixa de Gaza e reduzir o abastecimento de combustível e eletricidade. Restrições também serão colocadas sobre a entrada e saída 31 de pessoas em Gaza. As sanções serão decretadas após um exame legal, também levando em conta os aspectos humanitários e a intenção de evitar uma crise humanitária." ( Site do governo israelense, 2007, tradução nossa)27 . Os enfrentamentos entre Hamas, grupos radicais e Israel, assim como o cerco a Gaza, se intensificaram. Em junho de 2008, apesar da desconfiança mútua e de incidentes dos dois lados da fronteira, vigorou um frágil cessar fogo de seis meses patrocinado pelo Egito. Um dos termos deste cessar-fogo era o afrouxamento do bloqueio à Gaza em troca da suspensão dos foguetes do Hamas. (ESPOSITO, 2009a. SIEGMAN, 2009) Durante o cessar-fogo Israel manteve o bloqueio à Faixa de Gaza, o intensificando, inclusive. O Estado judaico proibiu o fluxo de exportações, o que resultou em uma queda na oferta de empregos. Oficialmente 49.1% da população estava desempregada em 2008. Concomitantemente, Israel restringiu a entrada de caminhões levando comida, gás de cozinha, remédios e peças para construção de estações de tratamento de água e esgoto. (SHLAIM, 2009. SIEGMAN, 2009) No dia 4 de novembro, quando estavam sendo realizadas as eleições estadunidenses, Israel quebrou o cessar fogo ao entrar em Gaza e assassinar seis integrantes do Hamas. O Estado judeu alegou que estava impedindo a construção de um túnel para raptar soldados israelenses do outro lado da fronteira. O Hamas revidou com foguetes, mas declarou que estenderia a trégua, caso Israel aliviasse o bloqueio à Faixa de Gaza. Israel se recusou a fazê-lo. Uma subsequente escalada de agressões culminou no início da operação Cast Lead, dia 27 de dezembro de 2008. 1.3 Operação Cast Lead A operação Cast Lead teve início no dia 27 de dezembro de 2008, oito dias após o fim do tênue cessar-fogo mediado pelo Egito em junho deste mesmo ano. O momento escolhido para deflagrar a operação é revelador. A 25 dias do fim do segundo mandato do presidente 27 (...) it has been decided to adopt the recommendations that have been presented by the security establishment, including the continuation of military and counter-terrorist operations against the terrorist organizations. Additional sanctions will be placed on the Hamas regime in order to restrict the passage of various goods to the Gaza Strip and reduce the supply of fuel and electricity. Restrictions will also be placed on the movement of people to and from the Gaza Strip. The sanctions will be enacted following a legal examination, while taking into account both the humanitarian aspects relevant to the Gaza Strip and the intention to avoid a humanitarian crisis. 32 estadunidense, George W. Bush, um aliado particularmente fiel. Com seu fim definido para antes da posse de Barack Obama, que bradava mudança. E a menos de dois meses das eleições legislativas israelenses, realizadas no dia 10 de fevereiro de 2009. No documento elaborado pelo ministério da Defesa israelense como resposta ao relatório Goldstone28, The operation in Gaza: Factual and Legal Aspects, a motivação da operação é reafirmada como defesa contra os danos de naturezas diversas causados pelos foguetes oriundos de Gaza. Entretanto, autores apontam como fonte alternativa de motivação a necessidade de restaurar a capacidade de dissuasão do exército israelense na região, após a guerra contra o Hezbollah em 2006 no Líbano29. (JOHNSON, 2011. SHLAIM, 2009) Após o conflito com o grupo xiita libanês, e uma avaliação minuciosa de sua atuação realizada pela Comissão Winograd30, o exército de Israel passou por um extenso processo de reformulação. Esta reforma visava alcançar a capacidade de atuar em guerras híbridas, tipo de conflito predominante quando engaja-se em ações militares contra organizações como Hezbollah e Hamas. Esta capacidade difere das habilidades de combate necessárias em guerras tradicionais ou no combate à Intifadas, que correspondia, até então, ao treinamento da Força de Defesa Israelense. (JOHNSON, 2011) Também articulada pelo exército de Israel após a Guerra do Líbano, a doutrina Dahiya é homônima de um subúrbio de Beirute assolado por ataques aéreos israelenses durante o conflito de 2006. Segundo o General Gradi Eisenkot, chefe do comando militar norte de Israel, a doutrina consiste em causar imensa destruição através de ataques em que uma força desproporcional é aplicada. Em entrevista concedida ao Haaretz em março de 2008, o General afirmou que a doutrina não era uma sugestão, mas um plano, e havia sido aprovado no caso de um eventual embate militar. (KHALIDI, 2010, HAREL, 2010) Um dia após a deflagração do conflito, o ministro da Defesa à época, Ehud Barak, afirmou que a operação estava sendo planejada há meses para “atingir severamente o Hamas de 28 Resultado da missão investigativa designada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, encabeçado por Richard Goldstone, para investigar as denúncias de crimes de guerra cometidos por israelenses e palestinos durante a Guerra de Gaza. 29 O embate militar, iniciado dia 12 de julho de 2006, ocorreu no norte de Israel e no sul do Líbano, tradicional reduto do Hezbollah. É conhecido em Israel como Segunda Guerra do Líbano. 30 Comissão apontada pelo governo isralense, para investigar e tirar lições do engajamento militar de Israel contra o Hezbollah no Líbano em 2006. 33 forma a mudar a situação em sua base” (Samuel Sockol, 2012, tradução nossa). Na mesma ocasião, ele disse que a operação iria ser expandida e aprofundada o quanto fosse necessário. Um indicador de que a operação terrestre havia sido planejada para dar sequencia à campanha aérea desde o início, de acordo com as lições apreendidas na Segunda Guerra do Líbano. (JOHNSON, 2011) 1.3.1 Campanha de Relações Públicas da operação Cast Lead Quando o ataque contra o Hamas foi acordado durante a sessão semanal do gabinete israelense no dia 21 de dezembro, também foi autorizado o lançamento de uma campanha internacional de relações públicas com o objetivo de angariar apoio para a operação Cast Lead. Briefings foram enviados para diplomatas servindo em Israel, fizeram-se reuniões, ligações e teleconferências com líderes estrangeiros. Diplomatas israelenses foram despachados para capitais internacionais com a missão de fazer lobby pela guerra, e levar a mensagem de que Israel não iria evitar retaliações militares após o fim do cessar-fogo. (ESPOSITO, 2009c) Um órgão encarregado das relações públicas do Estado de Israel foi criado a partir das recomendações feitas pela Comissão Winograd, O National Information Directorate foi estabelecido oito meses antes do início da operação Cast Lead. Sua principal função era, nas palavras do chefe do órgão: “coordenar as mensagens e ser uma plataforma de cooperação entre as diversas agências que lidam com comunicação e diplomacia pública” (Rachel Shabi, 2009, tradução nossa). Um canal oficial da FDI foi lançado no site YouTube, onde eram postados vídeos sobre a operação31. Em Gaza, durante ataques aéreos, prédios onde situavam-se os estúdios e escritórios de canais de TV e rádio palestinos, além de sucursais da mídia internacional, foram danificados ou completamente destruídos. (ESPOSITO, 2009c) O Sderot Media Center, órgão criado para oferecer à mídia israelense e internacional cobertura in loco dos ataques de foguetes palestinos, ficou aberto durante a guerra e conduziu visitas pela cidade localizada no sul do país, principal alvo dos foguetes. Sderot também foi o 31 Diferentemente do que aconteceu durante a guerra contra o Hezbollah, os celulares dos soldados foram confiscados antes que estes entrassem no campo de batalha. 34 local escolhido para os jornalistas receberem os informes oficiais do governo sobre a operação. (SILVERMAN, 2008) Após a quebra da trégua, Israel impôs um bloqueio quase total à Gaza, no qual jornalistas foram banidos do território, apesar dos protestos de grandes organizações midiáticas. Uma carta de protesto assinada pela alta cúpula da Associated Press, Reuters, New York Times, ABC News, BBC, Agence France Presse e os canais CTV (Canadá) e ZDF (Alemanha), foi entregue ao então primeiro ministro, Ehud Olmert. Através do porta-voz de Olmert, o governo confirmou ter recebido a carta. Segundo este, jornalistas não estavam sendo banidos, mas sim entrando na dinâmica de um bloqueio mais amplo efetuado por razões de segurança. Entretanto, jornalistas já receberam permissão para entrar na Faixa de Gaza em tempo de conflitos mais intenso. Israel havia aprendido uma lição. A guerra não é mais travada apenas militarmente. Existem outros frontes, de similar importância, e a forma como a guerra é representada na mídia é um deles. Ganhar a guerra e perder a batalha da opinião pública pode ser quase tão nocivo quanto perder a própria guerra. 1.3.2 O apoio incondicional dos Estados Unidos da América No dia 6 de janeiro de 2009, o presidente da França, Nicholas Sarkozy, juntamente com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, com apoio dos Estados Unidos, fizeram apelos por um cessar-fogo seguido por negociações sobre o contrabando empreendido pelo Hamas através de túneis e o bloqueio israelense imposto sobre Gaza. (ESPOSITO, 2009c) O apoio estadunidense ao cessar-fogo não foi reproduzido durante o voto da resolução 1860 no Conselho de Segurança da ONU, adotada no dia 8 de janeiro de 2009. Os Estados Unidos se abstiveram da votação que passou por 14-0 e pedia um cessar-fogo imediato, durável e respeitado, que culminasse na retirada completa das forças israelenses. Desta forma, mantiveram a aliança com Israel sem serem rechaçados pela opinião pública mundial. George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, expôs em um discurso proferido no dia 2 de janeiro de 2009 via rádio, a versão que sua administração adotou do conflito. Analisado em conjunto com a abstenção durante a votação da resolução 1860, e como uma 35 síntese da posição norte-americana durante a operação, este discurso demonstra um ponto particularmente alto da tradicional aliança entre Israel e Estados Unidos. No seu pronunciamento32, Bush adota a agenda política israelense sem reservas e culpa o Hamas integralmente pela violência. O recorte temporal escolhido pelo presidente e os dados selecionados para explicá-los compõem a imagem de uma equiparação total de percepções históricas, políticas e conduta. No discurso do presidente estadunidense à época, a tomada de Gaza pelo Hamas não foi contextualizada com informações vitais para a compreensão deste ato, como, por exemplo, a tentativa de golpe empreendida pela Autoridade Nacional Palestina. A recusa de renovar o cessar-fogo por parte do Hamas e os foguetes disparados durante a trégua não foram acompanhados de uma menção ao bloqueio mantido por Israel sobre Gaza, cujo relaxamento (não observado) constava nas negociações da trégua de junho de 2008. O desgaste da condição de vida dos palestinos que vivem em Gaza, acentuado após a tomada do controle pelo Hamas, é abordado por Bush. Este, entretanto, não menciona o início do bloqueio econômico imposto por Israel em consequência desse fato. O presidente sugere que a degradação é oriunda dos gastos do Hamas com armamentos em detrimento às necessidades dos habitantes da Faixa de Gaza. Além da sintonia nos campos político e diplomático, grande parte desta aliança tem expressão no âmbito militar. Em 2007, o governo Bush assinou um acordo militar bilateral com Israel no valor de 30 bilhões de dólares a serem repassados ao longo de dez anos. Este pacote de ajuda bélica aumentou o montante do repasse anual de 2.55 bilhões em 2009, para 3.1 bilhões a partir de 2013 até 2018. Desde 1988, esta “relação especial” (Berigan, 2009, pág, 7) faz de Israel o único país autorizado a usar o Foreign Military Fund33 para realizar compras de produtos militares provenientes de Israel. Atualmente, o país pode gastar 26.3% do valor repassado domesticamente. (Congressional Research Service, 2012) Segundo Berigan (2009), nos Estados Unidos a regulação mais importante para a transferência de armas e ajuda militar é o Arms Export Control Act, de 1976. De acordo com este 32 O pronunciamento encontra-se no apêndice. FMF é uma subvenção destinada à aquisição de equipamentos de defesa, serviços e treinamento militar norteamericano. Esta ajuda financeira militar é dada a "amigos" dos Estados Unidos, segundo o governo estadunidense, com o objetivo de contribuir para a estabilidade regional e global, fortalecendo governos eleitos democraticamente, e combatendo ameaças transnacionais, como terrorismo, tráfico de drogas, armas e pessoas. 36 33 decreto, governos que desejam continuar aptos a comprar artigos e serviços militares dos Estados Unidos, devem concordar em usá-los somente para os propósitos de “segurança internacional” e “legítima defesa”. Porém, ainda de acordo com Berigan (2009), existe uma grande brecha: o decreto não define o que constitui estes termos. O saldo final de mortos na guerra de Gaza, de acordo com o enviado da ONU para direitos humanos, Richard Falk, foi 1.434 palestinos, dos quais 960 eram civis, incluindo 212 mulheres e 288 crianças, e 13 israelenses, incluindo 2 civis (dos 11 soldados mortos, 4 foram atingidos por fogo amigo). Esta discrepância, em conjunto com episódios envolvendo ataques a uma escola da ONU, veículos de organizações que realizavam trabalho humanitário, além de diversas denúncias de uso de fósforo branco34 em áreas densamente povoadas fez com que a conduta da FDI fosse questionada em diversos momentos. 1.3.3 O Código de Conduta das Forças Armadas Israelenses Desde 2001, o exército israelense é guiado por um “código de ética” denominado “Spirit of the IDF”. Segundo Khalidi (2010), este código possui diversos pontos em dissonância com o direito humanitário internacional e as leis de guerra (jus ad bellum). Segundo o autor, a análise de alguns pontos deste código poderia prover uma explicação para o modus operandi adotado pela FDI durante a guerra. No site do exército Israelense, a doutrina é destrinchada de forma simples, em uma única página organizada por tópicos. Na seção “Human Life” é particularmente revelador o fato de que somente a vida dos soldados e seus camaradas são abordadas, deixando de mencionar por completo a vida de civis: "Os soldados das FDI agirão de maneira judiciosa e segura em tudo que fizerem, por reconhecimento do supremo valor da vida humana. Durante o combate eles irão colocar em risco a si próprios e seus camaradas somente até o ponto necessário para executar sua missão"35 (Site das Forças de Defesa Israelense, tradução nossa). 34 Leis internacionais restringem o uso de fósforo branco durante a guerra. Em contato com a pele, a substância causa queimaduras que chegam até o osso. O fósforo branco libera ainda um ácido nas feridas que pode causar o envenenamento da vítima. 35 The IDF servicemen and women will act in a judicious and safe manner in all they do, out of recognition of the supreme value of human life. During combat they will endanger themselves and their comrades only to the extent required to carry out their mission. 37 Ainda de acordo com o Khalid (2010), a maior inovação proposta pelo código de ética é o “princípio de distinção”. Este princípio orienta o tipo de obrigação que o Estado tem com diferentes tipos de pessoas durante a luta contra o terrorismo, como definido pelo documento israelense. As obrigações são priorizadas na seguinte ordem: 1. Prejuízo mínimo para a vida de cidadãos do Estado que não atuam como combatentes durante o embate. 2. Prejuízo mínimo para a vida de outras pessoas (fora do Estado) que não estão envolvidas em atividades terroristas, quando sob controle efetivo do Estado. 3. Prejuízo mínimo para a vida de combatentes do Estado durante as operações de combate. 4. Prejuízo mínimo para a vida de outras pessoas (fora do Estado) que não estão envolvidas em atividades terroristas, quando não estão sob controle efetivo do Estado. 5. Prejuízo mínimo para a vida de outras pessoas (fora do Estado) que estão indiretamente envolvidas com atividades ou atos terroristas. 6. Prejuízo à medida do necessário às liberdades e à vida de outras pessoas (fora do Estado) que estão diretamente envolvidas em atividades ou atos terroristas.36 (Site das Forças de Defesa Israelense, tradução nossa) Ao organizar as categorias desta forma, o código prioriza a vida de cidadãos combatentes em detrimento de evitar prejuízos à vida de cidadãos de fora do Estado, que não estão engajados em atividades terroristas. De acordo com Khalidi (2010), isto é uma digressão de toda a tradição teorética de justiça em períodos de guerra. O autor explica que esta tradição engloba uma distinção fundamental entre combatentes e não combatentes: soldados estão armados, preparados para o combate e prontos para se defender. Esta diferenciação está encrustada no direito humanitário internacional. Ao analisar episódios envolvendo um grande número de mortes de civis palestinos, relatados por fontes oficias israelenses, palestinas e ONGs internacionais (Khalid, 2010. Esposito, 2009c), em contraste com a lista de prioridade de obrigações das FDI, é possível chegar à 36 Minimum injury to the lives of citizens of the state who are not combatants during combat. Minimum injury to the lives of other persons (outside the state) who are not involved in terror, when they are under the effective control of the state. Minimum injury to the lives of the combatants of the state in the course of their combat operations. Minimum injury to the lives of other persons (outside the state) who are not involved in terror, when they are not under the effective control of the state. Minimum injury to the lives of other persons (outside the state) who are indirectly involved in terror acts or activities. Injury as required to the liberties or lives of other persons (outside the state) who are directly involved in terror acts or activities. 38 conclusão de que Israel não considera Gaza um território sob “controle efetivo do Estado”. Esta visão pode ser proveniente da retirada unilateral de 2005, quando foram evacuadas as colônias judaicas que existiam no local. Apesar da retirada efetuada durante governo Sharon, o território ainda possui uma relação de dependência intricada com Israel. O exemplo mais flagrante disto é o efeito avassalador que o bloqueio imposto por Israel, após a vitória obtida pelo Hamas nas eleições legislativas de 2006, teve sobre a vida dos habitantes da Faixa de Gaza. Na tabela abaixo foram selecionados alguns indicadores que permitem uma compreensão mais ampla da condição de vida dos habitantes da Faixa de Gaza, às vésperas da operação Cast Lead. Esta representação factual também visa auxiliar a compreensão da dimensão do impacto que a operação teve sobre a região. Porcentagem de habitantes de Gaza classificados como vivendo em condição de pobreza 79% Porcentagem de habitantes de Gaza classificados como vivendo em condição de extrema pobreza 35% Porcentagem de habitantes de Gaza recebendo ajuda da ONU (comida e/ou dinheiro) 49% Taxa de desemprego entre habitantes de Gaza procurando emprego Valor dos projetos de construção da ONU e do setor privado suspensos em razão do bloqueio $370 israelense milhões Altura máxima que plantação podia chegar para preservar o campo de visão da FDI 40 cm Porcentagem de habitantes de Gaza recebendo água uma vez a cada 5 ou 7 dias 60% Porcentagem de água para beber que se enquadrava nos padrões de potabilidade da Organização 20% Mundial da Saúde, em virtude da falta de cloro e combustível para as estações de tratamento, por causa das restrições israelenses Litros por dia de esgoto não tratado jogado no Mar Mediterrâneo por falta de cloro e energia 40 para utilização de estações de tratamento milhões Tabela 1– Indicadores estatísticos às vésperas da operação Cast Lead Fonte: Journal of Palestinian Studies No segundo dia da operação Cast Lead, centenas de palestinos tentaram cruzar a fronteira com o Egito através de pequenos buracos no muro fronteiriço, aparentemente causados pelos ataques das FDI. Eles foram mandados de volta pelas forças de segurança egípcias, que trocaram tiros com a multidão deixando um palestino e um guarda egípcio mortos, além de 10 feridos. (ESPOSITO, 2009c) 39 A Faixa de Gaza possui 45 quilômetros de comprimento, e de leste a oeste mede 12.5 quilômetros, chegando a 5,47 quilômetros no ponto mais estreito. Toda a fronteira com Israel é permeada por postos de controle, completamente fechados durante a guerra, exceto em casos extremos. A fronteira com o Egito também possui postos de controle, igualmente selados durante a guerra, restando apenas a fronteira com o mar mediterrâneo, sendo o espaço marítimo controlado por Israel. Mapa 8: Faixa de Gaza Fonte: CIA World Factbook - Adaptado O relatório Goldstone, citando fontes israelenses, afirma que 165.000 chamadas para avisar os habitantes de Gaza sobre ataques iminentes foram realizadas pelo governo de Israel durante a operação. Neste contexto, a ponderação de um soldado37 que lutou em Gaza parece particularmente pertinente: “Na realidade, nós tínhamos que ir de andar em andar e em qualquer pessoa que identificássemos, deveríamos atirar. Inicialmente eu me perguntei: qual é a lógica disso? 37 Transcrição de parte do relato de um soldado, durante discussão entre membros do exército que participaram da operação Cast Lead e graduaram-se no programa preparatório Yatzik Rabin. 40 De cima, eles diziam que era permissível, porque qualquer pessoa que permanecesse no setor e dentro de Gaza era condenado como terrorista porque não tinham fugido. Eu não entendia: de um lado eles não têm para onde fugir, do outro estão nos dizendo que eles não fugiram, então é culpa deles...”38 (Planning, Strategy and the Conduct of the War, Journal of Palestinian Studies, tradução nossa) A conduta da FDI durante a guerra não foi a única fonte de dissidência no exército. O método empregado para obter o desejado fim das agressões através do enfraquecimento do Hamas também encontrou vozes dissonantes dentro das forças armadas israelense. O general de brigada, Shmuel Zakai, antigo comandante da divisão de Gaza da FDI, declarou em entrevista ao Haaretz dia 22 de dezembro de 2008: "Nós poderíamos ter aliviado o bloqueio imposto sobre a Faixa de Gaza, de modo que os palestinos, o Hamas, intenderiam que cessar os ataques seria de seu próprio interesse. Mas quando você cria uma tahadiyeh (trégua), e a pressão econômica continua na Faixa, é obvio que o Hamas tentará obter uma tahadiyeh com melhores condições, e seu modo de conseguir isso é através do lançamento de Qassams. 39 " (Shmuel Zakai, 2008, tradução nossa.)40 O presidente da Assembleia Geral da ONU na época da guerra, Miguel d’Escoto Brockmann, em discurso proferido no primeiro dia de combates, condenou o bloqueio à Gaza como forma de punição coletiva, prática que infringe as leis do direito humanitário internacional consuetudinário estabelecido na regra 103 da Convenção de Genebra. Cordesman (2009) afirmou em sua análise estratégica da guerra, que o sucesso tático de Israel provavelmente seria eclipsado pelos custos da operação a médio e longo prazo em termos das reações árabes e de outras regiões. Levando em consideração os objetivos declarados de Israel ao iniciar a operação Cast Lead, é inevitável questionar se o meio escolhido para obter o fim das agressões praticadas pelo Hamas surtiu o efeito desejado pelo Estado judaico, ou se este realmente era seu objetivo. 38 “In effect, we were supposed to go up floor by floor, and any person we identified, we were supposed to shoot. I initially asked myself: Where is the logic in this? From above they said it was permissible, because anyone who remained in the sector and inside Gaza City was in effect condemned, a terrorist, because they hadn’t fled. I didn’t really understand: On the one hand they don’t really have anywhere to flee to, but on the other hand they’re telling us they hadn’t fled so it’s their fault . . .” 39 Qassams ou Kassams são mísseis primitivos, sem dispositivos de mira, de fabricação caseira. 40 "We could have eased the siege over the Gaza Strip, in such a way that the Palestinians, Hamas, would understand that holding their fire served their interests. But when you create a tahadiyeh, and the economic pressure on the Strip continues, it's obvious that Hamas will try to reach an improved tahadiyeh, and that their way to achieve this, is resumed Qassam fire.” 41 Existem diversos resultados da Guerra de Gaza. O mais importante, provavelmente, foi ter evidenciado a necessidade de um governo unificado entre Hamas e Fatah, para que possa existir uma posição crível de negociação perante Israel. A divisão política dos palestinos foi colocada em destaque, demonstrando os ganhos que a cisma representa para Israel e seu caráter nocivo para os interesses nacionalistas do povo da palestina. A esfera política israelense demonstrou uma falta de coesão inadequada para o momento de uma operação militar. Apesar das lições aprendidas na Guerra do Líbano, Israel não parecia totalmente preparado para a dimensão política da ofensiva contra Gaza. Discordâncias não veladas entre membros do gabinete israelense evidenciaram que as condições para determinar o fim da operação eram turvas para o próprio governo. O custo de manter a área isolada e a guerra sem uma cobertura jornalística plural se eleva em um contexto de visibilidade exacerbada pela tecnologia e pelo uso de redes sociais e outros fóruns cibernéticos. O custo moral de operações militares deste tipo, em uma área densamente povoada, que já sofria um racionamento intenso de bens de consumo anterior ao embate militar, também tornou-se mais alto desde a guerra e a divulgação da crise humanitária que esta acentuou gravemente. O isolamento de Israel também se aprofundou, com consequências incertas para o país no contexto regional. Tudo isso, inevitavelmente, gera questionamentos quanto à eficácia de tal operação no que tange a melhoria das condições de segurança do Estado de Israel. Com efeitos questionáveis sobre o Hamas na esfera política, mas também na sua capacidade de lançar foguetes, o partido parece ter saído fortalecido do conflito, minando o interesse declarado de Israel de tornar seu governo inviável. 1.4 Linha do Tempo: dia a dia da operação Cast Lead Os dados para a reconstrução do dia a dia do conflito foram selecionados de um relatório minuciosamente detalhado, "Quartely Updade on Conflict And Diplomacy, produzido pelo Journal of Palestine Studies, publicado pela Universiy of Carlifornia Press. "O Quartely Update é um resumo de eventos bilaterais, multilaterais, regionais e internacionais, que afetam os palestinos e o futuro do processo de paz. Mais de 100 jornais, agências de notícias, canais de televisão e fontes online, provêm coberturas internacionais, independentes e governamentais dos eventos que estão se desenrolando 42 nos Estados Unidos, em Israel e no mundo árabe"41. (Esposito, 2009c. Pg 286, tradução nossa) No dia 27 de dezembro de 2008 (horário local), através de uma onda de ataques aéreos sobre Gaza, teve início a operação Cast Lead. As Forças de Defesa Israelense atacaram 150 alvos, matando 228 palestinos e ferindo 700, dos quais 140 gravemente. Entre os alvos estava a formatura de policiais civis onde 60 pessoas morreram, inclusive o chefe da polícia palestina, Maj. Gen. Tawfiq Jaber. A principal prisão da Cidade de Gaza, que aprisionava oponentes do Hamas, teve apenas os portões atingidos facilitando a fuga dos oponentes do partido. Uma mesquita identificada pelas FDI como base para atividades terroristas foi atacada, juntamente com a Al-Aqsa, estação de TV do Hamas. Palestinos dispararam 59 foguetes, atingindo o ponto mais norte até então, e 19 morteiros. Um civil israelense morreu em Netivot e quatro ficaram feridos. Na Cisjordânia, palestinos protestaram contra a operação e entraram em conflito com as FDI em diversos pontos, deixando 3 palestinos mortos e 31 pessoas feridas. Em 28 de dezembro, as FDI reportaram o bombardeamento aéreo e naval de 100 locais, fazendo com que o número de palestinos mortos em dois dias de conflito chegasse a 300, e o de feridos a 1.300. Os alvos primários das FDI eram cerca de 40 túneis ao longo da fronteira de Rafah. Entre outros alvos estavam diversos prédios da faculdade islâmica (incluindo o prédio de ciências, que Israel acusou de envolvimento com a manufatura de foguetes), o escritório do primeiro ministro Ismail Haniyeh, os portos de Gaza e Rafah, além de três mesquitas que, supostamente, abrigavam armas. Palestinos atiraram contra Israel 17 foguetes e 18 morteiros, ferindo ao menos 6 civis (incluindo casos de choque psicológico). Na Cisjordânia palestinos continuaram protestando contra a operação. No dia 29 de dezembro as FDI relataram atingir 100 alvos, incluindo mais prédios da universidade islâmica, prédios da ANP, duas mesquitas, a sede da Al-Aqsa TV e o porto de Gaza, pelo segundo dia consecutivo. Oficiais médicos palestinos reportaram 364 mortos e 1.500 feridos desde o início da operação. Palestinos dispararam 66 foguetes, matando 3 civis (um deles um 41 The Quarterly Update is a summary of bilateral, multilateral, regional, and international events affecting the Palestinians and the future of the peace process. More than 100 print, wire, television, and online sources providing U.S., Israeli, Arab, and international independent and government coverage of unfolding events are surveyed to compile the Quarterly Update. The most relevant sources are cited in JPS’s Chronology section, which tracks events day by day. 43 palestino-israelense) e ferindo 5 (três deles palestinos-israelenses). Um morteiro palestino atingiu uma base da FDI em Netivot matando um soldado druso, ferindo gravemente um e outros quatro levemente. O total de israelenses mortos no 3o dia de conflito girava em torno de 4 ou 5, os feridos somavam 20. No quarto dia de conflito, dia 30 de dezembro, a diplomacia internacional começou a mobilizar esforços para estabelecer uma trégua humanitária de 48hs e a negociação de um cessarfogo. As FDI se engajaram em mais 70 ataques aéreos, enquanto a marinha israelense continuou bombardeando, causando ao menos 10 mortes, elevando o número de palestinos mortos para 370. Cargas de combustível para Gaza ainda estavam vetadas, levando ao fechamento da usina de energia. Na Cidade de Gaza, ao menos 20 ataques aéreos atingiram os escritórios do primeiro ministro (PM) Haniyeh e o principal complexo de prédios da ANP (ambos alvos atingidos anteriormente). Um ataque aéreo atingiu uma ambulância matando um paramédico, ferindo gravemente o médico e o motorista. Ainda no dia 30 de dezembro de 2008, as FDI lançaram um canal no YouTube com vídeos sobre a operação. Palestinos atiraram 41 foguetes e 10 morteiros contra Israel, danificando uma casa em Sderot. Um foguete atingiu Bersheeba a 40 quilômetros da fronteira de Gaza, marcando o ataque com maior alcance até então. Na Cisjordânia, as FDI atiraram munição, balas de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra palestinos que protestavam. No dia 31 de dezembro de 2008, o gabinete israelense rejeitou a proposta de trégua humanitária, alegando que faltavam mecanismos para executá-la. O líder do Hamas exilado em Damasco, Khalid Mishal, afirmou que o Hamas consideraria qualquer cessar-fogo que incluísse o fim do embargo imposto à Gaza. Já o líder do Hamas em Gaza, Haniyeh, disse que o Hamas não consideraria propostas até que Israel suspendesse os ataques e abrisse todos os pontos de passagem fronteiriços. O comandante da Jihad Islâmica, Amar Abu Ghalula, e três outros militantes do grupo morreram em um ataque à um depósito de armas. Palestinos dispararam 49 foguetes e 15 morteiros, sem vítimas. Quatro mísseis palestinos de longo alcance atingiram Bersheeba, um deles atingiu uma escola vazia, causando danos consideráveis a um cômodo. A Comissária Geral da UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos) declarou que, pela primeira vez em oito anos trabalhando com a agência, ela viu palestinos mendigando nas ruas de Gaza. Na Cisjordânia observadores relatam que o apoio ao Hamas crescia. A ANP dispersa demonstrações explicitamente pró -Hamas. 44 Em 1o de janeiro de 2009, Israel anuncia que deixará 443 pessoas que possuem passaporte estrangeiro deixarem Gaza, aumentando a desconfiança de que uma ofensiva terrestre estava por vir. As FDI continuaram o bombardeamento aéreo e naval. Os alvos incluíram duas mesquitas, um reservatório de água e a casa do clérigo que agia como elo entre as alas política e militar do Hamas, Nizar Rayyan. O ataque também matou suas quatro esposas e onze de seus doze filhos. Palestinos atiraram 59 foguetes (ao menos 10 destes foram lançados pela JI) e um morteiro. Um míssil de longo alcance atingiu um prédio em Ashdod danificando-o severamente, sem vítimas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou para o aumento exponencial das necessidades humanitárias. As FDI fecharam a Cisjordânia citando questões de segurança não especificadas. Em um posto de controle, tropas israelenses atiraram balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo em membros de um funeral que se recusaram a baixar a bandeira palestina enquanto passavam pela barreira. No dia 2 de janeiro de 2009, o gabinete de Segurança de Israel aprovou a segunda fase da operação Cast Lead. Enquanto isso as FDI deram sequência ao bombardeamento aéreo e naval de Gaza. Os alvos incluíram casas de oficias do Hamas, o carro onde estava o comandante militar do grupo, Abu Zakariya al-Jamal (morto no instante do ataque) e o aeroporto de Rafah (já severamente danificado por ataques anteriores). As FDI acompanharam 226 estrangeiros que optaram por deixar Gaza até a fronteira com a Jordânia. 26 foguetes e 15 morteiros foram disparados por palestinos, ferindo levemente dois israelenses. No sétimo dia de embate praticamente todas as delegacias de polícia e prédios governamentais haviam sido destruídos. Em Jerusalém, centenas de palestinos entram em conflito com policiais israelenses após as orações de sexta. Durante 3 de janeiro, Israel bombardeou locais específicos da Faixa de Gaza com a aparente intenção de livrá-los de minas e túneis, em preparação para o envio de forças terrestres. Também houve bombardeios aéreos e navais. Entre outros, seus alvos foram duas mesquitas (matando 13 fiéis e ferindo 30 durante as orações noturnas), a rádio Al-Aqsa, e o escritório do jornal al-Risala. À noite teve início a 2a fase da operação com uma grande ofensiva terrestre. Palestinos dispararam 28 foguetes e 7 morteiros, ferindo levemente dois israelenses. Junto com as tropas terrestres entraram um jornalista israelense e dois internacionais (BBC e Reuters), os primeiros permitidos em Gaza desde o fim de outubro de 2008. Apesar da interdição sobre a 45 entrada de jornalistas permanecer, estes foram aceitos, segundo o governo israelense, devido à sua longa história de boas relações com as FDI. Em 4 de janeiro, as tropas terrestres continuaram a avançar sobre Gaza com ajuda de ataques perpetrados pela marinha e pela aeronáutica. Enquanto as tropas se concentraram no norte, os ataques aéreos e navais focaram igualmente as porções norte e sul do território. Palestinos atiraram 29 foguetes. Uma casa em Sderot foi atingida e uma mulher foi levemente ferida. Ao menos 47 palestinos morreram durante o dia (incluindo 4 paramédicos), 400 foram feridos, incluindo três paramédicos. Um soldado israelense morreu, 16 ficaram feridos, quatro gravemente. Na Cisjordânia um soldado israelense atirou fatalmente em um palestino que protestava contra a operação. No dia 5 de janeiro, as FDI apertaram o cerco à Cidade de Gaza, mas evitaram entrar em áreas densamente povoadas. A aeronáutica ajudou no avanço das tropas terrestres. Uma casa na Cidade de Gaza onde soldados israelenses colocaram 110 palestinos recolhidos no dia anterior, foi atingida por um ataque aéreo e repetidamente bombardeada matando 30 membros de uma família (incluindo cinco crianças), e ferindo um grande número de pessoas. Um ataque aéreo noturno atingiu uma escola da UNRWA que estava sendo usada como abrigo, matando três membros de uma família. Palestinos atiraram 28 foguetes e cinco morteiros, danificando um jardim de infância vazio e ferindo dois israelenses. Agências humanitárias como a UNRWA e a CICV alertaram para o fato de que dois terços da Faixa de Gaza estava sem energia, sofrendo com as temperaturas "congelantes" do inverno. No dia 6 de janeiro de 2009 os presidentes da França e do Egito à época, Nicholas Sarkozy e Hosni Mubarak, com apoio dos Estados Unidos, pediram um cessar-fogo imediato seguido de negociações sobre o embargo israelense imposto sobre Gaza e o contrabando empreendido pelo Hamas. O conflito se intensificou ao redor da Cidade de Gaza, pela primeira vez com incursões em áreas urbanizadas. No ataque mais mortal desde o início da operação, um morteiro disparado pelas FDI do lado de fora de uma escola da UNRWA usada como abrigo matou 42 palestinos e feriu 55 civis. Entre os mortos estavam dois membros do Hamas que passavam pela área (a escola fica no campo de refugiados Jabaliya, uma área densamente povoada) e 40 civis que estavam dentro e ao redor da escola, incluindo 16 crianças. Outro ataque em uma área residencial feriu 7 empregados da ONU em uma clínica médica. A ONG Save the Children alertou para o fato de que as crianças de Gaza corriam perigo de hipotermia por falta de 46 eletricidade e combustível. A situação se tornava mais grave, pois muitas famílias dormiam de janelas abertas para não se ferirem com estilhaços em caso de ataque. No dia 7, as FDI empreenderam mais de 40 ataques aéreos sobre Gaza, incluindo entre seus alvos prédios da ANP (já atingidos diversas vezes). O CICV relatou ter encontrado 16 corpos (7 mulheres, 6 crianças, 3 homens) e 18 palestinos gravemente feridos (incluindo 4 crianças esqueléticas, inaptas a andar), em um emaranhado de casas destruídas na Cidade de Gaza. O CICV afirmou ter recebido alertas sobre esta situação no dia 3 de janeiro, mas reportaram que as FDI barraram ambulâncias e equipes de resgate de chegarem ao local. Equipes humanitárias internacionais acabaram por entrar com carroças para tirar os feridos. O CICV tentou voltar para retirar os corpos, mas o local havia sido selado pelas FDI. Este episódio fez com que o escritório do CICV em Genebra expedisse uma rara condenação à Israel, chamando a conduta das FDI de “inaceitável”, afirmando que o Estado judeu havia “falhado em cumprir sua obrigação perante a lei internacional de cuidar e evacuar os feridos”. Na Cisjordânia os protestos prosseguiram com as FDI atirando balas de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra palestinos e ativistas interacionais que faziam demonstrações contra a operação. Em 8 de janeiro, o Conselho de Segurança da ONU (UNSC) passou por 14 a 0 (com a abstenção dos Estados Unidos), a resolução 1860, demandando um “cessar-fogo imediato, durável e totalmente respeitado, que levasse à retirada completa das tropas israelenses de Gaza.” Israel afirmou que não interromperia a operação até que um cessar-fogo com o Hamas pudesse ser garantido. As FDI realizaram mais 60 ataques em Gaza. Palestinos dispararam ao menos 15 foguetes e um morteiro, ferindo levemente quatro israelenses. Soldados das FDI atiraram contra trabalhadores humanitários da ONU e do CICV, que haviam coordenado seus movimentos previamente com o exército, oferecendo informações precisas sobre sua rota, horário e veículos. Um motorista da ONU morreu e dois ficaram feridos. Um trabalhador do CICV também foi ferido. O comando geral da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) disparou quatro foguetes do sul do Líbano contra Israel e as FDI revidaram. O Hezbollah, o governo Libanês e o Fatah condenaram o ataque, assegurando Israel que não tinham a intenção de abrir um segundo fronte. Manifestações continuaram na Cisjordânia, com um palestino morto ao, supostamente, tentar incendiar um posto de gasolina próximo a um assentamento judaico. No dia 9, ataques aéreos, navais e terrestres de alta intensidade continuaram por toda a Faixa de Gaza. Um ataque aéreo atingiu o topo de um prédio que abrigava os escritórios de 20 47 agências internacionais de notícias. Na Cidade de Gaza houve relatos de combates a curta distância, com palestinos atirando munições antitanque, morteiros e fazendo uso de francoatiradores contra as tropas israelenses. Palestinos atiraram 30 foguetes e um morteiro contra Israel. A ONU e agências humanitárias retornaram seus trabalhos à escala normal após receberem garantias do governo israelense de que não seriam atacadas novamente. No dia 10 de janeiro, as FDI relataram terem atacado aereamente 120 alvos, assassinando o chefe do braço armado do Hamas, Ahmad Jabari. Outros alvos incluíram 21 locais que supostamente armazenavam armas (incluindo uma mesquita, uma escola e a casa de membros do Hamas). Um ataque aéreo destruiu o depósito de combustível, o gerador de eletricidade e o sistema de abastecimento de água do hospital europeu em Gaza. Houve relatos de artilharia pesada sendo usada no campo de refugiados, Jabaliya. O número de palestinos mortos após 13 dias de conflito era estimado em 820-840. Palestinos dispararam 9 foguetes e 10 morteiros contra Israel. O Estado judaico cumpre uma trégua humanitária de 3 horas para permitir que agências humanitárias recuperassem corpos e distribuíssem comida, mas não permite a entrada de novos carregamentos de ajuda. Protestos e confrontos com as FDI continuam na Cisjordânia. Em 11 de janeiro, Israel iniciou a incursão mais profunda em Gaza até então. O ataque começou antes do amanhecer com tanques e tropas terrestres, o apoio de helicópteros e F16s, resultando nos confrontos mais violentos registrados até então. Os ataques aéreos das FDI contra túneis na fronteira de Rafah danificam 10 casas na fronteira egípcia, ferindo gravemente dois policias de fronteira e duas crianças egípcias. Oficiais egípcios afirmaram que Israel violou o espaço aéreo egípcio diariamente desde o início da operação, danificando prédios, uma mesquita, destruindo vidros e causando falta de energia no Egito. Palestinos dispararam mais de 20 foguetes, 8 morteiros e um Grad, que atingiu um jardim de infância vazio em Ashdod. No dia 12 de janeiro o governo israelense começou a debater a implementação da 3a fase da operação. Ficou acordado que em dois ou três dias se decidiria sobre a expansão ou diminuição a operação. As FDI acreditavam que este tempo seria suficiente para que as forças terrestres fizessem todo o trabalho possível no território, nomeadamente abrir áreas urbanas e enfraquecer a capacidade de disparar foguetes do Hamas. Os ataques ficaram tão intensos que compilar estimativas sobre o número de mortos palestinos não era possível. A UNRWA relata que ao menos 19 crianças morreram e 52 ficaram feridas durante operações noturnas. Palestinos 48 dispararam 17 foguetes e 7 morteiros causando danos, mas sem deixar feridos. Protestos e conflitos persistiram na Cisjordânia. Em 13 de janeiro, as FDI intensificaram os ataques sobre Gaza pelo segundo dia consecutivo. Esforços internacionais para a mediação de um cessar-fogo liderados pelo Egito também foram intensificados. As FDI relataram ter executado mais de 160 ataques aéreos. Palestinos reportaram 12 horas de bombardeamento constante da fronteira de Rafah, com a FDI alegando ter atingido 90 túneis utilizados para contrabando. Palestinos atiraram cerca de 11 foguetes e 6 morteiros, sem qualquer registro de dano ou vítimas. As ONGs Humans Right Watch e Médicos sem Fronteiras denunciaram atrasos e restrições de Israel, que lhes permitam levar para Gaza apenas uma fração dos itens necessários para ajudar a população. Na Cisjordânia um jovem que supostamente tentou pegar a arma de um soldado foi morto a tiros. Um judeu morador de um assentamento atirou contra um grupo de palestinos jovens matando um. O número de mortos palestinos é estimado em 971, o de feridos, e 4.400. A estimativa israelense gira em torno de 14 mortos e mais de 125 feridos. No dia 14 de janeiro, as FDI reportaram terem empreendido 120 ataques aéreos. Dentre os alvos estavam 16 túneis de contrabando, ao menos 10 supostos armazéns de armas (incluindo uma mesquita) e 24 locais de lançamentos de foguetes. Palestinos atiraram 14 foguetes, 2 morteiros, incluindo 4 grads, sem causar danos ou vítimas. Grupos de Direitos Humanos israelenses (incluindo Amnesty International – Israel, B’Tselem Gisha, Physicians for Human Rights -Israel) caracterizaram as restrições impostas por Israel sobre o fluxo de ajuda humanitária e o acesso de equipes médicas à Gaza como uma “ violação óbvia das leis de guerra.” O vigésimo dia da operação Cast Lead, 15 de janeiro, foi marcado por esforços diplomáticos para o estabelecimento de um cessar-fogo, mas também pelos ataques mais pesados sobre Gaza desde o início da guerra. As tropas avançaram mais profundamente no território, apoiadas por ataques aéreos, tanques e artilharia. As FDI executaram mais de 80 ataques aéreos, atingindo ao menos 23 locais de lançamento de foguetes e morteiros, supostos armazéns de armas (incluindo três mesquitas), quatro túneis e uma estação de rádio na Cidade de Gaza. Relatos de que Israel estaria fazendo uso de fósforo branco em áreas densamente povoadas proliferaram. As FDI atacaram o principal depósito de comida da UNRWA, os escritórios da Palestinian Red Crescent Society, o hospital adjacente, Quds Hospital, e os escritórios compartilhados pela Abu Dhabi TV, al-Arabiyya TV, Reuters e o canal russo, Rusiya al-Yaum. Outros hospitais na Cidade 49 de Gaza foram atingidos por morteiros israelenses. Palestinos atiraram 15 foguetes e 8 morteiros, ferindo gravemente um menino de 7 anos. Sem citar motivos específicos, as FDI impõe o fechamento total da Cisjordânia, e continuou a fazer batidas à noite, prática que ocorreu durante toda a guerra. No dia 16 janeiro em Washington, a então ministra das Relações Exteriores israelense, Tzipi Livni, conseguiu a assinatura do “Memorandum of Understanding” (MOU), sobre medidas para inibir o contrabando de armas do Hamas. Este memorando tinha o intuito de facilitar a aceitação israelense do cessar-fogo proposto pelo Egito e Hamas. Em um incidente altamente midiatizado, granadas atingiram uma casa na Cidade de Gaza matando quatro jovens garotas (três irmãs e uma prima). O pai das três irmãs é um médico palestino proeminente, que aparecia com frequência como analista na TV israelense. Ele ligou para um jornal televisivo implorando por assistência médica para a sua família e reportou a morte das filhas. Em outro incidente as FDI atingiram uma casa que recebia visitas de condolências, matando uma mãe e seus cinco filhos. Palestinos atiraram 22 foguetes e 5 morteiros, ferindo três israelenses, um gravemente. Na Cisjordânia, seguiram os protestos e conflitos com as FDI. Em 17 janeiro, com o MOU em mãos, cartas de líderes europeus se comprometendo com os esforços expostos no memorando e uma mensagem privada de Mubarak, o governo israelense declarou formalmente um cessar-fogo unilateral a tornar-se efetivo às 2 horas da manhã do dia 18 de janeiro de 2008. O Hamas condenou Israel por ter ignorado os esforços egípcios para obter uma trégua acordada por ambas as partes do embate. As FDI relataram o bombardeamento de túneis na fronteira de Rafah que duraram 10 horas. Uma escola da UNRWA que estava servindo de abrigo para 1.600 palestinos foi atingida, matando dois irmãos, ferindo 36 pessoas, inclusive a mãe dos meninos, que perdeu as duas pernas. Palestinos atiraram 19 foguetes e 5 morteiros, ferindo levemente 5 israelenses. No dia 18 de janeiro o cessar-fogo tornou-se efetivo como planejando, marcando o fim oficial da operação Cast Lead. Israel iniciou a retirada de tropas de Gaza, mas manteve a política de atirar em palestinos que ficassem muito perto da cerca ou se aproximassem de tropas deixando o território. Após atirarem 15 foguetes contra Israel, o Hamas declarou seu próprio cessar-fogo, mas alertou que continuaria lutando caso as tropas israelenses não fossem retiradas rapidamente. Os esforços diplomáticos passaram a se concentrar em manter o cessar-fogo e conseguir fundos para a reconstrução de Gaza. Palestinos tentando retornar às suas casas encontraram cenários de 50 devastação, fazendo com que voltassem aos abrigos da UNRWA. Equipes de resgate trabalhando em áreas altamente devastadas relataram encontrar diversos corpos nos escombros. Trabalhadores palestinos começaram a reparar as redes de água e eletricidade. Israel permitiu a entrada de 150 caminhões de ajuda humanitária em Gaza. 51 2 ABORDAGENS TEÓRICAS Neste capítulo são apresentadas as ferramentas teóricas que serão utilizadas na análise de editoriais selecionados, publicados durante a Guerra de Gaza nos jornais israelenses Haaretz e Jerusalem Post. Em um esforço para aproximar os campos das Relações Internacionais e da Comunicação serão utilizados conceitos oriundos de ambos campos acadêmicos. Na primeira parte do capítulo serão apresentados os conceitos provenientes da Comunicação. O primeiro conceito apresentado é o de agendamento, que se apresenta para este estudo como uma valiosa categoria analítica, fundamental para ranquear a importância de um tema. Uma vez que o tamanho concedido aos editoriais são regulares, medir a importância de um tema através da medição de espaço dos editoriais seria infrutífero. Ainda na seção referente aos conceitos presentes no campo da Comunicação é apresentada a abordagem construtivista do enquadramento. Esta abordagem do enquadramento foi escolhida por guardar profundas interseções com os elementos da abordagem construtivista não convencional das Relações Internacionais selecionada para este trabalho. As duas abordagens se complementarão durante a realização da análise dos editoriais. Ao fim do capítulo são expostos os conceitos pertencentes à ampla abordagem construtivista das Relações internacionais escolhidos como condutores teóricos desta dissertação. Dentro da abordagem construtivista não-convencional da disciplina, decidiu-se por utilizar as contribuições de Wittgenstein (1953) como apresentadas por Fierke (2002, 2003, 2010). Tais conceitos foram escolhidos pela centralidade que conferem ao papel da linguagem no estudo das Relações Internacionais. 2.1 Teoria da Comunicação: os limites do conceito de agendamento “A mídia pode não ser bem sucedida na maioria das vezes em dizer às pessoas o que pensar, mas é incrivelmente eficaz em dizer aos seus leitores sobre o que pensar42” (Bernard Cohen apud Traquina, 2001, p. 31, tradução nossa.). 42 “The press may not be successful much of the time in telling people what to think, but it is stunningly successful in telling its readers what to think about.” 52 O conceito de agendamento, com esta denominação, surgiu pela primeira vez em 1972, em um artigo de McCombs e Shaw, publicado em uma revista acadêmica estadunidense. Nos seus 30 anos de existência como abordagem teórica, o conceito de agendamento tornou-se mais amplo e complexo do que sua proposição inicial. Entretanto, existe um amplo debate sobre seu alcance teórico. Existem três componentes no processo de agendamento: a agenda midiática (ou jornalística), definida como o estudo do conteúdo jornalístico, a agenda pública, que compreende os estudos que ranqueiam a importância dos assuntos para membros do público, e a agenda das políticas governamentais, caracterizada como o estudo da agenda das diversas entidades governamentais. O conceito inicial de agendamento é definido como o estudo da influência que as agendas jornalística, pública e das políticas governamentais exercem umas sobre as outras. Em alguns casos, há indícios de que a agenda midiática influencia diretamente o processo de agendamento das políticas governamentais. Entretanto, há evidências de que seja mais comum a agenda midiática exercer uma influência indireta sobre a agenda das políticas governamentais através da agenda pública. Pesquisas sobre o processo de agendamento documentam amplamente o fato da saliência de uma questão na mídia (o quanto fala-se dela), determinar como a agenda pública é formada. (DEARING E ROGERS, 1996. McCOMBS, 2004) A circularidade das influências é algo constantemente observado no estudo do agendamento. Como pode-se observar na Figura 2, todas as agendas se influenciam e são influenciadas pelos mesmos fatores externos. 53 Figura 2: Os três componentes do processo de agendamento Fonte: Rogers, Dearing e Bregman (1988:557) O agendamento é um conceito macrossociológico por englobar fatores de influência exógenos à organização jornalística, e extrapolar o nível do indivíduo (jornalista). Este modelo não destitui jornalistas e editores (gate-keepers) de seu papel fundamental na triagem das notícias que serão veiculadas, entretanto, reconhece que existem outras forças atuantes na constituição da agenda jornalística. Transformar um acontecimento ou uma questão em notícia significa torna-lo público, um assunto a ser discutido, um problema a ser resolvido, principalmente quando o tema é abordado extensivamente pela mídia. Ao limitar e priorizar a percepção pública de questões importantes, a mídia, e aqueles que tem acesso à formação de sua agenda, exercem uma influência indireta, entretanto, poderosa sobre o público. (REESE, 1991. DEARING E ROGERS, 1996) A evolução dos estudos sobre o agendamento agregou um segundo nível ao conceito original. Segundo McCombs (2004), um dos fundadores desta tradição de pesquisa, o segundo nível do agendamento refere-se à influência que a mídia exerce tanto sobre as perspectivas através das quais questões são apresentadas na agenda jornalística, quanto na compreensão por parte do público. De acordo com certas linhas de pesquisa, a influência na perspectivada das matérias e na interpretação do público corresponderia à utilização de um enquadramento para a construção e apresentação da notícia. 54 Segundo Weaver (2007), o enquadramento (media framing) não é um conceito totalmente definido nos estudos da Comunicação. Apesar do interesse pelo tema ter crescido exponencialmente desde a segunda metade da década de 1990, sua definição e inclusão no conceito de agendamento ainda é um ponto prolífico de debate. As similaridades são notáveis. Tanto o enquadramento quanto o segundo nível do agendamento referem-se a como questões e objetos (pessoas, organizações, países, entre outros) são representados na mídia, e ambos preocupam-se com a forma de se pensar os objetos e não sobre quais objetos pensar. (WEAVER, 2007) Apesar das semelhanças, teóricos afirmam que a diferença entre enquadramento e segundo nível de agendamento reside na profundidade do conceito de enquadramento. O segundo nível do agendamento lidaria com “símbolos condensados” (Weaver, 2007, p. 143), como frases feitas, slogans, máximas, metáforas, representações, imagens visuais, entre outros. Já o enquadramento abarcaria, além de tais símbolos, um processo cognitivo mais amplo, como relação entre causa e consequência, avaliações morais, apelo aos princípios e recomendações para a resolução de problemas. (WEAVER, 2007. SCHEUFELE & TEWKSBURY, 2007) Considerando os objetivos desta dissertação, uma ferramenta teórica que consiga lidar com questões mais profundas referentes à construção e interpretação de notícias se faz necessária. Portanto, decidiu-se compreender o enquadramento como algo que difere do segundo nível do agendamento. Mais especificamente, este estudo utiliza a abordagem construtivista das ciências sociais aplicada ao enquadramento. 2.1.2 A abordagem Construtivista do Enquadramento O construtivismo social e seu foco na “criação e institucionalização da realidade através da interação social” (Van Gorp, 2007, p. 62), é aplicado ao estudo da Comunicação por meio de uma abordagem que coloca em evidência uma audiência que desempenha um papel efetivo na interpretação e construção dos significados agregados aos produtos noticiosos. Segundo a abordagem construtivista do enquadramento, cultura é a base primária do conhecimento, significado e compreensão do mundo. Sendo assim, Van Gorp (2007) argumenta que um repertório compartilhado de enquadramentos dentro da cultura de uma sociedade funciona como a ligação cognitiva entre o produto noticioso e o consumo da notícia. 55 "Cultura refere-se a um conjunto de crenças, códigos, mitos, estereótipos, valores, normas, enquadramentos, entre outros, que são compartilhados na memória coletiva de um grupo ou sociedade. Como indivíduos não são capazes de mudar estes fenômenos culturais persistentes, o repertório de enquadramentos é, conceitualmente, situado principalmente externamente ao indivíduo (...)43.” (Van Gorp, 2007, p.62, tradução nossa). Segundo Van Gorp (2007), o enquadramento em si não está incorporado no texto. Existem “mecanismos” (devices) inseridos neste, que remetem ao enquadramento escolhido pelo jornalista. O leitor é capaz de fazer as conexões entre os mecanismos através da leitura, pois já está familiarizado com o fenômeno cultural ao qual se refere. Por causa desta familiaridade, é argumentado que este processo de construção social permanece invisível. Os mecanismos responsáveis pelo processo de transmissão, recepção e assimilação de um enquadramento podem ser entendidos como seu “kit de identidade” (Van Gorp, 2007, p.64). Segundo o autor, este kit possui três partes: mecanismos manifestos de enquadramento, mecanismos de raciocínio manifestos ou latentes e um fenômeno cultural implícito a que todos os mecanismos remetem, proporcionando ao kit uma estrutura coerente. Os mecanismos manifestos do enquadramento podem assumir diversas formas: escolha de palavras, metáforas, descrições, argumentos e imagens visuais. Elementos visuais são importantes indicadores do enquadramento, entretanto, acredita-se que esta ausência será compensada pela natureza do editorial, que comporta liberdade textual total. No caso de enquadramentos culturais, como neste estudo, recorre-se também ao uso de estereótipos (o traidor), figuras míticas (Hércules e suas tarefas), valores (liberalismo econômico) ou narrativas (o povo escolhido). Os mecanismos textuais de raciocínio, implícitos ou explícitos, são a forma como se define, explica, problematiza e avalia o evento noticiado. (VAN GORP, 2007) De acordo com Van Gorp (2007), o kit de identidade presente no conteúdo jornalístico incita no público um esquema 44 que o ajuda a conectar os mecanismos e resgatar um enquadramento presente na cultura daquela sociedade, através do qual o produto noticioso pode Culture refers to an organized set of beliefs, codes, myths, stereotypes, values, norms, frames, and so forth that are shared in the collective memory of a group or society (cf. Zald, 1996). Because the individual is not able to change these persistent cultural phenomena, the repertoire of frames is, conceptually, situated largely externally of the individual (...). 44 Na psicologia cognitiva, para que alguém aprenda é preciso que haja uma reconfiguração da estrutura cognitiva (esquemas de assimilação) do indivíduo, resultando em novos esquemas de assimilação cognitiva. 56 43 ser compreendido. Esta metacomunicação “ajuda o receptor a estruturar e definir a realidade”. (Van Gorp, 2007, p.65) Segundo Van Gorp (2007), a efetividade do enquadramento no processo de interpretação da notícia depende de fatores como a quantidade de atenção desprendida pelo indivíduo, suas crenças, experiências, desejos e atitudes. O enquadramento não dita a forma como a matéria será interpretada, mas age como uma sugestão para que o produto midiático seja interpretado de uma certa maneira. Conhecimento acumulado, experiências pessoais e sentimentos associados ao que está sendo veiculado trabalham junto ao enquadramento para dar sentido ao produto jornalístico que está sendo consumido. Ainda segundo Van Gorp (2007), apesar de fazerem parte de um processo cultural e terem um caráter mais persistente, enquadramentos são questionados por jornalistas e sociedade, constituindo um processo dinâmico, no qual enquadramentos desaparecem ou perduram sem serem modificados. Considerando este e outros processos próprios ao enquadramento, autores concluem que “a essência do enquadramento está na interação social”. (Snow & Benford, Steinberg apud Van Gorp, 2007, p. 64) Um enquadramento pode ser aplicado a diversas situações, uma vez que apresenta um certo nível de abstração. Da mesma forma, um mesmo assunto pode ser enquadrado de diversas maneiras. A ida de Mahmud Abbas à ONU a fim de elevar o status da Palestina para Estado Observador, por exemplo, poderia ser enquadrada como (a) finalmente uma vitória para a causa palestina (tema: vítima oprimida), (b) rejeição à via de negociação (tema: Davi contra Golias) ou (c) provocação desnecessária (tema: rebeldia contra o status quo). O mito de Davi contra Golias pode ser usado para cobrir processos de indivíduos contra grandes empresas, por exemplo, a rebeldia contra o status quo pode ser aplicada na cobertura de revoltas populares contra o governo e o arquétipo da vítima oprimida pode ser utilizado em reportagens sobre violência doméstica. Van Gorp (2007) argumenta que os enquadramentos também influenciam os jornalistas no momento em que estes selecionam um acontecimento como um fato noticiável. “Existe uma interação entre a seleção (in) consciente de um enquadramento – tirada do estoque cultural de enquadramentos – como resultado de um sistema de crenças pessoal 57 e a influência de fatores internos e externos às organizações midiáticas45.” (Van Gorp, 2007, p. 67, tradução nossa). A explicação e representação tridimensional do discurso presente na obra de Fairclough (2008), interpretada no contexto da produção jornalística, oferece uma nova forma de compreender a essência do que foi abordado até então neste capítulo: Texto Prática Discursiva (produção, distribuição, consumo) Prática Social Figura 3: Concepção tridimensional do discurso Fonte: Fairclough, 2008 "Essas são a tradição de análise textual e linguística detalhada na Linguística, a tradição macrossociológica de análise da prática social em relação às estruturas sociais e a tradição microssociológica de considerar a prática social como alguma coisa que as pessoas produzem ativamente e entendem com base em procedimentos de senso comum partilhados. (...) devemos tentar compreender como membros das comunidades sociais produzem seus mundos 'ordenados' ou 'explicáveis'. (...) ao produzirem seu mundo, as práticas dos membros são moldadas, de forma inconsciente, por estruturas sociais, relações de poder e pela natureza da prática social em que estão envolvidos (...)." (Fairclough, 2008, pgs, 100, 101) 45 There is interaction between the journalist’s (un) conscious selection of a frame—out of the cultural stock of frames—as the result of the individual belief system, and the influence of additional factors inside and outside the media organizations. 58 2.2 A Abordagem Construtivista das Relações Internacionais “World of Our Making” Título do livro de Nicholas Onuf, publicado em 1989 A asserção fundamental da abordagem construtivista das Relações Internacionais (R.I) é que o mundo não é pré-determinado, não existe em função de um estado natural que o compôs de certa maneira: o mundo é social e construído através das ações dos atores. Ao explicitar de forma tão sucinta o princípio básico que une os autores construtivistas, o título do livro de Nicholas Onuf foi escolhido para abrir esta seção do capítulo. É problemático falar de uma única abordagem construtivista das Relações Internacionais. Existem esforços para resgatar as diferentes abordagens filosóficas, e as raízes no próprio campo das R.I que engendram o(s) construtivismo(s), mas uma definição do que seja esta abordagem multifacetada ainda não existe nos debates sobre a disciplina. (FIERKE, JØRGENSEN 2001, ZEHFUSS, 2001) Entretanto, apesar das discordâncias, existem uma série de pontos elementares que formam a base do Construtivismo. Estes pontos permeiam toda a construção deste estudo na medida em que lida-se com linguagem, elementos do jornalismo (entendido nesta dissertação como uma ferramenta da construção social da realidade) e um conflito no qual a questão identitária é tônica. Dentro deste arcabouço teórico comum paira, sobre todas as outras, a noção da realidade como algo socialmente construído. Consequentemente, está a concepção de que atores são seres sociais e de que esta também é a natureza de suas identidades e interesses. Sendo a identidade produzida através da interação, não é estática e é formada em relação ao outro. Já o interesse é formado a partir da identidade, logo "não podemos saber o que queremos, até sabermos quem somos." (Barnett 2005, pg. 267) Outro ponto fundamental da abordagem construtivista das R.I é o papel do conhecimento intersubjetivo em uma sociedade. Ele determina como o indivíduo constrói e interpreta seu mundo, define como ele agrega significado às suas ações e indica o que seja um comportamento adequado. Este estudo baseia-se na centralidade da intersubjetividade para a disseminação e compreensão de mensagens entre agentes de um dos processos de construção social do mundo. 59 Especialmente na importância em uma linguagem intersubjetiva, que permeia e permite este processo. Ao lidar com poder, um ponto crucial no estudo das Relações Internacionais, o Construtivismo não ignora sua dimensão material, entretanto, afirma sua faceta ideacional. Existe uma diversidade de contextos nos quais demonstrações de poder através da perspectiva ideacional são possíveis. Uma em particular chama atenção quando pensada no contexto do conflito israelo-palestino: através da definição de conceitos que, a partir de sua determinação, ditará as possibilidades de agência. Na conjuntura das negociações de paz, definir conceitos como "refugiado" é um ponto de intensa disputa, justamente pelas consequências materiais de sua determinação. Quem realmente é refugiado tem o direito de retornar, quem abandonou a casa por vontade própria não goza do mesmo direito sob as leis do direito internacional. Segundo Kratochwil (2001), a virada linguística é o ponto de partida das diferenças entre teóricos construtivistas. Para a realização deste estudo, busca-se uma abordagem na qual a linguagem seja central para o estudo das Relações Internacionais. Desta maneira, decidiu-se por utilizar as contribuições do linguísta Wittgenstein, transpostas para o campo das R.I, como condutor teórico. Segundo Fierke (2003), os trabalhos de Wittgenstein exerceram uma influência significativa sobre os debates de Relações Internacionais devido às duas fases de sua produção intelectual. O Tractus Logico-Philosophicus (1922), ainda de acordo com a autora, apresentava a linguagem como um reflexo da lógica da realidade e influenciou o "positivismo lógico do círculo de Viena e sua concepção de verificação." (Fierke, 2003, pg. 73, tradução nossa). Já o Philosophical Investigations (1953), trata linguagem como executar movimentos em um jogo, e influenciou o trabalho de diversos filósofos que mais tarde serviriam de base para teóricos de R.I que pendem para o lado oposto da balança positivista. Fierke (2003) afirma que a falta de uma relação de correspondência entre o mundo e o discurso está no cerne do trabalho posterior de Wittgenstein. "O resultado foi uma mudança do indivíduo cartesiano, que utiliza rótulos para nomear propriedades em um mundo independentemente existente, para a natureza social da 60 linguagem, sua dependência em regras compartilhadas, e a centralidade de significado e contexto.46" (Fierke, 2008, pg.76, tradução nossa). Kratochwil (2001) afirma que as novas proposições de Wittgenstein, em Philosophical Investigations (1953) configuraram-se o “impulso decisivo para o construtivismo” (Kratochwil, 2001, p.8, tradução nossa). Nesta revisão, o significado de um termo não fica mais atrelado à sua correspondência exata a um objeto no mundo material, mas ao seu emprego no discurso. O ator não é mais um observador neutro, está dentro do mundo. E a análise a partir de agora "entra no mundo para explicar o significado social e o uso de palavras como ações que são constitutivas" (Fierke, 2003, pg. 78, tradução nossa). Conceitos oriundos do trabalho de Wittgenstein foram trazidos para o campo das R.I e aparecem claramente na teorização de alguns autores construtivistas, como Nicholas Onuf (1989) e Friedrich Kratochwil (1989), por exemplo. Entretanto, o trabalho desenvolvido por Fierke (2002, 2003, 2010) a partir das contribuições do filósofo, ao trabalhar com discurso de maneira mais intensa, apresenta-se como a alternativa mais coerente para este estudo. Segundo Fierke (2010), o argumento de Wittgenstein, de que a familiaridade que se possui com a linguagem a torna velada, direciona o foco analítico para o significado presente no uso da linguagem (meaning in use). De acordo com a autora, ao invés de procurar uma causa externa, ou buscar compreender o que se passou na cabeça do ator, deve-se focar nas "regras que governam a linguagem e, consequentemente, o mundo social". (Fierke, 2010, pg.86) Ao aplicar as três perspectivas expostas (causa externa, mente do ator e significado no uso da linguagem) a um exemplo concreto pode-se ter uma ideia mais clara do que Fierke (2010), através da teorização de Wittgenstein (1953), propõe. Para este exercício, será utilizado o episódio em que Anwar Al Sadat, então presidente egípcio, vai ao parlamento israelense no ano de 1977. A causa, segundo Fierke (2010), é um fenômeno que respeita apenas uma lógica linear, "quando um objeto ou objetos impactam outro" (Fierke, 2010, pg.86). Sendo assim, de acordo com a autora, o argumento causal está baseado em uma asserção mais ampla de que Estados agem para obter interesses materiais. Desta maneira, na análise proposta, a causa pode ser 46 The result was a shift from the Cartesian individual, who uses labels to name properties in an independently existing world, to the social nature of language, its dependence on shared rules, and the centrality of meaning and context. 61 interpretada como o desejo de estabelecer relações econômicas com Israel ou securitizar a fronteira, por exemplo. O motivo, ainda de acordo Fierke (2010), pressupõe-se estar apenas na mente de Sadat, sendo, em sua integridade, inacessível. Porém, ao se analisar o significado no uso da linguagem, neste caso os motivos apresentados por Sadat, presentes na retórica empregada pelo político egípcio para justificar tal ação naquele momento, se tem acesso ao que, de fato, tornou possível este movimento. "Dar uma razão é abrir um espaço para o outro se engajar e responder. Como uma relação de via de mão dupla esta interação não é meramente uma questão de quem possui o maior poder material; é dependente em algum nível de uma linguagem comum (o outro deve ser capaz de compreender o que está sendo dito e o que constitui uma razão), que incorpora padrões de legitimidade (ou seja, o que será suficiente como boa razão)." (Tradução nossa. Fierke, 2010, pg.87) A mídia age como um decodificador da realidade social ao mesmo tempo em que a constrói. Este processo se dá através da cobertura dos acontecimentos (fatos noticiáveis), da função de arena pública que a mídia desempenha na sociedade moderna, e do posicionamento adotado pelo veículo noticioso. Este posicionamento está presente em diversas partes de sua rotina de produção, porém mais acentuadamente em sua linha editorial, apresentada e reforçada através de seus editoriais. A parcela da sociedade que assina um jornal geralmente o faz por acreditar na credibilidade daquela instituição, na qualidade da informação veiculada, por se identificar com seu posicionamento político. Uma relação de confiança é estabelecida entre leitor e jornalista (este deve seguir rotinas e prezar por valores da profissão), mas este laço também se forma entre leitor e instituição (esta deve prezar pela transparência, integridade e independência). Segundo Fierke (2010), a importância da ênfase no significado presente no uso da linguagem reside no fato de que é através das motivações apresentadas no discurso que ações no mundo material tornam-se possíveis, que opiniões públicas são formadas e a legitimidade construída. Neste sentido, é fundamental reconhecer a importância do papel da mídia de massa. Dentro de um jornal, o espaço no qual o posicionamento deste não precisa ser velado é no seu editorial, que é a opinião do grupo jornalístico que o produz. Neste espaço pode-se reproduzir ou refutar o discurso governamental. A mídia pode atuar como um mero transmissor, contribuindo para a criação de consenso em torno deste discurso, ou como uma força dissidente, 62 que se contrapõe ao que está sendo avançado, embasando um posicionamento crítico da sociedade. Observar a prática jornalística e sua relação com a sociedade de forma mais profunda é central para este estudo. Tanto para a compreensão dos elementos da pesquisa proposta, quanto para a avaliação das análises dos editoriais. Em uma tentativa de engajar as contribuições de Wittgenstein e de realizar uma análise clara, apoiada em categorias compartilhadas pela abordagem construtivista das R.I, a analogia dos jogos de linguagem (language games) de Wittgenstein, como apresentada por Fierke (2002, 2003, 2010), será utilizada a seguir para compreender a prática jornalística editorial. De acordo com a analogia do jogo de linguagem, fazer uso da linguagem é como executar movimentos em um jogo, o que envolve agência e limites para mesma, na medida em que esta deve-se conformar à “estrutura de significado e interação depende de regras compartilhadas com outros” (Fierke, 2002, p. 337). Fierke (2002) observa que a metáfora do jogo envolve diferentes níveis de atividade e participação. Existem objetos materiais envolvidos no jogo, sujeitos que jogam de forma relativamente habilidosa e sagaz (seguindo as regras compartilhadas), e há a figura do observador do jogo, que também deve ter familiaridade com suas regras. O jornalista seria o observador do jogo. Para que ele entenda e seja capaz de reportar o que observa de forma eficaz é necessário que esteja familiarizado com as regras deste jogo. O que o jornalista observa não é uma realidade estática, ao superar a metáfora da imagem unidimensional, na qual a linguagem seria um espelho da realidade, Wittgenstein sugere a existência de ‘diversas realidades’, diversas possibilidades de construir o contexto no qual se está inserido. “A pessoa que faz uso da linguagem está inserida em um contexto e é constrita por suas regras, entretanto, pode, através de suas ações e escolhas, dar forma a este contexto.” (Tradução nossa. Fierke, 2002, p. 338) Pensando na aplicação realizada nesta dissertação, pode-se analisar esta particularidade do jogo a partir das escolhas feitas pelo jornalista no momento de construir sua narrativa, especialmente a escolha de qual gramática este usa. Sendo gramática, segundo Wittgenstein, como apresentado por Fierke (2002), "a gama de expressões possíveis pertencentes a uma 63 categoria de experiência" (Fierke, 2002, pg. 344). A escolha de utilização de uma gramática em detrimento de outras leva à descrição de um fenômeno dentre múltiplos possíveis. De acordo com Fierke (2002), não é possível detalhar antecipadamente como a gramática de um fenômeno será em sua completude. Segundo a autora, isto acontece porque os limites do significado não são naturais. Também não são arbitrários, são “intersubjetivos e sociais” (Fierke, 2002, p.346). Desta forma, será possível perceber através da análise do conteúdo dos editorias a gramática utilizada por duas publicações, em espectros opostos do cenário político israelense, empregada para abordar o mesmo fenômeno. Fierke (2002), aborda a distinção que Wittgenstein faz entre gramática e formas de vida. Para o filósofo, formas de vida seriam práticas visíveis através das diversas culturas humanas (conflito, comércio, negociação, imigração, etc). A autora ressalta que é necessário investigar uma gramática enquanto esta está relacionada a uma forma de vida. Nesta dissertação, a forma de vida abordada é o conflito, mais especificamente a Guerra de Gaza. Parte de sua gramática, que constitui e informa o que é a Guerra de Gaza, será analisada através de editoriais veiculados durante a operação Cast Lead na versão em inglês e impressa de dois grandes jornais israelenses, Haartez e Jerusalem Post. Nesta análise compreende-se que tanto o enquadramento, quanto a gramática de uma experiência, se desenvolvem sob a premissa de que o sentido é agregado socialmente a estes fenômenos. Evocar um enquadramento faz sentido apenas por meio de um vocabulário construído e compartilhado socialmente sobre aquele evento. Da mesma forma, subscrever às proposições de Wittgenstein (1953) significa se apartar da noção de que regras naturais, independente de cultura e história, regem as práticas e as ações humanas. Como afirma Barnett (2005), "enfatizar construção social significa desnaturalizar o que é frequentemente tido como dado" (Bernet, 2005, pg. 259) 2.3 Metodologia Com o objetivo de analisar e compreender a gramática e os enquadramentos utilizados para informar e construir a Guerra de Gaza pelos jornais Haaretz e Jerusalem Post (JPost), será feita uma análise de 14 editoriais selecionados entre os 40 veiculados durante o conflito. A Guerra teve início no dia 27/12/2008, o cessar-fogo foi declarado em 18/01/2009. A coleta de 64 editoriais foi iniciada no dia 28/12/2008 e se estendeu até o dia 19/01/2009, para que fosse possível captar uma eventual reflexão sobre a ofensiva. A escolha pelos jornais se deu pelo fato de tradicionalmente representarem lados antagônicos do espectro político israelense, sendo o Haaretz identificado com a esquerda e o JPost com a direita. Outro fator levado em consideração no momento da escolha das publicações foi a disponibilidade de versões em língua inglesa e digital, tanto dos jornais quanto de seus arquivos. A coleta do material foi feita através dos sites dos jornais. Aos sábados, seguindo a tradição judaica, ambos não são publicados. Desta forma, ficaram ausentes da coleta textos dos dias 3, 10 e 17 de janeiro de 2009. Uma vez que o espaço concedido ao editorial em um jornal é pré-determinado e varia minimamente, é ineficaz medir a importância conferida ao tema através do espaço que ele ocupa na publicação. Desta maneira, a aplicação do conceito de agendamento é uma forma de obter um dado neste sentido, medindo a saliência de um tema específico no jornal. Os editoriais não acompanham imagens, mas acredita-se que esta ausência será compensada pela natureza do texto editorial, que comporta uma grande liberdade textual. A escolha por editoriais em detrimento de outro tipo de artigo jornalístico foi baseada no tipo de análise que se pretende realizar. O editorial não comporta a assinatura do jornalista que o escreve, é, literalmente, a opinião do jornal. Neste espaço, o rigor da rotina de produção perde seu espaço, deixando lugar para a criação e exposição clara de posicionamentos. Desta maneira, será possível perceber com mais clareza elementos subjetivos no uso da linguagem. A seleção dos editoriais para análise foi feita baseada na construção de uma linha do tempo do conflito. Nesta linha cronológica, além dos momentos mais importantes da guerra, serão abordados, através dos temas dos editorias, os aspectos discutidos sobre a ofensiva militar no capítulo de contextualização histórica. Decidiu-se por coletar editorias publicados na versão impressa dos jornais para certificar-se de que estariam sendo analisados conteúdos que circularam na sociedade israelense. Para aplicar o conceito de agendamento aos editoriais será feita uma contagem do número total de textos publicados durante o conflito, e uma contabilização de quantos destes abordam de forma central a operação Cast Lead. Desta maneira será possível medir de maneira mais ampla a "saliência" deste assunto em cada um dos jornais. Na conclusão do capítulo analítico este dado será avaliado no conjunto das descobertas feitas durante a análise dos editoriais. 65 Uma vez completo o quadro sobre o agendamento da Guerra de Gaza, terá início a análise qualitativa dos editoriais. Uma primeira leitura será feita na busca por definições, na qual também entrarão todos os editoriais publicados por ambas publicações. Quais palavras são utilizadas para se referir ao conflito? Quais termos são usados para designar o Hamas? Como se nomeiam os protestos e os que protestam? Quantas vezes estas definições são utilizadas? Observar a repetição destes itens é fundamental para a realização da análise. Através da iteração de palavras e expressões que fazem referência a certas ideias, imagens e posições, reforça-se um enquadramento, especialmente quando se tratando de uma série de textos sobre o mesmo assunto. Estes dados também serão avaliados na conclusão do capítulo analítico, sob a luz dos resultados das análises dos editoriais. Após esta leitura inicial, serão feitas as traduções dos editoriais selecionados para pautar o conflito. A partir destas traduções será feita concomitantemente a aplicação dos conceitos de gramática proveniente da obra de Wittgenstein, como apresentados por Fierke (2002, 2003, 2010), e da abordagem construtivista do enquadramento. Apesar destes dois conceitos serem utilizados no mesmo momento da análise, serão claramente distinguidos. Gramática, como proposto por Wittgenstein, segundo Fierke (2002), é uma "gama de expressões pertencentes a uma categoria de experiência" (Fierke, 2002, pg. 344). Sendo possível escolher entre diversas expressões possíveis, percebe-se que a gramática informa e constitui esta experiência de uma forma, até certo ponto, subjetiva. Através da análise textual, é nesta subjetividade, nesta ausência de naturalidade na escolha de palavras e expressões que este estudo visa chegar. Mais especificamente, se a publicação age como dissidente, ou ajuda na criação de consenso no que tange a retórica governamental sobre o conflito. Como visto anteriormente, segundo Fierke (2002), não é possível detalhar antecipadamente como a gramática de um fenômeno será em sua completude. Segundo a autora, isto acontece porque os limites do significado não são naturais, são “intersubjetivos e sociais” (Fierke, 2002, p.346). Sendo assim, além das definições já determinadas, seria impossível especificar aqui quais expressões serão destacadas na leitura do texto. A busca será feita por toda expressão utilizada para se referir aos diversos aspectos da Guerra de Gaza. Esta busca será organizada em quatro níveis, como expostos por Fairclough (2008): vocabulário (palavras avulsas), gramática (no sentido utilizado por Fairclough (2008), que quer 66 dizer palavras combinadas em orações), coesão e estrutura textual (que são as propriedades organizacionais em grande escala dos textos). A aplicação da abordagem construtivista do enquadramento envolve a busca por "kits de identidade" ou seja, palavras, metáforas, descrições e argumentos que remetam a uma versão específica da Guerra de Gaza, a imagens consagradas no arcabouço cultural do conflito israelopalestino como um todo. Também será observada a utilização de estereótipos, figuras míticas, valores ou narrativas, além da forma como se define, explica, problematiza e avalia o conflito Apesar de enquadramento e gramática compartilharem diversas interseções é possível distinguir entre enquadramentos aplicados e a gramática pertencente a um fenômeno. Esta diferenciação é possível, pois a utilização de palavras e expressões, mesmo que sejam as mesmas para as duas categorias analíticas, são empregadas com diferentes fins. Uma visa induzir uma forma específica de compreender o conflito, a outra pretende construir o conflito em si. A comparação entre dois veículos noticiosos que produzem relatos sobre o mesmo acontecimento possibilita uma identificação objetiva da diferença ou similaridade entre o agendamento, enquadramentos e escolha gramatical. Segundo Entman (1991), a comparação mostra que as escolhas de palavras que poderiam parecer naturais "não são inevitáveis ou não problemáticas, mas são central para ajudar a estabelecer literalmente o 'senso comum' (predominante) da interpretação de eventos." (Entman, 1991, pg.6, tradução nossa). 67 3 ANÁLISE DOS EDITORIAIS "A performance de qualquer projeto de violência política de grande escala - como guerra contra terrorismo - requer um nível significativo de consenso político e social. E consenso não é possível sem linguagem47." (Richard Jackson (2005), pg.1, tradução Nossa). Neste capítulo são realizadas as análises dos editoriais veiculados nas versões impressa e de língua inglesa dos jornais Haaretz e Jerusalem Post ao longo da Guerra de Gaza. Durante o conflito, quarenta editoriais foram publicados ao todo. Os editoriais selecionados para análise somam quatorze, sete do Haaretz e sete do Jerusalem Post. Esta escolha foi baseada na construção de uma linha do tempo do conflito, na qual são abordados, por meio dos temas dos editoriais, os pontos discutidos sobre a ofensiva militar no capítulo de contextualização histórica. Inicialmente, é feita a aplicação do conceito de agendamento. Somando-se o número total de editorias publicados, contabilizou-se quantos textos de cada publicação abordaram a Guerra de Gaza como tema central. Durante a leitura inicial dos quarenta editoriais, também foram extraídas e contabilizadas definições utilizadas para se referir ao conflito, ao Hamas, aos protestos e a quem protestava. Os editoriais selecionados foram traduzidos e uma análise baseada nas categorias de Fairclough (2008), vocabulário (palavras avulsas), gramática (palavras combinadas em orações), coesão e estrutura gramatical, foi aplicada na busca pela gramática no sentido proposto por Wittgenstein48. A organização da análise é feita a partir dos elementos que informam e constituem a Guerra de Gaza destacados em cada editorial. Por fim é exposto o enquadramento detectado. Durante a seleção dos editoriais, para alguns períodos da guerra, como seu início, a ofensiva terrestre, a situação pouco antes da declaração do cessar-fogo e seu fim, são apresentados um texto de cada jornal. Para abordar outros temas, como a campanha de relações públicas do governo israelense, a questão moral do conflito, a equiparação à Segunda Guerra do Líbano, o ataque à escola da UNRWA e o risco de complicações, a resolução da ONU e o apoio 47 The enactment of any large-scale project of political violence - such as war on counter-terrorism - requires a significant degree of political and social consensus ans consensus is not possible without language. 48 Gramática, segundo Wittgenstein, como apresentado por Fierke (2002), é "a gama de expressões possíveis pertencentes a uma categoria de experiência" (Fierke, 2002, pg. 344). 68 dos Estados Unidos, é utilizado um texto do Haaretz ou do Jerusalem Post. Isto se deu em virtude de um jornal tratar de um tema e outro não, ou não tratá-lo de forma central a ponto de justificar sua inclusão na linha do tempo. Entretanto, buscou-se balancear o número de editoriais de cada publicação. 3.1 AGENDAMENTO O agendamento é a influência que as agendas midiática, pública e governamental exercem umas sobre as outras. A importância deste dado para as Relações Internacionais pode ser representado pelo triângulo da comunicação política (Figura 4) de Nacos (2007). Mídia de Massa Público em Geral / Grupos de Interesse O@iciais do governo / Tomadores de decisões Figura 4: Triângulo da Comunicação Política Fonte: Nacos (2007, pg. 15) Estudos documentam que a agenda midiática pode exercer influência sobre a agenda governamental diretamente, mas evidencias apontam que isto acontece principalmente por meio da agenda pública. Para exemplificar este efeito, McCombs (1972), cunhador do temo "agendamento", expõe em seu artigo uma pesquisa realizada durante a campanha presidencial norte-americana de 1968. Em linhas gerais, a pesquisa perguntava a um grupo de eleitores de uma mesma comunidade, escolhidos de forma aleatória (que representavam diferentes extratos da sociedade econômica, social e racialmente), quais eram na sua opinião os assuntos mais importantes da campanha. Seguindo uma série de regras metodológicas, chegou-se a seguinte conclusão: 69 A análise dos dados sugere uma forte relação entre a ênfase colocada em diferentes tópicos da campanha pela mídia (...) e o julgamento dos eleitores quanto a saliência e importância dos tópicos da campanha. Enquanto os três candidatos presidenciais enfatizaram diferentes assuntos, o julgamento dos eleitores pareciam refletir o composite da cobertura da mídia de massa.49 (McCombs, 1972, tradução nossa) O objetivo da inclusão deste dado na pesquisa não é presumir que os leitores do Haaretz e do JPost mediram a importância da guerra através da quantidade de editoriais sobre o tema a que foram expostos. Uma vez que o espaço concedido ao editorial em um jornal é pré-definido e varia minimante, contabilizar a importância concedida ao tema pelo espaço que ele ocupa no jornal é inviável. Sendo assim, a aplicação do conceito de agendamento é uma forma de obter um dado neste sentido, medindo a saliência de um tema específico no jornal. Entre 28/12/2008 e 19/01/2009 (com exceção dos sábados quando os jornais não são publicados), a porção dos editoriais que abordam a operação Cast Lead como tema central é representado pelo Gráfico 5 a seguir: Gráfico 3: Número de editoriais com a operação Cast lead como tema central De um total de 20 editorias publicados pelo Haartez durante a Guerra de Gaza, dezesseis a tratavam de forma central e quatro abordavam prioritariamente outros temas. Estes quatro editoriais são: 1. Não é um teste de cidadania - 30/12/2008. O texto aborda a falta de políticas israelenses para melhorar a condição de vida de seus cidadãos árabes, considerados como de "segunda classe". 49 The data suggest a very strong relationship between the emphasis placed on different cam-paign issues by the media (...) and the judgments of voters as to the sa-lience and importance of various campaign topics. But while the three presidential candidates placed widely differ-ent emphasis upon different issues, the judgments of the voters seem to reflect the composite of the mass media coverage. 70 Também critica a incapacidade do governo de entender que criticar a ofensiva não significa apoiar o Hamas. 2. Realizem as eleições como marcadas - 31/12/2008. O texto criticava a intenção de políticos de adiar as eleições por causa da guerra. 3. Cessar-fogo como prioridade, também - 02/01/2009. Editorial critica o comportamento dos principais políticos israelenses que, em tempos de guerra, dão igual prioridade às próximas eleições. 4. Não desqualifiquem as listas de candidatos árabes - 12/01/2009. O texto aborda as petições pela desqualificação dos candidatos árabes, afirmando que a democracia israelense precisa incluir partidos árabes. No JPost, dos vinte editorias publicados, três não abordavam a guerra de maneira central: 1. Os apoios da diáspora - 09/01/2009. O editorial é uma expressão de preocupação com judeus que moram fora de Israel, de crítica à parcela desta comunidade judaica que critica as ações de Israel, e de agradecimento àquela que apoia Israel. 2. Egito em uma encruzilhada - 13/09/2009. O texto denuncia a incapacidade histórica do Egito de lidar com sua fronteira com Gaza. Afirma que o governo egípcio deve permitir uma presença militar internacional em seu território para guardar a fronteira, cuidar do seu próprio problema com islamistas e tomar atitudes mais enérgicas para evitar o tráfico de armas. 3. O que uma democracia deve a si mesma - 14/09/2009. O texto aborda a possibilidade de exclusão da lista de candidatos árabes das próximas eleições, sob um viés favorável a esta medida. Apesar do número de editorias que não tratam de forma prioritária a Guerra de Gaza ser praticamente o mesmo, percebe-se pelo tema dos textos desviantes que o Haaretz abordou mais vezes outros assuntos da esfera política israelense. Os quatro editoriais do Haaretz continham uma menção do tema central dentro do contexto da operação Cast Lead. Logo, não se relegou a guerra, apenas não se desconsiderou o contexto mais amplo no qual ela estava inserida. Nota-se que as eleições marcadas para o dia 10/02/2009 foram abordadas apenas uma vez pelo JPost, sob o viés de quais candidatos deveriam estar aptos a concorrer. O comportamento dos políticos quem estavam no poder, nomeadamente Ehud Olmert, Tzipi Livni e Ehud Barak não foi abordado nenhuma vez nos vinte editoriais veiculados pelo jornal. Mesmo sendo Livni e Barak líderes dos partidos que competiriam nas próximas eleições, e havendo os três políticos demonstrado publicamente discordâncias sobre a condução da operação. Uma análise inicial sugere que a retórica governamental não encontrou um filtro no conselho editorial do Jerusalem Post, apenas um canal para transmitir sua mensagem ao público, com um importante selo de aprovação que uma organização midiática respeitada dentro de um país pode oferecer. Já o Haaretz, apresentou uma perspectiva menos obtusa do momento vivido 71 em Israel na época da guerra, e um posicionamento mais crítico apesar de também legitimar a operação militar. 3.2 Definições Segundo Fierke (2002, 2003, 2010), é impossível determinar com antecedência como será a gramática de um fenômeno. Sendo assim, elegeu-se quatro elementos aplicáveis à Guerra de Gaza e buscou-se as palavras utilizadas por cada jornal para denominá-lo. Os quadros seguintes apresentam as definições encontradas em cada jornal: HAARETZ HAMAS . Hamas (59) . Organization (4) CONFLITO . Operation (36) . War (21) . Operation Cast Lead (13) . Fighting (12) . Military Campaign (4) . Military Operation (4) . War Time (3) . Military Action . Current Campaign . Extensive Military . Operation . Assault . Attack . Combat . All-out war . Attack on Hamas' centres of operation . Crisis PROSTESTO . Demonstrations (2) . Protest PROTESTANTES . Arab Israelis . Left-wing activists . Activists Tabela 2: Definições utilizadas pelo jornal Haaretz Ao longo dos vinte editoriais veiculados durante a Guerra de Gaza, o Haaretz mencionou o Hamas 63 vezes, denominando-o quatro vezes "organização" e 59 vezes "Hamas". O conflito 72 foi abordado 103 vezes, de 17 maneiras diferentes, sendo as mais comuns "operação", "guerra" e "combate". Já os protestos foram pouco abordados nos editoriais do Haaretz. Suas denominações foram "demonstrações" duas vezes e protesto. Os protestantes foram mencionados três vezes: "árabes israelenses", "ativistas de esquerda" e "ativistas". JERUSALEM POST HAMAS . Hamas (138) . Islamists (12) . Enemy (10) . Fanatics (3) . Terrorists CONFLITO . Operation (15) . Operation Cast Lead (10) . Fighting (4) . War (2) . Military Operation (2) . Escalation . Retaliation . Exercise of the right of self-defence . Effort . Confrontation . Hostilities . Conflict . Wartime . Offensive . Battle PROTESTO (Contra) . Riot (2) . Demonstration (2) . Rally (2) . Protest (2) PROTESTANTES (Contra) . East Jerusalem Palestinians . Pro-Palestinian lobby . Instinctive anti-war campaigners . Muslim Extremists . Arab Street . Muslims (2) . Leftists . Arab Citizens of Israel . Mobs . Glitterati Tabela 3: Definições utilizadas pelo jornal Jerusalem Post No JPost o Hamas foi mencionado 164 vezes, 38% a mais do que nos editoriais do Haaretz. O conflito foi mencionado 43 vezes, menos da metade do que no Haaretz, sendo que a denominação "guerra" foi usada apenas duas vezes em contraste com as 21 vezes empregadas pelo Haaretz. Os protestos gerados pela operação figuraram mais vezes nos editoriais do JPost. Entre motim, demonstração, protesto e agrupamento de pessoas, os protestos foram mencionados 8 vezes. Os protestantes, com exceção de "muçulmanos" usado duas vezes, foram tratados cada vez por uma denominação diferente. Ao se comparar os dois quadros, percebe-se que enquanto o Haaretz não usa denominações pejorativas para nenhuma das definições extraídas dos editoriais, o JPost as utiliza para caracterizar Hamas e protestantes. Entre as definições pejorativas para o Hamas estão 73 "inimigo" utilizada dez vezes, "fanáticos" usada três vezes e terroristas, usada uma vez. Para os protestadores são utilizados "muçulmanos extremistas", e palavras e expressões que, neste contexto, assumem um tom pejorativo, como "manifestantes anti-guerra instintivos" e "glitterati" para se referir às celebridades que manifestaram contra a operação. Contrastando as informações presentes nos dois quadros, pode-se concluir que enquanto a operação em si foi um assunto predominante nos editoriais publicados no Haaretz, o Hamas se sobressaiu à operação nos textos veiculados no JPost. Esta é uma forma de priorizar a percepção do público para certos elementos da Guerra de Gaza, e a forma como estes elementos são caracterizados indicam quais enquadramentos serão aplicados nos textos. A diferença entre as palavras utilizadas para as denominações eram esperadas em virtude da orientação política de cada jornal. Não obstante, estes dados ajudarão a embasar a gramática utilizada por cada jornal a ser extraída durante a análise dos editoriais. 3.3 Análise dos Editoriais A análise dos editoriais para formar a linha do tempo será feita a partir da tradução dos textos empreendida pela autora. Elementos relevantes para o levantamento da gramática da Guerra de Gaza, que a informa e constitui, serão expostos através da observância de elementos textuais propostos por Fairclough (2008). Estes elementos são: vocabulário (palavras avulsas), destacado em negrito, gramática (palavras combinadas em orações), que será sublinhada, e a coesão e estrutura textual, assinaladas em itálico. As análises serão organizadas de acordo com os elementos constituintes da Guerra de Gaza encontrados em cada editorial. Eles serão destacados, e a gramática selecionada para construir este elemento será apresentada e comentada. Ao final, o enquadramento do texto será exposto. Todos os editoriais veiculados pelos jornais durante a guerra estão presentes em sua versão original nos anexos. 74 Editorial: Tempo de Lutar - Jerusalem Post 28/12/2008 1. Na sexta-feira, um porta-voz do Hamas fez a Israel a seguinte proposta: você continua o fluxo de ajuda humanitária e suprimentos entrando em abundância em Gaza, e nós continuaremos a lançar morteiros em civis israelenses. 2. Foi uma oferta que Israel teve pouca opção a não ser recusar. 3. Há semanas Israel tem implorado ao Hamas para parar de atirar através da fronteira, parar de construir túneis em preparação para a próxima rodada de violência, para permitir que nossos fazendeiros cuidem de seus campos. Os islamistas responderam que não tinham medo da FDI e que se reservavam o direito de resistir à "ocupação" significando a existência de um Estado judeu. Eles descaradamente disseram a Israel para se acostumarem com a ideia de que nenhuma quantidade de gestos humanitários iria mudar seu comportamento. 4. Às 11:30 da manhã no sábado Israel finalmente disse ao Hamas que não iria sangrar, lentamente, até a morte. Graças a um excelente serviço de inteligência e a um treinamento soberbo, o inimigo arrogante foi pego desprevenido. Alvos de cima abaixo na Faixa de Gaza foram atingidos e um grande número de pessoal do Hamas, incluindo figuras militares sênior, foram mortos. Instalações chaves foram transformadas em entulho; equipamentos bem camuflados foram destruídos. 5. A missão da FDI não é derrubar o regime do Hamas, mas levar a tranquilidade para o sul. De certa forma, estamos pedindo ao Hamas que deixe de ser o Hamas. Os islamistas precisam decidir se querem acabar em cinzas ou se estão preparados para assumir as responsabilidades que vem com o controle da Faixa. Talvez eles não deem escolha a Israel a não ser derrubar sua administração. 6. Para o seu crédito, legisladores israelenses estão evitando o tipo de retórica bombástica que todos viemos a arrepender durante a Segunda Guerra do Líbano e após seu fim. Agora, o que israelenses comuns demandam é que seu governo leve, como prometido, a tranquilidade para o sul. Nós não esperamos que esta operação seja rápida ou fácil. Nós esperamos que ela seja bem sucedida. 7. Israelenses devem se unir e ser vigilantes. Lamentavelmente, já vimos motins entre alguns palestinos de Jerusalém leste. A possibilidade de distúrbios entre nossos cidadãos árabes não pode ser descartada. Foguetes do Hamas podem alcançar alvos até então considerados fora do alcance inimigo; suas ameaças de lançar ataques suicidas devem ser levadas extremamente a sério. Os judeus da diáspora também precisam ficar em estado de alerta. 8. Em um calmo fim de semana após o natal, os eventos em Gaza capturaram a atenção do mundo. De uma mídia internacional não solidária nós já estamos ouvindo reclamações de que a retaliação de Israel é "desproporcional" e uma forma de "punição coletiva". O fato de mais de 200 palestinos terem sido mortos comparado com apenas um israelense 75 levaram alguns jornalistas a concluírem que Israel está inerentemente errado. Um âncora britânico ponderou porque seu governo ainda não havia demandado que Israel parasse sua operação. Havia um entendimento relutante de que o Hamas utiliza palestinos não combatentes como escudo humano, junto com uma demanda insensata para que Israel encontre magicamente uma forma de não ferir nenhum deles. 9. A forma para comprar a afeição daqueles que sofrem de relativismo moral é asquerosamente clara: se um judeu for morto, ganhamos pouquíssima piedade. Se, Deus tal não permita, um jardim de infância for atingido diretamente - Israel poderia, temporariamente, ganhar a simpatia de jornalistas de Paris a Londres a Madri. 10. A este preço nós preferimos renunciar a esta simpatia. 11. Mesmo assim, nós esperamos que nossos diplomatas trabalhem 24 horas por dia para advogar por Israel na comunidade internacional. A ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni começou este processo. Em um discurso em inglês ela disse: "Agora chega" Israel não continuaria a absorver foguetes, morteiros e balas sem retaliar. 12. Neste jornal, nós nos perguntamos como uma comunidade internacional, que não consegue apoiar explicitamente a operação de Israel contra os mais intransigentes dos fanáticos muçulmanos, espera gozar de um papel positivo em facilitar um processo de paz nesta região. 13. O Hamas precisa ser detido. E o mundo civilizado deve ajudar a detê-lo. . Status Quo ante No parágrafo 1, o conteúdo da proposta supostamente feita por um porta-voz do Hamas a Israel denuncia o status quo ante, segundo o JPost: "você continua o fluxo de ajuda humanitária e suprimentos entrando em abundância em Gaza, e nós continuaremos a lançar morteiros em civis israelenses." Esta proposta sugere um estado de constantes agressões por parte do Hamas e um cenário de leniência e até benevolência por parte de Israel, que se engajou de forma relutante no conflito, segundo o editorial. Durante o texto há outras indicações que confirmam esta hipótese: "Israel teve pouca opção" (parágrafo 2 ), "Israel tem implorado ao Hamas" e "nenhuma quantidade de gestos humanitários iria mudar seu comportamento" (parágrafo 3). No parágrafo 4, na frase "Israel finalmente disse ao Hamas que não iria sangrar, lentamente, até a morte" a palavra "finalmente" reforça a ideia de relutância. No parágrafo 8, a 76 palavra "retaliação" implica em uma agressão anterior, assim como a frase: "Israel não continuaria a absorver foguetes, morteiros e balas sem retaliar" (parágrafo 11). . Missão da FDI No parágrafo 5, a missão da FDI é exposta de maneira inequívoca: "A missão da FDI não é derrubar o regime do Hamas, mas levar a tranquilidade para o sul." Entretanto, a coesão do parágrafo indica que o objetivo da missão possa vir a ser subvertido: "Os islamistas precisam decidir se querem acabar em cinzas ou se estão preparados para assumir as responsabilidades que vem com o controle da Faixa. Talvez eles não deem escolha a Israel a não ser derrubar sua administração." . Inimigo A imagem do inimigo intransigente demonstrada pela proposta inicial supostamente feita pelo porta-voz do Hamas é sedimentada ao longo do texto. No parágrafo 3, os apelos surdos de Israel podem ser identificados na frase: "Há semanas Israel tem implorado ao Hamas." A natureza do inimigo pode ser inferida pela frase: "Eles descaradamente disseram a Israel para se acostumarem com a ideia de que nenhuma quantidade de gestos humanitários iria mudar seu comportamento." Ainda no parágrafo 3, na frase: Os islamistas responderam que não tinham medo da FDI e que se reservavam o direito de resistir à "ocupação" - significando a existência de um Estado judeu," ao identificar "ocupação" com o Estado de Israel o editorial reduz todas as demandas do Hamas à abolição do Estado judaico. Desta maneira, exclui da sua narrativa demandas diretamente relacionadas ao conflito como a abertura das fronteiras de Gaza, por exemplo. No parágrafo 4, observa-se a adjetivação do "inimigo" como "arrogante" e no parágrafo 12, a frase "mais intransigentes dos fanáticos muçulmanos" confirma este cenário. Finalmente, ao contrapor no parágrafo 13 as orações: "O Hamas precisa ser detido. E o mundo civilizado deve ajudar a detê-lo", o Jpost indica que o Hamas, ao não fazer parte do mundo civilizado, pertence ao universo dos bárbaros. 77 . Judeus em Israel e no mundo A postura do JPost é de cautela em relação aos judeus no contexto da Guerra de Gaza. Este ponto é ilustrado pelas frases que abrem e fecham o parágrafo 7, respectivamente: "Israelenses devem se unir e ser vigilantes" e "os judeus da diáspora também precisam ficar em estado de alerta." Como averiguado na seção 'definições' deste capítulo, os protestos contra a operação figuraram mais frequentemente nos editoriais do Jerusalem Post e, geralmente, de maneira negativa. Ao abordar este tema no parágrafo 7, através da coesão escolhida, que encadeia as seguintes frases: "Lamentavelmente, já vimos motins entre alguns palestinos de Jerusalém leste. A possibilidade de distúrbios entre nossos cidadãos árabes não pode ser descartada. Foguetes do Hamas podem alcançar alvos até então considerados fora do alcance inimigo; suas ameaças de lançar ataques suicidas devem ser levadas extremamente a sério." Os editorialistas deixam implícito que os habitantes árabes israelenses podem perpetrar tais ataques suicidas. . O "outro" imoral Neste editorial, o "outro imoral" é generalizado no parágrafo 8 através de uma "mídia internacional não solidária," que condena a "retaliação" de Israel. Ainda no parágrafo 8, na frase: "O fato de mais de 200 palestinos terem sido mortos comparado com apenas um israelense levaram alguns jornalistas a concluírem que Israel está inerentemente errado", o uso da palavra "inerentemente" sugere que a condenação feita a Israel não é por este fato em si, mas pela própria existência do Estado judaico. O "outro", apesar das evidências, é incapaz de reconhecer e aceitar a posição em que Israel se encontra: "Havia um entendimento relutante de que o Hamas utiliza palestinos não combatentes como escudo humano, junto com uma demanda insensata para que Israel encontre magicamente uma forma de não ferir nenhum deles"(parágrafo 9). 78 O parágrafo 9 também é dedicado à construção deste outro, seguindo a tendência de aumento da intensidade das críticas iniciada no parágrafo anterior: "A forma para comprar a afeição daqueles que sofrem de relativismo moral é asquerosamente clara: se um judeu for morto, ganhamos pouquíssima piedade. Se, Deus tal não permita, um jardim de infância for atingido diretamente - Israel poderia, temporariamente, ganhar a simpatia de jornalistas de Paris a Londres a Madri." A dinâmica destas orações reafirma a identidade do "outro" como moralmente falho e injusto. Na comparação proposta, contrapor as expressões "pouquíssima piedade" e "Israel poderia, temporariamente, ganhar a simpatia" evidenciam a faceta parcial "daqueles que sofrem de relativismo moral". Finalmente, a moralidade de Israel em contraposição à imoralidade do "outro" deixa de ser implícita no parágrafo 10: "a este preço nós preferimos renunciar a esta simpatia." Usar uma metáfora pecuniária acentua a corrupção do "outro", e coloca Israel na nobre posição de renunciá-la em prol da defesa de sua população, mesmo que isto signifique ganhar a condenação internacional. . Enquadramento Ao apresentar Israel como uma nação relutante em se engajar no combate, evidenciadas pelas expressões: 'Israel teve pouca opção', 'Israel tem implorado ao Hamas' e 'nenhuma quantidade de gestos humanitários iria mudar seu comportamento', respectivamente nos parágrafos 2 e 3, os editorialistas aludem a um fenômeno cultural presente na história do conflito israelo-palestino desde o primeiro dia de vida da nação judaica: Israel não tem opção a não ser lutar por sua sobrevivência. No parágrafo 7 os editorialistas afirmam que "Israelenses devem se unir e ser vigilantes", contra uma ameaça que, em última análise, pode levar ao fim de sua existência, um fator predominante na narrativa judaica. O uso da palavra "inerentemente" no parágrafo 8 faz parte do kit de identidade deste enquadramento: se o direito de existência do país não é reconhecido, não há opção a não ser lutar pela sobrevivência. 79 Editorial: Defina os objetivos em Gaza - Haaretz 28/12/2008 1. O governo lançou uma campanha militar ontem em Gaza. Na primeira onda de ataques aéreos, mais de 200 palestinos foram mortos e uma retaliação do Hamas matou um civil israelense de Netivot. Centenas foram feridos do lado palestino, como dezenas de israelenses. "Este é um tempo de batalha", o ministro da defesa disse destacando a nova realidade que se apoderou nas últimas semanas de Sderot, Ashkelon e do oeste do Negev. 2. É possível entender a lógica da resposta da Força de Defesa Israelense. Não precisava da retórica inflamada da mídia, que geralmente agem como animadoras de torcida competindo umas com as outras. Também não precisava dos ventos das eleições que propelem as velas dos políticos famintos por manchetes. Os residentes do oeste do Negev, que têm vivido com medo todos os dias, crianças petrificadas do ensino fundamental, e a constante violação do território de um Estado soberano - isto confere legitimidade para a operação. 3. Mas compreensão não é substituto para sabedoria, e o desejo inerente de revidar não precisa necessariamente de nos cegar para a visão do dia seguinte. A expressão "momento para combate" não elucida quais são os objetivos da agressão. Israel está buscando "apenas" mandar uma mensagem violenta, horrífica para o Hamas? A intenção é destruir as infraestruturas civis e militares da organização? Talvez o objetivo se estenda ao ponto de remover o Hamas do poder em Gaza, transferindo o controle para a Autoridade Palestina, encabeçada por Mahmud Abbas? Como Israel pretende realizar estes objetivos? O ataque aéreo sozinho, como alguém pode se lembrar da Guerra do Líbano, não é suficiente. A FDI planeja enviar milhares de soldados para as ruas de Gaza? E qual será o número de mortes neste estágio? 4. Um público que aprendeu por experiência que não pode presumir novamente que o governo sabe o que está fazendo, principalmente quando seus líderes demonstram dificuldade em formular uma posição constante nas últimas semanas. O mesmo público também sabe, não apenas pela experiência no Líbano, que trabalhar por objetivos a longo prazo, que mudariam completamente a paisagem da região, como derrubar o governo do Hamas, é algo propenso a se transformar em uma grande fantasia. Seria melhor se contentar com objetivos imediatos, com resultados mensurados, calculados, que restaurariam a tranquilidade, particularmente o cessar-fogo que Israel gozou por cinco meses, e permitiu que a população de Gaza vivesse de maneira razoável. 5. A violação de Israel do período de calma em novembro acelerou a deterioração que deu a luz a guerra de ontem. Mas mesmo se isto continuar por muitos dias, ou mesmo semanas, vai terminar em um acordo, ou talvez em um entendimento similar ao que foi chegado em junho passado. Os termos do Hamas para restaurar a calma não mudaram: o cessar dos ataques à Gaza e às atividades da organização na Cisjordânia, a reabertura das fronteiras de Gaza, e a libertação de prisioneiros palestinos. As demandas israelenses também continuarão as mesmas: o fim do ataque de foguetes sobre suas cidades. Seria conveniente para ambos os lados listar todos os mediadores possíveis - do Egito ao Qatar aos Estados Unidos a Europa - para implementar estes termos. Poderia se presumir que a mensagem 80 militar de Israel foi completamente compreendida. Seria melhor não a transformar em um desastre que impediria um acordo futuro. . Equalização No parágrafo 1, a frase "centenas foram feridos do lado palestino, como dezenas de israelenses," sugere uma posição de igualdade entre israelenses e palestinos. Ao mencionar o cessar-fogo que antecedeu o início da operação, os editorialistas fizeram menção a ambos os lados do conflito com a frase: "o cessar-fogo que Israel gozou por cinco meses, e permitiu que a população de Gaza vivesse de maneira razoável", demonstrando que as condições de vida do outro lado da fronteira são importantes. O uso da palavra "razoável" implica em uma percepção específica da qualidade de vida em Gaza. . Legitimidade No parágrafo 2, o Haaretz declara considerar a operação legítima. A coesão escolhida, inicia o parágrafo com a afirmação de compreender a lógica da ação da FDI. Entretanto, o que se segue não é uma explanação dos motivos para esta afirmação, mas uma enumeração do que os editorialistas consideram estar errado no contexto mais amplo da operação. Isto torna a legitimação mais categórica, quando seu motivo é exposto de maneira grave em contraposição à frivolidade relativa dos temas anteriores. Ela torna-se ainda mais poderosa ao ser dita de forma explicita, na última frase, separada por um hífen. É possível entender a lógica da resposta da Força de Defesa Israelense. Não precisava da retórica inflamada da mídia, que geralmente agem como animadoras de torcida competindo umas com as outras. Também não precisava dos ventos das eleições que propelem as velas dos políticos famintos por manchetes. Os residentes do oeste do Negev, que têm vivido com medo todos os dias, crianças petrificadas do ensino fundamental, e a constante violação do território de um Estado soberano - isto confere legitimidade para a operação. . Objetivo(s) A palavra 'objetivo' foi mencionada cinco vezes no texto, tornando evidente a preocupação do conselho editorial com os limites e a natureza justa da "agressão". Iniciado com a frase "compreensão não é substituto para sabedoria, o parágrafo 3 traz uma lista de 81 indagações sobre os possíveis objetivos da operação, dúvidas sobre a forma estes serão atingidos, além de cautela em relação às possíveis consequências: Israel está buscando "apenas" mandar uma mensagem violenta, horrífica para o Hamas? A intenção é destruir as infraestruturas civis e militares da organização? Talvez o objetivo se estenda ao ponto de remover o Hamas do poder em Gaza, transferindo o controle para a Autoridade Palestina, encabeçada por Mahmud Abbas? Como Israel pretende realizar estes objetivos? O ataque aéreo sozinho, como alguém pode se lembrar da Guerra do Líbano, não é suficiente. A FDI planeja enviar milhares de soldados para as ruas de Gaza? E qual será o número de mortes neste estágio? Confirmando o cenário de preocupação, o parágrafo 4 é estruturado como uma grande recomendação. A primeira é não superestimar a capacidade do governo de liderar de maneira positiva a operação: "Um público que aprendeu por experiência que não pode presumir novamente que o governo sabe o que está fazendo, principalmente quando seus líderes demonstram dificuldade em formular uma posição constante nas últimas semanas." A segunda é não esquecer os riscos de objetivos muito amplos: "trabalhar por objetivos a longo prazo, que mudariam completamente a paisagem da região, como derrubar o governo do Hamas, é algo propenso a se transformar em uma grande fantasia." O uso da palavra "fantasia" reforça a posição do jornal sobre a necessidade absoluta de limitar a operação. O fim do parágrafo é a recomendação do Haaretz sobre qual objetivo e resultado final seriam ideais: "Seria melhor se contentar com objetivos imediatos, com resultados mensurados, calculados, que restaurariam a tranquilidade, particularmente o cessar-fogo que Israel gozou por cinco meses, e permitiu que a população de Gaza vivesse de maneira razoável." No parágrafo 5, retoma-se as recomendações, desta vez para se chegar ao resultado final, um "acordo, ou talvez em um entendimento similar ao que foi chegado em junho passado," ou seja, a um cessar-fogo negociado com a ajuda de atores externos, baseado em termos já conhecido por ambas as partes: 82 "Os termos do Hamas para restaurar a calma não mudaram: o cessar dos ataques à Gaza e às atividades da organização na Cisjordânia, a reabertura das fronteiras de Gaza, e a libertação de prisioneiros palestinos. As demandas israelenses também continuarão as mesmas: o fim do ataque de foguetes sobre suas cidades. Seria conveniente para ambos os lados listar todos os mediadores possíveis - do Egito ao Qatar aos Estados Unidos a Europa - para implementar estes termos." A última recomendação aparece em uma posição prestigiosa da estrutura textual. No arremate do texto, sua última frase, com vocabulário forte: "Seria melhor não a transformar em um desastre que impediria um acordo futuro." . Status Quo ante Diferentemente do JPost, que culpou o Hamas por ter quebrado o cessar-fogo gozado antes do início da operação, o Haaretz depositou a responsabilidade sobre Israel com uma frase direta e imagética: "a violação de Israel do período de calma em novembro acelerou a deterioração que deu a luz a guerra de ontem" (parágrafo5). . Enquadramento Ao fazer inúmeras recomendações sobre a melhor forma de conduzir a operação para que se chegue ao resultado final ideal, a equipe editorial do Haaretz explicita sua falta de confiança no governo para gerenciar a operação. Esta ideia está presente durante todo o texto, inclusive explicitamente: "Um público que aprendeu por experiência que não pode presumir novamente que o governo sabe o que está fazendo, principalmente quando seus líderes demonstram dificuldade em formular uma posição constante nas últimas semanas" (Parágrafo 4). Editorial: O retrato de Gaza - Jerusalem Post 29/12/2008 1. Com a exceção da Casa Branca - que reagiu à operação de Israel em Gaza rotulando os líderes do Hamas de "nada a não ser assassinos" e culpando os "terroristas" por terem iniciado a violência - a reação política e midiática internacional logo caiu em duas amplas categorias: discreta imparcialidade e condenação automática. 2. A porção imparcial compreende que nenhum país pode permitir, indefinidamente, que seus cidadãos sejam bombardeados por um inimigo comprometido com sua aniquilação. 83 Entretanto, eles ainda se opõem às medidas israelenses "desproporcionais" basicamente aquelas que talvez consigam de fato compelir o Hamas a pôr fim à sua campanha de terror. 3. Entre estes imparciais está o enviado do Quarteto, Tony Blair, o presidente francês Nicholas Sarkozy (que também é presidente da UE), o primeiro ministro britânico Gordon Brown e o Ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier. 4. O quintessencialmente imparcial, Javier Solana, o czar da política exterior da União Europeia, toma qualquer morte de não combatente do lado palestino como "inaceitável". Seu conselho? O Hamas deveria parar de atacar Israel, e Israel deveria parar de retaliar. 5. Mas é a reação do Vaticano que captura a própria essência da imparcialidade: "o Hamas é um prisioneiro da lógica do ódio; Israel da lógica da fé na força como a melhor resposta ao ódio." O que fazer? "Deve-se continuar a buscar uma saída, mesmo que isso possa parecer impossível." 6. Existem aqueles que nem tentam fingir serem imparciais. Para eles, o Hamas tem exercitado seu direito inalienável de resistir "a ocupação" através da oposição violenta a existência de um Estado judeu. Para eles, praticamente do nada, os sionistas ficaram loucos, massacrando mulheres, crianças e o ocasional "mártir" do Hamas. 7. Desmond Tutu opinou chamando o uso da força aérea israelense para parar o Hamas "um crime de guerra." Peter Beaumont, editor de assuntos internacionais do britânico Guardian, disse que as ações de Israel se comparavam com os massacres de Deir Yassin e Sabra e Chatila. 8. Tim Butcher do londrino Telegraph tentou contextualizar. Com o passar do tempo, ele explicou, Israel abaixa o limite para quem considera um alvo legítimo. Em 2004, "um homem velho em sua cadeira de rodas, Sheik Ahmed Yassin, foi morto por um míssil israelense enquanto era levado para fora de uma mesquita depois das preces semanais." Butcher continuou observando que Yassin "foi o líder do Hamas responsável por ordenar ataques suicidas." Mas seu ponto era que, atualmente, "qualquer guarda de trânsito do Hamas" se tornou um alvo justo. 9. Israel embarcou nesta operação para compelir o Hamas a parar de aterrorizar a população do sul de Israel. E fez isso relutantemente, somente após o Hamas ter rejeitado apelos múltiplos do Mahmud Abbas e do governo egípcio para manter o "cessar-fogo." 10. Apesar das dificuldades inerentes em apresentar a posição de Israel para uma mídia nem sempre solidária, o escritório do primeiro ministro, o ministério das Relações Exteriores e a FDI reconhecem que diplomacia pública é um elemento integral para conseguir que o Hamas pare seus ataques. Com este objetivo, o articulado ex-representante da ONU, Dan Gillerman, foi designado para coordenar a resposta do Ministério das Relações Exteriores 84 para a crise. No geral, os porta-vozes israelenses raramente estiveram mais pró ativos ou competentes. 11. Israel não tem presença militar ou civil em Gaza desde 2005. A tranquilidade teria prevalecido na fronteira entre Gaza e Israel, e os palestinos poderiam ter construído um Estado modelo, se a liderança do Hamas não estivesse insistentemente empenhada em atacar Israel. O próprio Hamas reconhece isso. Enquanto seu porta-voz Taher al-Nunu estava falando para a al-Jazeera e outros canais sobre o atual "feroz massacre sionista", ele também enfatizava que o Hamas nunca abandonará sua determinação de destruir Israel. 12. O objetivo declarado da operação militar - pôr fim a um a habilidade de um Estadoterror vizinho de ameaçar nossa população - é precisamente o objetivo que qualquer outra nação teria se fosse atacada como Israel tem sido. 13. Tudo isso deveria ser óbvio para observadores justos e sensatos de todos os lugares. Mas quando fotos dramáticas vindas de Gaza ameaçam minar a capacidade de pensar claramente, líderes israelenses têm formulado nas duas últimas semanas lembretes efetivos. "Ações militares não são fáceis de apoiar," A ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni observou em uma entrevista na segunda-feira, por exemplo. "Mas este é o único jeito de mudar realidades no terreno... Esta é a nossa responsabilidade como governo para com nossos cidadãos." 14. Palavras escolhidas cuidadosamente contra imagens dramáticas? É um campo de batalha midiático desigual. Mas ao menos, desta vez, Israel está lutando. . Críticas à reação internacional No parágrafo 1, o editorial classifica as reações política e midiática mundial, com exceção da Casa Branca, em duas categorias: discreta imparcialidade e condenação automática. Ao adjetivar a imparcialidade de "discreta" e a condenação de "automática", os editorialistas do JPost iniciam o que será uma estrutura textual dedicada desferir críticas às reações acima referidas. No parágrafo 2, a coesão do parágrafo visa invalidar a posição dos adeptos da "discreta imparcialidade". Apesar de compreenderem que: "nenhum país pode permitir, indefinidamente, que seus cidadãos sejam bombardeados por um inimigo comprometido com sua aniquilação", "ainda" se opõem às medidas que classificam de "desproporcionais", "basicamente aquelas que talvez consigam de fato compelir o Hamas a pôr fim à sua campanha de terror." O uso da palavra "basicamente" acentua a crítica à posição, como se fosse algo óbvio, trivial, mas que mesmo assim escapa à percepção. 85 No parágrafo 4, os editorialistas categorizam de "quintessencialmente" imparcial, "o czar da política exterior da União Europeia, (que) toma qualquer morte de não combatente do lado palestino como "inaceitável"". Mas, visando demonstrar a insustentabilidade desta posição, expõem a mais óbvias das afirmações como seu conselho para a resolução do conflito: "O Hamas deveria parar de atacar Israel, e Israel deveria parar de retaliar." A estrutura do parágrafo 4 se repete no parágrafo 5, desta vez para criticar a posição do Vaticano. Apresentada como a "a própria essência da imparcialidade", o conselho da Santa Sé parece reforçar a posição de Israel: "Deve-se continuar a buscar uma saída, mesmo que isso possa parecer impossível." O tom de crítica é elevado no parágrafo 6: "Existem aqueles que nem tentam fingir serem imparciais." Ao utilizar a palavra "fingir", os editorialistas substituem "imparcialidade discreta" por simplesmente dissimulada. Para "aqueles que nem tentam "fingir", o Hamas " tem exercitado seu direito inalienável de resistir à "ocupação"" sendo mais uma vez "ocupação" resumida pelo JPost à existência do Estado de Israel. O fato do jornal sempre usar aspas quando se refere à ocupação é um indicador da sua posição sobre este assunto. Para encerrar o parágrafo 6, o editorial afirma que aqueles que acreditam estar o Hamas exercendo "seu direito inalienável de resistir "a ocupação" através da oposição violenta a existência de um Estado judeu", pensam que "praticamente do nada, os sionistas ficaram loucos, massacrando mulheres, crianças e o ocasional "mártir" do Hamas". Após esta contraposição, quando a reação israelense aparece face a uma "oposição violenta", o conselho editorial repousa a loucura em outro lugar. O capítulo 7 segue denunciando as posições críticas à operação. O parágrafo 8, não é diferente, mas se atém na crítica de um jornalista específico que "tentou contextualizar" sua posição. "Com o passar do tempo, ele explicou, Israel abaixa o limite para quem considera um alvo legítimo." Após explicar a degradação proposta pelo jornalista, o editorialista termina o parágrafo afirmando "seu ponto era que, atualmente, "qualquer guarda de trânsito do Hamas" se tornou um alvo justo." O jornalista em questão provavelmente faz referência ao bombardeamento de uma cerimônia de formação de policiais civis do Hamas pela FDI. O texto não faz menção a este incidente. 86 . Justificativas As justificativas que começam a partir do parágrafo 9 podem ser compreendidas como respostas aos oito parágrafos consecutivos de exposição das críticas que emanam da política e da mídia internacional. O editorial inicia o parágrafo 9 com o objetivo da missão, que agrega legitimidade à operação: "Israel embarcou nesta operação para compelir o Hamas a parar de aterrorizar a população do sul de Israel." A próxima frase: "e fez isso relutantemente, somente após o Hamas ter rejeitado apelos múltiplos do Mahmud Abbas e do governo egípcio para manter o "cessar-fogo"", além de enfatizar o status quo ante destacado no editorial do JPost analisado anteriormente, reforça o enquadramento "Israel não teve opção a não ser lutar pela sua sobrevivência", ao fazer uso da palavra "relutantemente". A justificação continua no parágrafo 11. O editorial menciona o desengajamento unilateral de Gaza em 2005 e afirma que: "A tranquilidade teria prevalecido na fronteira entre Gaza e Israel, e os palestinos poderiam ter construído um Estado modelo, se a sua liderança do Hamas não estivesse insistentemente empenhada em atacar Israel." Para confirmar esta suposição, os editorialistas encadeiam esta afirmação com a seguinte frase: "O próprio Hamas reconhece isso. Enquanto seu porta-voz Taher al-Nunu estava falando para a al-Jazeera e outros canais sobre o atual "feroz massacre sionista", ele também enfatizava que o Hamas nunca abandonará sua determinação de destruir Israel." Ao analisar esta sequência de orações com mais atenção, percebe-se que há uma indução de sentido. Da forma como foi posto parece que o Hamas reconhece que a tranquilidade teria prevalecido em Gaza caso o grupo não houvesse lançado mísseis contra Israel. Levando-se em consideração as demandas do Hamas para o cessar-fogo, duvida-se que o Hamas concordasse com a asserção de que a "tranquilidade prevalecia" na Faixa de Gaza antes da operação Cast Lead. 87 . Campanha de Relações Públicas A frase que abre o parágrafo 10 é particularmente interessante: "Apesar das dificuldades inerentes em apresentar a posição de Israel para uma mídia nem sempre solidária, o escritório do Primeiro Ministro, o Ministério das Relações Exteriores e a FDI reconhecem que diplomacia pública é um elemento essencial para conseguir que o Hamas pare seus ataques." A primeira parte da oração sugere que "as dificuldades inerentes" em apresentar a posição de Israel seja em virtude de uma "mídia nem sempre solidária", e não oriunda da atitude israelense. O restante da frase é nebuloso ao não elucidar a relação direta que é estabelecida entre o exercício da diplomacia pública e o fim dos ataques do Hamas. O fim do parágrafo reafirma a necessidade de ação no campo da diplomacia pública e desfere elogios para o coordenador da "resposta do ministério das Relações Exteriores para a crise", e para os portavozes israelenses que "raramente estiveram mais pró ativos ou competentes." No parágrafo 13, a legitimidade da guerra que deveria ser óbvia "para observadores justos e sensatos de todos os lugares", é ameaçada por "fotos dramáticas vindas de Gaza." Perante evidências de consequências humanitárias da guerra os editorialistas do JPost não abandonam a postura belicosa: "Palavras escolhidas cuidadosamente contra imagens dramáticas? É um campo de batalha midiático desigual. Mas ao menos, desta vez, Israel está lutando." . Enquadramento O enquadramento destacado no editorial anterior do Jerusalem Post foi reafirmado e expandido no presente texto. Israel entrou "relutantemente" na batalha, a guerra foi seu último recurso, mediante "o Hamas ter rejeitado apelos múltiplos do Mahmud Abbas e do governo egípcio para manter o "cessar-fogo."" Mas Israel também não tem outra opção a não ser lutar, pois "com exceção da Casa Branca," a opinião midiática e política mundial parece estar contra o Estado judaico. Todos os fronts devem ser considerados quando "fotos dramáticas vindas de Gaza ameaçam minar a capacidade de pensar claramente" e obscurecem a obviedade da razão israelense mesmo para "observadores justos e sensatos". 88 Editorial: Defenda, não invada - Haartez 29/12/2009 1. "Nós não temos objetivos de ocupar" declarou o ministro da Defesa na época, Moshe Dayan, em junho de 1967 na véspera da ocupação da Cisjordânia, Faixa de Gaza, península do Sinai e Colinas de Golã. Pode ser que esses objetivos não existissem, mas a ocupação destas áreas cobrou - e ainda está cobrando um preço quatro décadas depois. 2. A atual operação da FDI em Gaza começou com ataques aéreos. Nos primeiros dois dias, não houve relatos de tropas entrando na Faixa. Mas apetite é passível de superar bom senso e deve se lutar contra esta tendência. Israel deve aderir ao delineamento da operação Cast Lead, evitando qualquer grande invasão que terminará em ocupação, uma administração militar e meses (se não anos) de luta contra as forças locais que, inevitavelmente, irão se opor aos ocupantes. 3. As pessoas atualmente responsáveis pelo stablishment da defesa foram substituídos por aqueles que perderam sua posição devido à Segunda Guerra do Líbano - Ehud Barak no lugar de Amir Peretz e Gabi Ashkenazi no lugar de Dan Halutz. E seu desejo de evitar repedir os erros de seus predecessores está facilmente aparente. Uma das queixas feitas contra a conduta da guerra do Líbano foi a lentidão com a qual a operação terrestre foi preparada e executada. Nos dois anos que se passaram, tanto a FDI quanto os políticos falaram sobre melhorar a capacidade israelense de realizar manobras terrestres - em outras palavras, sua habilidade de enviar infantaria, tanques e outras forças baseadas no solo, durante uma guerra. Mas apesar da tentação de provar que este esforço deu resultados, Gaza não pode ser vista como uma compensação pelo Líbano. Os objetivos limitados da operação, como descrito tanto pelos tomadores de decisão quanto pelos planejadores, não justificam ficar preso em uma operação terrestre. 4. Para defender os cidadãos em um momento no qual o "envelope de Gaza"50 está expandindo de Sderot, o oeste do Negev e Ashkelon para Ashdod, Yavneh, Kiryat Gat e outras cidades do oeste e do norte, força militar deve ser emprega proporcionalmente - em parte para que os objetivos da operação não se tornem tão ambiciosos a ponto de serem impossíveis de atingir. 5. Reestabelecer o cessar-fogo em termos melhores e com uma supervisão melhor é um objetivo sensato. Derrubar o regime do Hamas, ou erradicar a última fábrica de foguetes onde o último membro do Hamas está fazendo o último foguete Qassam, não são metas razoáveis, em parte porque são inatingíveis sem uma longa presença terrestre em Gaza. 6. Nos últimos anos, as organizações terroristas da Faixa de Gaza - Hamas, Jihad Islâmica e grupos menores - têm se preparado para receber a FDI com túneis, bombas, 50 Região que circunda a Faixa de Gaza e está ao alcance dos Qassams do Hamas. 89 emboscadas e mísseis antitanque. Combate em áreas densamente povoadas é passível de resultar em um grande número de mortes na FDI e irá, inevitavelmente, causar danos à população civil no meio de quem os embates acontecerão. Pode ser que oportunidades operacionais momentâneas justificarão o envio seletivo de forças especiais, mas executar qualquer plano que envolva operar dentro de Gaza e englobe brigadas e divisões iria violar a lógica de uma operação limitada. 7. O ataque inicial aéreo deve levar a um movimento diplomático cujo objetivo é um genuíno cessar-fogo e o retorno de Gilat Shalit sem qualquer desculpa do Hamas. Israel tem direito de exercitar seu direito de auto defesa, incluindo através de meios ofensivos. Mas não deve sobrepujar no solo. . Manter os limites A tendência pragmática do Haaretz é mantida neste editorial. Há uma preocupação clara com a capacidade da administração de se ater aos limites da operação. Isto fica claro desde o início do texto, com o pequeno e pertinente resgate histórico: ""Nós não temos objetivos de ocupar" declarou o ministro da Defesa na época, Moshe Dayan, em junho de 1967 na véspera da ocupação da Cisjordânia, Faixa de Gaza, península do Sinai e Colinas de Golã. Pode ser que esses objetivos não existissem, mas a ocupação destas áreas estava - e ainda está cobrando um preço quatro décadas depois." No parágrafo 2, após alertar para o fato de que "apetite é passível de superar bom senso e deve se lutar contra esta tendência", o editorial completa a ideia iniciada pelo resgate histórico: "Israel deve aderir ao delineamento da operação Cast Lead, evitando qualquer grande invasão que terminará em ocupação, uma administração militar e meses (se não anos) de luta contra as forças locais que, inevitavelmente, irão se opor aos ocupantes." No parágrafo 4, a importância de manter os limites da operação é resgatada em uma frase que retoma a legitimidade da operação, reforçando a posição de apoio do jornal à operação militar mediante cautela: "Para defender os cidadãos em um momento no qual o "envelope de Gaza" está expandindo de Sderot, o oeste do Negev e Ashkelon para Ashdod, Yavneh, Kiryat Gat e outras cidades do oeste e do norte, força militar deve ser emprega proporcionalmente em parte para que os objetivos da operação não se tornem tão ambiciosos a ponto de serem impossíveis de atingir." 90 Já no parágrafo 5 é utilizado o recurso da repetição para evidenciar o ponto, de forma assaz sarcástica, de que objetivos muito amplos seriam, por razões diversas, desinteressantes para Israel: "Reestabelecer o cessar-fogo em termos melhores e com uma supervisão melhor é um objetivo sensato. Derrubar o regime do Hamas, ou erradicar a última fábrica de foguetes onde o último membro do Hamas está fazendo o último foguete Qassam, não são metas razoáveis (...)." A última frase do editorial define sucintamente o posicionamento do Haaretz: "Israel tem direito de exercitar seu direito de auto defesa, incluindo através de meios ofensivos. Mas não deve sobrepujar no solo." . Segunda Guerra do Líbano Quase todo o longo parágrafo 3 é dedicado à comparações com a Segunda Guerra do Líbano. De certa forma, os alertas contra uma invasão terrestre contidos nos outros parágrafos são uma maneira de lembrar o conflito anterior. "As pessoas atualmente responsáveis pelo stablishment da defesa foram substituídos por aqueles que perderam sua posição devido à Segunda Guerra do Líbano. (...)E seu desejo de evitar repedir os erros de seus predecessores está facilmente aparente. (...)Mas apesar da tentação de provar que este esforço deu resultados, Gaza não pode ser visto como uma compensação pelo Líbano. Os objetivos limitados da operação, como descrito tanto pelos tomadores de decisão quanto pelos planejadores, não justificam ficar preso em uma operação terrestre." . Enquadramento A crítica ao governo, mais exatamente a uma "tendência" dos governos israelenses não é necessariamente velada: "apetite é passível de superar bom senso e deve se lutar contra esta tendência". Entretanto, o enquadramento principal do editorial é o apelo à delimitação da operação observado em praticamente todos os parágrafos: 91 Parágrafo 2: " Israel deve aderir ao delineamento da operação Cast Lead, evitando qualquer grande invasão" Parágrafo 3: " Os objetivos limitados da operação, como descrito tanto pelos tomadores de decisão quanto pelos planejadores, não justificam ficar preso em uma operação terrestre." Parágrafo 4: força militar deve ser emprega proporcionalmente Parágrafo 5: Reestabelecer o cessar-fogo em termos melhores e com uma supervisão melhor é um objetivo sensato. Parágrafo 6: executar qualquer plano que envolva operar dentro de Gaza e englobe brigadas e divisões iria violar a lógica de uma operação limitada. Parágrafo 7: Israel tem direito de exercitar seu direito de auto defesa, incluindo através de meios ofensivos. Mas não deve sobrepujar no solo. Editorial: Tempo para diplomacia - Haaretz 04/01/2009 1. Após oito dias de combate em Gaza, ainda é difícil averiguar se objetivos gerais foram atingidos e se nós chegamos a um momento estratégico. O assassinato de oficiais sênior do Hamas, a destruição parcial de túneis e o bombardeamento de prédios utilizados pela liderança do Hamas não fizeram com que os foguetes parassem de cair sobre Israel, nem instigaram o Hamas a anunciar uma mudança em sua política. 2. A necessidade de apresentar uma conquista compeliu a liderança civil a adicionar uma campanha terrestre ao massacre aéreo. Após ter repetidamente sido adiada na semana passada, a campanha terrestre foi lançada ontem à noite. Aqueles que apoiam a operação já estão imaginando o Hamas desmoronando, sua liderança fugindo ou sendo morta, e revistas de casa em casa a procura de armas para serem destruídas. Após a operação, Gaza seria devolvida ao controle da Autoridade Palestina, purgada do terrorismo - o sonho libanês realizado em Gaza. É nisto em que essas pessoas acreditam. 3. Seria melhor acabar com este sonho antes que ele se transforme em um pesadelo arrastado, e limitar a operação terrestre a metas mais modestas. 4. Os entusiastas da operação terrestre foram impulsionados pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, com seus comentários feitos dois dias atrás. Bush expressou compreensão pela necessidade de Israel de se defender, e até mesmo caracterizou a Guerra em Gaza como uma Guerra ao Terror. Eles também podem se agarrar no criticismo do Egito ao Hamas. Ainda assim, o problema de Israel não é a legitimidade da guerra, mas a crescente legitimidade do Hamas. Esta legitimidade não é intrínseca à batalha de Israel pela opinião pública, mas à imagem cada vez mais sólida de Israel 92 como o bully51 da região. Algumas pessoas aqui ainda estão convencidas de que a imagem de bully faz bem para a deterrência, mas essa imagem ainda não conseguiu evitar uma guerra. 5. Por outro lado, agora nós talvez estejamos contemplando uma oportunidade de concluir a guerra diplomaticamente. Diversas propostas estão na mesa, incluindo uma do Egito, da Turquia e do Secretário Geral da ONU. Além disso, a oferta francesa de um cessar-fogo humanitário, que permitiria Gaza receber medicamentos, comida e carregamentos de combustível ainda é válida. Não dificultaria a capacidade militar ou diplomática de Israel considerar essas propostas seriamente. É até mesmo provável que elas tragam a importante conquista que Israel tem buscado: uma mudança na situação da segurança da fronteira com Gaza. 6. Este é o momento de mudar da guerra para a diplomacia. Após uma semana de atividade aérea, nós não podemos deixar a operação terrestre se aprofundar, prolongar e complicar as chances de um fim rápido para a operação. . Expansão da operação O parágrafo no qual começa a abordagem sobre a expansão da operação militar é iniciado por uma frase inequívoca quanto a posição crítica do Haaretz: "a necessidade de apresentar uma conquista compeliu a liderança civil a adicionar uma campanha terrestre ao massacre aéreo". Os editorialistas continuam o parágrafo 2 pintando o cenário idealizado pelos entusiastas da operação. O cenário é tão perfeito, em um contexto tão complicado, que toma forma de deboche: Aqueles que apoiam a operação já estão imaginando o Hamas desmoronando, sua liderança fugindo ou sendo morta, e revistas de casa em casa a procura de armas para serem destruídas. Após a operação Gaza seria devolvida ao controle da Autoridade Palestina, purgada do terrorismo - o sonho libanês realizado em Gaza. Após a descrição do cenário ideal, o curto parágrafo 3 traz a narrativa de volta para a realidade: "Seria melhor acabar com este sonho antes que ele se transforme em um pesadelo arrastado, e limitar a operação terrestre a metas mais modestas." 51 Bully é um termo em inglês que se popularizou no Brasil para se referir a pessoas que intimidam e agridem outras, geralmente consideradas mais fracas. 93 . Momento para a diplomacia Apesar das dificuldades de avaliação dos êxitos da operação expostas no parágrafo 1: "Após oito dias de combate em Gaza, ainda é difícil averiguar se objetivos gerais foram atingidos e se nós chegamos a um momento estratégico", no parágrafo 5, mediante possíveis excelentes retornos, é proposto que Israel considere as propostas diplomáticas oferecidas por diferentes atores. A partir da perspectiva adotada pelo Haaretz, de um pragmatismo cauteloso e da manutenção de objetivos limitados para a operação, "este é o momento de mudar da guerra para a diplomacia. Após uma semana de atividade aérea, nós não podemos deixar a operação terrestre se aprofundar, prolongar e complicar as chances de um fim rápido para a operação." . Enquadramento Este editorial reforça os enquadramentos detectados nos editoriais do Haaretz analisados anteriormente. Ao afirmar que a campanha terrestre foi adicionada a um "massacre aéreo" por uma necessidade do governo de "apresentar uma conquista", o conselho editorial coloca mais uma vez em questão a capacidade do governo de conduzir a operação e agir de forma a obter seu objetivo declarado. Este enquadramento é reforçado pela consideração que abre o editorial: "Após oito dias de combate em Gaza, ainda é difícil averiguar se objetivos gerais foram atingidos e se nós chegamos a um momento estratégico". E também pelo restante do parágrafo 1, que cita os feitos da FDI no sentido de tentar minimizar a capacidade combativa do Hamas, para no fim afirmar que nada disso havia feito "com que os foguetes parassem de cair sobre Israel, nem instigaram o Hamas a anunciar uma mudança em sua política." Editorial: Em Gaza - Jerusalem Post 04/01/2009 1. Israel não estava ávido para enviar suas tropas para Gaza contra o Hamas, disse o ministro da Defesa, Ehud Barak, sábado à noite, fazendo uma magistral subavaliação. 2. Mas depois de mais de uma semana de ataques aéreos aos escritórios, bases de treinamento, túneis de contrabando, silos de mísseis, casa dos chefes do terror do Hamas e muito mais, a fraca esperança de que o Hamas talvez tivesse entendido a mensagem, e 94 internalizado que Israel não iria mais tolerar ataques incessantes de foguete sobre seus cidadãos, não havia se concretizado. 3. Não importa o sofrimento que seus insistentes ataques causaram aos palestinos, o povo que buscou governar, o Hamas continuou atirando aqueles foguetes por oito dias, com um alcance cada vez maior, colocando 800.000 civis israelenses sob sua mira. 4. Sendo assim, disse um pesaroso Barak - que reconheceu ter pensado duas, depois três vezes, sobre se uma ofensiva terrestre era realmente inevitável - a ordem foi dada para as tropas entrarem na Faixa de Gaza. 5. O primeiro ministro, Ehud Olmert, supervisionando a segunda vez em que se recorreu à força em menos de três anos na fronteira da qual Israel se retirou unilateralmente na vã expectativa de tranquilidade, foi citado dizendo que "existem momentos nos quais não há escolha." 6. Ele havia feito tudo o que podia para evitar o envio de tropas, disse o primeiro ministro, incluindo tentar manter e depois restaurar um mal denominado "cessar-fogo" nos últimos meses, que o Hamas havia aproveitado para aprimorar seus foguetes e se preparar mais efetivamente para o conflito. 7. "Eu queria ter certeza de que havia tentado tudo", Olmert foi citado como dizendo para seus colegas ministros na fatídica reunião de gabinete durante a qual a ofensiva terrestre foi aprovada. 8. Na realidade, Israel tem estado muito mais do que meramente relutante em reentrar a traiçoeira Faixa de Gaza. Israel deixou claro seu fervoroso desejo de evitar uma grande ofensiva terrestre - ao ponto de Barak levar em consideração um "time out" e consequentemente um possível cessar-fogo tão cedo quanto terça-feira passada, quando a operação Cast Lead tinha apenas quatro dias de vida. 9. Os residentes de Sderot e das comunidades do envelope de Gaza sofreram na linha de frente por oito anos - criando famílias sob as ameaças constantes de que os Kassams52 poderiam estraçalhar suas vidas a qualquer momento. 10. Os ataques de foguete apenas aumentaram desde que Israel tirou seus civis de Gaza em 2005 e removeu toda a presença militar, deixando os palestinos livres para criar um Estado nascente ali. 11. Ao invés disso, Gaza tornou-se Hamastan, e o medo de que foguetes provenientes de lá iriam atingir Ashkelon provaram ser muito otimistas: na realidade, os foguetes chegaram muito mais longe. 52 Qassams ou Kassams são mísseis primitivos, sem dispositivos de mira, de fabricação caseira. 95 12. Enquanto cidadãos sofriam, semana após semana, mês após mês, a FDI não foi chamada. Enquanto o Hamas se fortalecia, e progredia cada vez mais no seu objetivo de se consolidar como o Hezbollah, o outro exército procurador do Irã, os perigos esperando uma invasão terrestre da FDI em Gaza aumentavam. 13. Claro, enquanto o rearmamento do Hamas continuava, permiti-lo continuar a prosperar tornou-se mais impensável, também. 14. Desta maneira, como Barak explicava em seu pesaroso discurso sábado à noite, o tempo havia chegado de fazer "o que tinha de ser feito". 15. O discurso de Barak não foi arrogante, anunciando uma vitória iminente - não espelhou as demonstrações públicas de sede de sangue do Hamas. Foi mais uma avaliação sóbria dos "dias difíceis a frente" - dias que Israel havia esperado evitar, dias de mais sofrimento para os residentes do sul, dias de desafio para a FDI, dias que colocariam vidas em risco. 16. Por fim, disse o ministro da Defesa, o dever da FDI era defender e proteger o povo de Israel, salvaguardar o front doméstico. 17. E após oito anos em que o front doméstico, insustentavelmente, tornou-se o front do sul do país, no sábado à noite a FDI foi finalmente ordenada a cumprir sua obrigação: lutar contra um inimigo vil e proteger o povo de Israel. 18. Para os israelenses, e todos aqueles que reconhecem a ameaça a liberdade posada a todo lugar pelo extremismo de culto a morte do qual o Hamas é apenas uma parte, agora resta esperar que as ações da FDI nos dias a seguir restaurem a paz no sul e a tranquilidade que todos os civis tem o direito de dar como certa. 19. E que o retorno de um exército extremamente relutante a Gaza ajude a impedir os inimigos de Israel de continuar a ameaçar um país que busca a paz, que pensa duas, três vezes antes de ir à guerra, mas que pode e irá se proteger efetivamente quando necessário. . Expansão da operação A palavra que parece definir a expansão da operação para o JPost é: inevitável. "Sendo assim, disse um pesaroso Barak - que reconheceu ter pensado duas, depois três vezes, sobre se uma ofensiva terrestre era realmente inevitável - a ordem foi dada para as tropas entrarem na Faixa de Gaza" (parágrafo 4) Nos três parágrafos seguintes, respetivamente o 5, 6 e 7, o primeiro ministro foi novamente citado: "não há escolha", " havia feito tudo o que podia para evitar", "certeza de que havia tentado tudo". 96 Para corroborar esta inevitabilidade d o envio de tropas terrestres, está a relutância de Israel em " reentrar a traiçoeira Faixa de Gaza" que, inclusive, abre o editorial: " Israel não estava ávido para enviar suas tropas para Gaza". Uma " magistral subavaliação" do ministro da Defesa, segundo o jornal. . Sofrimento do sul de Israel A segunda parte do editorial aborda o sofrimento dos habitantes da porção sul de Israel mais profundamente. Este cenário é contraposto com a aparente oportunidade perdida que os palestinos tiveram com o desengajamento unilateral de Gaza, enquanto reforça a leniência de Israel. Os parágrafos 9, 10, 11 e 12 intercalam estas ideias, construindo o argumento de que Israel tirou seus civis de Gaza em 2005 e removeu toda a presença militar, deixando os palestinos livres para criar um Estado nascente ali", mas "Gaza tornou-se Hamastan" (uma alusão a pequenos Estados, geralmente falidos, controlados por milícias violentas). Os residentes de Sderot e das comunidades do envelope de Gaza sofreram na linha de frente por oito anos - criando famílias sob as ameaças constantes de que os Kassams53 poderiam estraçalhar suas vidas a qualquer momento. Até que, "após oito anos (...) a FDI foi finalmente ordenada a cumprir sua obrigação: lutar contra um inimigo vil e proteger o povo de Israel" (Parágrafo 17). . Ameaça Regional Neste editorial foi possível perceber a regionalização da ameaça representada pelo Hamas. No parágrafo 12, o Hamas é comparado ao Hezbollah: "enquanto o Hamas se fortalecia, e progredia cada vez mais no seu objetivo de se consolidar como o Hezbollah". E ambos são chamados de "exército procurador do Irã". Neste contexto, Israel não luta apenas pela paz na fronteira sul do país, mas contra "a ameaça a liberdade posada a todo lugar pelo extremismo de culto a morte do qual o Hamas é apenas uma parte" (parágrafo 18). 53 Qassams ou Kassams são mísseis primitivos, sem dispositivos de mira, de fabricação caseira. 97 . Enquadramento Mais uma vez o enquadramento visto repetidamente, de que 'Israel não teve opção a não ser lutar por sua sobrevivência', pôde ser observado. Um "país que busca a paz, que pensa duas, três vezes antes de ir à guerra", tem líderes "pesarosos" no comando da operação, que pensam "duas, depois três vezes, sobre se uma ofensiva terrestre era realmente inevitável", se contrapõe às "demonstrações públicas de sede de sangue do Hamas." Contra este inimigo "vil" não se tem opção a não ser lutar pela sobrevivência. Editorial: Uma guerra moral - Jerusalem Post 05/01/2009 1. Para os pacifistas que acreditam que todas as guerras são imorais, a operação de autodefesa israelense contra o Hamas em Gaza é obrigatoriamente errada. Para estas pessoas nós evocamos o filósofo do século XVIII, Edmund Burke: Tudo necessário para o triunfo do mal é que o homem bom não aja." Confrontado por um momento que amalgama fascismo com extremismo religioso e uma plataforma genocida, nosso imperativo moral demanda a autodefesa judia. 2. Poucas das vozes que condenam Israel por conduzir uma guerra "imoral" são destes pacifistas. 3. Tome como exemplo Riyad Mansour, o homem de Mahmud Abbas na ONU. Ele alegou na CNN que "3.000 palestinos haviam sido mortos ou feridos" em Gaza, depois denunciou o "ataque de Israel a 1.5 milhões de palestinos" como "imoral" e um "crime contra a humanidade." 4. Mesmo enquanto Mansour estava pontificando, homens do Hamas estavam atirando nos joelhos de ativistas do Fatah como medida preventiva caso eles tentassem tirar vantagem da situação instável. 5. Na Cisjordânia, enquanto isso, os homens do Fatah de Mansour estavam cruelmente caçando membros do Hamas para impedir que os islamistas tomassem o poder quando o mandato presidencial de Abbas expirasse na próxima semana. 6. Longe de serem "3.000 mortos e feridos", está mais para 500 mortos - 400 deles "militantes" do Hamas, de acordo com fontes árabes palestinas e da ONU dentro de Gaza e da Associated Press. Fontes israelenses colocam o total de mortes de civis em torno de 50. 7. Evidenciar isto não diminui a terrível perda de dezenas de vidas de civis palestinos inocentes em uma semana de combate. Mas mostra, entretanto, que a FDI continua a fazer tudo para evitar "dano colateral." Mas sua ordem primeira é proteger a vida de civis israelenses e minimizar os riscos para nossos soldados-cidadãos. 98 8. Durante o fim de semana, celebridades glamorosas, incluindo, Annie Lennox e Bianca Jagger, juntaram-se aos milhares de manifestantes majoritariamente muçulmanos nos protestos realizados ao redor do mundo contra o "genocídio" israelense. 9. Na verdade, nós ficaríamos surpresos se qualquer outro exército do mundo atualmente no campo de batalha fosse mais consciencioso sobre evitar a morte de civis. Antes de atacar, sempre que possível, a FDI joga panfletos, telefona, manda mensagens pelo celular para residentes de prédios utilizados para lançar foguetes contra o nosso território, avisando-os de um ataque iminente. 10. Contrariamente, que tipo de movimento de "resistência" usa deliberadamente mesquitas, escolas e casas como depósito de armas e locais de lançamento de foguetes? Resposta: um que também usa suas crianças e mulheres como escudo humano. 11. Entre aqueles preocupados pelas ações de Israel estão judeus cujas conexões com coisas judias são limitadas ao ocasional 'bagel' ou sanduíche 'lox'. Eles também marcham, certos de que não são nada parecidos com aqueles israelenses sem piedade. "Como um judeu, é muito tocante ver tantas pessoas... indignadas com as ações de Israel," disse o comediante Alexei Sayle, que foi criado em uma família estritamente ortodoxa comunista de Liverpool. 12. Nem todos os judeus incomodados são de fora da comunidade, Tom Isaac Luria, por exemplo - não o antigo cabalista, mas o jovem diretor de internet do J Street, que é devotado a redefinir o que significa ser pró-Israel. Luria acha que a FDI está "empurrando o longo conflito israelo-palestino por um caminho de violência infindável." Ele é estritamente contra foguetes chovendo sobre famílias israelenses (isso é ruim, ele sabe, porque passou um ano em Israel), mas "não há nada de 'certo' em punir um milhão e meio de já sofredores palestinos por causa dos extremistas entre eles." 13. Não seria mais intelectualmente honesto admitir que o sofrimento palestino é majoritariamente auto-infligido? E a que a agenda anti-israelense do Hamas é extremamente popular entre as massas de Gaza? E o Luria não deve a si mesmo examinar mais de perto a natureza da resposta militar de Israel? 14. O pessoal no J Street acredita que "não há solução militar para o que é fundamentalmente um conflito político..." O Hamas discordaria. De fato, o Hamas tem tentado provar o contrário, forçando a mão de Israel. 15. O que os críticos de Israel precisam entender é que não pode existir solução política enquanto estivermos sob bombardeio palestino. Aqueles que são sinceros sobre promover a coexistência deveriam parar de criticar a FDI e começar a dizer aos palestinos: Parem com a violência. 99 . Autodefesa judia No parágrafo 1, o editorial afirma: "confrontado por um momento que amalgama fascismo com extremismo religioso e uma plataforma genocida, nosso imperativo moral demanda a autodefesa judia." Ao longo do texto os editorialistas desenvolvem uma visão estrita de autodefesa judia, e a ideia de que a tal defesa deve ser armada não apenas contra as ameaças explicitadas na frase, mas também contra judeus que parecem não entender ou mesmo renegar a verdadeira causa, essência e pátria judaica. Entre os que condenam as ações de Israel, segundo o conselho editorial do JPost, além de "glitterati" e " majoritariamente muçulmanos" "estão judeus cujas conexões com coisas judias são limitadas ao ocasional 'bagel' ou sanduíche 'lox'. Esta frase abre o parágrafo que inicia no texto uma sequência de críticas aos opositores que, apesar de judeus, não se qualificam como censores críveis da "autodefesa judia". "Certos de que não são nada parecidos com aqueles israelenses sem piedade", dois destes judeus são citados nominalmente: "Alexei Sayle, que foi criado "em uma família estritamente ortodoxa comunista de Liverpool", e Tom Isaac Luria: "que é devotado a redefinir o que significa ser pró-Israel. Luria acha que a FDI está "empurrando o longo conflito israelo-palestino por um caminho de violência infindável." Ele é estritamente contra famílias israelenses (isso é ruim, ele sabe, porque ele passou um ano em Israel), mas "não há nada de 'certo' em punir um milhão e meio de já sofredores palestinos por causa dos extremistas entre eles."" Para confrontar este judeu, ironicamente rotulado como pertencendo à "comunidade", estão as indagações contidas no parágrafo 13: "Não seria mais intelectualmente honesto admitir que o sofrimento palestino é majoritariamente auto-infligido? E a que a agenda anti-israelense do Hamas é extremamente popular entre as massas de Gaza?" Segundo o autor a agenda antiisraelense do Hamas é popular entre mas massas de Gaza, causando seu sofrimento. Nota-se, entretanto, que está ausente no texto o questionamento sobre a razão pela qual o Hamas é popular entre as massas de Gaza com uma agenda anti-israelense. Entende-se que este ponto configura como um elemento da guerra de Gaza na medida em que representa uma parte do cenário político polarizado vivido durante o conflito. Este ponto tange questões da direita israelense muito próximas ao extremismo, veiculadas em um jornal de 100 grande circulação, como opinião do mesmo. Desta maneira, ajudando a legitimar e normalizar certas posições que, em última instância, podem afetar o curso do conflito. . Inimigo O editorial denuncia o suposto exagero das cifras citadas por Riyad Mansour, "3.000 mortos e feridos". Ao mesmo tempo, tenta expor ao ridículo suas críticas de que a guerra é "imoral" e "um crime contra a humanidade", discorrendo sobre supostos atos de crueldade entre membros do Hamas e do Fatah. "Homens do Hamas estavam atirando nos joelhos de ativistas do Fatah como medida preventiva caso eles tentassem tirar vantagem da situação instável. Na Cisjordânia, enquanto isso, os homens do Fatah de Mansour estavam cruelmente caçando membros do Hamas." (Parágrafos 4 e 5) Este inimigo condena a guerra, mas não é pacifista: "Poucas das vozes que condenam Israel por conduzir uma guerra "imoral" são destes pacifistas (fim do parágrafo 12). Tome como exemplo Riyad Mansour, o homem de Mahmud Abbas na ONU" (início do parágrafo 13). Tratando mais especificamente do Hamas, o editorial denuncia um movimento que "usa deliberadamente mesquitas, escolas e casas como depósito de armas e locais de lançamento de foguetes" e "suas crianças e mulheres como escudo humano". Estas atitudes são contrapostas à conduta "conscienciosa" da FDI. . FDI preserva vidas Face a conduta do Hamas durante a guerra, ao número de mortos expostos por Mansour (contraposto a estatísticas mais modestas), e aos "protestos realizados ao redor do mundo contra o "genocídio" israelense", o editorial aborda a conduta da FDI no sentido de evitar a morte de civis. "Na verdade, nós ficaríamos surpresos se qualquer outro exército do mundo atualmente no campo de batalha fosse mais consciencioso sobre evitar a morte de civis. Antes de atacar, sempre que possível, a FDI joga panfletos, telefona, manda mensagens pelo celular para residentes de prédios utilizados para lançar foguetes contra o nosso território, avisando-os de um ataque iminente." Entretanto, o dever primeiro da FDI é claro: "sua ordem primeira é proteger a vida de civis israelenses e minimizar os riscos para nossos soldados-cidadãos." 101 . Enquadramento Este editorial destoa daqueles analisados até aqui. Durante a leitura o texto é possível perceber, através de menções explícitas que se reforçam ao longo do editorial por meio da coesão dos parágrafos e da estrutura textual, um enquadramento que remete ao arcabouço cultural judaico antes da formação do Estado Israel: "judeus, no sentido mais estrito da palavra, devem preservar a identidade judaica". Contra os genocidas, mas também contra os relativistas, revisionistas, etc. Alguns elementos deste enquadramento: "confrontado por um momento que amalgama fascismo com extremismo religioso e uma plataforma genocida, nosso imperativo moral demanda a autodefesa judia" (parágrafo1). " Entre aqueles preocupados pelas ações de Israel estão judeus cujas conexões com coisas judias são limitadas ao ocasional 'bagel' ou sanduíche 'lox'" (parágrafo 11). " Nem todos os judeus incomodados são de fora da comunidade. (...) ele sabe, porque passou um ano em Israel" (parágrafo 12). Editorial: O risco de complicações - Haaretz 07/01/2009 1. O grave incidente no qual uma escola da UNRWA em Jabalya foi bombardeada matando dezenas de civis, atesta para o risco de complicações que acompanha qualquer operação como Cast Lead. 2. A operação em Gaza está perto do fim de sua segunda semana, mas Israel ainda não pode dizer que atingiu seus objetivos. De acordo com as Forças de Defesa Israelense, as redes do Hamas foram fortemente atingidas e a liderança da organização está comunicando sua disposição de declarar um cessar-fogo, mas não nos termos que Israel quer. Ao mesmo tempo, a FDI sofreu perdas, incluindo por fogo-amigo, o que é natural quando um exército luta em condições de incerteza que resultam em identidades confundidas. 3. No front doméstico, o público tem demonstrado um vigor digno de nota, apesar dos repetidos ataques em Ashkelon, Ashdod e Be'er Sheva, e pelo fato de que as áreas vulneráveis aos foguetes de longo alcance do Hamas agora chegarem a Gedera. No front diplomático, Israel rejeitou propostas de amigos interessados em ajudar na mediação com o Hamas. 4. A pressão sob o Hamas está crescendo. Sua liderança pode estar tendo pensamentos que talvez a levem a consentir aos termos de Israel. A mobilização e o treinamento de forças reservas serve para preparar para outra fase potencial de combate, sem convencer o mundo ou o público de Israel de que esta fase é, de fato, necessária, e portanto, deve ser implementada. Mesmo assim, seria melhor para os dois lados não chegar neste estágio. 102 5. O gabinete e a equipe geral da FDI devem discutir a finalização da operação antes que ela se transforme, desnecessariamente, em um atoleiro. Atingir o resultado ótimo - um cessar-fogo longo e estável sem foguetes sendo atirados de ou para Gaza - irá requerer uma avaliação lúcida do progresso da operação e um exame sério das várias propostas diplomáticas que agora estão sobre a mesa. 6. O perigo para Israel neste momento é que suas forças na área urbana densamente povoada de Gaza estão esperando o próximo comando, e isso pode tentar o governo a decidir tomar território adicional. Isto resultaria em mais mortes - tanto para a FDI quanto para os palestinos não envolvidos em atividades terroristas - e ainda mais sofrimento para a população civil de Gaza, como mais colapso de apoio internacional a Israel. Quanto mais tempo passar, mais a justificativa original para a operação será erodida e esquecida. . Riscos Seguindo seu posicionamento pragmático (refletido, inclusive, no estilo de escrita dos editoriais), os riscos deste momento da operação permeiam todo o texto do dia 7 de janeiro. Neste ponto, o editorial não mais advogando por uma limitação dos objetivos mas pelo fim da campanha militar através da adoção de alguma proposta oriunda da via diplomática: "o gabinete e a equipe geral da FDI devem discutir a finalização da operação antes que ela se transforme, desnecessariamente, em um atoleiro" (parágrafo 5) . Tendo em vista a história dos conflitos árabe-israelenses, os editorialistas ressaltarem que a situação atual das tropas em Gaza pode "tentar o governo a decidir tomar território adicional", é totalmente plausível, assim como as consequências apresentadas para tal ação: Isto resultaria em mais mortes - tanto para a FDI quanto para os palestinos não envolvidos em atividades terroristas - e ainda mais sofrimento para a população civil de Gaza, como mais colapso de apoio internacional a Israel. A última frase do editorial não deixa de ser outro alerta sobre um risco que apresenta consequências passíveis de se fazerem sentir tanto no âmbito material quanto discursivo: "quanto mais tempo passar, mais a justificativa original para a operação será erodida e esquecida." . Front doméstico O Haartez oferece uma avaliação balanceada do conflito, que leva em consideração os dois lados da fronteira, como pode-se observar nas seguintes colocações: "o resultado ótimo - um cessar-fogo longo e estável sem foguetes sendo atirados de ou para Gaza (parágrafo 5). "Isto 103 resultaria em mais mortes - tanto para a FDI quanto para os palestinos não envolvidos em atividades terroristas - e ainda mais sofrimento para a população civil de Gaza, como mais colapso de apoio internacional a Israel"(parágrafo 6). Entretanto, não ignora seu papel de veiculo midiático pertencente a um país em tempos de guerra. A maior parte do parágrafo 3 é dedicado ao elogio da população civil que deve lidar com uma situação intrinsecamente difícil: "No front doméstico, o público tem demonstrado um vigor digno de nota, apesar dos repetidos ataques em Ashkelon, Ashdod e Be'er Sheva, e pelo fato de que as áreas vulneráveis aos foguetes de longo alcance do Hamas agora chegarem a Gedera." . Enquadramento A crítica ao governo também pode ser observada neste texto. Após afirmar no parágrafo 3 que: "no front diplomático, Israel rejeitou propostas de amigos interessados em ajudar na mediação com o Hamas." No parágrafo 5 o editorialista afirma que atingir "o resultado ótimo um cessar-fogo longo e estável sem foguetes sendo atirados de ou para Gaza - irá requerer uma avaliação lúcida do progresso da operação e um exame sério das várias propostas diplomáticas que agora estão sobre a mesa." Ao recomendar exatamente o que não foi feito pelo governo, o conselho editorial imprime uma crítica severa aos líderes políticos. Empregando a palavra "lúcida" o editorialista parece ironizar o comando da operação. Editorial: A resolução vazia da ONU sobre Gaza - Jerusalem Post 11/01/2009 1. Não pode haver nada mais válido e mais justo do que a promessa do gabinete de Segurança israelense de continuar com a operação em Gaza independentemente da desaprovação da ONU. É exatamente como a declaração do primeiro ministro resumiu: Israel nunca concordou que nenhum ator externo determinasse seu direito de defender seus cidadãos." 2. Os ataques de foguetes na sexta, após o Conselho de Segurança da ONU ter pedido um cessar-fogo imediato, a declaração continuava "apenas prova que a Resolução 1860 do CSONU não é prática e não será honrada de fato pelas organizações assassinas da palestina." 104 3. Mesmo antes da reação oficial de Israel, o Hamas respondeu com mais violência à resolução do conselho. Os terroristas - que dominam Gaza, armados até os dentes, cinicamente transformando seus cidadãos em escudos humanos e indiscriminadamente bombardeando uma gama crescente de alvos civis dentro do solo soberano de Israel - se apressaram em rejeitar a resolução. O endosso que a resolução ganhou da Autoridade Palestina baseada em Ramallah é irrelevante. 4. Isto, entretanto, não retira o ônus de Israel - apesar de que em um mundo mais justo com certeza tiraria. A comunidade internacional, que por oito anos tolerou o ataque a civis, escolheu falar apenas quando Israel finalmente agiu para proteger sua população. Neste contexto, a rapidez do conselho em impor um cessar-fogo mais parece uma tentativa de impedir a autodefesa israelense. 5. Este é um retorno ao papel obstrucionista da ONU durante a operação israelense de 2002, Defensive Shield. Naquela época, também, a organização estava decidida a reduzir o recurso à força de Israel a inatividade antes que ele houvesse impactado a infraestrutura palestina de ataques suicidas, entre muita tinta gasta sobre a condição humanitária palestina, mas sem menção a quem carregava a responsabilidade por sua má situação. Naquele momento, Israel também não considerou uma resolução parcial que requeria que seus próprios interesses de autopreservação fossem sacrificados. 6. Desconcertantemente, a Resolução 1860 foi adotada durante a noite de terça-feira por uma margem de 14-0. Jerusalém tinha motivos para esperar um veto americano, mas os EUA se abstiveram, segundo a Secretária de Estado Condoleezza Rice, porque esperava resultados da mediação egípcia. Aparentemente Rice não tinha problemas com o conteúdo da resolução ou sua ênfase, vendo-a como um "mapa para uma paz durável e sustentável em Gaza." Logo, Israel pode esperar aumento na pressão para interromper sua operação independente da contínua agressão do Hamas - não obstante a pálida retórica diplomática contra os Kassams e Grads de Gaza. 7. Apesar da resolução claramente obrigar as forças a se retirarem, e apesar de muito do seu texto ser devotado ao bem estar dos habitantes de Gaza, ele nem sequer menciona o Hamas e seu incessante terrorismo predatório sobre israelenses. 8. Há apenas alguns dias atrás Israel testemunhou a completa falência das resoluções e do peacekeeping da ONU quando foguetes foram atirados do Líbano em direção ao norte da Galileia. - em uma flagrante contravenção da Resolução 1701 do Conselho de Segurança e praticamente sob os olhos dos observadores da UNIFIL. A ONU poderia ter expressado mais humildade tendo vista a demonstração de sua impotência. 9. Ao contrário, ela persistiu em produzir outra declaração vazia, sem real substância ou potencial. A ONU obviamente não possui habilidade para cumprir suas promessas declaradamente valiosas. Como os membros do CSONU propõem evitar ataques de mísseis contra Israel ou prevenir mais entrada de armas em Gaza? Como, de fato, Rice contempla transformar a verborreia da resolução em uma "paz sustentável e duradoura?" 105 10. Seu correspondente inglês, David Miliband saudou a ONU como finalmente "falando claro, com uma voz" por um cessar-fogo, prevenção de tráfico de armas e abertura de fronteiras. Nós gostaríamos que este fosse o caso, mas infelizmente não há claridade aí. Pode a ONU realmente garantir um cessar-fogo, quando falhou até agora, ou é indiferente ao sofrimento israelense? Pode a ONU pôr fim ado tráfico ilícito de armas? Pode a ONU garantir que o passe livre para dentro e fora de Gaza não irá facilitar atividades terroristas? 11. Cessar fogo enquanto o Hamas ainda tem um considerável arsenal, enquanto o Irã aguarda preparado para rearmá-lo, e enquanto o corredor Philadelphi continua cheio de rupturas, significa uma receita infalível para novas e mais sangrentas rodadas de enfrentamentos. Isto seria desastroso não só para Israel, mas para aqueles Estados do mundo livre, cujos representantes podem votar contra Israel no Conselho de Segurança. Eles podem ser ingratos, mas Israel está lutando a luta deles também. . Desprezo pela ONU Este item não é denominado apenas desprezo pela resolução da ONU sobre Gaza, pois apesar de Israel ter completamente desconsiderado a Resolução 1860, o país também afirmou abertamente a impotência da instituição. A primeira frase do editorial é cabal: "Não pode haver nada mais válido e mais justo do que a promessa do gabinete de Segurança israelense de continuar com a operação em Gaza independentemente da desaprovação da ONU." Os editorialistas demonstram uma certa revolta pelo fato de acreditarem que em repetidas situações há "muita tinta gasta sobre a condição humanitária palestina, mas sem menção a quem carregava a responsabilidade por sua má situação. No parágrafo 4, segundo o JPost, no contexto do silêncio anterior da comunidade internacional, "a rapidez do conselho em impor um cessar-fogo mais parece uma tentativa de impedir a autodefesa israelense." No parágrafo seguinte, o editorialista desenvolvem esta ideia ao afirmar que durante a operação Defensive Shield em 2002, "a organização estava decidida a reduzir o recurso à força de Israel a inatividade antes que ele houvesse impactado a infraestrutura palestina de ataques suicidas". O parágrafo 8 contém, provavelmente, a oração mais impactante das críticas: "a ONU poderia ter expressado mais humildade tendo vista a demonstração de sua impotência." No 106 parágrafo seguinte, o editorial de certa forma corrobora suas críticas iniciando uma série de indagações sobre como a resolução seria colocada em prática que se estende até o parágrafo 10: Como os membros do CSONU propõem evitar ataques de mísseis contra Israel ou prevenir mais entrada de armas em Gaza? Como, de fato, Rice contempla transformar a verborreia da resolução em uma paz sustentável e duradoura?" (9) Pode a ONU realmente garantir um cessar-fogo, quando falhou até agora, ou é indiferente ao sofrimento israelense? Pode a ONU pôr fim ado tráfico ilícito de armas? Pode a ONU garantir que o passe livre para dentro e fora de Gaza não irá facilitar atividades terroristas? (10) . Apoio dos EUA Durante a leitura do editorial, percebe-se um sentimento de afronta. O conselho editorial decidiu por não velá-lo com o artifício da diplomacia ou do uso espirituoso da linguagem. Este sentimento é bruscamente colocado e tem uma fonte muito clara: a abstenção dos Estados Unidos durante o voto no Conselho de Segurança da ONU. "Desconcertantemente, a Resolução 1860 foi adotada durante a noite de terça-feira por uma margem de 14-0. Jerusalém tinha motivos para esperar um veto americano, mas os EUA se abstiveram." (parágrafo 6). Entretanto, o ápice do desdém pode ser observado em uma das indagações: Como, de fato, Rice contempla transformar a verborreia da resolução em uma " paz sustentável e duradoura?" Afinal, "aparentemente Rice não tinha problemas com o conteúdo da resolução ou sua ênfase, vendo-a como um "mapa para uma paz durável e sustentável em Gaza" (parágrafo 6). A afronta final, desta vez vinda de Israel, é feita em tom de ameaça, no último parágrafo: "Cessar fogo enquanto o Hamas ainda tem um considerável arsenal, enquanto o Irã aguarda preparado para rearmá-lo, e enquanto o corredor Philadelphi continua cheio de rupturas, significa uma receita infalível para novas e mais sangrentas rodadas de enfrentamentos. Isto seria desastroso não só para Israel, mas para aqueles Estados do mundo livre, cujos representantes podem votar contra Israel no Conselho de Segurança. Eles podem ser ingratos, mas Israel está lutando a luta deles também." . Enquadramento O enquadramento observado neste editorial não é exatamente o mesmo que tem foi detectado recorrentemente nas análises anteriores, entretanto, sua natureza reforça a ideia de que "Israel não tem opção a não ser lutar pela sobrevivência". Neste editorial o enquadramento reinante é de que Israel é um país injustiçado, neste caso, pelas atitudes tomadas pela comunidade internacional, através dos mecanismos das Nações Unidas. Alguns elementos deste enquadramento: 107 "Isto, entretanto, não retira o ônus de Israel - apesar de que em um mundo mais justo com certeza tiraria. A comunidade internacional, que por oito anos tolerou o ataque a civis, escolheu falar apenas quando Israel finalmente agiu para proteger sua população. Neste contexto, a rapidez do conselho em impor um cessar-fogo mais parece uma tentativa de impedir a autodefesa israelense" (parágrafo 4). "A organização estava decidida a reduzir o recurso à força de Israel a inatividade antes que ele houvesse impactado a infraestrutura palestina de ataques suicidas" (parágrafo 5). Pode a ONU realmente garantir um cessar-fogo, quando falhou até agora, ou é indiferente ao sofrimento israelense? (parágrafo 10) Editorial: Julgamento defeituoso - Haaretz 15/01/2009 1. Diversos eventos recentes levantam dúvidas sobre a qualidade do julgamento do primeiro ministro. Ao conduzir a guerra, Ehud Olmert, tem estado em acirrada disputa com o ministro da Defesa e com a ministra do Exterior, Tzipi Livni. Os dois apoiam um cessar-fogo imediato e acreditam que a operação das Forças de Defesa Israelenses atingiram seus objetivos e devem ser interrompidas agora, por medo de complicações. Olmert acredita que as metas não foram atingidas e que a pressão militar sobre Gaza deve continuar. 2. A discordância é legítima, mas a solução está sendo atrasada porque Olmert absteve-se de reunir-se com a "troika" e os gabinetes diplomático e de segurança. Esta não é a forma de tomar decisões em tempos de guerra. 3. O debate entre os líderes do país não se compara com a crise causada por Olmert na nossa relação com os Estados Unidos, ao tentar influenciar seu voto no Conselho de Segurança da ONU sobre o cessar-fogo em Gaza. Existem versões contraditórias sobre a forma como Olmert interveio e o resultado disto. O que está claro é que Olmert ligou para o presidente George W. Bush tarde da noite na quinta, e no fim, os Estados Unidos se abstiveram de votar. 4. Todo o resto está em aberto: se o Olmert pediu por um veto americano ou apenas uma abstenção; se a secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice queria votar a favor da resolução ou se abster; e se Bush consentiu ao pedido de Olmert e torceu o braço de Rice, ou ele recusou o pedido de Olmert de vetar a resolução e aceitou a sugestão de Rice? 5. Mas não há dúvidas sobre o que aconteceu depois: durante uma visita a Ashkelon na segunda-feira, Olmert se gabou sobre como ele havia interrompido Bush no meio de um discurso para que os dois pudessem conversar, e como Rice "ficou bastante envergonhada" depois que Bush a instruiu a se abster da votação. A administração norteamericana respondeu declarando que as palavras de Olmert eram "100%, totalmente, complemente falsas", um jeito diplomático de dizer que o primeiro ministro está mentindo. 108 6. O apoio americano é um bem vital para Israel, particularmente no auge de uma campanha militar que não é apoiada pela comunidade internacional, que pede pelo seu fim. A descrição do primeiro ministro de como Bush segue suas ordens constrange o presidente e causa danos a autoridade da secretária de Estado dos EUA em um momento no qual seu apoio é da maior importância para Israel. A condenação pública de Olmert também é vista como uma expressão do descontentamento com a continuação do combate e o desprezo pela resolução do Conselho de Segurança. 7. O comportamento de Olmert é mais uma razão para o imediato fim da campanha militar, antes que Israel se emaranhe em uma situação da qual terá dificuldade de sair. . Capacidade de Olmert O título anuncia que o editorial será dedicado a este tema e na primeira frase do primeiro parágrafo a dúvida é posta: "diversos eventos recentes levantam dúvidas sobre a qualidade do julgamento do primeiro ministro." O uso da palavra qualidade e o parágrafo que se segue: "A discordância é legítima, mas a solução está sendo atrasada porque Olmert absteve-se de reunir-se com a "troika" e os gabinetes diplomático e de segurança. Esta não é a forma de tomar decisões em tempos de guerra." Demonstram que a questão não é de discordância com a opinião do primeiro ministro, mas de uma dúvida legítima acerca da condição de Olmert de tomar decisões, especialmente em um momento crítico como o de uma operação militar. . Apoio dos EUA Diferentemente da postura adotada no último editorial do JPost, os editorialistas do Haartez, conscientes de que o apoio dos Estados Unidos "é um bem vital para Israel", denunciam as atitudes de Olmert que minam a autoridade do aliado: " a descrição do primeiro ministro de como Bush segue suas ordens constrange o presidente e causa danos a autoridade da secretária de Estado dos EUA em um momento no qual seu apoio é da maior importância para Israel" (parágrafo 6). . Enquadramento Neste editorial o Haaretz expôs de maneira inequívoca o enquadramento que foi aplicado nos editoriais analisados até este ponto do estudo: o governo não está apto para tomar decisões 109 que levem ao resultado ótimo deste conflito. Neste momento da operação não se advoga mais pela limitação dos objetivos, mas pelo fim da operação. Estes dois pontos são explicitados na última frase do editorial: " O comportamento de Olmert é mais uma razão para o imediato fim da campanha militar, antes que Israel se emaranhe em uma situação da qual terá dificuldade de sair." Editorial: Fatah ao resgate? - Jerusalem Post - 16/01/2009 1. No mais ideal dos cenários, um alegadamente defendido pelo Egito, mas não necessariamente por Israel, a operação Cast Lead termina com Mahmud Abbas e a Autoridade Nacional Palestina de volta ao poder em Gaza. Um esforço de construção multibilionário financiado internacionalmente começa, administrado de forma excelente pelo Fatah. No ponto de passagem de Rafah, enquanto isso, o acordo de 2005 que coloca a Força 17 de Abbas em cargo da segurança seria ressuscitado, dispensando os monitores internacionais e as câmeras israelenses que escrutinizavam as idas e vindas. 2. Um enfraquecido Hamas, os otimistas acreditam, aceitaria a prolongação da presidência de Abbas (seu mandato expirou semana passada) e um pequeno papel em um governo de reconciliação nacional comandado pelo Fatah. Esta reviravolta reverteria o golpe de 2007 do Hamas e desfaria o dano diplomático às aspirações palestinas por legitimidade internacional causada pela vitória dos islamistas nas eleições de 2006. O Fatah ganharia um novo sopro de vida. 3. Resolveria tantos problemas para israelenses, árabes moderados e o Ocidente, se o Fatah fosse verdadeiramente capaz de reconstruir Gaza, conscientemente governando seus cidadãos e policiando suas fronteiras. 4. Mas aqueles que depositam suas esperanças em uma Autoridade Palestina dominada pelo Fatah provavelmente serão, lamentavelmente, decepcionados. 5. Porquê? Porque 100 anos de história árabe palestina mostra que palestinos recompensam extremismo e punem moderação; porque o Fatah continua corrupto; e porque, como seus próprios ativistas reconhecem, eles simplesmente não estão aptos a tarefa de governar Gaza. 6. Ao escrever The Iron Cage: The Story of the Palestinian Struggle for Statehood, Rashid Khalidi reclama do fato de que apesar do Fatah ter sido formado na década de 1950, a OLP na década de 1960, e ANP na década de 1990; apesar de sua liderança já estar comandando uma imensa burocracia na década de 1970 e um 'quase Estado' no Líbano até 1982, "a OLP havia feito muito pouco para se preparar para um Estado independente." 110 7. Khalidi, previsivelmente, alega que a maior parte da culpa é de Israel. "Mesmo assim," ele escreve, "havia muito que a OLP poderia ter feito que eles não fizeram, apesar destas deficiências incapacitantes. Notavelmente, quando eles estabeleceram a OLP eles falharam em criar uma sólida estrutura para a aplicação da lei, um sistema constitucional, uma balança de poderes, e muitos outros tijolos de um Estado moderno para organizar o governo de 3.6 milhões de palestinos pelos quais eram responsáveis." 8. Alguns ocidentais se iludem acreditar que sabem porque apoio para o Hamas parece ter crescido apesar do fato de que desde o sequestro de Gilad Shalit em junho de 2006, o comportamento autodestrutivo dos islamistas deu dividendos majoritariamente em sangue palestino, sofrimento e caos. Eles atribuem a ascendência do Hamas e o declínio do Fatah à atual batalha, às colônias ou à "ocupação" levando palestinos comuns cada vez mais fundo na adoção do Hamas. 9. É preciso, entretanto, tristemente reconhecer que a visão de mundo do Hamas reflete de maneira melhor o extremismo, a 'rejeicionismo' e tendência autodestrutiva que incorpora muito do ethos da política palestina. A percepção da moderação do Fatah, combinada com sua corrupção, fez com que ele se tornasse gradativamente mais irrelevante para os palestinos. 10. Desde o começo da empreitada sionista, árabes fanáticos tem estado em guerra não apenas com nosso movimento de libertação nacional, mas, simultaneamente, com qualquer voz interna advogando pela coexistência entre árabes e judeus. Aqueles que concordam com qualquer quantia de direitos para os judeus são taxados de "colaboradores." 11. Apesar do Fatah condenar a batalha de Israel com o Hamas nos termos mais venenosos, dizem que as massas na Cisjordânia estão enfurecidas porque o Fatah não as deixa confrontar Israel diretamente. "Isto irá irreparavelmente danificar sua posição aos olhos dos palestinos, " um especialista árabe disse ao Christian Science Monitor. 12. E outras palavras, muitos palestinos comuns querem que o Fatah os guie novamente a um levante violento - apesar da devastação que uma terceira Intifada traria para eles. Não importa se a qualidade de vida na Cisjordânia é a melhor em anos. 13. Então o problema não é só uma Autoridade Palestina claramente incapaz de se reformar, ou um Hamas politicamente tóxico; é mais, fundamentalmente, muito da cultura política palestina. 14. Aqueles que querem criar um Estado palestino vivendo em paz com Israel, poderiam, então, razoavelmente concluir que palestinos precisam antes de mais nada de algum tipo de administração para os ajudar a criar uma sociedade civil, instituições que possam ser responsabilizadas, um governo transparente... e uma socialização política em direção à tolerância. 111 . Cenário ideal O editorial inicia seu texto com uma descrição do cenário ideal em Gaza: No mais ideal dos cenários, um alegadamente defendido pelo Egito, mas não necessariamente por Israel, a operação Cast Lead termina com Mahmud Abbas e a Autoridade Nacional Palestina de volta ao poder em Gaza. Um esforço de construção multibilionário financiado internacionalmente começa, administrado de forma excelente pelo Fatah. No ponto de passagem de Rafah, enquanto isso, o acordo de 2005 que coloca a Força 17 de Abbas em cargo da segurança seria ressuscitado, dispensando os monitores internacionais e as câmeras israelenses que escrutinizavam as idas e vindas. Um enfraquecido Hamas, os otimistas acreditam, aceitaria a prolongação da presidência de Abbas (seu mandato expirou semana passada) e um pequeno papel em um governo de reconciliação nacional comandado pelo Fatah. Esta reviravolta reverteria o golpe de 2007 do Hamas e desfaria o dano diplomático às aspirações palestinas por legitimidade internacional causada pela vitória dos islamistas nas eleições de 2006. O Fatah ganharia um novo sopro de vida. Resolveria tantos problemas para israelenses, árabes moderados e o Ocidente, se o Fatah fosse verdadeiramente capaz de reconstruir Gaza, conscientemente governando seus cidadãos e policiando suas fronteiras. Jackson (2005), afirma que o que está ausente de um discurso pode ser mais revelador do que está nele. Uma ausência notável nesta descrição são elementos reivindicados pelos palestinos, como o fim das sanções econômicas, o congelamento e desmantelamento gradual das colônias, o fim do controle marítimo e aéreo de Gaza, entre outros. Em décadas de conflito não se aprendeu ou se desaprendeu a considerar o outro lado da fronteira? . Versão histórica Segundo o conselho editorial do JPost, este "cenário ideal" não será possível pois: "100 anos de história árabe palestina mostra que palestinos recompensam extremismo e punem moderação (...)" (parágrafo 5). As respostas para o Jpost parecem sempre estar do outro lado da conturbada fronteira: Alguns ocidentais se iludem acreditar que sabem porque apoio para o Hamas parece ter crescido apesar do fato de que desde o sequestro de Gilad Shalit em junho de 2006, o comportamento autodestrutivo dos islamistas deu dividendos majoritariamente em sangue palestino, sofrimento e caos. Eles atribuem a ascendência do Hamas e o declínio do Fatah à atual batalha, às colônias ou à "ocupação" levando palestinos comuns cada vez mais fundo na adoção do Hamas" (parágrafo 8). É preciso, entretanto, tristemente reconhecer que a visão de mundo do Hamas reflete de maneira melhor o extremismo, a rejeição e tendência autodestrutiva que incorpora muito do ethos da política palestina. A percepção da moderação do Fatah, combinada 112 com sua corrupção, fez com que ele se tornasse gradativamente mais irrelevante para os palestinos (parágrafo 9). Este editorial não apenas resumiu o problema da autodeterminação palestina a uma espécie de herança atávica política, mas ao descreditar o Fatah completamente, usando uma fonte árabe, inclusive, ele destitui os palestinos de uma representação crível para negociações de paz. Perante o cenário apresentado neste texto, não há alternativa para a lógica de conflito e ausência de confiança que se instalou entre israelenses e palestinos. . Enquadramento Muito claro e transparente ao longo do texto, o enquadramento neste editorial pode ser resumido através do parágrafo 13: "Então o problema não é só uma Autoridade Palestina claramente incapaz de se reformar, ou um Hamas politicamente tóxico; é mais, fundamentalmente, muito da cultura política palestina." Editorial: Parem a operação- Haaretz 16/01/2009 1. Três semanas após o início da operação Cast Lead, e pelo menos uma semana tarde demais - ela deve ser interrompida imediatamente. 2. Este é o momento de colocar a operação de lado. Ela já destruiu a organização militar do Hamas, matou figuras militares sênior do grupo, mas também matou centenas de civis e feriu milhares. A infraestrutura básica de Gaza também sofreu um golpe fatal. O hospital e o depósito de comida da UNRWA foram atingidos ontem e agora juntam-se a uma lista de centros populacionais e usina de energia que já foram atingidas pela operação. 3. A força miliar que Israel aplicou nas últimas três semanas não permite ignorar o terrível sofrimento vivenciado pelos residentes de Gaza. Os "corredores humanitários" são insuficientes. As três ou quatro "horas de misericórdia" têm poucas chances de entregar os comboios com suprimentos ou distribuir itens necessários para a população que está agora sob ocupação direta de Israel. 4. Não haverá mal algum para o esforço de guerra ou para a segurança de Israel se os pontos de passagem forem abertos para o fluxo contínuo de suprimentos e medicamentos. De qualquer forma, a política de sanções econômicas que Israel impôs não fez nada para evitar a necessidade de ir à guerra. Até a preocupação de que as aberturas dos pontos de passagem para transferir produtos fortaleceria a capacidade do Hamas de perdurar na guerra não é válida. Hamas não está lutando contra Israel por pão, e de qualquer maneira, o colapso do Hamas não é mais um objetivo declarado da guerra. 113 5. Moralmente e em temos de lei internacional, enquanto não existir um governo soberano na Faixa de Gaza Israel é responsável pelo destino de 1.5 milhões de civis que ali vivem. Mais importante, doença, pobreza e desemprego são os fertilizantes da estufa em que cresce o desespero e o radicalismo que colocou o Hamas no poder. Israel é quem vai colher o ódio e o medo que a operação Cast Lead vai semear nos corações das crianças de Gaza. Estes são os vizinhos com quem Israel terá de alcançar um acordo de paz e viver lado a lado durante gerações. 6. O governo precisa preparar sem demora, com a Autoridade Palestina, para reunir a comunidade internacional em torno do objetivo de reconstruir a infraestrutura civil na Faixa de Gaza. Mais do que para qualquer outra coisa, é importante para Israel mostrar aos habitantes de Gaza uma realidade melhor do que o Hamas os ofereceu - uma política de Qassams e intervenção iraniana. 7. Além do mais, uma fórmula diplomática melhor do que a proposta por Cairo e Washington não será oferecida a Israel. Sendo assim, a real opção face a Israel não inclui uma operação militar nos moldes de expansão da operação. A opção é entre concordar com a fórmula que foi dada a Amos Gilad no Cairo pelos locutores egípcios do Hamas, uma decisão unilateral de terminar a guerra e se contentar com a deterrência inerente ao poder das Forças de Defesa Israelense e da prontidão do governo de empregá-la mais uma vez. 8. Em essência, a diferença entre estas opções não é grande - é uma questão de estilo mais do que de substância. Um anúncio deve ser feito hoje de que a operação militar acabou, qualquer que sejam suas conquistas, seu custo, e que as tropas da FDI retornarão em breve para casa. . Questão humanitária Segundo os editorialistas do Haartez, "este é o momento de colocar a operação de lado. Ela já atingiu de forma significativa a infraestrutura do Hamas, "mas também matou centenas de civis e feriu milhares. A infraestrutura básica de Gaza também sofreu um golpe fatal. (parágrafo 2)." Segundo a perspectiva exposta pelo Haaretz, o povo de Gaza está sob ocupação direta de Israel, tornando o país judaico moral e legalmente responsável por ele. Seguindo a tendência de um pragmatismo cauteloso, porém construtivo, o jornal afirma que "mais do que para qualquer outra coisa, é importante para Israel mostrar aos habitantes de Gaza uma realidade melhor do que o Hamas os ofereceu - uma política de Qassams e intervenção iraniana (parágrafo 6)." Esta, para o Haaretz, parece ser a verdadeira deterrência. 114 Em completa dissonância com as posições expostas pelo JPost sobre as razões pelo apoio ao Hamas, o conselho editorial do Haartez explicita sua opinião: "(...) doença, pobreza e desemprego são os fertilizantes da estufa em que cresce o desespero e o radicalismo que colocou o Hamas no poder. Israel é quem vai colher o ódio e o medo que a operação Cast Lead vai semear nos corações das crianças de Gaza. Estes são os vizinhos com quem Israel terá de alcançar um acordo de paz e viver lado a lado durante gerações. (parágrafo 5)" . Enquadramento Por vezes, no texto editorial, que permite liberdade textual total e que dispensa a observância da objetividade, o enquadramento é nítido. Nenhum de seus mecanismos latentes é utilizado, o argumento e encadeamento de ideias é simples, e a forma como o veículo intencionou que seu texto fosse lido é demonstrado, inclusive, no título: Parem a operação. A questão humanitária em Gaza é a grande razão por detrás deste apelo que está presente na maior parte do texto. São abordados os problemas vividos pelos habitantes da pequena faixa de terra, mas muito lucidamente, também estão incluídos os potenciais riscos que eles podem trazer para Israel. Editorial: Deterrência restaurada? - Jerusalem Post - 18/01/2009 1. Sob intensa pressão mundial, incluindo dos Estados Unidos, o gabinete declarou no sábado à noite um cessar-fogo unilateral em Gaza cuja longevidade dependerá de como o Hamas responderá. 2. O cessar-fogo chega no encalço dos comprometimentos do Egito em relação ao corredor Philadelphi. 3. Enquanto isso, nossas forças permanecerão onde estão, e os pontos de passagem entre Israel, Egito e Gaza permanecerão fechadas até que arranjos de segurança para evitar o tráfico de armas do Hamas seja implementado. 4. O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon declarou "nós não podemos esperar por todos os detalhes, pelos mecanismos, a serem conclusivamente negociados e acordados enquanto civis continuam a ser traumatizados, feridos ou mortos." 5. Apesar do Hamas ter repetidamente rejeitado o cessar-fogo, e até agora diz que a "resistência e confrontação continuará", o sentimento entre israelenses comuns é de Ban estava intimidando Israel não os islamistas agressores. 115 6. Porque a comunidade internacional nunca encontra tempo para "esperar por todos os detalhes" sobre como impedir que o Hamas ou o Hezbollah de se armem; e porque a ONU não disse uma única palavra crítica sobre a beligerância do Hamas ou sua prática ilegal de combater por escondido atrás da população civil de Gaza, pode estar preparando o palco para outra rodada de derramamento de sangue. 7. O objetivo da operação da FDI que começou em 27 de dezembro era parar os ataques de foguete contínuos do Hamas e infiltrações contra o sul de Israel; mudar a realidade na qual uma geração de crianças israelenses em idade escolar cresceu pensando que a ameaça de foguetes e morteiros fazia parte do tecido da vida; e acabar com as centenas de túneis entre Gaza e o Egito que levam equipamento militar e dinheiro para armar o Hamas. 8. O primeiro ministro, Ehud Olmert, declarou no sábado à noite que Israel havia atingido "todos os objetivos e mais" do seu recurso à força, e detalhados acordos para ajudar a assegurá-los durante os acordos diplomáticos. O tempo dirá. 9. A decisão israelense de concordar com um cessar-fogo foi facilitada por suas conversas com o Egito um nebuloso memorandum of understanding assinado sexta-feira entre a ministra do Exterior Tzipi Livni e a Secretária de Estado norte americano de partida, Condoleezza Rice (em coordenação com os oficias que virão com a administração Obama). 10. Washington comprometeu-se a "trabalhar cooperativamente" com Jerusalém em diversos passos para acabar com o fluxo de armas para o Hamas. Separadamente, Itália, Reino Unido, França e Alemanha assinaram o memorandum. 11. Israelenses têm todos os motivos para estarem céticos quanto a essas promessas se transformarem em uma diminuição tangível da capacidade de tráfico de armas iranianas para dentro de Gaza. Além disso, enquanto os Estados Unidos e a UE sempre apoiaram o direito teórico de defesa israelense contra o terrorismo, quando a coisa fica mais séria, como no debate no Conselho de Segurança em Gaza este, apoio evapora. 12. Nós estamos pouquíssimo encorajados pelo anúncio do Egito de que o memorandum assinado entre Israel e EUA não o obriga. Na verdade, tudo o que ouvimos do presidente, Husni Mubarak, foi uma insistente demanda por um "cessar-fogo imediato e incondicional" e "uma retirada completa de tropas israelenses da Faixa de Gaza." 13. Líderes de diversos países da UE devem visitar o Egito e Israel hoje para reforçar o cessar-fogo. Mas ao menos que Mubarak possa ser convencido de cumprir suas responsabilidades de parar o tráfico ocorrendo no corredor Philadelphi, todas as oportunidades de foto do mundo não terão utilidade. 14. Qualquer que seja o destino do cessar-fogo, não é cedo demais para elogiar a FDI pela sua estrondosamente efetiva guerra contra o Hamas, e para agradecer nossos combatentes 116 pelos seus esforços extraordinários - não obstante a depreciação da mídia internacional para evitar machucar não combatentes. 15. Israel é uma sociedade civilizada que estima a vida e é relutante um engajar um inimigo que se esconde entre sua população civil. Mesmo assim, no confronto com o Hamas, como Olmert ressaltou, fez de tudo para minimizar a morte de civis enquanto infligia perdas pesadas no grupo terrorista. 16. Tem sido desagradável para a FDI retaliar o Hamas, cujos homens operam de casas, mesquitas, escolas e hospitais. Israel, disse Olmert, lamenta as dores causadas em Gaza. 17. Mas Israel não cometerá suicídio nacional. Na operação Cast Lead Israel estava honrando sua obrigação de proteger seu povo, no teatro de guerra cinicamente criado pelo Hamas. . Ceticismo no fim O ponto de interrogação no fim do título anuncia o tom de ceticismo que permeia o editorial. O JPost adotou uma abordagem crítica às opções que Israel possui neste momento, e reforçou as críticas feitas ao comportamento da comunidade internacional: "Porque a comunidade internacional nunca encontra tempo para "esperar por todos os detalhes" sobre como impedir que o Hamas ou o Hezbollah de se armem; e porque a ONU não disse uma única palavra crítica sobre a beligerância do Hamas ou sua prática ilegal de combater por escondido atrás da população civil de Gaza, pode estar preparando o palco para outra rodada de derramamento de sangue"(parágrafo 6). Segundo os editorialistas "o tempo dirá" se as garantias conseguidas pelos lideres israelenses irão se materializar. Junto a esta afirmação está uma crítica que reforça o tom pesado de descrença detectado no texto: "Além disso, enquanto os Estados Unidos e a UE sempre apoiaram o direito teórico de defesa israelense contra o terrorismo, quando a coisa fica mais séria, como no debate no Conselho de Segurança em Gaza este, apoio evapora (parágrafo11)" . A FDI preserva vidas O editorial elogia a atuação "estrondosamente efetiva" da Forcas de Defesa Israelense na guerra contra o Hamas e no sentido de evitar a morte de não combates "não obstante a depreciação da mídia internacional." 117 . Enquadramento O enquadramento deste editorial é o ceticismo perante a situação de Israel no fim do conflito, mas também em relação aos órgãos internacionais. Pode-se adicionar aos elementos expostos em "ceticismo do fim" a reação gerada pela declaração feita pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, exposta na frase: "o sentimento entre israelenses comuns é de Ban estava intimidando Israel não os islamistas agressores." Editorial: Com desconfiança e generosidade - Haaretz 19/01/2009 1. O cessar-fogo unilateral declarado pelo governo de Israel foi respondido ontem pelo Hamas, que anunciou uma trégua de uma semana "para permitir que a FDI retire suas forças." Parece que nenhuma das partes guardam ilusões. Com as forças da FDI ainda na Faixa de Gaza constituindo alvos para organizações palestinas, e com Israel ainda com o dedo no gatilho, é razoável presumir que os próximos dias não serão completamente tranquilos. A desconfiança, que vem de experiências amargas, é justificada. Contudo, a situação demanda extrema cautela e máxima contenção, para testar as chances de estender e estabilizar o cessar-fogo. 2. Juntamente com a fragilidade da trégua nós estamos testemunhando uma pletora de atividades diplomáticas orquestradas pelo Egito em cooperação com altos representantes da comunidade internacional. Seu objetivo é rascunhar um mapa econômico e diplomático que reduziria a motivação para novos combates e permitiria a reconstrução de Gaza. Este é um objetivo final, um que possibilitara o conflito de retornar para a esfera diplomática, e a vida normal a ser retomada em Gaza. Mas Israel tem um papel muito importante neste processo: suas respostas provavelmente irão determinar se ele vai falhar ou ter êxito. 3. No front militar, Israel deve acelerar sua saída de Gaza e não responder a tiros esporádicos. Seria preferível não dar a cada gangue de rua um veto sobre a decisão de cessar-fogo. No front civil, Israel deve agora mostrar generosidade para com a população palestina, abrindo os pontos de passagem na fronteira para permitir o fluxo livre de produtos, não apenas de ajuda humanitária, e facilitar de maneira geral o processo de reconstrução. 4. Israel já concluiu que a política de sanções a Gaza não apenas não funcionou, como em grande medida até contribuiu para a última deflagração de combate. A sanções também não ajudaram os esforços diplomáticos para conseguir a libertação de Gilad Shalit. A condição necessária para que isso aconteça continua a mesma: a soltura de presos palestinos. A esperança das dificuldades que a vida em Gaza fossem causar um levante contra o governo do Hamas foi em vão, e não há mais razão para continuar a punir a população. 118 5. Um mix sábio de deterrência, que a guerra deveria criar, e a generosidade em ajudar os civis poderia conduzir a um período de tranquilidade gozada pelas comunidades do Negev durante os primeiros cinco meses da trégua do ano passado com o Hamas. E isto seria um bom começo. . Tensão no fim Publicado um dia após o cessar-fogo declarado unilateralmente por Israel, o conselho de editorialistas reconhece que este é um momento de tensão: "Com as forças da FDI ainda na Faixa de Gaza constituindo alvos para organizações palestinas, e com Israel ainda com o dedo no gatilho, é razoável presumir que os próximos dias não serão completamente tranquilos. A desconfiança, que vem de experiências amargas, é justificada. Contudo, a situação demanda extrema cautela e máxima contenção, para testar as chances de estender e estabilizar o cessar-fogo." . Sanções econômicas Após poucas menções ao longo dos quatorze editoriais selecionados para construir a linha do tempo, as sanções econômicas impostas por Israel sobre Gaza ocupam um espaço importante neste editorial. Reforçando o tema exposto no título do texto, "Com desconfiança e generosidade", o Haaretz não faz uma defesa apaixonada dos direitos palestinos, mas sim uma avaliação pragmática dos efeitos que as sanções tiveram - ou não - sobre os objetivos israelenses (declarados) ao implantá-las. "Israel já concluiu que a política de sanções a Gaza não apenas não funcionou, como em grande medida até contribuiu para a última deflagração de combate. A sanções também não ajudaram os esforços diplomáticos para conseguir a libertação de Gilad Shalit. (...)A esperança das dificuldades que a vida em Gaza fossem causar um levante contra o governo do Hamas foi em vão, e não há mais razão para continuar a punir a população" (parágrafo4). Além desta avaliação é feita uma previsão de que a demonstração de generosidade neste momento pode obter o principal objetivo da operação: "um período de tranquilidade gozada pelas comunidades do Negev durante os primeiros cinco meses da trégua do ano passado com o Hamas" (parágrafo 5). 119 . Enquadramento O enquadramento deste editorial concentra-se sobre o próximo movimento de Israel. O editorialista aconselha que o país aja com generosidade e cautela. A atenção recai sobre o poder de decisão dos líderes de Israel, segundo o Haaretz, a direção tomada agora determinará se o objetivo final, declarado no início da guerra: "rascunhar um mapa econômico e diplomático que reduziria a motivação para novos combates e permitiria a reconstrução de Gaza", será atingido ou não. Novamente o Haaretz induz seu leitor a colocar o foco na agência de seus líderes, de responsabilizá-los por suas ações e avaliar sua condução da operação e do país. A tendência de um pragmatismo cauteloso é confirmada nesta redação, que aplica uma lente mais ampla ao conflito, fazendo recomendações positivas para sua eliminação. 3.4 Conclusão Haaretz e JPost representam pontos antagônicos do espectro político israelense. Em razão de tal contraste foram escolhidos como objeto de análise deste estudo. Entretanto, mais do que duas posições políticas opostas, estes jornais representam duas partes da comunidade israelense com visões distintas sobre a história de Israel, sobre seu presente e, consequentemente, sobre seu futuro. Nos últimos anos, a polarização na sociedade israelense em relação ao conflito com os vizinhos palestinos parecia dar sinais de enfraquecimento. Temas como economia e qualidade de vida aparentemente uniram os israelenses em torno de causas comuns, e passaram a ocupar gradativamente mais as agendas governamentais e as campanhas políticas. A análise destes editoriais mostra que este "enfraquecimento" é, na verdade, apenas um estado latente. Ainda sim, em termos da perspectiva da resolução do conflito, é preocupante que certos posicionamentos sejam acirrados apenas em momentos extremos, como de uma operação militar como Cast Lead. Apesar de ambas publicações legitimarem a busca pela tranquilidade na porção sul do país através de meios militares, os enquadramentos observados nos editoriais resumem os posicionamentos dos jornais perante a operação: para o Jerusalem Post é uma questão de luta involuntária, porém, inevitável - pela sobrevivência. Para o Haaretz é necessário refletir sobre as 120 capacidades e atitudes de quem comanda a operação e, acima de tudo, manter uma agenda pragmática com relação aos objetivos da guerra. A posição do Jerusalem Post reflete um setor da sociedade israelense que acredita em uma certa versão da história, onde não há espaço para uma narrativa uníssona com a história dos palestinos. Neste contexto, os mitos e marcas presentes no arcabouço cultural judaico pulsam mais vividamente. Sentimentos como o medo do extermínio são facilmente acirrados e atitudes unilaterais livremente tomadas. A postura do Haaretz exibe um discurso infinitamente mais moderado. Para uma parcela da sociedade israelense, o outro não é invisível atrás da lente - ou da mira. Cautela deve ser a palavra de ordem quando o país encontra-se engajado militarmente com os inevitáveis vizinhos, e os líderes do país dão demonstrações públicas de desacordos e desatinos. Os pontos que constituíram e informaram a guerra de Gaza para seus respectivos leitores selecionaram e priorizaram sua atenção para o que era mais importante em cada etapa do conflito, segundo cada jornal. A gramática utilizada para construí-los apontaram para o abismo que separa as publicações e, consequentemente, as parcelas da sociedade que as consomem. Duas narrativas baseadas nos mesmos elementos foram construídas de maneiras completamente díspares, desde o status quo ate até as perspectivas para o futuro na região pós-Cast Lead. A tendência que a utilização de termos pejorativos pelo Jerusalem Post indicava no levantamento das definições foi comprovada durante a verificação da gramática utilizada pelo jornal. Da mesma forma, a contagem dos termos 'Hamas' e denominações para a guerra podem embasar o pragmatismo e o enquadramento aplicados pelo Haaretz54. Acredita-se que o uso mais amplo da palavra guerra empreendido pelo Haaretz também é um indicador da posição do jornal em relação à extensão e aos danos causados pela operação. A forma como os partidos palestinos, especialmente o Hamas, foram designados, analisados e abordados ao longo dos editoriais reflete uma série de acontecimentos e desdobramentos observados in loco. A importância do discurso não está apenas nesta função de relato que cumpre. Está na sua capacidade de gerar sentimentos embasados pela construção de um conhecimento inevitavelmente direcionado, e na capacidade de agência que este sentimento e conhecimento intersubjetivo podem criar. 54 Durante os vinte editorias publicados por cada jornal, o Haartez mencionou o Hamas 63 vezes e o conflito 103. Já o Jerusalem Post se referiu ao Hamas 164 vezes e ao conflito 43. 121 Virtualmente ignorada pelo JPost, a condição humanitária foi abordada pelo Haaretz, que afirmou ser "Israel é quem vai colher o ódio e o medo que a operação Cast Lead vai semear nos corações das crianças de Gaza. Estes são os vizinhos com quem Israel terá de alcançar um acordo de paz e viver lado a lado durante gerações." A assimetria material, institucional, militar e econômica entre as duas partes é óbvia. Entretanto, também existe uma significativa assimetria narrativa. Segundo Fierke (2008), enquanto o nascimento do Estado de Israel facilitou a construção de uma narrativa nacional coerente, a diáspora palestina que se iniciou em 1948 e dividiu os palestinos entre habitantes de Gaza e Cisjordânia e refugiados, teve o efeito contrário. Esta dispersão e consequente criação de três grupos com histórias distintas, em conjunto com a destruição ou dificuldade de acesso aos arquivos palestinos remanescentes, o desaparecimento completo de vilas e a renomeação de ruas, contribuiu para dificultar a criação de legitimidade através da narrativa. (PAPPE, 2006) O objetivo original desta dissertação era comparar um jornal palestino e um jornal israelense no decorrer da Guerra de Gaza. Durante a pesquisa por um jornal palestino não foi encontrada uma publicação, que tivesse suporte digital, produzida por palestinos nos moldes jornalísticos ocidentais, que respeitasse ritos essenciais desta forma de produção jornalística, tornando assim uma comparação inviável. Quando se pensa no jornalismo como uma espécie de historiador do agora, percebe-se que a grave questão da falta de voz palestina se aprofunda a cada dia que a origem de suas fontes está ligada à sua condição de povo relegado, como aos relatórios da UNRWA, por exemplo. Fierke (2008) afirma que "a relação entre memória e esquecimento está no coração da luta política, da hegemonia e da resistência” (Fierke, 2008, pg. 40). Está claro que no conflito israelo-palestino existe uma batalha também no campo memória pela manutenção da lembrança, pelo não esquecimento de traumas. Um dos pontos da agenda construtivista proposta por Fierke é a necessidade de uma narrativa "única capaz de relatar as diferentes versões da história". No caso do conflito israelopalestino, tendo em vista o abismo que separa a capacidade narrativa de cada lado do conflito, acredita-se que abordar a resolução por este ângulo é fundamental para o seu processo de resolução. "Se violência é constituída de memórias coletivas dolorosas, que continuam significativas no presente, o que isto sugere sobre uma saída para o conflito? O primeiro e mais óbvio ponto é que práticas e políticas que reforçam sentimentos de humilhação e 122 traição provavelmente exacerbam o conflito ao invés de prover uma saída para ele. O segundo é a importância de pensar sobre que tipo de abordagem reforçaria sentimentos de segurança e dignidade. Isso requer atenção à diferenças culturais de significado, como um reconhecimento claro da centralidade no direito internacional da dignidade e da proibição de tratamentos humilhantes e degradantes. O terceiro é pensar em estratégias de re-narração em ambos os lados, reconhecendo a necessidade de diálogo e dando voz para todos que sofreram."55 (Fierke, 2008, pg.39). Através da pequena amostragem contida na análise empreendida é impossível estabelecer cientificamente o nível de contato que os leitores do Haaretz e do Jerusalem Post tem com a narrativa da experiência palestina através dos jornais. Entretanto, este estudo reflete se a ausência de um contato mais profundo com a narrativa da experiência palestina não seria em algum nível responsável pelo tipo de discurso observado no Jerusalem Post, e pelas ausências que marcaram a narrativa mais moderada e crítica do governo israelense apresentada pelo Haaretz. Enquanto historiadores do agora, provedores de um espaço para o debate da sociedade sendo, em certo ponto, mediadores deste debate, o jornalismo exercido no cenário de um conflito longínquo, com facetas diversas que evoluiriam e se somaram ao longo das décadas e das guerras, deve compreender objetividade de uma maneira ousada. Dados e fatalidades acontecem de ambos os lados desta fronteira. 55 If violence is constituted on painful collective memories, which remain meaningful in the present, what does this then suggest about the way out of conflict? The first and most obvious point is that policies and practices that reinforce feelings of humiliation and betrayal are likely to exacerbate conflict rather than provide a path out of it. The second is the importance of thinking about what kind of approach would instead reinforce feelings of safety and dignity. This requires some attention to cultural differences in meaning as well as a clear recognition of the centrality in international law of dignity and the prohibition on degrading and humiliating treatment. The third is to think about strategies of re-narration on both sides, recognizing the necessity of dialogue and giving a voice to all who have suffered. 123 3.5 Tabelas Estas tabelas visam esquematizar as análises empreendidas neste capítulo. A somatória de seus elementos indicam a gramática, no sentido proposto por Wittgenstein, que informa e constrói a Guerra de Gaza para os leitores do Haartez e do Jerusalem Post. Em prol da objetividade das tabelas, nem tudo o que consta nas análises está presente aqui. Entretanto, a seleção foi feita de forma a transmitir as ideias centrais de cada análise para o leitor. Editorial: Tempo de Lutar - Jerusalem Post 28/12/2008 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Os editorialistas aludem a um fenômeno cultural presente na história do conflito israelopalestino desde o primeiro dia de vida da nação judaica: Israel não tem opção a não ser lutar por sua sobrevivência. Status Quo ante Implorado Finalmente Retaliação . Você continua o fluxo de ajuda humanitária e suprimentos entrando em abundância em Gaza, e nós continuaremos a lançar morteiros em civis israelenses. . Israel tem implorado ao Hamas. . Nenhuma quantidade de gestos humanitários iria mudar seu comportamento. . Israel finalmente disse ao Hamas que não iria sangrar, lentamente, até a morte. . Israel não continuaria a absorver foguetes, morteiros e balas sem retaliar. Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) 127 Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Missão da FDI Tranquilidade Derrubar Inimigo Implorado Descaradamente "ocupação" Arrogante Intransigentes Fanáticos Civilizado Judeus em Israel e no mundo Unir Vigilantes Alerta Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) . Há semanas Israel tem implorado ao Hamas. . Eles descaradamente disseram a Israel para se acostumarem com a ideia de que nenhuma quantidade de gestos humanitários iria mudar seu comportamento. . Mais intransigentes dos fanáticos muçulmanos. . Israelenses devem se unir e ser vigilantes. . Os judeus da diáspora também precisam ficar em estado de alerta. Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) A missão da FDI não é derrubar o regime do Hamas, mas levar a tranquilidade para o sul. De certa forma, estamos pedindo ao Hamas que deixe de ser o Hamas. Os islamistas precisam decidir se querem acabar em cinzas ou se estão preparados para assumir as responsabilidades que vem com o controle da Faixa. Talvez eles não deem escolha a Israel a não ser derrubar sua administração. O Hamas precisa ser detido. E o mundo civilizado deve ajudar a detêlo. Israelenses devem se unir e ser vigilantes. Lamentavelmente, já vimos motins entre alguns palestinos de Jerusalém leste. A possibilidade de distúrbios entre nossos cidadãos árabes não pode ser descartada. Foguetes do Hamas podem alcançar alvos até então considerados fora do alcance inimigo; suas ameaças de lançar ataques suicidas devem ser levadas extremamente a sério. 128 Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) O "outro" imoral Retaliação Inerentemente Insensata Magicamente Asquerosamente Piedade Simpatia Poderia Temporariamente Preço Renunciar Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) . Mídia internacional não solidária. Havia um entendimento relutante de . O fato de mais de 200 palestinos que o Hamas utiliza palestinos não terem sido mortos comparado com combatentes como escudo humano, apenas um israelense levaram alguns junto com uma demanda insensata jornalistas a concluírem que Israel está para que Israel encontre inerentemente errado. magicamente uma forma de não . A forma para comprar a afeição ferir nenhum deles. daqueles que sofrem de relativismo Se um judeu for morto, ganhamos moral é asquerosamente clara. pouquíssima piedade. Se, Deus tal . A este preço nós preferimos não permita, um jardim de infância renunciar a esta simpatia. for atingido diretamente - Israel poderia, temporariamente, ganhar a simpatia de jornalistas de Paris a Londres a Madri. 129 Editorial: Defina os objetivos em Gaza - Haaretz 28/12/2008 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Ao fazer inúmeras recomendações e alertas sobre a melhor forma de conduzir a operação para que se chegue ao resultado final ideal, a equipe editorial do Haaretz explicita sua falta de confiança no governo para gerenciar a operação. Equalização 'Como' Razoável . Centenas foram feridos do lado palestino, como dezenas de israelenses. . O cessar-fogo que Israel gozou por cinco meses, e permitiu que a população de Gaza vivesse de maneira razoável. Legitimidade Lógica Inflamada Famintos Medo Petrificadas Violação Legitimidade Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem s certas ideias ou versões do conflito) É possível entender a lógica da resposta da Força de Defesa Israelense. Não precisava da retórica inflamada da mídia, que geralmente agem como animadoras de torcida competindo umas com as outras. Também não precisava dos ventos das eleições que propelem as velas dos políticos famintos por manchetes. Os residentes do oeste do Negev, que têm vivido com medo todos os dias, crianças petrificadas do ensino fundamental, e a constante violação do território de um Estado soberano - isto confere legitimidade para a operação. 130 Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem s certas ideias ou versões do conflito) Objetivo (s) "Agressão" "Apenas" Violenta Horrífica Objetivos (5) Fantasia Razoável Acordo Entendimento Desastre . Compreensão não é substituto para sabedoria. . Trabalhar por objetivos a longo prazo, que mudariam completamente a paisagem da região, como derrubar o governo do Hamas, é algo propenso a se transformar em uma grande fantasia. . Um entendimento, similar ao que foi chegado em junho passado . Poderia se presumir que a mensagem militar de Israel foi completamente compreendida. Seria melhor não a transformar em um desastre que impediria um acordo futuro. Israel está buscando "apenas" mandar uma mensagem violenta, horrífica para o Hamas? A intenção é destruir as infraestruturas civis e militares da organização? Talvez o objetivo se estenda ao ponto de remover o Hamas do poder em Gaza, transferindo o controle para a Autoridade Palestina, encabeçada por Mahmud Abbas? Como Israel pretende realizar estes objetivos? (...) E qual será o número de mortes neste estágio? .Um público que aprendeu por experiência que não pode presumir novamente que o governo sabe o que está fazendo, principalmente quando seus líderes demonstram dificuldade em formular uma posição constante nas últimas semanas. (...) Seria melhor se contentar com objetivos imediatos, com resultados mensurados, calculados, que restaurariam a tranquilidade, particularmente o cessar-fogo que Israel gozou por cinco meses, e permitiu que a população de Gaza vivesse de maneira razoável. Status Quo ante . A violação de Israel do período de calma em novembro acelerou a deterioração que deu a luz a guerra de ontem 131 Editorial: O retrato de Gaza - Jerusalem Post 29/12/2008 Enquadramento Pontos da Guerra (...) Israel entrou "relutantemente" na batalha, a guerra foi seu último recurso, mediante "o Hamas ter rejeitado apelos múltiplos do Mahmud Abbas e do governo egípcio para manter o "cessarfogo." (...) Todos os fronts devem ser considerados quando "fotos dramáticas vindas de Gaza ameaçam minar a capacidade de pensar claramente" e obscurecem a obviedade da razão israelense mesmo para "observadores justos e sensatos". Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem s certas ideias ou versões do conflito) Críticas à reação internacional Discreta Automática Indefinidamente Ainda Basicamente Quintessencialmente Impossível Fingir "Ocupação" Violenta Tentou O quintessencialmente imparcial, Javier Solana, o czar da política exterior da União Europeia, toma qualquer morte de não combatente do lado palestino como "inaceitável". Seu conselho? O Hamas deveria parar de atacar Israel, e Israel deveria parar de retaliar. Justificativas Relutantemente . Com exceção da Casa Branca. . Discreta imparcialidade e condenação automática. . Basicamente aquelas que talvez consigam de fato compelir o Hamas a pôr fim à sua campanha de terror. . Existem aqueles que nem tentam fingir serem imparciais. . Seu direito inalienável de resistir "a ocupação" através da oposição violenta a existênciadeumEstadojudeu. .Praticamentedonada,ossionistasficaramloucos, massacrando mulheres, crianças e o ocasional "mártir" do Hamas. . tentou contextualizar . seu ponto era que, atualmente, "qualquer guarda de trânsito do Hamas" se tornou um alvo justo. . Fez isso relutantemente, somente após o Hamas ter rejeitado apelos múltiplos do Mahmud Abbas e do governo egípcio para manter o "cessar-fogo". A tranquilidade teria prevalecido na fronteira entre Gaza e Israel, e os palestinos poderiam ter construído um Estado modelo, se a sua liderança do Hamas não estivesse insistentemente empenhada em atacar Israel. O próprio Hamas reconhece isso. (...) 132 Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Pró ativos Justos Sensatos Dramáticas Gramática (palavras transformadas Coesão (parágrafos ou frases em orações, orações em parágrafos) intercaladas que aludem s certas ideias ou versões do conflito) . Apesar das dificuldades inerentes em apresentar a posição de Israel para uma mídia nem sempre solidária. . No geral, os porta-vozes israelenses raramente estiveram mais pró ativos ou competentes. . É um campo de batalha midiático desigual. Mas ao menos, desta vez, Israel está lutando. 133 Editorial: Defenda, não invada - Haartez 29/12/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário Gramática (palavras (palavras avulsas) transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) A crítica ao governo, mais exatamente a uma "tendência" dos governos não é muito velada: "apetite é passível de superar bom senso e deve se lutar contra esta tendência". Entretanto, o enquadramento principal do editorial é o apelo à delimitação da operação Manter os limites Apetite Bom senso Tendência Proporcionalmente Guerra do Líbano Tentação Compensação "Nós não temos objetivos de ocupar" declarou o ministro da Defesa na época, Moshe Dayan, em junho de 1967 (...) Pode ser que esses objetivos não existissem, mas a ocupação destas áreas estava - e ainda está cobrando um preço quatro décadas depois. Israel deve aderir ao delineamento da operação Cast Lead, evitando qualquer grande invasão que terminará em ocupação, uma administração militar e meses (se não anos) de luta contra as forças locais que, inevitavelmente, irão se opor aos ocupantes. (...) Derrubar o regime do Hamas, ou erradicar a última fábrica de foguetes onde o último membro do Hamas está fazendo o último foguete Qassam, não são metas razoáveis. Mas apesar da tentação de provar que este esforço deu resultados, Gaza não pode ser visto como uma compensação pelo Líbano. Os objetivos limitados da operação, como descrito tanto pelos tomadores de decisão quanto pelos planejadores, não justificam ficar preso em uma operação terrestre. . Apetite é passível de superar bom senso e deve se lutar contra esta tendência. . Força militar deve ser emprega proporcionalmente . Israel tem direito de exercitar seu direito de auto defesa, incluindo através de meios ofensivos. Mas não deve sobrepujar no solo. 134 Editorial: Tempo para diplomacia - Haaretz 04/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras Coesão (parágrafos ou frases transformadas em orações, intercaladas que aludem a certas orações em parágrafos) ideias ou versões do conflito) Reforça o enquadramento detectado no editorial do Haaretz analisado anteriormente. Ao afirmar que a campanha terrestre foi adicionada a um "massacre aéreo" por uma necessidade do governo de "apresentar uma conquista", o conselho editorial coloca mais uma vez em questão a capacidade do governo de conduzir a operação e agir de forma a obter seu objetivo declarado. Necessidade Massacre Desmoronando Fugindo Morta Destruídas Purgada Sonho Realizado Pesadelo . A necessidade de apresentar uma conquista compeliu a liderança civil a adicionar uma campanha terrestre ao massacre aéreo. Expansão da operação Momento para diplomacia Aqueles que apoiam a operação já estão imaginando o Hamas desmoronando, sua liderança fugindo ou sendo morta, e revistas de casa em casa a procura de armas para serem destruídas. Após a operação Gaza seria devolvida ao controle da Autoridade Palestina, purgada do terrorismo - o sonho libanês realizado em Gaza. Seria melhor acabar com este sonho antes que ele se transforme em um pesadelo arrastado, e limitar a operação terrestre a metas mais modestas. . Este é o momento de mudar da guerra para a diplomacia. Após uma semana de atividade aérea, nós não podemos deixar a operação terrestre se aprofundar, prolongar e complicar as chances de um fim rápido para a operação. 135 Editorial: Em Gaza - Jerusalem Post 04/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) Mais uma vez o enquadramento visto repetidamente, de que 'Israel não teve opção a não ser lutar por sua sobrevivência', pôde ser observado. Um "país que busca a paz, que pensa duas, três vezes antes de ir à guerra", tem líderes "pesarosos" no comando da operação, que pensam "duas, depois três vezes, sobre se uma ofensiva terrestre era realmente inevitável", se contrapõe às "demonstrações públicas de sede de sangue do Hamas." Contra este inimigo "vil" não se tem opção a não ser lutar pela sobrevivência. Expansão da operação Inevitável Pesaroso Traiçoeira Sofrimento do sul de Israel Livres Hamastan Finalmente vil . Não há escolha . havia feito tudo o que podia para evitar . Certeza de que havia tentado tudo . Israel não estava ávido para enviar suas tropas para Gaza . Os residentes de Sderot e das comunidades do envelope de Gaza sofreram na linha de frente por oito anos. Sendo assim, disse um pesaroso Barak - que reconheceu ter pensado duas, depois três vezes, sobre se uma ofensiva terrestre era realmente inevitável - a ordem foi dada para as tropas entrarem na Faixa de Gaza. Israel tirou seus civis de Gaza em 2005 e removeu toda a presença militar, deixando os palestinos livres para criar um Estado nascente ali. (...)Gaza tornou-se Hamastan. (...)Eenquanto cidadãos sofriam, semana após semana, mês após mês, a FDI não foi chamada. (...) Após oito anos em que o front doméstico, insustentavelmente, tornou-se o front do sul do país, no sábado à noite a FDI foi finalmente ordenada a cumprir sua obrigação: lutar contra um inimigo vil e proteger o povo de Israel. Ameaça Regional Extremismo . Enquanto o Hamas se fortalecia, e progredia cada vez mais no seu objetivo de se consolidar como o Hezbollah. . Exército procurador do Irã. . A ameaça a liberdade posada a todo lugar pelo extremismo de culto a morte do qual o Hamas é apenas uma parte 136 Editorial: Uma guerra moral - Jerusalem Post 05/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) Durante a leitura o texto é possível perceber, através de menções explícitas que se reforçam ao longo do editorial por meio da coesão dos parágrafos e da estrutura textual, um enquadramento que provavelmente remete ao arcabouço cultural judaico antes da formação do Estado Israel: "judeus, no sentido mais estrito da palavra, devem preservar a identidade judaica". Contra os genocidas, mas também contra os relativistas, revisionistas, etc. Fascismo Extremismo Genocida Judia . Em uma família estritamente ortodoxa comunista de Liverpool. Confrontado por um momento que amalgama fascismo com extremismo religioso e uma plataforma genocida, nosso imperativo moral demanda a autodefesa judia. Entre aqueles preocupados pelas ações de Israel estão judeus cujas conexões com coisas judias são limitadas ao ocasional 'bagel' ou sanduíche 'lox'. Eles também marcham, certos de que não são nada parecidos com aqueles israelenses sem piedade. Não seria mais intelectualmente honesto admitir que o sofrimento palestino é majoritariamente autoinfligido? E a que a agenda antiisraelense do Hamas é extremamente popular entre as massas de Gaza?" . Poucas das vozes que condenam Israel por conduzir uma guerra "imoral" são destes pacifistas (...). Tome como exemplo Riyad Mansour, o homem de Mahmud Abbas na ONU" Autodefesa judia Inimigo FDI preserva vidas Consciencioso . Usa deliberadamente mesquitas, escolas e casas como depósito de armas e locais de lançamento de foguetes (e) suas crianças e mulheres como escudo humano. Na verdade, nós ficaríamos surpresos se qualquer outro exército do mundo atualmente no campo de batalha fosse mais consciencioso sobre evitar a morte de civis. 137 Editorial: O risco de complicações - Haaretz 07/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) A crítica ao governo também pode ser observada neste texto. Ao recomendar exatamente o que não foi feito pelo governo, o conselho editorial imprime uma crítica severa aos líderes políticos. Riscos Desnecessariamente Atoleiro Front Doméstico Ótimo . Tentar o governo a decidir tomar território adicional. . Quanto mais tempo passar, mais a justificativa original para a operação será erodida e esquecida. No front doméstico, o público tem demonstrado um vigor digno de nota, apesar dos repetidos ataques em Ashkelon, Ashdod e Be'er Sheva, e pelo fato de que as áreas vulneráveis aos foguetes de longo alcance do Hamas agora chegarem a Gedera. Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) 138 Editorial: A resolução vazia da ONU sobre Gaza - Jerusalem Post 11/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) Neste editorial o enquadramento reinante é de que Israel é um país injustiçado, neste caso, pelas atitudes tomadas pela comunidade internacional, através dos mecanismos das Nações Unidas. Desprezo pela ONU Humildade Impotência Verborreia . Não pode haver nada mais válido e mais justo do que a promessa do gabinete de Segurança israelense de continuar com a operação em Gaza independentemente da desaprovação da ONU . Muita tinta gasta sobre a condição humanitária palestina, mas sem menção a quem carregava a responsabilidade por sua má situação. A rapidez do conselho em impor um cessar-fogo mais parece uma tentativa de impedir a autodefesa israelense. Pode a ONU realmente garantir um cessar-fogo, quando falhou até agora, ou é indiferente ao sofrimento israelense? Pode a ONU pôr fim ado tráfico ilícito de armas? Pode a ONU garantir que o passe livre para dentro e fora de Gaza não irá facilitar atividades terroristas? A ONU poderia ter expressado mais humildade tendo vista a demonstração de sua impotência Apoio dos EUA Desconcertantemente Verborreia . Desconcertantemente, a Resolução 1860 foi adotada durante a noite de terça-feira por uma margem de 14-0. Jerusalém tinha motivos para esperar um veto americano, mas os EUA se abstiveram. . Como, de fato, a Rice contempla transformar a verborreia da resolução em uma " paz sustentável e duradoura?" Isto seria desastroso não só para Israel, mas para aqueles Estados do mundo livre, cujos representantes podem votar contra Israel no Conselho de Segurança. Eles podem ser ingratos, mas Israel está lutando a luta deles também 139 Editorial: Julgamento defeituoso - Haaretz 15/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário Gramática (palavras (palavras transformadas em orações, avulsas) orações em parágrafos) Neste editorial o Haaretz expôs de maneira inequívoca o enquadramento que foi aplicado nos editoriais analisados até este ponto do estudo: o governo não está apto para tomar decisões que levem ao resultado ótimo deste conflito. Capacidade de Olmert Qualidade Apoio dos EUA Vital Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) . (...) a solução está sendo atrasada porque Olmert absteve-se de reunir-se com a "troika" e os gabinetes diplomático e de segurança. Esta não é a forma de tomar decisões em tempos de guerra. . A descrição do primeiro ministro de como Bush segue suas ordens constrange o presidente e causa danos a autoridade da secretária de Estado dos EUA em um momento no qual seu apoio é da maior importância para Israel. . O apoio americano é um bem vital para Israel. 140 Editorial: Fatah ao resgate? - Jerusalem Post - 16/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário Gramática (palavras (palavras transformadas em orações, avulsas) orações em parágrafos) Muito claro e transparente ao longo do texto, o enquadramento neste editorial pode ser resumido através do parágrafo 13: Cenário ideal Excelente Versão Histórica Ethos "Então o problema não é só uma Autoridade Palestina claramente incapaz de se reformar, ou um Hamas politicamente tóxico; é mais, fundamentalmente, muito da cultura política palestina." . No mais ideal dos cenários, (...), a operação Cast Lead termina com Mahmud Abbas e a Autoridade Nacional Palestina de volta ao poder em Gaza. Um esforço de construção multibilionário financiado internacionalmente começa, administrado de forma excelente pelo Fatah. Um enfraquecido Hamas, os otimistas acreditam, aceitaria a prolongação da presidência de Abbas (seu mandato expirou semana passada) e um pequeno papel em um governo de reconciliação nacional comandado pelo Fatah. . 100 anos de história árabe palestina mostra que palestinos recompensam extremismo e punem moderação. Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) É preciso, entretanto, tristemente reconhecer que a visão de mundo do Hamas reflete de maneira melhor o extremismo, a rejeição e tendência autodestrutiva que incorpora muito do ethos da política palestina. A percepção da moderação do Fatah, combinada com sua corrupção, fez com que ele se tornasse gradativamente mais irrelevante para os palestinos 141 Editorial: Parem a operação- Haaretz 16/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário Gramática (palavras (palavras transformadas em orações, avulsas) orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) A questão humanitária em Gaza é a grande razão por detrás deste apelo que está presente na maior parte do texto. São abordados os problemas vividos pelos habitantes da pequena faixa de terra, mas muito lucidamente, também estão incluídos os potenciais riscos que eles podem trazer para Israel. Desespero Radicalismo Ódio Medo "(...) doença, pobreza e desemprego são os fertilizantes da estufa em que cresce o desespero e o radicalismo que colocou o Hamas no poder. Israel é quem vai colher o ódio e o medo que a operação Cast Lead vai semear nos corações das crianças de Gaza. Estes são os vizinhos com quem Israel terá de alcançar um acordo de paz e viver lado a lado durante gerações. . Mais do que para qualquer outra coisa, é importante para Israel mostrar aos habitantes de Gaza uma realidade melhor do que o Hamas os ofereceu uma política de Qassams e intervenção iraniana. Questão humanitária . Este é o momento de colocar a operação de lado. . Matou centenas de civis e feriu milhares. A infraestrutura básica de Gaza também sofreu um golpe fatal. 142 Editorial: Deterrência restaurada? - Jerusalem Post - 18/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário Gramática (palavras (palavras transformadas em orações, avulsas) orações em parágrafos) Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) O enquadramento deste editorial é o ceticismo perante a situação atual, mas também em relação às atitudes dos atores e dos órgãos internacionais. Pode-se adicionar aos elementos expostos em "ceticismo do fim" a reação à declaração de Ban Ki-Moon, exposta na frase: "o sentimento entre israelenses comuns é de Ban estava intimidando Israel não os islamistas agressores." Teórico Evapora . Porque a comunidade internacional nunca encontra tempo para "esperar por todos os detalhes" sobre como impedir que o Hamas ou o Hezbollah de se armem; e porque a ONU não disse uma única palavra crítica sobre a beligerância do Hamas ou sua prática ilegal de combater por escondido atrás da população civil de Gaza, pode estar preparando o palco para outra rodada de derramamento de sangue. . Além disso, enquanto os Estados Unidos e a UE sempre apoiaram o direito teórico de defesa israelense contra o terrorismo, quando a coisa fica mais séria, como no debate no Conselho de Segurança em Gaza este, apoio evapora. Ceticismo no fim A FDI preserva vidas O tempo dirá Não é cedo demais para elogiar a FDI pela sua estrondosamente efetiva guerra contra o Hamas, e para agradecer nossos combatentes pelos seus esforços extraordinários - não obstante a depreciação da mídia internacional - para evitar machucar não combatentes. 143 Editorial: Com desconfiança e generosidade - Haaretz 19/01/2009 Enquadramento Pontos da Guerra Vocabulário (palavras avulsas) Gramática (palavras transformadas em orações, orações em parágrafos) O enquadramento deste editorial concentra-se sobre o próximo movimento de Israel. O editorialista aconselha que o país aja com generosidade e cautela. A atenção recai sobre o poder de decisão dos líderes de Israel, segundo o Haaretz, a direção tomada agora determinará se o objetivo final, declarado no início da guerra: "rascunhar um mapa econômico e diplomático que reduziria a motivação para novos combates e permitiria a reconstrução de Gaza", será atingido ou não. Desconfiança Cautela Contenção . A desconfiança, que vem de experiências amargas, é justificada. Contudo, a situação demanda extrema cautela e máxima contenção, para testar as chances de estender e estabilizar o cessar-fogo. Israel já concluiu que a política de sanções a Gaza não apenas não funcionou, como em grande medida até contribuiu para a última deflagração de combate. A sanções também não ajudaram os esforços diplomáticos para conseguir a libertação de Gilad Shalit. (...)A esperança das dificuldades que a vida em Gaza fossem causar um levante contra o governo do Hamas foi em vão, e não há mais razão para continuar a punir a população. Tensão no fim Sanções econômicas Coesão (parágrafos ou frases intercaladas que aludem a certas ideias ou versões do conflito) 144 5 AVALIAÇÕES FINAIS O primeiro capítulo desta dissertação foi dedicado a uma contextualização histórica. Inicialmente foi feito um breve resgate, iniciado no fim do império Otomano chegando até o período que antecedeu a segunda Intifada. Em seguida, a partir do ano 2000, foi feito um registro mais profundo da situação em Gaza, na Cisjordânia e em Israel. Esta contextualização visou a preparação do leitor para a compreensão mais ampla do conflito escolhido como objeto deste estudo, a Guerra de Gaza, travada entre Israel e Hamas iniciada no dia 27/12/2008 e terminada em 18/01/2009. A seção do capítulo que trata da guerra, um conflito relativamente recente que ainda não foi amplamente documentado de forma acadêmica, foi feita a partir de artigos retirados do site JStor.com. Levantar bibliografia sobre a Guerra de Gaza para esta dissertação foi particularmente difícil, pois relatos que observam métodos científicos de coleta de dados e testemunhos ainda não estão disponíveis em quantidades significativas. Para cruzar os dados obtidos foram usadas matérias jornalísticas, relatórios de Organizações não Governamentais e relatórios de órgãos das Nações Unidas. As ONGs e os órgãos da ONU foram escolhidos com base no tipo de trabalho que realizam na região, e por guardarem um histórico de excelência e objetividade em seus relatos. Durante a leitura dos artigos do JStor notou-se a utilização de fontes jornalísticas em sua produção. Acredita-se que isto reforça o papel da grande mídia na construção deste mosaico a que chama-se mundo. Além da importância que a mídia de massa goza no mundo atual, conectado pela world wide web, cada vez mais repleto de câmeras, redes sociais e jornalistas-cidadãos, é importante lembrar que utilizar grandes veículos midiáticos como fonte é válido pelo criterioso processo de checagem pelo qual passam os dados e fontes que figuram em suas matérias. A politização do conflito e a assimetria dos níveis institucionais entre israelenses e palestinos tornou a busca por dados isentos especialmente complexa. Muitas vezes deparou-se com dados conflitantes, ou com a impossibilidade de se obter uma informação (especialmente no que tange o lado palestino, que tem uma estrutura governamental precária na internet). Nestes momentos buscou-se empreender um trabalho minucioso de acareação dos dados, recorrendo-se a todas as fontes possíveis. 148 No segundo capítulo foi feita uma explanação dos conceitos a serem utilizados nas análises dos editoriais. No intuito de utilizar conceitos do campo da Comunicação, que acreditase serem de grande valia para a análise de certas situações no ambiente internacional, foram introduzidos os conceitos de agendamento e a abordagem construtivista do enquadramento. O conceito do agendamento foi fundamental na medida em que funcionou como uma ferramenta da medição da saliência do tema "Guerra de Gaza" nos jornais analisados. Levando-se em conta que o tamanho de um editorial é regular dentro de um jornal e que seria infrutífero tentar medir a importância do tema na publicação através da contabilização do espaço à este concedido, o agendamento mostrou-se-se uma importante categoria de análise. A abordagem construtivista do enquadramento, escolhida baseada no que diálogo que estabelece com a abordagem construtivista não-convencional das Relações Internacionais, foi importante para uma análise mais completa dos editoriais. Entretanto, em virtude da natureza destes textos, que comportam uma grande liberdade textual, os vários mecanismos do enquadramento não puderam ser sempre observados. A mensagem era muitas vezes direta, assim como a forma que o jornal intencionava sua interpretação A ausência de imagens, um item importante do enquadramento, como suposto no segundo capítulo, foi de fato compensado pelo tipo de texto analisado. Dentro da abordagem construtivista não-convencional das Relações Internacionais, o conceito de gramática oriundo da obra de Wittgenstein como explorado por Fierke (2002, 2003, 2010), demonstrou ser de extrema valia quando busca-se destacar a forma como se constrói uma experiência através do discurso. A comparação entre dois veículos midiáticos tornou as diferenças ainda mais translúcidas, e em sua claridade, chocantes. As categorias propostas por Fairclough (2008), ajudaram no sentido de organizar a análise dos editoriais em vocabulário (palavras), gramática (palavras combinadas em orações), e coesão e estrutura textual. Sua figura da concepção tridimensional do discurso foi uma forma importante de esquematizar a abordagem construtivista do enquadramento e resumir de forma visual os conceitos de prática social e discursiva, e representar como os atores constroem e organizam sua realidade através do discurso. O terceiro capítulo foi dedicado à aplicação do conceito de agendamento sobre a totalidade de editoriais veiculados, ao processo de extração de definições sobre aspectos específicos da guerra, como parte da aplicação do conceito de gramática de Wittgentesin, e à 149 análise dos editoriais selecionados. Dos quarenta editoriais publicados ao todo no Haaretz e no Jerusalem Post, quatorze foram selecionados para constituírem uma linha do tempo dentro da qual foram abordados, através dos temas dos editoriais, aspectos da operação militar abordados no capítulo reservado para a contextualização histórica. Durante a análise dos editoriais foi possível perceber que durante a Guerra de Gaza as esferas políticas da direita e da esquerda israelense, representadas respectivamente pelo Jerusalem Post e pelo Haaretz, guardaram diferenças de proporções colossais entre si. Também foi possível observar que o discurso do governo não encontrou filtros no conselho editorial do Jerusalem Post. Isto pode ser averiguado nos documentos governamentais sobre a Guerra de Gaza retirados do site da administração israelense, que se encontram no anexo deste estudo. Seria interessante investigar em uma oportunidade futura se o discurso do Haaretz se equipara à retórica da esquerda política israelense. Em um contexto onde a necessidade de consenso social em torno de uma agenda política é fundamental, como no caso de uma campanha militar, o papel da mídia de massa deve ser colocado em evidência. Ao agir como normalizadora do discurso governamental, a mídia ajuda a criar o consenso necessário na sociedade. Este não é um processo natural que ocorre em virtude dos meios de comunicação serem o principal meio de comunicação entre políticos e cidadãos em tempos de crise. A mídia enquanto meio "material" pode ser utilizada para este fim sem que isto se transforme também na cobertura dos fatos. Como exposto no capítulo 2 através das abordagens teóricas escolhidas para a realização deste trabalho, a escolha das palavras, das expressões, das frases, dos enquadramentos, e da coesão textual que constituem a gramática (no sentido proposto por Wittgenstein) que informa e constitui um fenômeno não são naturais. São intersubjetivas, frutos de uma série de processos que se passam tanto na esfera do indivíduo produtor e receptor da mensagem, quanto no ambiente institucional do meio através do qual ela é transmitida Nas análises foi possível constatar que posicionar-se em um ponto do espectro político israelense significa adotar uma ou outra versão da própria história israelense. Enquanto a análise era conduzida, em diversos momentos teve-se a impressão de que tratava-se de dois conflitos distintos, iniciados por razões diferentes, talvez travada contra o mesmo inimigo, mas que estava em condição de ser inimigo por razões completamente díspares. 150 Isto foi possível porque a audiência de cada jornal estava preparada para perceber os conectores, absorver os enquadramentos e conferir coerência aos textos. Ao longo das análises foi interessante observar como aparentemente as mesmas questões que tangem os historiadores revisionistas e positivistas da história israelense, tocam os jornalistas de posições políticas antagônicas. Compreender a relação entre jornalismo e história em Israel, principalmente no contexto de uma tendência revisionista, poderia ser uma oportunidade frutífera de pesquisa no futuro. No levantamento das definições e da gramática do conflito, ficou claro que, diferente do que aconteceu com a Segunda Guerra do Líbano, a denominação "Guerra de Gaza" foi infinitamente menos utilizada do que as denominações "operação", "campanha militar" e "Cast Lead". Isto também ficou evidente durante a leitura dos artigos captados no JStor, mesmo quando eram pertencentes ao Journal of Palestinian Studies. Segundo parâmetros da ONU, quando mais de 1.000 pessoas perdem a vida em um conflito, configura-se uma guerra. Durante a Guerra de Gaza 1.447 pessoas morreram ao todo. Este estudo acredita que a utilização da definição "operação" e termos afins contribui para a construção de uma visão asséptica do que realmente se passou naqueles 23 dias de combate. Indaga-se se o uso mais amplo da palavra guerra contribuiria para uma noção mais realista dos eventos e suas consequências. O conflito israelo-palestino passa por um momento de saturação das negociações de paz, estagnadas desde a Guerra de Gaza. Enquanto os atores e negociadores do conflito ensaiam mais uma tentativa de reanimá-las, abordar a questão pelos ângulos mais diversos possíveis torna-se essencial. Qualquer tentativa de melhor compreendê-lo, contribuir para a diminuição de assimetrias, formar experts, e informar o grande público sobre o que se passa na região, contribui, de alguma forma, para o seu fim. 151 REFERÊNCIAS ABUZAYD, Karen. UNRWA Comissioner-General Karen AbuZayd, Statement to the Security Council Following the End of Operation Cast Lead (EXCERPTS). In: Journal of Palestine Studies. Vol. 38, No.3, (Spring 2009), p. 346-348. ANNAN, Kofi. Report of Secretary-General on Jenin. Disponível em: <http://www.un.org/peace/jenin/index.html>. Acesso em 8 nov. 2012. ASSOCIATED PRESS. Top Media Executives Protest Israel's Ban on Journalist's Entry to Gaza. 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Entre os alvos estavam a formatura de policiais civis onde 60 pessoas morreram, inclusive o chefe da polícia palestina, Maj. Gen. Tawfiq Jaber. Outros alvos incluíram a principal prisão da Cidade de Gaza (CG), que aprisionava oponentes do Hamas (atingiram apenas os portões), uma mesquita (identificada pelas FDI como base para atividades terroristas), e a Al-Aqsa, estação de TV do Hamas. Palestinos dispararam 59 foguetes (atingindo o ponto mais norte até então) e 19 morteiros. Um civil israelense morreu em Netivot e quatro ficaram feridos. Na Cisjordânia, palestinos protestaram contra a operação e entraram em conflito com as FDI em diversos pontos, deixando 3 palestinos mortos, 31 feridos, além de uma criança e um soldado israelense feridos. 28 As FDI reportaram o bombardeamento aéreo e naval de 100 locais, elevando o número de Dezembro: alvos destruídos para mais de 210. O número de palestinos mortos em dois dias de conflito chegou a 300, o de feridos, a 1.300. Os alvos primários das FDI eram cerca de 40 túneis ao longo da fronteira com Rafah. Entre outros alvos estavam diversos prédios da faculdade islâmica (incluindo o prédio de ciências que Israel acusou de envolvimento com a manufatura de foguetes), o escritório do primeiro ministro Ismail Haniyeh, os portos de Gaza e Rafah e três mesquitas que supostamente abrigavam armas. Palestinos atiraram contra Israel 17 foguetes e 18 morteiros, ferindo ao menos 6 civis (incluindo casos de choque). Na Cisjordânia palestinos continuam protestando contra a operação. 29 As FDI relataram atingir 100 alvos, incluindo mais prédios da universidade islâmica, prédios Dezembro: da Autoridade Nacional Palestina (ANP), duas mesquitas, a sede da Al-Aqsa TV e o porto de Gaza pelo segundo dia consecutivo. Oficiais médicos palestinos reportaram 364 mortos e 1.500 feridos desde o início da operação. Palestinos dispararam 66 foguetes, matando 3 civis (um deles um palestino-israelense) e ferindo 5 (três deles palestinos-israelenses). Um morteiro palestino atingiu uma base das FDI em Netivot matando um soldado druso, ferindo gravemente um e outros quatro levemente. O total de israelenses mortos no 3o dia de conflito é entre 4 e 5, o de feridos é 20. 30 A diplomacia internacional começa a mobilizar esforços para uma estabelecer uma trégua Dezembro: humanitária de 48hs e a negociação de um cessar-fogo. As FDI se engajam em 70 ataques 160 aéreos, enquanto a marinha israelense continua bombardeando, causando ao menos 10 mortes, elevando o número de palestinos mortos para 370. Cargas de combustível ainda estão vetadas, levando ao fechamento da usina de energia em Gaza. Na Cidade de Gaza, ao menos 20 ataques aéreos atingiram os escritórios do PM Haniyeh e o principal complexo de prédios da ANP (ambos alvos atingidos anteriormente). Um ataque aéreo atingiu uma ambulância matando um paramédico, ferindo gravemente o médico e o motorista. As FDI lançaram um canal no YouTube com vídeos sobre a operação. Palestinos atiraram 41 foguetes e 10 morteiros contra Israel, danificando uma casa em Sderot, causando ferimentos leves. Um foguete atingiu Bersheeba a 40 quilômetros da fronteira de Gaza, marcando o ataque mais longe até então. Na Cisjordânia, as FDI atiraram munição, balas de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra palestinos que protestavam contra Cast Lead. 31 O gabinete israelense rejeitou a proposta de trégua humanitária, alegando que faltavam Dezembro: mecanismos para executá-la. O líder do Hamas exilado em Damasco, Khalid Mishal, afirmou que o Hamas consideraria qualquer cessar-fogo que incluísse o fim do embargo imposto à Gaza. Já o líder do Hamas em Gaza, Haniyeh, disse que o Hamas não consideraria propostas até que Israel suspendesse os ataques e abrisse todos os pontos de passagem fronteiriços. O comandante da Jihad Islâmica (JI), Amar Abu Ghalula, e três outros militantes do grupo morreram em um ataque à um depósito de armas. Palestinos dispararam 49 foguetes e 15 morteiros, sem vítimas. Quatro mísseis de longo alcance atingiram Bersheeba, um deles atingiu uma escola vazia, causando danos consideráveis a um cômodo. A Comissária General da UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos) declara que, pela primeira vez em oito anos trabalhando com a agência, ela vê palestinos mendigando nas ruas de Gaza. Na Cisjordânia observadores relatam que o apoio ao Hamas tem crescido. Forças da ANP dispersam demonstrações explicitamente pró –Hamas. 1 Israel anuncia que deixará 443 pessoas que possuem passaporte estrangeiro deixarem Gaza, Janeiro: aumentando a desconfiança de que uma ofensiva terrestre estava por vir. As FDI continuaram o bombardeamento aéreo e naval sobre a Faixa. Os alvos incluíram duas mesquitas, um reservatório de água, e a casa do clérigo que fazia o elo entre as alas política e militar do Hamas, Nizar Rayyan. A casa ficava localizada em uma área densamente povoada e o ataque o matou juntamente com suas quatro esposas e onze de seus doze filhos. Palestinos atiraram 59 foguetes (ao menos 10 destes foram lançados pela JI) e um morteiro. Um míssil de longo 161 alcance atingiu um prédio em Ashdod danificando-o severamente, sem vítimas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou para o aumento exponencial das necessidades humanitárias. As FDI selaram a Cisjordânia citando questões de segurança não especificadas. Em uma barreira de controle, tropas israelenses atiraram balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo em membros de um funeral que se recusaram a baixar a bandeira palestina enquanto passava pela barreira. Dois palestinos ficaram feridos. 2 O gabinete de Segurança de Israel aprovou a segunda fase da operação Cast Lead. Enquanto Janeiro: isso as FDI deram sequência ao bombardeamento aéreo e naval de Gaza. Os alvos incluíram casas de oficias do Hamas, o carro onde estava o comandante militar do grupo, Abu Zakariya al-Jamal (morto no instante do ataque) e o aeroporto de Rafah (já severamente danificado por anos de ataques). As FDI acompanharam 226 estrangeiros, que optaram por deixar Gaza, até a fronteira com a Jordânia. 26 foguetes e 15 morteiros foram disparados por palestinos, ferindo levemente dois israelenses. No 7o dia de embate praticamente todas as delegacias de polícia e prédios governamentais haviam sido destruídos. Em Jerusalém centenas de palestinos entram em conflito com policiais israelenses após as orações de sexta. 3 Durante o dia, Israel bombardeou locais específicos da Faixa com a aparente intenção de Janeiro: livrá-los de minas e túneis, em preparação para o envio de forças terrestres. O dia seguiu com bombardeios aéreos e navais. Entre outros, seus alvos estavam duas mesquitas (matando 13 fiéis e ferindo 30 durante as orações noturnas), a rádio Al-Aqsa, e o escritório do jornal alRisala. À noite tem início a 2a fase da operação com uma grande ofensiva terrestre. Durante o dia palestinos dispararam 28 foguetes e 7 morteiros, ferindo levemente dois israelenses. Junto com as tropas terrestres entraram um jornalista israelense e dois internacionais (BBC e Reuters), os primeiros permitidos em Gaza desde o fim de outubro de 2008. Apesar da interdição sobre a entrada de jornalistas continuar, estes foram aceitos, segundo o governo, devido à sua longa história de boas relações com as FDI. 4 As tropas terrestres continuaram a avançar em Gaza com ajuda de ataques perpetrados pela Janeiro: marinha e pela aeronáutica. Enquanto as tropas se concentraram no norte, os ataques aéreos e navais focaram igualmente nas porções norte e sul do território. Palestinos atiraram 29 foguetes (ao menos 12 Grads). Uma casa em Sderot foi atingida e uma mulher foi levemente ferida. Ao menos 47 palestinos morreram durante o dia (incluindo 4 paramédicos), 400 foram feridos (incluindo 3 paramédicos). Um soldado israelense morreu, 16 ficaram feridos (4 gravemente). Na Cisjordânia um soldado israelense atirou fatalmente em um palestino que 162 demonstrava contra a operação. 5 As FDI apertaram o cerco à Cidade de Gaza, mas evitaram entrar em áreas densamente Janeiro: povoadas. A aeronáutica ajudou no avanço das tropas terrestres. Uma casa na Cidade de Gaza onde soldados israelenses colocaram 110 palestinos recolhidos no dia anterior, foi atingida por um ataque aéreo e repetidamente bombardeada matando 30 membros de uma família (incluindo cinco crianças), ferindo muitas pessoas. Um ataque aéreo noturno atingiu uma escola da UNRWA que estava sendo usada como abrigo, matando três membros de uma família. Palestinos atiraram 28 foguetes e cinco morteiros, danificando um jardim de infância vazio e ferindo dois israelenses. Agências humanitárias como a UNRWA e a ICRC alertaram para o fato de que dois terços da Faixa estão sem energia, sofrendo com as temperaturas congelantes do inverno. 6 Os presidentes da França e Do Egito, na época Nicholas Sarkozy e Husni Mubarak, com Janeiro: apoio dos Estados Unidos, pediram um cessar-fogo imediato seguido de negociações sobre o embargo israelense à Gaza e o contrabando palestino. O conflito se intensifica ao redor da Cidade de Gaza, com incursões em áreas urbanizadas pela primeira vez. No ataque mais mortal desde o início da operação, um morteiro disparado pelas FDI do lado de fora de uma escola da UNRWA usada como abrigo matou 42 palestinos e feriu 55 civis. Os mortos incluem dois membros do Hamas que passavam pela área (a escola fica no campo de refugiados Jabaliya) e 40 civis dentro e ao redor da escola, incluindo 16 crianças. Outro ataque em uma área residencial feriu 7 empregados da ONU em uma clínica médica. A ONG Save the Children alerta para o fato de que as crianças de Gaza correm perigo de hipotermia por falta de eletricidade e combustível para prover calor no frio congelante do inverno. A situação piora, pois muitas famílias dormem de janelas abertas para não se ferirem com estilhaços em caso de ataque. 7 As FDI conduziram mais de 40 ataques aéreos sobre Gaza, incluindo os prédios da ANP (já Janeiro: atingidos diversas vezes). O CICV relatou ter encontrado 16 corpos (7 mulheres, 6 crianças, 3 homens) e 18 palestinos gravemente feridos (incluindo 4 crianças esqueléticas, fracas a ponto de não conseguirem andar), em um emaranhado de casas destruídas na Cidade de Gaza. O CICV afirma ter recebido alertas sobre esta situação no dia 3 de janeiro, mas reportaram que as FDI barraram ambulâncias e equipes de resgate de chegarem ao local. Equipes internacionais acabaram por entrar com carroças para tirar os feridos. O CICV tentou voltar para retirar os corpos, mas o local havia sido selado pelas FDI. Este episódio fez 163 com que o escritório do CICV em Genebra expedisse uma rara condenação à Israel, chamando a conduta das FDI de “inaceitável”, afirmando que o Estado judeu havia “falhado em cumprir sua obrigação perante a lei internacional de cuidar e evacuar os feridos”. Na Cisjordânia os protestos prosseguiram diariamente, com as FDI atirando balas de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra palestinos e ativistas interacionais que demonstravam contra a operação. 8 O Conselho de Segurança da ONU passou por 14 a 0 (com a abstenção dos Estados Unidos), Janeiro: a resolução 1860, demandando um “cessar-fogo imediato, durável e totalmente respeitado, que leve à retirada completa das tropas israelenses de Gaza.” Israel afirmou que não interromperia a operação até que um cessar-fogo com o Hamas pudesse ser garantido. As FDI realizaram mais 60 ataques em Gaza. Palestinos dispararam ao menos 15 foguetes e um morteiro, ferindo levemente quatro israelenses. Soldados das FDI atiraram contra trabalhadores humanitários da ONU e do CICV, que haviam coordenado seus movimentos com antecedência com o exército, oferecendo informações precisas sobre sua rota, horário e veículos. Um motorista da ONU morreu e dois ficaram feridos. Um trabalhador do CICV também foi ferido. O comando geral da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) disparou quatro foguetes do sul do Líbano contra Israel e as FDI revidaram. O Hezbollah, o governo Libanês, o Fatah e representantes do Hezbollah no Líbano condenaram o ataque, assegurando Israel que não tinham a intenção de abrir um segundo front. Manifestações continuaram na Cisjordânia, com um palestino morto ao supostamente tentar incendiar um posto de gasolina próximo a um assentamento judaico. 9 Ataques aéreos, navais e terrestres de alta intensidade continuaram através da Faixa de Gaza. Janeiro: Um ataque aéreo atingiu o topo de um prédio que abrigava os escritórios de 20 agências internacionais de notícias. Na Cidade de Gaza houve relatos de combates a curta distância, com palestinos atirando munições antitanque, morteiros e fazendo uso de franco-atiradores contra as tropas israelenses. Palestinos atiraram 30 foguetes e um morteiro contra Israel. A ONU e agências humanitárias retornaram seus trabalhos à escala normal após receberem garantias do governo israelense de que não seriam atacados novamente. 10 As FDI relataram terem atacado aereamente 120 alvos, assassinando o chefe do braço Janeiro: armado do Hamas, Ahmad Jabari. Outros alvos incluíram 21 locais que supostamente armazenavam armas (incluindo uma mesquita, uma escola e a casa de membros do Hamas). 164 Um ataque aéreo destruiu o depósito de combustível, o gerador de eletricidade e o sistema de abastecimento de água do hospital europeu em Gaza. Houve relatos de artilharia pesada sendo usada no campo de refugiados, Jabaliya (onde 8 membros de uma família morreram). O número de palestinos mortos após 13 dias de conflito é estimado em 820-840. Palestinos dispararam 9 foguetes e 10 morteiros contra Israel. O Estado judaico cumpre uma trégua humanitária de 3 horas para permitir agências humanitárias recuperar corpos e distribuir comida, mas não permite a entrada de novos carregamentos de ajuda. Protestos e confrontos com as FDI continuam através da Cisjordânia. 11 Israel lança a incursão mais profunda em Gaza até então. O ataque intensificado começou Janeiro: antes do amanhecer com tanques e tropas terrestres, o apoio de helicópteros armados e F16s, resultando nos confrontos mais violentos registrados até então. Os ataques aéreos das FDI contra túneis na fronteira de Rafah danificam 10 casas na fronteira egípcia, ferindo gravemente dois policias de fronteira e duas crianças egípcias. Oficiais egípcios afirmam que Israel violou o espaço aéreo egípcio diariamente desde o início da operação, danificando prédios, uma mesquita, destruindo vidros e causando falta de energia no Egito. Palestinos dispararam mais de 20 foguetes, 8 morteiros e um Grad, que atinge um jardim de infância vazio em Ashdod. 12 O governo israelense começou a debater a inauguração da fase três da operação, e definiu Janeiro: decidir em 2 ou 3 dias se a expande ou diminui o fôlego de Cast Lead. As FDI acreditavam que este tempo seria suficiente para que as forças terrestres fizessem todo o trabalho possível no território, nomeadamente abrir áreas urbanas e enfraquecer a capacidade de disparar foguetes do Hamas. As FDI relataram mais de 120 ataques aéreos. Os ataques ficaram tão intensos que fazer estimativas sobre o número de mortos palestinos não era possível. UNRWA relata que ao menos 19 crianças morreram e 52 ficaram feridas durante operações noturnas. Palestinos dispararam 17 foguetes e 7 morteiros causando danos, mas sem deixar feridos. Protestos e conflitos persistem na Cisjordânia. 13 Janeiro: As FDI intensificaram os ataques sobre Gaza pelo segundo dia consecutivo. Esforços internacionais para a mediação de um cessar-fogo liderados pelo Egito também foram intensificados. As FDI relataram ter executado mais de 160 ataques aéreos. Palestinos reportaram 12 horas de bombardeamento constante da fronteira de Rafah, com a FDI 165 alegando ter atingido 90 túneis utilizados para contrabando. Palestinos atiraram cerca de 11 foguetes e 6 morteiros, sem qualquer registro de dano ou vítimas. As ONGs Humans Right Watch e Médicos sem Fronteiras reclamaram dos atrasos e restrições de Israel, que lhes permitam importar apenas uma fração dos itens necessários para ajudar a população. Na Cisjordânia um jovem que supostamente tentou pegar a arma de um soldado foi morto a tiros. Um judeu morador de um assentamento atirou contra um grupo de palestinos jovens matando um. O número de mortos palestinos é estimado em 971, o de feridos, e 4.400. A estimativa israelense gira em torno de 14 mortos e mais de 125 feridos. 14 As FDI reportaram terem engajando-se em 120 ataques aéreos. Os alvos incluíam 16 túneis Janeiro: de contrabando, ao menos 10 supostos armazéns de armas (incluindo uma mesquita) e 24 locais de lançamentos de foguetes. Palestinos atiraram 14 foguetes, 2 morteiros, incluindo 4 Grads, sem causar danos ou vítimas. Grupos de Direitos Humanos israelenses (incluindo Amnesty International – Israel, B’Tselem Gisha, Physicians for Human Rights-Israel) caracterizaram as restrições impostas por Israel sobre ajuda humanitária e o acesso de equipes médicas à Gaza como uma “ violação óbvia das leis de guerra.” 15 O vigésimo dia da operação Cast Lead foi marcado por esforços diplomáticos para o Janeiro: estabelecimento de um cessar-fogo, mas também pelos ataques mais pesados sobre Gaza desde o início da guerra. As tropas avançaram mais profundamente no território, apoiadas por ataques aéreos, artilharia tanques e tiros de artilharia. As FDI executaram mais de 80 ataques aéreos, atingindo ao menos 23 locais de lançamento de foguetes e morteiros, supostos armazéns de armas (incluindo três mesquitas), quatro túneis e uma estação de rádio na CG. Relatos de que Israel estaria fazendo uso de fósforo branco em áreas densamente povoadas crescem. As FDI atacaram o principal depósito de comida da UNRWA, os escritórios da Palestinian Red Crescent Society, o hospital adjacente, Quds Hospital, e os escritórios compartilhados pela Abu Dhabi TV, al-Arabiyya TV, Reuters e o canal russo, Rusiya al-Yaum. Outros hospitais na Cidade de Gaza foram atingidos por morteiros israelenses. Palestinos atiraram 15 foguetes e 8 morteiros, ferindo gravemente um menino de 7 anos. Sem citar motivos específicos, as FDI impõe o fechamento total da Cisjordânia, e continuam a fazer batidas à noite - que aconteceram durante toda a guerra. 16 Em Washington, a então ministra das Relações Exteriores israelense, Tzipi Livni, conseguiu 166 Janeiro: a assinatura do “Memorandum of Understanding” (MOU), sobre medidas para inibir o contrabando de armas do Hamas. Este memorando tinha o intuito de facilitar a aceitação israelense da cessar-fogo proposto pelo Egito e Hamas. Em um incidente altamente midiatizado, granadas atingiram uma casa na Cidade de Gaza matando quatro jovens garotas (três irmãs e uma prima). O pai das três irmãs é um médico palestino proeminente, que aparecia com frequência como analista na TV israelense. Ele ligou para o jornal das 10 da ITV implorando por assistência médica para a sua família e reportou a morte das filhas. Em outro incidente as FDI atingem uma casa que recebia visitas de condolências, matando uma mãe e seus cinco filhos. Palestinos atiraram 22 foguetes e 5 morteiros, ferindo três israelenses, um gravemente. Na Cisjordânia, seguem os protestos e conflitos com as FDI. 17 Com o MOU em mãos, cartas de líderes europeus se comprometendo com os esforços Janeiro: expostos no memorando e uma mensagem privada de Mubarak, o governo israelense declarou formalmente um cessar-fogo unilateral a tornar-se efetivo às 2 horas da manhã do dia 18 de janeiro. O Hamas condenou Israel por ter ignorado os esforços egípcios para obter uma trégua acordada por ambas as partes. As FDI relataram o bombardeamento de túneis na fronteira de Rafah que duraram 10 horas. Uma escola da UNRWA que estava servindo de abrigo para 1.600 palestinos é atingida, matando dois irmãos, ferindo 36 pessoas, inclusive a mãe dos meninos, que perdeu as duas pernas. Palestinos atiraram 19 foguetes e 5 morteiros, ferindo levemente 5 israelenses. 18 O cessar-fogo tornou-se efetivo como planejando, marcando o fim oficial da operação Cast Janeiro: Lead. Israel seguiu o cessar-fogo retirando tropas de Gaza, mas manteve a política de atirar em palestinos que ficassem muito perto da cerca ou se aproximassem de tropas deixando o território. Após atirarem 15 foguetes contra Israel, o Hamas declarou seu próprio cessar-fogo, mas alertou que continuaria lutando caso as tropas israelenses não fossem retiradas rapidamente. Os esforços diplomáticos passaram a se concentrar em manter o cessar-fogo e conseguir fundos para a reconstrução de Gaza. Palestinos tentando retornar às suas casas encontraram cenários de devastação, fazendo com que voltassem aos abrigos da UNRWA. Equipes de resgate trabalhando em áreas altamente devastadas relataram encontrar diversos corpos nos escombros. Trabalhadores palestinos começaram a reparar as redes de água e eletricidade. Israel permitiu a entrada de 150 caminhões de ajuda humanitária em Gaza. Quadro 1: Operação Cast Lead Fonte: Esposito 167 President's Radio Address In Focus: Middle East For Immediate Release Office of the Press Secretary January 2, 2009 THE PRESIDENT: Good morning. Over the past week, I have been monitoring situation in the Middle East closely with the members of my national security team. Secretary Rice is actively engaged in diplomacy. And I've been in contact with leaders throughout the region -- including the King of Saudi Arabia, the King of Jordan, the President of Egypt, the President and Prime Minister of the Palestinian Territories, and the Prime Minister of Israel. This recent outburst of violence was instigated by Hamas -- a Palestinian terrorist group supported by Iran and Syria that calls for Israel's destruction. Eighteen months ago, Hamas took over the Gaza Strip in a coup, and since then has imported thousands of guns and rockets and mortars. Egypt brokered a ceasefire between Hamas and Israel, but Hamas routinely violated that ceasefire by launching rockets into Israel. On December 19th, Hamas announced an end to the ceasefire and soon unleashed a barrage of rockets and mortars that deliberately targeted innocent Israelis -- an act of terror that is opposed by the legitimate leader of the Palestinian people, President Abbas. In response to these attacks on their people, the leaders of Israel have launched military operations on Hamas positions in Gaza. As a part of their Archives strategy, Hamas terrorists often hide within the civilian population, which puts innocent Palestinians at risk. Regrettably, Palestinian civilians have been killed in recent days. TheUnitedStatesisdeeplyconcernedaboutthehumanitariansituationfacing the Palestinian people. Since Hamas's violent takeover in the summer of 2007, living conditions have worsened for Palestinians in Gaza. By spending its resources on rocket launchers instead of roads and schools, Hamas has demonstrated that it has no intention of serving the Palestinian people. America has helped by providing tens of millions of dollars in humanitarian aid, and this week we contributed an additional $85 million through the United Nations. We have consistently called on all in the region to ensure that assistance reaches those in need. And as I told President Mubarak, America appreciates the role Egypt has played in facilitating the delivery of relief supplies in recent days. In addition to reducing humanitarian suffering, all nations must work toward a lasting end to the violence in the Holy Land, and a return to the path of peace. The United States is leading diplomatic efforts to achieve a meaningful ceasefire that is fully respected. Another one-way ceasefire that leads to rocket attacks on Israel is not acceptable. And promises from Hamas will not suffice -- there must be monitoring mechanisms in place to help ensure that smuggling of weapons to terrorist groups in Gaza comes to an end. I urge all parties to pressure Hamas to turn 168 away from terror, and to support legitimate Palestinian leaders working for peace. In the days ahead, the United States will stay closely engaged with our partners in the region, in Europe, and in the international community. My Administration will continue to keep the President-elect and his team informed. And America's objectives in the Middle East will remain clear: We seek security and peace for our allies, the free people of Israel. For the Palestinian people, we seek a peaceful and democratic Palestinian state that serves its citizens and respects its neighbors. For all in the region, we seek an end to terror. And we seek an enduring peace based on justice, dignity, and human rights for every person in every nation of the Middle East. Thank you for listening 169 ANEXO A Define the objectives in Gaza Even if the invasion continues for many days and even weeks, it will end in an agreement, or at least an understanding similar to that reached last June. Haaretz Editorial | Dec.28, 2008 | 1:43 AM The government launched a military campaign in Gaza yesterday. In the first wave of aerial assaults, more than 200 Palestinians were killed and Hamas' retaliatory fire killed one Israeli civilian from Netivot. Hundreds were wounded on the Palestinian side, as were dozens of Israelis. "This is the time for battle," the defense minister said in highlighting the new reality that has taken hold in recent weeks in Sderot, Ashkelon, and the western Negev. It is possible to understand the logic of the Israel Defense Forces response. It did not need the inflammatory rhetoric of the news media, which often acted like cheerleaders competing with one another. Nor did it need the winds of the election, which propels the sails of headline-hungry politicians. The residents of the western Negev, who have lived in fear on a daily basis, petrified elementary school children, and the constant violation of a soverign state's territory - these are what provide legitimacy for the operation. But understanding is no substitute for wisdom, and the inherent desire for retribution does not necessarily have to blind us to the view from the day after. The expression "time for combat" still does not elucidate the goals of the assault. Does Israel seek to "just" send Hamas a violent, horrifying message? Is the intention to destroy the organization's military and civilian infrastructure? Perhaps the goal is far-reaching to the point of removing Hamas from power in Gaza and transferring rule to the Palestinian Authority, headed by Mahmoud Abbas? How does Israel intend to realize these goals? The aerial assault on its own, as one may recall from the Lebanon War, cannot suffice. Does the IDF plan on deploying thousands of soldiers in the streets of Gaza? And what will the number of casualties be at this stage? A public that has learned from experience cannot assume once again that the government knows what it is doing, particularly since its leaders have struggled in formulating a consistent stance in recent weeks. That same public knows well, and not only from the Lebanon experience, that working toward long-term goals that would completely change the landscape in the region, like toppling Hamas from power in Gaza, is liable to turn out to be a wild fantasy. It would be best to make do with immediate goals and with measured, calculated accomplishments that could restore quiet, particularly the cease-fire Israel enjoyed for five months, which enabled Gaza residents to lead reasonable lives. Israel's violation of the lull in November expedited the deterioration that gave birth to the war of yesterday. But even if this continues for many days and even weeks, it will end in an agreement, or at least an understanding similar to that reached last June. Hamas' terms for calm have not changed: a cessation of the attacks on Gaza and the organization's activities in the West Bank, a reopening of the Gaza border crossings, and a release of Palestinian prisoners. Israel's demands will also remain as they were: a halt to rocket attacks on its towns. It would behoove both sides to enlist every possible mediator - from Egypt to Qatar to the United States and Europe - to implement those terms. One may assume that the military message Israel sent was fully understood. It would be best not to turn it into a disaster that would preclude a future agreement. 170 Defend, don't invade The initial aerial assault should lead to a diplomatic move whose goal is a genuine cessation of fire and the return of Gilad Shalit, without any winking or excuses by Hamas. Haaretz Editorial | Dec.29, 2008 | 1:09 AM "We have no goals of occupation," declared then-defense minister Moshe Dayan in June 1967 on the eve of the occupation of the West Bank, Gaza Strip, Sinai Peninsula and Golan Heights. There may have been no such goals, but occupation there certainly was - and it is still exacting a price four decades later. The current Israel Defense Forces operation in Gaza began with air strikes. In its first two days, there have been no reports of ground troops entering the Strip. But appetite is liable to overcome common sense and this tendency must be fought. Israel must adhere to the outline of Operation Cast Lead thus far, eschewing any major invasion that will end in occupation, a military administration and months (if not years) of fighting the local forces who will inevitably oppose the occupiers. The current heads of the defense establishment took over last year from those who lost their lofty positions due to the Second Lebanon War - Ehud Barak from Amir Peretz and Gabi Ashkenazi from Dan Halutz. And their desire to avoid repeating their predecessors' mistakes is readily apparent. One of the charges made against the conduct of the Lebanon war was the slowness with which the ground operation was prepared and executed. In the two years since then, both IDF officers and the politicians above them have spoken about improving Israel's capabilities in conducting land maneuvers - in other words, its ability to send infantry, armor and other ground-based forces into a war. But despite the temptation to prove that this effort has borne fruit, Gaza must not be viewed as a makeup for Lebanon. The operation's limited goals, as described by both the decision-makers and planners, do not justify getting entangled in a ground operation. In order to defend Israel's citizens at a time when the "Gaza envelope" is expanding from Sderot, the western Negev and Ashkelon to Ashdod, Yavneh, Kiryat Gat and other towns to the west and north, military force should be employed proportionately - in part so that the operation's goals will not become so ambitious as to be impossible to achieve. Reestablishing the case-fire on better terms and with better supervision is a reasonable goal. Toppling the Hamas regime, or eradicating the last rocket factory where the last Hamas member is making the last Qassam rocket, are not reasonable goals, in part because they are unachievable without a prolonged presence on the ground in Gaza. Over the last few years the terrorist organizations in the Strip - Hamas, Islamic Jihad and smaller groups - have been preparing to welcome the IDF with tunnels, bombs, ambushes and antitank missiles. Combat in densely populated urban areas is liable to result in numerous IDF casualties and will inevitably harm the civilian population in whose midst the clashes will take place. It could be that momentary operational opportunities will justify selective deployment of special forces, but executing any plan that involves operating deep inside Gaza and encompasses brigades and divisions would violate the logic of a limited operation. The initial aerial assault should lead to a diplomatic move whose goal is a genuine cessation of fire and the return of Gilad Shalit, without any winking or excuses by Hamas. Israel is entitled to exercise its right to self-defense, including via offensive measures. But it must not overreach on the ground. 171 Not a test of citizenship As long as Israel does not lift a finger to rebuild the trust between it and its Arab citizens, it must not blame them for failing any faux loyalty tests it sometimes subjects them to. Haaretz Editorial | Dec.30, 2008 | 2:15 AM The argument that raged in the Knesset yesterday between MKs from the right and their colleagues from the Arab parties (joined by Arab representatives from the Labor Party) did not gain the speakers any prestige. Even worse, it added another unnecessary layer of suspicion, score-settling and hostility between the state and its Arab citizens. A war between Israel and her neighbors places Israel's Arab citizens time and again under wrenching, burdensome scrutiny. Even those who believe that the attack on Hamas' centers of operation in Gaza is justified cannot harden their hearts to the heavy price in blood this military action exacts. They must take into account that anyone who views these images does so with a torn heart. The distress of Israel's Arab citizens has worsened in recent years because the establishment's promises about closing the socioeconomic gap between the Arab and Jewish populations have all been broken. The bitter memory of the events of October 2000 and the recommendations by the Or Commission (established after the riots) that have yet to be enacted exacerbate the sense among this 20 percent of the population that it is viewed as a second-class community. Government after government neglected this constituency and its villages, town and cities, abandoning their educational, welfare and even municipal councils to the hands of private organizations, among them religious or nationalist extremists. The price of this dereliction is steep, and it attests to the growing alienation of many youths from the State of Israel and its institutions. What was yesterday's barrel of explosives that fostered a sense of persecution is likely to erupt now in a flame of disappointment, insult and anger. A burning torch was thrown into this danger zone yesterday by Likud chairman Benjamin Netanyahu and Yisrael Beiteinu chief Avigdor Lieberman, though no less by the heads of the Arab parties. Acting with total irresponsibility, Netanyahu promises to handle "Hamas' supporters from within - with an iron fist," as if he does not understand that this is not support of Hamas but rather empathy for the tragic fate of Gaza's residents. Lieberman and all the Arab lawmakers, for their part, exchanged verbal low blows. There is no doubt that the hardening of stances is encouraged by the coming elections, and it is clear that Netanyahu, Lieberman, Mohammed Barakeh, Ahmed Tibi and others do not express the feelings and desires of most of Israel's citizens, Jews and Arabs. This is not the first time the Arab leadership in Israel is guilty of adopting more extreme positions to the detriment of the constituency it claims to represent, yet a strong democracy is not supposed to be frightened of an ostracized portion of the population, even in times of crisis. Rather, it must work to dissolve the forces of ostracism. As long as Israel does not lift a finger to rebuild the trust between it and its Arab citizens, it must not blame them for failing any faux loyalty tests it sometimes subjects them to. On the contrary, it must show restraint despite the difficulty in doing so, and it must view their pain and protests with understanding. 172 Hold the election as scheduled The public is entitled, and perhaps even obligated, to take part in an election that focuses on the military and civilian questions. By Editorial Dec.31, 2008 | 2:04 AM Like a chorus preparing for a ritual right after the start of the attack on the Gaza Strip, with ostensibly responsible, solemn and grave-faced seriousness, politicians from left and right have proposed postponing the elections. Not only is the ritual familiar, the justifications are nothing new. It is a time of emergency, say the proponents; the country is busy with a war and at such moments there is no room for differences in outlook, political struggles or competition over Knesset seats. The idea is absurd. The elections are not scheduled for next week but for more than a month from now, and it may be presumed - or at least hoped - that by then the war will have ended and a cease-fire will have been achieved. Even if this does not happen and the war becomes more complicated and spawns bitter results that harm the home front, as happened two years ago in the Second Lebanon War, the public is entitled, and perhaps even obligated, to take part in an election that focuses on the military and civilian questions. There is no good or bad date for an election. Any date, especially in Israel, invites political pressures. This is damaging, but even worse is the pretense of unity in the ranks, the eradication of the differences between right and left, hawks and doves, and the effective quashing of the possibility of conducting a legitimate political struggle. A war, be it short or long, initiated or forced, is not a convincing and justified reason for canceling the most important democratic procedure, which gives citizens the ability to influence the decisions that determine their fate at every hour. By such a criterion, the election should have been postponed due to the economic crisis, the mass layoffs and rise in unemployment, or the increasing strength of organized crime. However, the panicky need for unity in the ranks and unity of opinions, which hides behind the excuse that "this isn't the time for politics," is nothing but a political, cynical and selfrighteous exploitation of the war, precisely to establish and strengthen political stances. And worse than that - political standing. Not one of the politicians who have proposed postponing the elections have declared that they will not appear in the media, especially radio and television. Nor have any of them avoided getting their picture taken in a home destroyed by a Qassam, or paying a condolence visit to a family that lost someone to a rocket. On the contrary, all of them are taking very good advantage of the opportunity, making rousing speeches and setting forth the entire political platform that they want, ostensibly, to postpone. Everything, so the proponents hope, is forgotten amid the shooting, fear and blood: the water crisis that could have been averted, the failure in education, the populist economy, the creaking health system, inadequate air safety and the scandalous corruption that brought the elections forward in the first place. All of these must be remembered by the Knesset members. Those who represent the public and not some politician trying to catch a ride on the emergency must ensure that the election is held as scheduled. 173 Time for diplomacy The cabinet must give international countries such as the United States, Egypt, Turkey and France - who seek to broker a cease-fire - the chance to do so. Haaretz Editorial | Jan.01, 2009 | 1:38 AM Yesterday, on the fifth day of Operation Cast Lead, defense sources said the Gaza "target bank" is becoming depleted. The head of the Shin Bet security service, Yuval Diskin, told cabinet members that Hamas' weapons labs were entirely destroyed and dozens of arms-smuggling tunnels significantly damaged. Nonetheless, Hamas continues to launch rockets at towns in the northern Negev and even expanded its range to hit Be'er Sheva. As became evident in the Iraq and second Lebanon wars, air forces cannot subdue armed militias terrorizing or supported by civilian populations. It is likely that a massive ground operation deep into the Gaza Strip would hit more Hamas installations and further reduce the rocket and missile fire, which has made the lives of Israelis in the south a nightmare. However, as long as the sides have not agreed on long-term arrangements to restore calm, it appears that only reconquering Gaza and a long stay there will ensure some sort of security for people in the south. But that means a lengthy conflict with the local terror organizations and could lead to heavy losses of troops in the Israel Defense Forces. Furthermore, lacking any other sovereign entity, Israel will have to take responsibility for the welfare of one and half million Palestinians. This means back to the old days of military rule. Prime Minister Ehud Olmert and Foreign Minister Tzipi Livni, who oppose a renewed cease-fire, must explain to whom they plan to hand over control after they "destroy the Hamas regime." Do they believe that Mahmoud Abbas will deign to return to Gaza on the turret of an Israeli tank? The bitter experience of Operation Defensive Shield that critically damaged the Palestinian Authority's infrastructure should have taught policy makers that a central regime, problematic as it may be, is preferable to no regime and a military victory is not an alternative to a diplomatic solution to a conflict. Carl von Clausewitz, one of the fathers of modern military theory, stated in the early 19th century that "war is a continuation of politics by other means". Now, on the sixth day of the war, it is not at all clear what policy the state seeks to advance by continuing Operation Cast Lead. In contrast, it is clear that each additional day of trading fire and civilian casualties gnaws at the broad diplomatic support the military operation has received from the leaders of the Western world. The question facing our policy makers is if striking a few dozen more Hamas members and destroying another public building are worth the loss of international support including the agreement or silence of important Arab neighbors. The cabinet must give international entities and countries such as the United States, Egypt, Turkey and France - who seek to broker a cease-fire and draft a better cease-fire agreement - the chance to do so. Even if they fail and Israel must continue the attack it will gain broader maneuverability both in the region and around the world. 174 Cease-fire at the top, too Political considerations and personal arguments must not take a leading role in the decision to go to war and jeopardize the lives of soldiers and civilians. Haaretz Editorial | Jan.02, 2009 | 1:22 AM Prime Minister Ehud Olmert justifiably expects the Israeli public to rally around the Israel Defense Forces operation in the Gaza Strip and the rocket-ravaged residents of the south to remain steadfast. But Olmert should make the same demands on himself and his partners at the helm of the state. A well-publicized disagreement between Olmert, Defense Minister Ehud Barak and Foreign Minister Tzipi Livni began in the weeks before Operation Cast Lead and has grown since the fighting began last Saturday. At the center of the disagreement are allegations of the exposure of operational secrets and abuse of authority, as well as arguments over the public credit for what initially appeared to be a military success. Olmert, Barak and Livni are politicians, and as such they cannot be expected to ignore their feelings and aspirations. Barak and Livni are also the leaders of parties that are competing in an election campaign and fighting over the same electorate. Their personal-political rivalry is understandable. Olmert is not a candidate himself, but he has a long, still-open account with his two senior ministers. Barak led to his being forced to resign, and Livni attacked him and then succeeded him as the head of Kadima. Nearing the end of his time in office, Olmert is also fighting to save his honor and his image from the fatal wounds they sustained from his poor management of the Second Lebanon War. That is the background to the personal conflict at the top, which has also turned into a policy dispute. Barak championed the cease-fire agreement with Hamas and argued in favor of waiting, and establishing internal and external legitimacy for a military operation before launching it. Livni pushed for harsh military responses to rockets fired from Gaza and called for bringing down the Hamas government there. Olmert hesitated until he was persuaded that military action was necessary, and then won Barak over to his side. The moment the decision to launch the operation was made, the members of this troika should have put their personal rivalries on the back burner, together with the election campaign, to focus on pursuing the war and obtaining a good cease-fire agreement. Unfortunately, this did not happen. Instead of demonstrating solidarity and perseverance, Olmert, Livni and Barak are busy polishing their images in the media. This situation reached its peak with the proposal by French Foreign Minister Bernard Kouchner for a 48-hour "humanitarian pause" in the fighting. The role reversal was peculiar but understandable in terms of their election platforms: Barak conducted the talks and expressed support for the idea, while Livni joined Olmert in shooting it down. As if that were not enough, Olmert also made a point of publicizing his "reprimand" of Barak for his conversation with Kouchner. Discussions and disagreements are permissible and appropriate even during wartime, and there is no need to stifle them for the duration, but political considerations and personal arguments must not take a leading role in the decision to go to war and jeopardize the lives of soldiers and civilians. The people whose homes are under fire and the soldiers who could be ordered to invade the Gaza Strip must know that the risk they are taking is for a national goal, and that they are not pawns on some political chessboard. 175 Time for diplomacy After a week of aerial activity, we cannot let a ground operation deepen, prolong and complicate the chances for a quick end to the operation. Haaretz Editorial | Jan.04, 2009 | 1:41 AM After eight days of fighting in Gaza, it is still difficult to ascertain whether general goals have been achieved, and whether we have reached a strategic turning point. The assassination of senior Hamas officials, the partial destruction of tunnels and the bombing of buildings used by the Hamas leadership have not stopped the rocket fire on Israel, nor have they prompted Hamas to announce a policy change. The need to present an achievement has compelled the civilian leadership to add a ground campaign to the aerial onslaught. After being repeatedly postponed last week, a ground campaign was launched last night. Those who back the operation are already imagining Hamas collapsing, its leadership fleeing or killed, and house-to-house searches for weapons to be destroyed. After the operation, Gaza would be returned to Palestinian Authority control, purged of terrorism - the Lebanon dream realized in Gaza. This is what these people believe. It would be best to cut this dream short before it turns into a dragged-out nightmare, and to limit the ground operation to more modest goals. The ground operation's enthusiasts were boosted by U.S. President George W. Bush in his remarks two days ago. Bush expressed understanding for Israel's need to defend itself, and even characterized the war in Gaza as a war on terror. They can also seemingly grab onto Egypt's criticism of Hamas. Yet Israel's problem is not the legitimacy of the war, but the increasingly growing legitimacy of Hamas. This legitimacy is not intrinsic to Israel's battle for public opinion, but to Israel's solidifying image as a regional bully. Some here are still convinced that the bully image is good for deterrence, but this image has yet to help prevent war. On the other hand, we may now be seeing an opportunity to conclude the war diplomatically. A number of proposals are on the table, including those by Egypt, Turkey and the UN secretary general. In addition, the French offer of a humanitarian cease-fire, which would allow Gaza to receive hospital supplies, food and fuel shipments, still stands. It will not hamper Israel's military or diplomatic capabilities to consider these proposals seriously. They are even likely to bring Israel the important achievement it has been seeking: a change in the security situation on the Gaza border. This is the time to move from war to diplomacy. After a week of aerial activity, we cannot let a ground operation deepen, prolong and complicate the chances for a quick end to the operation. 176 Lull now Considering his contribution to Israel's improved standing in Europe, it would do well to respond affirmatively to Sarkozy's proposed cease-fire agreement. Haaretz Editorial | Jan.05, 2009 | 1:37 AM French President Nicolas Sarkozy's visit to Jerusalem today provides Israel with an exit ramp from the fighting against Hamas in Gaza. Sarkozy proposes declaring a lull in combat, which would test whether Hamas would agree to halt firing rockets. Israel would do well to respond affirmatively to the proposal, which protects its right to respond with force in the event the Palestinians continue firing from the Gaza Strip. The lull would also be a good opportunity to halt the ground operation and pull back the Israel Defense Forces to Israel proper. In its decision to deploy ground troops in the operation, Israel showed that it is not deterred from assuming risks to defend its citizens, and it proved that its army is not afraid of engaging "armed" Palestinians in combat. But it is difficult to understand the purpose of prolonging the ground operation, which is liable to end in a difficult entanglement and casualties. Israel embarked on Operation Cast Lead with the aim of stopping rocket and mortar fire on its territory, weakening Hamas and improving the security situation in the south. It is vital to preserve these goals and not get dragged into a futile pursuit of Hamas in an effort to topple its regime. Experience teaches that expanding the set of objectives complicates achieving them, turning a lightning-quick operation into a long war of attrition. The government and IDF succeeded in mustering domestic and international legitimacy to an extensive military operation against the rocket fire, and it would be a pity to risk that legitimacy if the fighting drags on "until Hamas waves a white flag." It is in Israel's interest that Hamas, which has absorbed a blow, hold its fire and impose the lull on other organizations in the Strip as well. The IDF operation is designed to lend credibility to Israel's threats that it will not tolerate rocket fire on its sovereign territory. A few more days of fighting and hundreds more dead on the Palestinian side will not enhance Israeli deterrence; it will only undermine the political and moral basis of the operation. Sarkozy is a friendly leader who during his term in office has contributed to Israel's improved standing in Europe. Israel can return the favor for his support and bestow on him a diplomatic achievement if it adopts his initiative for a lull in the fighting and declares its readiness to begin immediate negotiations on a new, stable security arrangement in the Gaza Strip. 177 The right to express protest The security services alleged use of intimidation tactics to prevent legitimate protest against the current campaign may lead to more acts of violence. Haaretz Editorial | Jan.06, 2009 | 1:43 AM In the last few days, the Shin Bet security service questioned dozens of Arab Israelis, while others were subjected to warnings aimed at deterring them from participating in demonstrations against the Israel Defense Forces operation in the Gaza Strip. Those taking part in demonstrations in Jaffa, Sakhnin and Shfaram were brought in for "clarification talks" even in cases when the demonstrations had been authorized. The Shin Bet approved the questioning and explained that, "In recent days a number of violent incidents, with nationalist character, have taken place in Israel. These incidents included arson, stone-throwing and firebombs. As a result of these incidents, arrests were made." In parallel, charges were brought in the Tel Aviv Magistrate's Court against left-wing activists who blocked the entrance to the Sde Dov airbase on Friday, in protest of Operation Cast Lead. The activists were charged with unlawful entry into a military area, participation in a forbidden gathering and interfering with a police officer as he tried to carry out his duty. The judge rejected the prosecution's request to keep the defendants in custody until the end of the legal proceedings, something normally done when the court believes that releasing the suspects poses a threat to the public. A democratic society must differentiate, even in wartime, between activities that raise genuine fears of violence or that really incite to violence, like those from October 2000, and the right of every citizen to take part in demonstrations that do not involve serious violence. In a long series of decisions, the Supreme Court has established the freedom to demonstrate as a right "at the highest level of human rights." The right to demonstrate and to protest is part of the freedom of expression and is "one of the loftiest expressions of the idea of human dignity and freedom." This right is not revoked even during war. Today, gatherings and demonstrations are regarded in the democratic world as an acceptable and natural means of manifesting the constitutional right to protest that stems from the freedom of expression. Demonstrations during war are known phenomena even as soldiers are risking their lives. The freedom to demonstrate, like every other constitutional right, is not absolute. It is subordinate to the obligation to obey the law and to act in line with its rules and guidelines. Considerations of public order and public safety are relevant and could justify limits on demonstrations, but not their banning. According to reports, the security services are using intimidation tactics to prevent legitimate protest against the current campaign. Such means are not only excessive but have also been demonstrated as counterproductive. Repressing the freedom of expression normally transforms dialogue into acts of violence that could have been prevented, and it is imperative to prevent this from happening, especially during times of war. 178 The risk of complications Haaretz Editorial | Jan.07, 2009 | 2:13 AM The grave incident in which a UNRWA school in the Jabalya refugee camp was shelled, killing dozens of civilians, attests to the risk of complications that dogs any operation such as Cast Lead. The operation in Gaza is nearing the end of its second week, but Israel still cannot say it has achieved its goals. According to the Israel Defense Forces, Hamas' military networks have been battered and the organization's leadership is broadcasting willingness to call a cease-fire, but not on the terms that Israel wants. At the same time, the IDF has suffered casualties, including from friendly fire, which is natural when an army fights under conditions of uncertainty that lead to mistaken identities. On the domestic front, the public has so far displayed noteworthy stamina, despite repeated rocket attacks on Ashkelon, Ashdod and Be'er Sheva, and the fact that the area vulnerable to Hamas' long-range rockets now reaches Gedera. On the diplomatic front, Israel has rejected approaches by friends interested in helping mediate with Hamas. The pressure on Hamas is growing. Its leadership may be having second thoughts that may bring it to accede to Israel's conditions. The mobilization and training of reserve forces is meant to prepare for another potential phase of fighting, without promising either the world or the Israeli public that this phase is indeed necessary and therefore must be implemented. Nevertheless, it would be better for both sides not to reach this stage. The cabinet and IDF General Staff must discuss ending the operation before it becomes pointlessly bogged down. Achieving the optimal result - a long-term, stable cease-fire with no rockets launched either from or at Gaza - will require a clear-headed evaluation of the operation's progress and a serious examination of the various diplomatic proposals now on the table. The danger for Israel at this moment is that its forces in Gaza's densely populated urban areas are now treading water, and this might tempt the government to decide to take over additional territory. That would result in more casualties - both for the IDF and Palestinians uninvolved in terror - and even greater distress for Gaza's civilian population, as well as a further collapse of international support for Israel. The more time passes, the more the original justification for the operation will be eroded and forgotten. 179 A welcome initiative The Egyptian-French-American initiative gives politicians leverage to stop the rocket fire on Israeli communities that led the cabinet to decide on the operation. Haaretz Editorial | Jan.08, 2009 | 2:00 AM The international initiative for a cease-fire in Gaza has many fathers: foreign ministers, prime ministers and three presidents - Hosni Mubarak, Nicolas Sarkozy and George W. Bush. Of them all, Egypt's Mubarak is the most essential in any agreement. Egypt borders the Gaza Strip at divided Rafah, has a peace agreement with Israel, relations with the Palestinians (Hamas and Mahmoud Abbas separately, with efforts to connect them), and its central role in the Arab and Muslim world encourages it to seek a leadership role. The Mubarak initiative therefore is a welcome one on which the Israel Defense Forces can base an end to its operation, with conditions acceptable to Israel. The details are important and can determine whether the operation will be viewed by the Israeli public as successful or disappointing. But the wind went out of the operation's sails the moment the focus moved to the diplomatic arena. Its expansion at the end of 48 hours of discussions on implementing the initiative will be, and certainly look, unnecessary. As long as the initiative is still being considered, in indirect Israel-Egypt-Hamas talks, it is Israel's right and obligation to ensure the security of its soldiers in the field and its citizens on the home front, who are still under rocket fire. In the immediate future Israel should not be expected to limit its military action as needed - especially not from the air and in the captured areas on the ground. Wisdom nevertheless dictates against sending in brigades and divisions, including reserves, to occupy more territory. It is best to view Mubarak's initiative as a positive introduction on the way to a converging of the wills and needs of the parties involved in the fighting. Israel demands, and rightfully so, an end to the firing of rockets and their replenishment. Hamas wants more than anything else to maintain its rule in Gaza and satisfy the people's yearnings, first and foremost for the opening of the crossings. Only a formulation that satisfies the needs of both sides has a chance of lasting. The Egyptian-French-American initiative gives politicians leverage to stop the IDF's advance in dense urban areas of Gaza, and to stop the rocket fire on Israeli communities that led the cabinet to decide on the operation. 180 Just get out Israel must withdraw from the Gaza Strip and seek an agreement that will secure a longterm cease-fire and prevent the rearmament of Hamas. Haaretz Editorial | Jan.09, 2009 | 2:33 AM The difference in opinion in the cabinet over the timing of the departure from the Gaza Strip and the cease-fire is the sort of luxury Israel cannot permit itself at this time. Lessons of the past suggest that the more the wheels of the war machine sink into the Gaza mud (like in Lebanon and the Gaza Strip in previous instances), the more the Israel Defense Forces will get drawn into operations that cause more and more deaths of innocent civilians, that expose soldiers to unneeded risk and that undermine an exposure-exhausted home front. On the other hand, the military achievements in the field will make no difference. The defense minister may have ordered the IDF to prepare for a significantly broadened operation in the Gaza Strip, but the diplomatic-security cabinet only approved the continuation of the combat operations at their current level with humanitarian assistance that is limited in both time and breadth. The good news is that four ministers - Haim Ramon, Daniel Friedmann, Rafi Eitan and Meir Sheetrit - did not support expanding the operation. The bad news is that Prime Minster Ehud Olmert, his deputy Tzipi Livni, and Defense Minister Ehud Barak failed to bridge the differences in their viewpoints. Substantive gaps are emerging between Livni, on the one hand, and Barak and Olmert on the other. The latter two want to reach, with the help of Egypt and the United States, an agreement that will secure calm for some time in the south and prevent Hamas from getting stronger in the Gaza Strip. In other words, they will make do with a calm similar to the one that existed on the eve of Operation Cast Lead. Livni insists that a deal should not be allowed to be interpreted as recognition of Hamas. She is concerned that returning to the framework of the lull, which allowed Hamas to arm itself, could restore the group's military advantage, and she would support a unilateral withdrawal from the Strip, without an agreement, with the understanding that any attempt to attack Israel will be met with severity. The two positions are reasonable and backed by good arguments, but the conclusion of both is the same: The fighting needs to stop now and the IDF should exit Gaza immediately. After all, while they are debating, the pressure from within and from without is growing. The head of Military Intelligence said yesterday that the IDF is fighting in Gaza in areas that "are crowded and full of traps, between schools and mosques." By this he bolstered the assumption, which appears to be self evident, that the more the forces advance, the more complicated the situation will become, fraught with dangers, for both the military and civilians. French President Nicolas Sarkozy, and German Chancellor Angela Merkel expressed their support for the aims of the operation as they were formulated anew by the prime minister and the defense minister: a cease-fire and preventing the smuggling of arms from Egypt - and not, as had been said at the start of the operation, "changing realities," or "containing Hamas." Nonetheless, they added that Israel needs to withdraw immediately. Given Merkel and Sarkozy's commitment to guaranteeing Israel's security, and the growing concern of a conflagration in the north - the reservists on the northern border could be needed in the south if more complications arise there - the IDF, the government, a million citizens in the south and 1.5 million Gazans have no time to hesitate or to struggle over prestige. Israel must withdraw from the Gaza Strip and seek an agreement that will secure a long-term cease-fire and prevent the rearmament of Hamas. 181 A big shudder on the wing This war needs to move immediately to the diplomatic track and agreements that will end the fantasies and delusions of both sides. Haaretz Editorial | Jan.11, 2009 | 1:28 AM Around two weeks after the start of fighting in Gaza, there are only vague reports on Israel's success in damaging Hamas' terrorist infrastructure. On the other hand, statistics on the harm done to civilians accumulate. More than 800 Palestinians have been killed and around 3,000 have been wounded, an overwhelming majority of them from air strikes. According to UN figures, half of those killed are civilians, and half of the civilians killed are women and children. Alongside reports on the number of dead and injured are reports of doctors being denied entry, the inability of aid groups to reach refugees and give them food, and a serious shortage of medicine and supplies. Blame does not rest with the Israel Defense Forces for all these issues. Hamas and other Palestinian organizations deliberately fired at a food convoy heading to Gaza because it sought to enter the Strip through a different crossing than what Hamas had desired. Hamas also liquidates its adversaries at home and is not ready to adopt the Egyptian cease-fire initiative. But these cannot serve as a pretext for a cruel, all-out war against 1.5 million Palestinian civilians. Yesterday Israel announced, by dropping leaflets into densely populated areas in Gaza, that it plans to escalate its military operation. This stirs concerns that, similar to what occurred during the Second Lebanon War, the reason for going to war has been forgotten and replaced by an unrealistic desire to topple the Hamas regime in the Strip. If a few years ago the public cried out in protest over the bombing of a home in Gaza and the statement by former pilot and chief of staff Dan Halutz, who said he felt a "slight shudder on the wing" when he bombed a house, today it responds indifferently, even satisfactorily, to the harming of Palestinians. The lessons of previous wars, during which the IDF destroyed infrastructure targets and the homes of civilians but did not gain the quiet it had sought, have not been internalized. Israel's justified rationale in acting against rocket launchers has been increasingly damaged over two weeks. The legitimacy and understanding extended to Israel melt away amid the pictures of killing and ruin. Accusations of war crimes are already being bandied about in Israel. This war needs to move immediately to the diplomatic track and agreements that will end the fantasies and delusions of both sides. 182 Don't disqualify the Arab lists The Central Elections Committee should take its work seriously, exercise the necessary open-mindedness, and prove that Israeli democracy includes the Arab parties. Haaretz Editorial | Jan.12, 2009 | 2:22 AM The Central Elections Committee will deliberate on three petitions today calling for the disqualification of Balad's candidate list (two of them filed by the far-right parties Yisrael Beiteinu and the National Union), and on a petition against United Arab List-Ta'al's election list (filed by the National Union). In recent years it has turned into an indecent ceremony on election eve: Right-wing parties try to ban Balad or United Arab List-Ta'al, as part of their efforts to get headlines. This time the "ceremony" will be acted out under the shadow of the caustic debate on the military operation in the Gaza Strip. The degree to which these petitions are pointless is reflected in a letter by Attorney General Menachem Mazuz to the elections committee in which he asks that the petitions be rejected. Mazuz repeatedly notes that the evidence in the petitions is significantly weaker than the material presented to the High Court of Justice in 2003. In that instance, the court authorized Balad's election list and MK Ahmed Tibi's participation in the United Arab List-Ta'al election list. As such, it's not that the petitions' authors see a realistic chance that these two parties will be rejected; they want to declare that they believe these election lists should not be allowed in the Knesset. This reflects a dangerous level of shortsightedness and narrow-mindedness. The state has a clear interest in having the Arab community's representatives - its genuine representatives participate in the political game and serve in the Knesset. Israel has a clear interest in not pushing these representatives out, forcing them to create an independent political system. It is precisely the intense debates between the extreme right and Arab parties that exemplify Israeli democracy and its ability to include such disparate factions under one roof. In the spirit of the High Court's past rulings, we can assume that even if the Central Elections Committee disqualifies the election lists of Balad and United Arab List-Ta'al, the Court will approve their participation. Nonetheless, the elections committee should spare us this unnecessary battle. The decision on which party lists can take part in elections is one of the committee's most important tasks. The committee should take its work seriously, exercise the necessary open-mindedness, and prove that Israeli democracy includes the Arab parties, even if it is sometimes very difficult for us to accept them. It is especially in these days that such a decision is so important, when the Arab parties are conducting a legitimate struggle against Operation Cast Lead. 183 The danger of politicization A row has plowed through the barrier of silence, and the settling of political scores has begun on the backs of IDF soldiers and residents of the south. Haaretz Editorial | Jan.13, 2009 | 1:27 AM As the days pass, there is growing concern that Operation Cast Lead is undergoing a process of politicization, and that the internal power struggles are undermining the ability of the transition government to reach an agreement. The objectives of the operation and the new conditions for its conclusion, which have been set forth by Prime Minister Ehud Olmert, sound much like those he enunciated in his speech before the Knesset on July 17, 2006. Even then, he declared that the Second Lebanon War was aimed at bringing about a complete cease-fire along the northern border, the deployment of the Lebanese army throughout all of southern Lebanon, removing Hezbollah from the area, and the complete eradication of the missile threat against Israeli civilians. The result, obviously, was different. Olmert is now once again rebuffing international initiatives, including the UN Security Council resolution for a cease-fire. In closed-door discussions, he has even vowed that the war would press on until the Hamas regime in Gaza is toppled. On the other hand, deputy prime minister Tzipi Livni and Defense Minister Ehud Barak have expressed reservations about deploying the IDF into the heart of Gaza City, even though there have also been disagreements between the two. Livni proposes ending the military campaign without a diplomatic agreement that would entail recognition of the Hamas government, while Barak prefers concluding the operation with an improved cease-fire, which would include reaching understandings with Hamas. Both, however, do not offer a new blueprint for relations between Israel and the ruling power in the Strip for the day after the war ends, and both also ignore the fact that it is impossible to continue to keep 1.5 million citizens under a demoralizing siege. Despite the excessive use of force, which is inflicting heavy losses and damage to the civilian population in the Strip, the operation is garnering a consensus among public opinion makers. The government and most of the opposition supported the war against Hamas, and they expressed the widespread feeling among the public that this is an " involuntary war," whose objectives are defined and agreed upon. This pervasive mood, which has followed the combat troops and has eased the burden on the residents on the home front, has grown more potent in light of the readiness on the part of the decision-makers to disassociate the war from the election campaign and to put off criticizing their colleagues until quieter days prevail. Only now a row has plowed through the barrier of silence, and the settling of political scores has begun on the backs of IDF soldiers and residents of the south, as if there were no tomorrow. The shrill voices need to be cast aside in favor of the formulation of a responsible, sober policy, which will yield a cease-fire as soon as possible. 184 Don't play with fire At this sensitive moment, when it is clear to everyone that Hamas is seeking a way out of this mess, Israel must not be tempted to play power games. Haaretz Editorial | Jan.14, 2009 | 2:25 AM As we enter the 19th day of Operation Cast Lead, a chance to end the fighting in a manner that Israel could use to its advantage has emerged. The differences of opinion within Hamas namely, between its political leadership in Syria and its military leadership, which is absorbing the fire as well as the despair and the anger of the Gazan public - are widening and coming out in the open. Hamas Prime Minister Ismail Haniyeh's recent appearance broadcast distress. Granted, he urged his countrymen to continue resisting, but he also admitted that "from the physical standpoint" the Israel Defense Forces have the upper hand and did not try to convince anyone that he is capable of, or interested in, continuing the fighting. At the same time, Egypt is continuing to apply pressure on the Hamas representatives with whom it is negotiating, and according to the newspaper Al-Hayat, Hamas has agreed to the deployment of Turkish forces along the Egyptian border, instead of an international force. That would certainly be a satisfactory solution, and if Egypt and Turkey agree to it, Israel would have no reason to object. This would also provide an excellent opportunity to put Israel's relationships with Turkey and Egypt, both of which have suffered a crisis due to the operation in Gaza, back on the right track. At this sensitive moment, when it is clear to everyone that Hamas is seeking a way out of the mess into which it dragged both itself and the population that elected it, Israel must not be tempted to play power games. Already, leading politicians are calling to exploit Israel's fragile advantage to bring about Hamas' complete, humiliating defeat and arguing that its demonstrations of weakness are sufficient reason to extend the operation indefinitely. These enthusiasts are being led by Prime Minister Ehud Olmert, who, in his speech in Ashkelon, scattered promises that it is not clear either can or should be kept. At the end of almost three weeks of fighting in Gaza, laden with blood and pain, Israel must think about the day after. It must seek a cease-fire as soon as possible, accelerate the diplomatic talks with Egypt about security arrangements and resume the talks about kidnapped soldier Gilad Shalit, whose plight seems to have been pushed aside during the operation. It might even be wise to add Ofer Dekel, who has been coordinating the Shalit negotiations, to the talks being conducted by Amos Gilad - not as a condition for ending the fighting, but in order to resolve the problems that will remain. At this time, Israel must behave soberly. It must not fall prey to the temptations of force, and it must not play with fire. 185 Defective judgment Olmert's behavior is another reason for the immediate cessation of the military campaign, before Israel finds itself embroiled in a situation from which it will have difficulty getting out. Haaretz Editorial | Jan.15, 2009 | 2:09 AM Several recent events stir doubts about the quality of the prime minister's judgment. In conducting the war Ehud Olmert has been in a harsh dispute with Defense Minister Ehud Barak and Foreign Minister Tzipi Livni. The two support an immediate cease-fire and believe that the Israel Defense Forces operation has achieved its goals and should be stopped now, for fear of complications. Olmert believes that the goals have not been achieved and that the military pressure on Gaza should continue. The disagreement is legitimate, but its solution is being delayed because Olmert has refrained from convening the "troika" and the diplomatic- security cabinet. That is not the way to make decisions in wartime. The debate among the country's leaders pales in comparison to the crisis caused by Olmert in our relations with the United States, in his attempt to influence its vote in the United Nations Security Council on a Gaza cease-fire. There are contradictory versions regarding the manner in which Olmert intervened and the outcome. What is clear is that Olmert phoned U.S. President George W. Bush late Thursday night, and in the end the United States abstained in the vote. All the rest is in dispute: Did Olmert ask for an American veto, or only for an abstention; did U.S. Secretary of State Condoleezza Rice want to vote in the first place in favor of the decision, or to abstain; and did Bush accede to Olmert's request and twist Rice's arm, or did he refuse Olmert's request to cast a veto and accept Rice's suggestion? But there is no dispute about what happened afterward: During a visit to Ashkelon on Monday, Olmert boasted about how he had interrupted Bush in the middle of a speech so the two could speak, and how Rice "was left pretty embarrassed" after Bush instructed her to abstain from the vote. The U.S. administration responded by declaring that Olmert's words were "100 percent, totally, completely not true," a diplomatic way of saying the Israeli prime minister is lying. American support is a vital asset for Israel, particularly at the height of a military campaign that is not supported by the international community, which is calling for it to end. The prime minister's description to the effect that Bush does his bidding embarrasses the president and damages the authority of the U.S. secretary of state at a time when their support is of utmost importance for Israel. The public condemnation of Olmert is also seen as an expression of dissatisfaction with the continuation of the fighting and the contempt for the Security Council's decision. Olmert's behavior is another reason for the immediate cessation of the military campaign, before Israel finds itself embroiled in a situation from which it will have difficulty getting out. 186 Stop the operation This is the time to put the operation aside. It has crushed the military organization of Hamas, killed senior figures of the group, but also killed hundreds of civilians and injured thousands. Haaretz Editorial | Jan.16, 2009 | 1:50 AM Three weeks following the start of Operation Cast Lead, and at least one week too late - it should be brought to an immediate end. This is the time to put the operation aside. It has crushed the military organization of Hamas, killed senior figures of the group, but also killed hundreds of civilians and injured thousands. The basic infrastructure in the Gaza Strip has also suffered a fatal blow. The UNRWA hospital and food storage facilities that were hit yesterday now join a list of population centers and power plant, which have already been struck in the operation. The military force that Israel has applied in the past three weeks does not permit it to ignore the terrible suffering experienced by the residents of Gaza. The "humanitarian corridors" are insufficient. The three or four "mercy hours" leave little chance of delivering convoys of supplies or distributing needed items to the population that is now under direct Israeli occupation. There will be no harm to the war effort or to Israel's security if it opens the border crossings for the continuous flow of supplies and medicines. In any case, the policy of economic sanctions Israel imposed contributed to nothing and did not avoid the need to go to war. Even the concern that the opening of the crossings to the transfer of goods would strengthen Hamas' ability to hold out in the war is not valid. Hamas is not fighting Israel for bread, and in any case the collapse of Hamas is no longer a declared aim of the war. Morally and in terms of international law, so long as there is no sovereign rule in the Gaza Strip, Israel is responsible for the fate of 1.5 million civilians there. More importantly, disease, poverty and unemployment are the fertilizer in the greenhouse that grows the desperation and the radicalism that brought Hamas to power. Israel is the one that will reap the hatred and fear that Operation Cast Lead will sow in the hearts of the children of Gaza. These are the neighbors with whom Israel will have to reach a peace agreement and live next to for generations to come. The government needs to prepare without delay, with the Palestinian Authority, to rally the international community to repair the civilian infrastructure of the Gaza Strip. More than any other party, it is important for Israel to present the residents of the Strip with a better reality than that which Hamas has offered them - a policy of Qassams and Iranian meddling. Moreover, a better diplomatic formula than those proposed by Cairo and Washington will not be offered to Israel. Therefore, the real option facing Israel does not include a military option in the shape of expanding the operation. The option is between agreeing to the formula that was given to Amos Gilad in Cairo by Hamas' Egyptian interlocutors, a unilateral decision to end the war and make do with the deterrent inherent in the power of the Israel Defense Forces and the readiness of the government to employ it once more. In essence, the difference between these options is not great - it is a matter of style more than substance. An announcement should be made today that the military operation has ended, whatever its achievements and cost to date, and that the IDF troops will soon return home. 187 A long-term deal on Gaza is needed A cease-fire, albeit unilateral, is necessary though it is insufficient for a long-term arrangement in Gaza. Haaretz Editorial | Jan.18, 2009 | 1:29 AM The growing international pressure amid the serious harm to innocent civilians and the humanitarian crisis in the Gaza Strip has moved the center of gravity from the battlefield in the south to the diplomatic arena. Due to Israel's opposition to any deal with Hamas, and, conversely, due to the organization's refusal to surrender unconditionally, the government has no option but to move for a unilateral cease-fire. Nonetheless, it was reported on Saturday that the withdrawal of Israeli troops will be put off until the cessation of rocket fire. Osama Hamdan, a senior Hamas official, was quick to announce that his organization will not hold fire until its demands are met, namely the lifting of the siege on Gaza. Israel, for its part, ostensibly will not open the Rafah crossing without a deal for the return of Gilad Shalit. In the absence of an Egyptian agreement on operating the Rafah crossing and dealing with the smuggling of arms via underground tunnels, Foreign Minister Tzipi Livni was dispatched to Washington to buttress the unilateral cease-fire with a memorandum of understanding with the United States. She came to an agreement with Secretary of State Condoleezza Rice under which the United States and NATO will participate in efforts to obstruct weapons smuggling from Iran to the Strip via the Mediterranean Sea, Gulf of Aden, Red Sea and East Africa. The U.S. also pledged to help locate and destroy the tunnels underneath the Egyptian border. Despite the importance of the memorandum of understanding with the United States, the Achilles' heel remains the seam separating Egypt and Gaza. Egyptian Foreign Minister Ahmed Aboul Gheit announced last night that Cairo is not bound by the agreement between Israel and the United States. Egypt consistently refuses to station foreign forces on its territory, and is wary of any hint that Israel would try to shirk its responsibility for the welfare of Gaza's residents and make them an Egyptian problem. Egypt worries that a greater linkage to Gaza will bolster the influence of the Muslim Brotherhood, Hamas' patron. Israel must assuage Egypt's concerns and urgently tend to the two countries' tense relations. A cease-fire, albeit a unilateral one, is a necessary condition, though it is certainly insufficient for a stable, long-term arrangement in Gaza. It would behoove the government not to flinch from its decision to end Operation Cast Lead immediately and act to change relations with the Palestinians. After the hard blows Israel has inflicted, the time has come to aid the Palestinian population in both the West Bank and Gaza, and to work toward an agreement with the moderate leadership. 188 With suspicion and generosity The situation mandates extreme caution and maximum restraint, in order to test the chances of extending and stabilizing a cease-fire. Haaretz Editorial | Jan.19, 2009 | 1:37 AM The unilateral cease-fire declared by Israel's government was answered yesterday by Hamas, which announced a one-week truce "to enable the Israel Defense Forces to withdraw its forces." It seems that none of the parties has any illusions. With IDF forces remaining in the Gaza Strip and constituting targets for Palestinian organizations, and with Israel still having its finger on the trigger, it is reasonable to assume that the next few days will not be completely quiet. Suspicion, which stems from bitter experience, is justified. Nevertheless, the situation mandates extreme caution and maximum restraint, in order to test the chances of extending and stabilizing a cease-fire. Alongside the fragility of the truce, we are witnessing a plethora of diplomatic activity, orchestrated by Egypt in cooperation with senior representatives of the international community. Its goal is to draft a diplomatic and economic road map that will reduce motivation to resume fighting and enable a reconstruction of Gaza. This is an essential goal, one that will enable the conflict to return to the diplomatic arena and normal life to resume in the Strip. But Israel has a very important role to play in this process: Its responses are likely to determine whether the process succeeds or fails. On the military front, Israel should accelerate its exit from Gaza and refrain from responding to sporadic shooting. It would be preferable not to give every street gang a veto over the decision to cease firing. On the civilian front, Israel must now show generosity toward the Palestinian population by opening the border crossings to permit a free flow of goods, and not only humanitarian aid, and by generally facilitating the work of reconstruction. Israel has already concluded that not only did the policy of sanctions on Gaza not work, but to a large extent, it even contributed to the recent outbreak of fighting. Nor have the sanctions helped the diplomatic efforts to obtain Gilad Shalit's release. The necessary condition for the latter remains what it always was: the release of Palestinian prisoners. The hope that the difficulties of life in Gaza would cause a civil uprising against the Hamas government were in vain, and there is no reason to continue punishing the population. A wise mix of deterrence, which the war was supposed to create, and generosity in civilian assistance could usher in a period of quiet of the type enjoyed by Negev communities during the first five months of last year's truce with Hamas. And that would be a good start. 189 ANEXO B A time to fight Jerusalem Post - Jerusalem Dec 28, 2008 707 On Friday, a Hamas spokesman made Israel the following proposal: You keep the stream of humanitarian aid and supplies flowing into Gaza and we will keep launching rockets and mortars at Israeli civilians. It was an offer Israel had little choice but to refuse. For weeks Israel has been imploring Hamas to stop shooting across the border, to stop tunneling in preparation for the next round of violence, and to allow our farmers to tend their fields. The Islamists responded that they were not afraid of the IDF and that they reserved the right to resist "the occupation" meaning the existence of a Jewish state. They brazenly told Israel to get used to the idea that no amount of humanitarian gestures would stem their behavior. At 11:30 a.m. Saturday, Israel finally told Hamas that it would not be bled, slowly, to death. Thanks to excellent intelligence and superb training, a haughty enemy was caught off-guard. Targets up and down the Strip were hit and large numbers of Hamas personnel including senior military figures were killed. Key facilities were turned into rubble; well-camouflaged equipment was destroyed. In launching "Operation Cast Lead," Defense Minister Ehud Barak, declared, "There is a time for calm and there is a time for fighting, and now is the time for fighting." And Prime Minister Ehud Olmert, flanked by Barak and Foreign Minister Tzipi Livni, said that Israel had done everything possible to avoid this escalation, but that its entreaties for quiet had been met with disdain. The IDF's mission is not to bring down the Hamas regime, but to bring quiet to the South. In a sense we are asking Hamas to stop being Hamas. The Islamists need to decide whether they want to go down in flames or are prepared to take on the responsibilities that come with control over the Strip. They may give Israel no choice but to topple their administration. To their credit, Israeli decision makers are avoiding the kind of bombastic rhetoric all of us came to regret in the course of the Second Lebanon War and its aftermath. Now, what ordinary Israelis demand is that their government deliver, as promised, quiet to the South. We do not expect this operation to be fast or easy. We do expect it to succeed. Israelis must unite and be vigilant. Regrettably, we've already seen rioting among some east Jerusalem Palestinians. The possibility of disturbances among our Arab citizens cannot be discounted. Hamas rockets may reach targets heretofore thought to be beyond enemy range; their threats to launch suicide attacks must be taken with utmost seriousness. And Diaspora Jews also need be on alert. ON A quiet post-Christmas weekend, the events in Gaza have captured world attention. From an unsympathetic foreign media, we are already hearing complaints that Israel's retaliation is "disproportionate" and a form of "collective punishment." That over 200 Palestinians have been killed compared to only one Israeli leads some journalists to conclude that Israel is inherently in the wrong. One British news anchor wondered why her government had not already demanded that Israel halt its operation. There was a grudging understanding that Hamas uses Palestinian non- combatants as human shields, along with an unreasonable demand that Israel magically find a way not to harm any of them. 190 The formula for purchasing the affection of those who suffer from moral relativism is sickeningly clear: if one Jew is killed, we get very little piety. If, heaven forbid, an Israeli kindergarten was to take a direct hit Israel might, temporarily, gain the sympathy of news anchors from Paris to London to Madrid. At that price we would rather forgo their sympathy. Nevertheless, we expect our diplomats to work 24/7 to make Israel's case to the international community. Foreign Minister Tzipi Livni has begun that process. In an English- language address she said, "Enough is enough" - Israel would not continue to absorb rockets, mortars and bullets without retaliating. At this newspaper, we wonder how an international community that can't bring itself to explicitly support Israel's operation against the most intransigent of Muslim fanatics expects to play a positive role in facilitating peace in this region. Hamas must be stopped. And the civilized world must help stop it. Gaza portrayed Jerusalem Post - Jerusalem Dec 29, 2008 With the exception of the White House - which reacted to Israel's Gaza operation by labeling Hamas leaders "nothing but thugs" and blaming the "terrorists" for igniting the violence - international political and media reaction has, by and large, fallen into two broad categories: low-key evenhandedness and kneejerk condemnation. The evenhanded school appreciates that no country can permit, indefinitely, its citizens to be bombarded by an enemy committed to its annihilation. Still, they oppose "disproportionate" Israeli measures basically those that might actually compel Hamas to end its campaign of terror. Among these evenhanded are Quartet envoy Tony Blair, French President Nicholas Sarkozy (who also holds the EU presidency), British Prime Minister Gordon Brown and German Foreign Minister Frank-Walter Steinmeier. The quintessentially evenhanded Javier Solana, the European Union's foreign policy czar, holds any noncombatant deaths on the Palestinian side "unacceptable." His advice? Hamas should stop attacking Israel, and Israel should stop retaliating. But it is the Vatican's reaction that captures the very essence of evenhandedness: "Hamas is a prisoner to a logic of hate; Israel to a logic of faith in force as the best response to hate." What to do? "One must continue to search for a different way out, even if that may seem impossible." THERE are those who make no pretense at being evenhanded. For them, Hamas has been exercising its inalienable right to resist "the occupation" by violently opposing the existence of the Jewish state. For them, practically out of the blue, the Zionists went berserk, massacring women, children, and the occasional Hamas "martyr." 191 Desmond Tutu weighed in by calling Israel's use of its air force to stop Hamas "a war crime." Peter Beaumont, foreign affairs editor of Britain's Guardian, said that Israel's actions ranked with what he termed the massacres of Deir Yassin and Sabra and Shatilla. Tim Butcher of London's Telegraph aimed to provide context. As time goes on, he explained, Israel lowers the threshold for who it considers a legitimate target. In 2004, "an elderly man in his wheelchair, Sheikh Ahmed Yassin, was killed by an Israeli missile as he was pushed out of a mosque after weekly prayers." Butcher went on to note that Yassin "was the Hamas leader responsible for ordering suicide bombings." Still, his point was that, nowadays, "any Hamas traffic cop on a street corner" has become fair game. ISRAEL embarked on this operation to compel Hamas to stop terrorizing our population in the South. It did so reluctantly, and only after Hamas rejected multiple appeals from Mahmoud Abbas and the Egyptian government to maintain the "cease-fire." Despite the difficulties inherent in presenting Israel's position to a not always sympathetic media, the Prime Minister's Office, Foreign Ministry and IDF recognize that public diplomacy is an integral element in getting Hamas to stop its attacks. To that end, the articulate former UN representative Dan Gillerman has been appointed to coordinate the Foreign Ministry's response to the crisis. On the whole, Israeli spokespeople have rarely been more proactive or competent. Israel has had no military or civilian presence in Gaza since 2005. Quiet would prevail across the IsraelGaza border, and the Palestinians could build a model state, if their Hamas leadership were not insistently bent on attacking Israel. Hamas acknowledges as much. Even as its spokesman Taher al-Nunu was telling al-Jazeera and other channels of the current "ferocious Zionist massacre," he was also emphasizing that Hamas will never abandon its determination to destroy Israel. The declared Israeli aim in the military operation - putting an end to a neighboring terror-state's ability to threaten our populace - is precisely the goal that any other nation would set itself if attacked as Israel has been. All of this should be obvious to fair-minded observers everywhere. But when dramatic pictures from Gaza threaten to overwhelm clear thinking, Israeli leaders have in the past two days often formulated effective reminders. "Military actions are not easy to support," Foreign Minister Tzipi Livni noted in one interview on Monday, for instance. "But this is the only way we can change realities on the ground... This is our responsibility as a government to our citizens." Carefully chosen words set against dramatic images? It's an uneven media battlefield. But at least, this time, Israel is fighting. 192 Arab elites vs Hamas Jerusalem Post - Jerusalem Dec 30, 2008 Predictably, it's started. Europe's pro-Palestinian lobby, instinctive anti-war campaigners, Muslim extremists and the so-called Arab street have all been demonstrating against Israel's military operations in Gaza. In London, Muslim and leftist protesters rallied raucously outside the Israeli embassy. Marchers protesting the Palestinian "holocaust" were held in Copenhagen, Paris and Madrid. A protest by the Sunni Iraqi Islamic Party in the northern city of Mosul ended abruptly when a suicide bomber on a bicycle blew himself up, killing one and wounding 16. Some might wonder why al-Qaida would attack other Sunni anti- Zionists. Plainly, the extremists' lust for chaos and bloodshed trumps all. Pro-Hamas rallies were organized from Teheran to Beirut, and from Baghdad to Cairo. Arab citizens of Israel observed a general strike, accompanied by sporadic rock- throwing and tire-burning. An Arab minister in the Israeli government protested by refusing to attend a cabinet meeting; Palestinian youths in east Jerusalem rioted as their elders honored the strike. We find it curious that the weekend deaths of 13 schoolchildren in Afghanistan at the hands of an Islamist bomber; the Taliban suicide attack in Pakistan, which claimed 30 Muslim lives, and the unremitting internecine slaughter in Iraq (9,000 dead in 2008 alone) fail to incense the Arab street half as much as the Jews exercising their right to self- defense. THAT SAID, it is instructive to look beyond the mobs with their incendiary placards, shrill chants and derigueur burning of Israeli flags and take note of a remarkable rupture in the Arab and Muslim world. The Arab elites, comprising statesmen, academics, journalists and businesspeople, may preface their criticism with references to Israel's "crimes," but a significant facet of this class - it would be simplistic to label them "moderates" - appreciates that Hamas is to blame for what is taking place in the Gaza Strip. Moreover, their hearts may tell them to bankroll Hamas, but their brains tell them that the fanaticism, political intolerance and social backwardness championed by the Islamists pose a profound threat to the Arab future. These predominantly Sunni elites - whether they sit in Cairo, Riyadh or Amman, in the Maghreb, the Gulf or in the West - don't want their societies to ape the Taliban or the ayatollahs. HIZBULLAH leader Sheikh Hassan Nasrallah, still in hiding two years after supposedly defeating Israel in the Second Lebanon War, has been denouncing this attitude as he seeks to salvage Hamas's fortunes - in which he and his Iranian patrons are heavily invested - by mobilizing the Arab street. He has practically called for a revolution in Egypt. As Al Jazeera reported: "Nasrallah urged Egyptians... to force their government to open the country's border with Gaza. 'If the Egyptian people took to the streets by the millions, could the police kill millions of Egyptians? People of Egypt, you must open this border by the force of your chests.'" What Hizbullah's demagogue in-chief pointedly neglected to tell the throngs watching him on a giant TV screen as he spoke from his bunker, was that Hizbullah and Iran were egging Hamas on to pick a fight 193 with Israel while Egypt (and Palestinian Authority chief Mahmoud Abbas) were working overtime to convince Hamas to honor the cease-fire. Nasrallah is half-right. Arab elites suffer from a sort of split personality disorder. Even as they are trying to pull Hamas's chestnuts out of the fire by pressing Washington to lean on Israel to back off, they know that Hamas (like Hizbullah and the Muslim Brotherhood) threatens not just their own regimes, but political development in the Arab world. If only the Jordanian and Saudi monarchs, Gulf emirs and the Egyptian president would stand up to the Islamists. How? They should be incrementally fostering transparent government and the rule of law, and socializing their masses to the idea of tolerance and majority rule while respecting the minority. That would promote political institution-building and social stability. The Arab elites need to offer their people an alternative to Islamist extremism. They could begin by redefining what it means to be pro-Palestinian and dissociating the Palestinian cause from anti-Israel rejectionism. In this context, if Israel can deflate Hamas, it will be advancing an Arab interest as much as its own citizens' security. Cease terror, not cease-fire Jerusalem Post - Jerusalem Dec 31, 2008 On day four of Operation Cast Lead, international demands notwithstanding, it is way too premature for Jerusalem to be entertaining thoughts of a cease-fire. It is Hamas that needs an exit strategy to extricate it from a devastating situation of its own making. Hamas leaders ordered the cross-border attack against Israel in June 2006 in which two IDF soldiers were killed and Gilad Schalit was taken hostage. They grabbed power away from Fatah the following year, transforming Gaza into a spoiling-for-a-fight Islamist stronghold. Hundreds of Palestinians have lost their lives as a result of Hamas's warmongering. They locked themselves into the old Arab mantra of "no recognition, no negotiation and no peace." They refused to honor agreements the PLO signed with Israel. They oppose the creation of a Palestinian state alongside Israel. And they've kept Gaza an impoverished basket-case. Despite their vitriol and bravado, since Israeli military operations began Saturday, the Hamas government has buckled: 400 targets have been struck; most of the regime's symbols have either been pulverized or are tottering. Hamas officials have gone into hiding, providing no succor to the masses, whose distress is directly attributable to Hamas's bellicose policies. LET US keep our eyes on the prize. The government has belatedly but rightly declared the imperative to change the security environment in the south and stop Hamas from attacking our population. No country not Germany, Britain, France, or Russia; not Turkey, Greece, Korea or the United States - would tolerate missile attacks on its homeland. Neither can Israel. 194 The effort to bring long-term peace to southern Israel is in its early stages. Military analysts estimate that half of Hamas's arsenal remains intact. Most of its armed forces are safely hunkered down. Put another way, Hamas is saving itself as it leaves the people of Gaza exposed and leaderless. The longer Israel can keep Hamas from exercising authority, the more the Islamists' legitimacy is weakened. That being the case, Hamas is keen to change the equation, to goad Israel into launching a predictable land campaign. It wants Israeli tanks mired in the mud of Gaza. Its continued launching of missiles, rockets and mortars at Ashdod, Ashkelon, Sderot and the Negev is Hamas's way of taunting Israel into playing its game, by its rules. Hamas knows that there are certain targets, for instance - munitions storage facilities situated in the heart of residential areas - that have been off-limits to Israel's air force. It also knows that airpower alone can't stop the rocket-launching crews. Hamas must not get what it most wants. Hamas wants Israel's home front to be demoralized, to feel under siege. It wants to stampede our government into sending ground forces into Gaza's camps and alleyways, to ensnare our fighters in ambushes it has spent long months setting. IF HAMAS can't hoodwink Israelis into self-defeating policies, it is counting on pressure from within Israel or without to produce at least a temporary halt to the operation, during which it could regroup, or better yet a cease-fire. It needs this to claim a "moral victory" over the IDF; to demonstrate that the West has no response but appeasement to violent Muslim extremism. Finally, Hamas needs a cease-fire on its terms, or it will lose face vis- a-vis Mahmoud Abbas. Some of what Hamas wants, it is getting. It wants AP and Reuters to continue to disseminate casualty figures which obscure the fact that most of the killed and wounded are gunmen. It wants the wire services to distribute photos and TV footage depicting mostly Palestinian, not Israeli trauma. The air force will soon have done all it can at the present time - yet, frustratingly, Hamas will still retain its capability to lash out. That's when Israel's historic capacity for military innovation - for utilizing unexpected strategies against its enemies, rather than following a battle-plan for which the enemy has prepared - should be utilized. Sooner or later, furthermore, Hamas's political and military echelon will emerge from hiding, and the air force will have more work to do. Meanwhile, the homefront's mettle will truly be tested; we will need to demonstrate our patience and resilience. There should be no talk of a cease-fire until the declared goal of achieving long-term normality in the South has been attained. 195 Europe has a plan Jerusalem Post - Jerusalem Jan 1, 2009 Toward the end of 2005, after Israel unilaterally pulled its citizens and soldiers out of Gaza, Jerusalem consented to the presence of European Union "monitors" at the Rafah Crossing connecting the Strip to Egyptian Sinai. US Secretary of State Condoleezza Rice praised the arrangement as giving "the Palestinian people the freedom to move, to trade, to live ordinary lives." Rafah was opened on November 26, 2005 in a ceremony attended by Mahmoud Abbas. Just two months later, Palestinians voting in the West Bank and Gaza gave Hamas a majority in the Palestinian parliament. But because Hamas was an international outlaw, forces loyal to Abbas continued to oversee Rafah's terminal, providing security for some 70 EU monitors. They had the authority to "reexamine" and "reassess" anyone or anything which struck them as suspicious. Little, however, struck the monitors as suspicious. When Hamas leader Mahmoud Zahar's brother strolled past them on his way into Gaza, the Europeans answered Israeli complaints by arguing that Jerusalem never gave the monitors a list naming those it wanted barred. When Zahar himself and another Hamas official crossed over with some dozen suitcases containing $20 million, EU monitors did not look the other way. They protested to Abbas's Palestinian Authority, which promised to investigate. EU foreign policy chief Javier Solana told this newspaper in October 2006 that Israelis were overobsessing about security at Rafah. He didn't think Hamas wanted to destroy Israel; it simply wanted to liberate Palestinians. After Gilad Schalit was captured by Hamas in a June 2006 cross-border raid, the EU monitors complained that Israel was keeping the Rafah crossing closed more days than it was open, and threatened to walk off the job. The threat became moot in June 2007: Hamas expelled Fatah, and the monitors fled. THIS slice of history is pertinent in the wake of an offer by EU foreign ministers, meeting Tuesday night in Paris, to send monitors to Rafah and other crossings to ensure their smooth operation. The proposal came in the context of the EU's demand for an "unconditional halt to rocket attacks by Hamas on Israel and an end to Israeli military action." The ministers concluded with what is, for them, a truism: "There is no military solution to the Israeli-Palestinian conflict, in Gaza or elsewhere." Hamas, for its part, appears somewhat less certain about this point. Its founding charter asserts: "Israel... will continue to exist until Islam will obliterate it." Tuesday a Hamas spokesman said on television: "The children of Gaza will be collecting the body parts of [Israeli] soldiers and the ruins of tanks" if IDF ground forces moved in to halt Hamas rocket launchings. As a Grad slammed into a Beersheba kindergarten, empty at the time, European and US press reports lamented that hopes for an early end to the fighting had "faded" - as if they had existed in the first place because "Israel rejected international calls for a 48-hour cease-fire to allow the supply of humanitarian aid." Never mind that 179 shipments of international supplies including food and medicines, donations from various governments, blood and 10 ambulances were being conveyed to Gaza. 196 Other media carried the boilerplate: "Hamas says it will keep up its attacks if Israel does not stop its assault" - which begs the question of why Hamas had been attacking us before the IDF went into action Saturday. Europe's press is wont to dub the Kassams "rudimentary" because these explosive- and shrapnel-filled rockets lack any guidance system. Hamas-developed Kassams were first launched against Gaza's Jewish settlements in October 2001. By March 5, 2002 they had been sufficiently perfected to hit Sderot. Further refined over the years, more than 10,000 Kassams have smashed into Israeli targets, killing scores, wounding hundreds and terrorizing tens of thousands. After Israel's disengagement from Gaza, Hamas smuggled in tons of advanced weaponry, including the Grad. It too is "primitive" - early versions were fielded by the Soviets in 1963. The model now being fired at Beersheba, 40 km. from Gaza, is Chinese-made. HAMAS was established in 1987 because the local Muslim Brotherhood doubted the PLO's continued commitment to the destruction of Israel. Brussels may have the luxury of deluding itself about Hamas's intentions and capabilities. Jerusalem does not. Into Gaza Jerusalem Post - Jerusalem Jan 4, 2009 Israel was not eager to send its ground forces into Gaza against Hamas, Defense Minister Ehud Barak said Saturday night, with masterful understatement. But after more than a week of air assaults on Hamas's offices, training bases, smuggling tunnels, missile silos, terror chiefs' homes and more, the faint hope that Hamas might by now have gotten the message, and internalized that Israel would no longer tolerate relentless rocket attacks on its citizenry, had plainly gone unrealized. No matter the suffering its insistent attacks on Israel had caused the Palestinian people it has sought to govern, Hamas had kept firing those rockets for eight days, deeper and deeper into Israel, bringing 800,000 Israeli civilians into range. And so, said a sorrowful Barak - who acknowledged having thought twice, and then three times, about whether a ground offensive was truly inescapable - the order was given for land forces to enter the Strip. Prime Minister Ehud Olmert, overseeing a second resort to force in less than three years across a border to which Israel had withdrawn unilaterally in the misplaced expectation of tranquility, was quoted as saying that "there are moments when there is no choice." He had done all he could to avoid the use of ground forces, the prime minister said, including attempting to maintain and then restore a misnamed "cease-fire" in recent months, which Hamas had abused to improve its rockets and prepare more effectively for conflict. 197 "I wanted to be sure I had tried everything," Olmert was said to have told his fellow ministers at the fateful weekend cabinet meeting during which the ground offensive was approved. In truth, Israel has been much more than merely reluctant to re-enter the treacherous Gaza Strip. It has made plain its fervent desire to avoid a major ground offensive - to the extent that Barak even weighed a "time out" and possible consequent cease-fire as early as last Tuesday, when Operation Cast Lead was only four days old. THE RESIDENTS of Sderot and the "Gaza envelope" communities have suffered on the front line for eight years - raising families under the abiding threat that Kassams could shatter their lives at any moment. The rocket fire has only escalated since Israel wrenched its civilians out of Gaza in 2005 and removed all military presence as well, leaving the Palestinians free to build a nascent state there. But instead, Gaza became Hamastan, and the fear that rockets from there would come to hit Ashkelon proved too optimistic: in fact, the rockets have reached much further. While the citizenry suffered, week after week, month after month, the IDF was not called into action. As Hamas grew stronger, and progressed ever further in its goal to become as entrenched as Hizbullah, Iran's other proxy army, the dangers attending any ground incursion by the IDF into Gaza grew greater. Of course, as Hamas's rearming continued, the danger of allowing it to continue to thrive and strengthen grew more unthinkable, too. And so, as Barak explained in his sorrowful address on Saturday night, the time had come "to do what has to be done." Barak's was no gloating speech of imminent victory - no mirror to Hamas's public displays of bloodlust. It was, rather, a sober assessment of "difficult days ahead" - days that Israel had hoped to avoid, days of further suffering for the residents of the South, days of challenge for the IDF, days that would see lives endangered. But ultimately, said the defense minister, it was the IDF's job to defend and protect the people of Israel, to safeguard the home front. And after eight years in which the home front, untenably, became the southern front line, on Saturday night the IDF was finally ordered to assert its obligation: to fight a vicious enemy and to safeguard the people of Israel. For Israelis, and for all those who recognize the threat to freedom everywhere posed by the death-cult Islamist extremism of which Hamas is only a part, it now remains to hope that the IDF's actions in the coming days restore peace to the South, and restore the tranquility that all civilians have the right to expect. And may a most reluctant military return to Gaza help deter Israel's enemies from continuing to threaten a state that seeks peace, that thinks twice and three times before going to war, but that can and will effectively protect itself when it must. 198 A moral war Jerusalem Post - Jerusalem Jan 5, 2009 For pacifists who believe that all wars are immoral, Israel's self-defense operation against Hamas in Gaza is necessarily wrong. To such people we invoke the 18th- century philosopher Edmund Burke: "All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing." Confronted by a movement that amalgamates fascism with religious extremism and a genocidal platform, our moral imperative demands Jewish self- defense. Few of the voices slamming Israel for conducting an "immoral" war in Gaza are those of pacifists. Take Riyad Mansour, Mahmoud Abbas's man at the UN. He claimed on CNN that "3,000 Palestinians had been killed or injured" in Gaza, then denounced Israel's "targeting 1.5 million Palestinians" as "immoral" and a Even as Mansour was pontificating, Hamas gunmen in Gaza were shooting Fatah activists in the knees as a preventive security measure lest they take advantage of the unstable situation. In the West Bank, meanwhile, Mansour's Fatah has been ruthlessly hunting down Hamas members to keep the Islamists from seizing power there when Abbas's presidential term expires next week. Far from there being "3,000 killed and wounded," more like 500 have been killed - 400 of them Hamas "militants," according to Palestinian Arab and UN sources inside Gaza cited by the Associated Press. Israeli sources put the Palestinian civilian death toll at some 50. Pointing this out does not diminish the dreadful loss of dozens of innocent Palestinian lives in a week's worth of fighting. It does show, however, that the IDF continues to do everything possible to avoid "collateral damage." But its prime mandate is to protect the lives of Israeli civilians and minimize risks to our citizen-soldiers. Over the weekend, glitterati including Annie Lennox and Bianca Jagger joined tens of thousands of mostly Muslim protesters in rallies held worldwide against the Israeli "genocide." In fact, we'd be surprised if any another army currently on the battlefield is more conscientious about avoiding civilian casualties. Before it attacks and whenever possible, the IDF leaflets, telephones or sends text messages to residents of buildings used to launch rockets at our territory, warning them of the impending air-strike. Conversely, what sort of "resistance" movement deliberately uses mosques, schools and homes as weapons depots and rocket launching pads? Answer: one that also uses its children and women as human shields. AMONG those troubled by Israel's actions are Jews whose connections to things Jewish are limited to the occasional bagel or lox sandwich. They too march to make clear they're nothing like those pitiless Israelis. "As a Jew, it is very moving to see so many people... outraged at Israel's actions," said comedian Alexei Sayle, who was raised in a strictly orthodox Communist Liverpool household. Not all uncomfortable Jews are cut off from the community. Take Isaac Luria - not the ancient kabbalist, 199 but the young Internet director of J Street, which is devoted to redefining what it means to be pro-Israel. Luria thinks that the IDF is "pushing the long-running Israeli- Palestinian conflict further down a path of never-ending violence." He's strictly against "raining rockets on Israeli families" (this is bad, he knows, because he spent a year in Israel), but "there is nothing 'right' in punishing a million and a half alreadysuffering Gazans for the actions of the extremists among them." Wouldn't it be more intellectually honest to admit that Palestinian suffering is mostly self-inflicted? And that Hamas's anti-Israel agenda is wildly popular among Gaza's masses? And doesn't Luria owe it to himself to look a little closer at the nature of the Israeli military response. The folks at J Street believe "there is no military solution to what is fundamentally a political conflict...." Hamas would beg to differ. Indeed, Hamas has been trying to prove the contrary, forcing Israel's hand. What Israel's critics need to understand is that there can be no political solution while we are under Palestinian bombardment. Those who are sincere about fostering coexistence should stop bashing the IDF and start telling the Palestinians: Stop the violence. Turkey chooses sides Jerusalem Post - Jerusalem Jan 6, 2009 Israel's founders had high hopes that the Jewish state, isolated in a sea of Arab hostility, could align itself informally with Iran and Turkey - Muslim countries which had their own differences with the Arabs. Sure enough, for years Israel obtained much of its oil from the shah, and our unofficial embassy in Teheran was second in personnel only to our Washington representation. Turkey, in 1949, became the first Muslim state to recognize Israel. David Ben-Gurion made a secret trip there in 1958, but it was not until 1999 that an Israeli premier, Ehud Barak, visited openly. Defying the Arab League, Turkey signed a military cooperation pact with Israel in 1996. In 2002, Turkey's Islamically-inclined Justice and Development Party (AKP), under the leadership of Recep Tayyip Erdogan, won a landslide victory. Keen to pursue EU membership (Turkey is a candidate member), Erdogan said his party would maintain Ankara's ties with Israel. It has; but the approach, under the AKP, has turned decidedly tepid. During the 2000-2005 Palestinian uprising, for instance, Erdogan nixed a proposed water deal and temporarily recalled his ambassador to Israel. After Hamas won the 2006 Palestinian elections, Turkey broke with Western policy and received Hamas leader Khaled Mashaal. Having mended its relations with Damascus, Turkey protested the 2007 IAF raid on the Syrian nuclear facility and Israel's alleged overflight of Turkish territory. And last year, Turkey hosted Iranian President Mahmoud Ahmadinejad in Istanbul. Ankara and Teheran now have close political and economic ties. Despite Turkey's evident drift away from the Western camp, the Olmert government nevertheless accepted Ankara's offer to serve as a go- between in peace talks with Damascus. SINCE THE IDF began hitting back at Hamas in Operation Cast Lead, both the government and people of Turkey have lined up behind the Islamists. Thousands rallied outside the Israeli consulate in Istanbul on 200 Saturday; 200,000 demonstrated in a main Istanbul square on Sunday. There were also big "Down with Israel" rallies in Ankara, Diyarbakir province, Trabzon, Adana, Bursa and Sirnak. Erdogan has been trying to halt the IDF's operation to deter Hamas violence virtually since the mission began 11 days ago. He ostentatiously avoided Israel in a just- concluded fact-finding mission that took him to Saudi Arabia, Egypt, Jordan and Syria. Now he has "found" that Israel is conducting "inhuman acts" in Gaza, which, he says, will cause Israel to destroy itself. He believes that, in time, Allah will punish those who violate the rights of the "innocent." The human tragedy in Gaza, it transpires, is entirely Israel's fault: "Hamas abided by the truce. But Israel failed to lift embargoes. In Gaza, people seem to live in an open prison. In fact, all Palestine looks like an open prisonE" Turkish President Abdullah Gul adds: "What Israel has done is nothing but atrocity." Erdogan can find absolutely nothing wrong with anything Hamas has done since it grabbed power in Gaza. Turkey has just taken its seat as a non-permanent member of the Security Council and Ankara pledges to be Hamas's conduit to the United Nations. It has offered to deliver Hamas's conditions for a cease-fire to the council. Erdogan is also pushing to bring Fatah and Hamas together, though such reconciliation is unlikely to produce a less intransigent Palestinian polity, or one committed to coexistence with Israel. On balance, we're not convinced that Turkey has earned the right to lecture Israelis about human rights. While world attention focuses on Gaza, Turkish jets have bombed Kurdish positions in northern Iraq. Over the years, tens of thousands of people have been killed as the radical PKK pursues its campaign for autonomy from Turkey. Kurdish civilians in Iraq complain regularly that Ankara's air force has struck civilian areas where there is no PKK activity. THE NEXT Israeli government should weigh whether Israel can accept as a mediator a country that speaks, albeit elliptically, of our destruction. Meanwhile, if Turkey persists in its one-sided, anti-Israel rhetoric, the Foreign Ministry might consider recalling our ambassador in Ankara for consultations. Turkey needs to choose between bridging the gap between East and West and flacking for the kind of dead-end Islamist policies championed by Iran, Hizbullah and Hamas - policies that threaten to destabilize the entire region. 201 Death of innocents Jerusalem Post - Jerusalem Jan 7, 2009 How do Israelis feel when our artillery strikes a UN- run school building, killing dozens of people? The answer is: deeply shaken, profoundly distressed, sorrowful at the catastrophic loss of life. But we do not feel guilt. We are angry at Hamas for forcing this war on us; for habitually using Gaza's civilians as human shields; and - in this latest outrage - for transforming a center where people had sought refuge into a shooting gallery and weapons depot. To paraphrase Golda Meir, there may come a time when we will forgive the Arabs for killing our sons, "but it will be harder for us to forgive them for having forced us to kill their sons." Images of carnage take on a momentum of their own, and it requires a certain amount of savvy to realize that, sometimes, a picture is not worth 1,000 words. Images that jumble people's thinking and distort reality are less than worthless - they're propagandistic. News consumers rely on journalists to keep them from being duped. But what if the media becomes part of the problem? Take, for instance, a report by Gaza-based BBC producer Rushdi Abu Alouf from Shifa Hospital. The segment opened as frenzied crowds crying Allahu akbar encircled ambulances bringing war-wounded to Shifa's emergency room. The camera took us inside. This "you-are-there" treatment, patented by Al Jazeera, provides a voyeuristic, nearly pornographic, view from inside emergency rooms, operating theaters and morgues. The BBC producer interviewed a Norwegian physician, Mads Gilbert, presumably to get the view of an impartial foreigner, a Good Samaritan who had arrived in Gaza days earlier to volunteer his medical skills. Gilbert, clad in green scrubs, stethoscope slung around his neck, expressed outrage that international aid agencies were absent from the hospital. He called what is now happening in Gaza the worst man-made medical disaster he'd ever seen. The Israelis, prompted the producer, were claiming that most of the killed were gunmen - Gilbert's cue to assert that of the hundreds of patients flooding Shifa, maybe two were "militants." He elucidated: 2,450 had been injured, 45 percent of them women and children - and that didn't even include innocent men. Twenty-five percent of the dead were innocents; 801 children were "killed or injured." Faced with heartrending images of blood-drenched hospital floors, and funeral processions bearing whiteshrouded toddlers, who could be bothered to recall that Gaza's Palestinians empowered Hamas knowing full well that its raison d'etre is relentless struggle against the existence of a Jewish state? Or that some of Hamas's leadership is operating out of that very Shifa hospital? Or that Hamas hijacks international medical aid intended for the Gazan masses, diverting it to special locations where its gunmen are being treated? When readers of Britain's Guardian are confronted by a front-page photo of a father collapsed in front of his three dead children, they can be forgiven for losing sight of the bigger picture: that between 20012008, over 8,000 flying bombs were launched at Israel, traumatizing an entire generation of Israeli children; and that unless the IDF manages to stop Hamas, the months ahead could see life in metropolitan 202 Tel Aviv become as perilous as it is in Sderot. And when readers of London's Times see the headline: "We're wading in death, blood and amputees. Pass it on - shout it out" they, too, may be forgiven for overlooking the fact that Hamas purposely situates its launchers in densely populated areas. When the Arizona Republic reports: "Israel ignores calls for peace," a photo isn't even necessary. A WORD about Dr. Mads Gilbert: It turns out he's no neutral medical man, but active in "solidarity work with Palestinians" for 30 years. Responding to 9/11, Gilbert didn't rush to New York's Bellevue Hospital to offer his services. Instead, he defended the moral right of the "oppressed" to have launched that attack. Too many news outlets have allowed their coverage of Gaza to be agenda-driven, to willfully disregard the duty of presenting news and images in context. Cynically thrusting pictures of dead toddlers at readers and viewers obfuscates truth, bedevils news consumers, and robotically demonizes those "who could do such a thing." What a devious way of giving succor to the uncompromising fanatics who are really to blame for the horror of it all Israel's terms Jerusalem Post - Jerusalem Jan 8, 2009 Notwithstanding the cabinet's authorization for the IDF to fight on, Israel's decision to unilaterally halt offensive military operations in Gaza for three hours daily so residents can obtain supplies is just one of several indications that our decision makers are seeking an endgame to Operation Cast Lead. Defense Minister Ehud Barak reportedly intimated that he opposes expanding the land war against Hamas, while Prime Minister Ehud Olmert has expressed appreciation to Egyptian President Hosni Mubarak and French President Nicolas Sarkozy for their efforts to advance a cease-fire. Meanwhile, Syrian President Bashar Assad told CNN that the Hamas leaders he hosts in Damascus were in fact "ready [to make a deal]. They were ready, they are ready." Like it or not, the spotlight is now shifting to the diplomatic arena at a moment when - while Hamas has been dealt a series of punishing blows - the bulk of its guerrilla army and military hardware remain unscathed. We have consistently argued that Israel cannot tolerate the existence of a hostile regime between the Mediterranean and the River Jordan. Hamas stands as the antithesis of the two-state solution - the quintessential enemy of reconciliation. The prospects of cutting a deal with relative Palestinian moderates like Mahmoud Abbas are improbable so long as Hamas remains in power. EGYPT IS spearheading the cease-fire efforts in coordination with the US, France and Britain, and in 203 consultation with Israel and Hamas. Assuming Cairo comes up with an agreement, the UN Security Council can be expected to provide its imprimatur. The Egyptian plan, presented when Mubarak met French President Nicolas Sarkozy in Sharm e-Sheikh, reportedly calls for a temporary cease-fire as well as opening the crossing points into Gaza from Egypt and Israel for humanitarian relief. The Bush administration is pressing to include a reference to halting rocket attacks from Gaza and an end to smuggling into the Strip through tunnels from Sinai. Egyptian media say any cease-fire would then be followed by further talks on long-term arrangements. Publicly, Hamas leaders in Damascus and in Gaza are talking tough. After meeting with Egyptian intelligence chief Omar Suleiman, the Syrian-based Mohamed Nasr said, "Our position is clear: End the aggression, withdraw from Gaza; open the crossing points, especially Rafah; [and] a total lifting of the blockade." And when last heard from, Mahmoud Zahar, in Gaza, declared that his men would confront and defeat the IDF. Zahar's bluster apart, the assumption among Israeli analysts is that Hamas is eager for a time-out. So if a cease-fire is in the offing, Israel needs to be very clear about what it expects from such a temporary cessation of hostilities. It must also adhere to the larger strategy of asphyxiating Hamas in the fullness of time. For now, Israel must insist that: * the smuggling of weapons, munitions, terrorists and contraband via tunnels below the Philadelphi Corridor not be allowed to resume. If it does, all our efforts in the current fighting will have been in vain. Maj.-Gen. (res.) Giora Eiland has recommended widening the corridor on both sides of the border and declaring it a closed military zone. This would require Egypt to be fully on board, and financial backing from the international community to relocate those displaced by the need to create a cordon sanitaire. Meanwhile, Israel must reserve the right to continue military operations against the tunnels. * the security reality be changed. The purpose of the IDF operation was to deter Hamas from attacking. If the Palestinians violate the cease-fire by firing, tunneling, smuggling or manufacturing weapons, Israel must enjoy the freedom to retaliate, and in a timely fashion. * prior to implementing any cease-fire, Gilad Schalit be freed in exchange for Hamas gunmen taken in the current operation; plus, perhaps, others captured subsequent to his kidnapping. Israel will never have more leverage to free him than it has now. * the mandate for any international forces that would police the crossing points explicitly give them the kind of enforcement authority that earlier EU "monitors" lacked. If not, their presence would be meaningless and Israel should oppose permanent opening of the crossings. The cabinet must not lose sight of the fact that the goal of this operation was not a cease-fire, but to stop Hamas terror. 204 The Diaspora rallies Jerusalem Post - Jerusalem Jan 9, 2009 The boys wear yarmulkes, the girls hijabs. Chaperoned by their Muslim teacher, they hold signs with the word for "peace" in Hebrew, English and Farsi. They are Jewish schoolchildren in Teheran - at an anti- Israel demonstration. In times like these, our thoughts go to the predicament of Iran's 25,000 Jews. Just 52 years after Theodor Herzl published The Jewish State, transforming the Jews' age-old longing for Zion into modern political Zionism, the State of Israel was born. But our visionary founder got two things wrong: He assumed that with the creation of a Jewish homeland, the Diaspora would disappear, and so would the anti- Semitism endemic to it. Surprisingly, the non-disappearance of the galut has turned out - from a Zionist perspective - to be a blessing of sorts. Israel and the Diaspora sustain each other religiously, culturally and politically. For affiliated Jews, some level of attachment to Israel has become the sine qua non of an authentic Jewish life. Jewish civilization continues to thrive outside Israel, though demographic and other challenges are seldom far from the surface. This synergy, however, is not without its downside. As the IDF fights on the Gaza battlefield and campaigners wage an uphill battle to make Israel's case in the media, we Israelis are mindful that events here are having a deleterious security impact on the Diaspora. We worry, for instance, about the 15,000 Jews of Venezuela, being browbeaten by Hugo Chavez. But life is uncomfortable not just for Jews in hostile countries: Jews have also been targeted in the UK, Belgium, France and Sweden. Anti-Jewish louts marched brazenly through London's Golders Green. A synagogue in Brussels was hit by fire-bombers. A Jewish girl was beaten in Paris. A Helsingborg shul was nearly set ablaze. A VOCAL minority of Jews has joined the anti-Zionist chorus. Our tradition teaches that such defectors have been part of the scene ever since the Israelites came out of Egypt. For some, tragically, this is their only Jewish connection. To paraphrase the late US Supreme Court justice Potter Stewart in a famous 1964 pornography case: "Self- hatred is hard to define, but we know it when we see it." Besides the self-haters, there is another small yet well-connected grouping of British and American Jews that identifies itself as friendly to Israel, but whose endeavors undermine Israel's security. These people make a fetish out of breaking with the community's consensus. Now they're urging the British and US governments to pressure Israel into accepting an unsatisfactory Gaza cease-fire which would leave the Islamists emboldened. 205 Most Israelis look past them and draw comfort from the solidarity of the vast majority of affiliated Jews. We know the Conference of Presidents of Major American Jewish Organizations stands solidly with Israel. Expressions of support come from its constituents - the Union of Reform Judaism, the United Synagogue of Conservative Judaism and the Union of Orthodox Jewish Congregations of America. We acknowledge with appreciation the support of the Board of Deputies of British Jewry, and of CRIF, the umbrella group of French Jewish organizations. The Australian community, too, is with us. Pro-Israel demonstrations were held this past week at the gates of our embassy in Washington. A standing-room- only midday crowd packed the Sixth & I synagogue in the US capital. So many people came to a pro-Israel rally outside Israel's UN Consulate in Manhattan that police had to turn some away. The United Jewish Communities and the Jewish Federations of North America have been steadfast. The Jews of Boston are rallying; the Los Angeles community has established an emergency fund for victims of Hamas terror; San Francisco's community has been praying for the peace of Israel. Up and down America - from Providence to Tucson to Memphis; from Kansas City to Dallas to Chicago this has been a week of solidarity with Israel. In Europe, pro-Israel rallies have been held - or are scheduled - in every major city. On Sunday morning, London's Jews will gather in Trafalgar Square on behalf of Israel. We Israelis don't tell our Diaspora brethren often enough how grateful we are for their support, or how cognizant we are that what we do to defend ourselves sometimes complicates their lives. So we're telling them now: Toda raba! The UN's hollow Gaza resolution Jerusalem Post - Jerusalem Jan 11, 2009 There can be nothing more valid or just than Israel's security cabinet's pledge to press on with the Gaza operation regardless of UN disapproval. It is exactly as the prime minister's statement encapsulated: "Israel has never agreed that any outside body would determine its right to defend the security of its citizens." Friday's rocket attacks, following the UN Security Council's call for an immediate cease-fire, the statement continued, "only prove that UNSC Resolution 1860 is not practical and will not be honored in actual fact by the Palestinian murder organizations." Even before Israel's official reaction, Hamas responded with more violence to the council's resolution. The terrorists - who hold sway over Gaza, arm it to the teeth, cynically turn its inhabitants into human shields and indiscriminately rocket an ever-broadening range of civilian targets within sovereign Israel rushed to reject the resolution. The endorsement the resolution won from the Ramallah-based Palestinian Authority is irrelevant. 206 This, however, doesn't necessarily remove the onus from Israel - though in a fairer world it certainly should. The international community, which for over eight years calmly tolerated the targeting of ordinary Israelis, chose to speak out only when Israel finally acted to protect its populace. In that context, the council's alacrity to impose a cease-fire looks more like a bid to impede Israel's self- defense. This is a rerun of the UN's obstructionist role during Israel's 2002 Operation Defensive Shield. Then, too, the organization was intent on bringing Israel's resort to force to a standstill before it had impacted the Palestiniansa suicide-bombing infrastructure, amid much hand-wringing about the Palestinians' humanitarian situation, but without reference to who bore responsibility for their plight. At that time, too, Israel didn't heed a one-sided resolution which required it to sacrifice its own self-preservation interests. Disconcertingly, Resolution 1860 was adopted overnight Thursday by a 14-0 margin. Jerusalem was given cause to expect an American veto, but the US chose instead to abstain because, according to Secretary of State Condoleezza Rice, it awaited Egyptian mediation results. Rice apparently had no quarrel with the resolution's content and emphases, regarding it as "a road map for a sustainable, durable peace in Gaza." Hence Israel may well expect increased pressure to halt its operation regardless of ongoing Hamas aggression - wan diplomatic lip-service against Gazan Kassam and Grad barrages notwithstanding. Although the resolution clearly obligates Israeli forces to withdraw, and although much of its text is devoted to the welfare of Gazans, it does not so much as mention Hamas and its relentless terrorist predations on Israelis. Just a few days ago Israel witnessed the utter bankruptcy of UN resolutions and peacekeeping when rockets were fired from Lebanon into the western Galilee - in flagrant contravention of Security Council Resolution 1701 and practically under the eyes of UNIFIL observers. The UN might have evinced greater humility in view of its demonstrated impotence. Instead it persisted in producing another hollow declaration lacking real substance or potential. The UN patently possesses no ability to fulfill its professed worthy promises. How do the UNSC members propose to prevent missile attacks on Israel or prevent more gunrunning into Gaza? How, indeed, does Rice contemplate turning the resolution's verbiage into "a sustainable, durable peace?" Her British counterpart David Miliband described the UN as finally "speaking clearly with one voice" for a cease-fire, prevention of weapon-smuggling and opening of border-crossings. We wish that were the case, but there's sadly no clarity here. Can the UN truly guarantee a cease- fire, when it failed so far, or is it indifferent to Israeli suffering? Can the UN end illicit arms trafficking? Can the UN make sure that free passage to and from Gaza won't facilitate terroratrocities? Ceasing fire while Hamas retains a sizable arsenal, while Iran stands poised to rearm it, and while the Philadelphi Corridor remains breached, constitutes a surefire recipe for new and bloodier rounds. This would be disastrous not only for Israel but for those Free World states whose delegates cast anti-Israel votes at the Security Council. They may be ungrateful, but Israel is fighting their fight too. 207 Israel goes it alone Jerusalem Post - Jerusalem Jan 12, 2009 The world must be wondering, 17 days into Operation Cast Lead, why it is taking so long for Jerusalem to cave into pressure for a cease-fire in Gaza. From the UN Security Council, that renowned bastion of international probity, and the constellation of Muslim, Arab and non- aligned states to our unwavering European allies, the international community - and much of the media - wants Israel to stop fighting. We Israelis can hear these erstwhile friends in Europe and the media saying: "Everybody is wrong, and you alone are right?" They continue: "Yes, Israel has a right to self- defense - but must your IDF kill innocent civilians and destroy buildings in the process? Can't your tanks avoid harming them? Your failure to fight a war that is televised live, 24/7, without spilling blood has enraged the Arab street. We don't want this fury turned against our interests in the Middle East." That's why London's Telegraph could withdraw its "support." "There comes a point beyond which an operation of this sort becomesE morally unjustifiable," it said. "The humanitarian crisis in Gaza is so severe that a cease-fire is essential, irrespective of whether Israel feels it has achieved its military objectives." By this logic, Britain should have thrown in the towel in its war against Germany by September 18, 1939 17 days into WWII. Instead, Winston Churchill fought on for five long years at an awful - but morally justifiable - cost in Allied and enemy civilian lives. The New York Times, likewise, sympathizes with Israel's predicament but worries that trying to wrest Gaza from Hamas's grip will complicate the efforts of the incoming Obama administration to broker peace. Yet the reality is precisely the opposite: Unless Hamas is defanged, the prospect that relative moderates among the Palestinians, led by Mahmoud Abbas, will be emboldened to strike a deal with Israel is - nil. The reaction of Israel's European allies in particular has been instructive. Having abandoned Israel as it defends itself against a transparently fanatical Hamas - and after Israel unilaterally uprooted its settlements and pulled its soldiers out of Gaza in 2005 - Israel will be mindful of how much their support is worth when the time comes to "take risks for peace" in the West Bank. SPEAKING AT the Sunday cabinet meeting, Prime Minister Ehud Olmert made Israelis feel proud when he summed up the justice of the struggle and denounced the world's callous reaction: "For three weeks nowE Israel has been making an impressive military effort in the Gaza Strip in order to change the security situation in the south of the country. For many years we've shown restraint. We reined in our reactions. We gritted our teeth and absorbed barrage after barrage. "No country in the world - not even those who preach morality at us - would have shown similar patience and self- control. At the end of the day, the... obligation to defend our citizens - after we issued many warnings - led us to the unavoidable decision [that we had] to defend our [people], whose lives had become intolerable. 208 "We knew in advance that this struggle would be neither easy nor simple. We did not delude ourselves that what seemed natural, clear and self-evident for any other country would be similarly accepted when the State of Israel is involved. But this did not, and does not hinder our determination to defend our citizens. "We have never agreed that anyone should decide in our place if we are allowed to strike at those who bomb our kindergartens and schools; nor will ever agree to it... "Israel is nearing its goal [of changing] the security situation in the south so that our citizens can experience security and stability in the long term. We must not, at the last minute, squander what has been achieved in this unprecedented national effort that has restored a spirit of unity to our nation. "The Israeli public, especially the residents of the south, have the patience and willingness needed. So does the Israeli government." Amen to that. Israel would have preferred to act with the support of those who claim to back our right to self-defense. In a cynical world, Israel must press ahead without it. Egypt at the crossroads Jerusalem Post - Jerusalem Jan 13, 2009 For a myriad reasons it suits those who mold international public opinion to minimize the intrinsic importance of Egypt's contiguity to the Gaza Strip. Not only does Egypt border Gaza, it even ruled it for most of the time between 1948 and 1967. This geographic reality could well become the source of Gaza's salvation just as, in recent years, it became the source of its misfortune. Egypt's role is pivotal. Hamas propagandists like to portray Gaza as "one big prison" totally blockaded by Israel. Yet, as any map shows, Gaza isn't fully encircled by Israel. Its southern end, the Philadelphi Corridor, borders Egyptian Sinai. This outlet could, assuming prudence and good will, become Gaza's lifeline. Or it could continue to serve as a gateway for the importation of death - which is what it became during years of assiduous weapons smuggling by Hamas. There can be no lasting stability between Israel and Gaza unless the Philadelphi Corridor is plugged up to prevent gun- running and transformed, instead, into a conduit for improving Gazans' living standards. This necessitates a vigilant presence. The buildup of Gaza's rocket arsenal since 2005 illustrates what happens when so vital a passage is abandoned to the supervision of a disinclined Cairo and international observers with no clout. It is this state of affairs that allowed Hamas commanders to travel freely in and out of Gaza for training in Iran. While IDF deployment along the Corridor offers the best way to stop Hamas smuggling in weapons, terrorists and illicit cash, it is not our first preference. Such a deployment would be diplomatically and 209 militarily problematic. The international community does not want to see Israel carve out a buffer zone there, and holding that thin sliver of territory would leave our soldiers highly vulnerable. The best way - militarily, diplomatically and politically - to secure this crucial bit of real estate is from the Egyptian, not the Gazan side. WERE Egyptian goodwill unadulterated and its commitment to getting the job done unstinting, sealing Philadelphi would still be a tall order. Alas, Egypt has not over-extended itself. Its failure to keep Gaza from becoming a combustible repository of Hamas weaponry isn't merely the result, as Cairo claims, of not having enough personnel on the border because the Israel- Egypt peace treaty caps their allowable number. In reality, Hamas's ability to connect Gaza and Sinai via hundreds of tunnels has better explanations: the failure to check rampant lawlessness among Sinai Beduin tribes; sclerotic Egyptian decision-making, which deprives officials on the spot of authority; and the failure to adequately recompense those charged with securing the border, leaving them susceptible to bakshish. But the best explanation is that Hosni Mubarak's regime failed to make the cessation of smuggling its own priority. While on the one hand, it didn't want Hamas to grow ever stronger, it didn't, on the other hand, want to be seen as collaborating with Jerusalem against Hamas. Trying to have it both ways has now come back to bite the regime. It inadvertently helped create the explosive situation that forced Israel into Operation Cast Lead. Egypt is in a bind. Its own national interest isn't far from Israel's, yet it dare not inflame its domestic Islamist opposition, the Muslim Brotherhood, which is closely tied to Hamas. It is understandably loath to allow a free flow of Gazans - who might have Brotherhood or Iranian ties and stir up more unrest inside Egypt. Keeping the current situation on a low flame may strike Egypt as the least distasteful of a poor menu of choices. Yet it is a recipe for further bloodshed. If the Philadelphi Corridor isn't permanently secured, another - worse - round of warfare is inevitable. It would leave Hamas approaching Hizbullah in strength and posing an even greater risk of destabilization within Egypt. Egypt stands at a fateful crossroads. It must, finally, overcome its inhibitions vis-a-vis its own Islamists and take real action to stop arms trafficking. Alternatively, it must allow an empowered multi-national military presence on its soil to do the job. Either way, Egypt ought to desire the most effective supervisory mechanism, one it can oversee and coordinate, thereby cementing its status as regional leader. 210 What a democracy owes itself Jerusalem Post - Jerusalem Jan 14, 2009 There is something unpalatable about banning political parties. During the coldest days of the Cold War, American voters were never deprived of the chance to vote for Gus Hall and his Soviet-funded Communist Party USA. In Germany, voters can today opt for the neo-Nazi National Democratic Party. The British National Party, whose mission is to secure a future for "indigenous" white people, is there for UK voters. In contrast, authoritarian countries show little compunction about banning. Saudi Arabia bars the Green Party; Sudan and Cuba outlaw all parties. And Syria allows opposition parties that accept the "vanguard role" of the ruling Ba'ath Party. On Monday, the Knesset Central Elections Committee, comprising 25 politicians and one jurist, disqualified Balad and the United Arab List from running in the February 10 elections. The consensus was that both support terrorism, incitement and reject Israel's right to exist as a Jewish state. Arab critics retorted that the decision proved Israel is "racist" and "fascist." The High Court of Justice, which overruled an effort to disqualify Balad prior to the 2006 elections, will make the final call. The attorney-general's office is on record as determining that there is not enough evidence to disqualify either party. But overturning the ban this time may be harder. The Knesset recently passed a new law based on clause 7A of the Basic Law: The Knesset, which outlaws candidates who deny the right of Israel to exist as a Jewish and democratic state; engage in incitement, or support violence against Israel by an enemy state or terror organization. The amended legislation adds that anyone who illegally visited an enemy state in the past seven years can be banned. The Supreme Court has yet to rule on challenges to the amended law. DEMOCRACIES are not obligated to commit suicide. Spain, for instance, bans the political party affiliated with the terror group ETA. Similarly, US law makes it illegal for an organization that abets the use of violence against the government to seek office. The case for banning Balad seems fairly plain. While it's off-putting to hear MK Jamal Zahalka say, "We are not Zionists and we will never be," the reason for keeping his party out of the Knesset is that it refuses to dissociate from its former leader Azmi Bishara - with whom Zahalka proudly consults - who fled to Syria after the Second Lebanon War, fearing arrest as a Hizbullah agent. The case against Tibi's UAL party is not clear-cut. He is perhaps the most intellectually formidable of the Arab anti- Zionists, has a disarming personality, and calibrates his actions to stay just within the law. He won't declare unequivocally that he opposes terrorism, merely "militarization of the intifada." At a 2007 Fatah rally in Ramallah, Tibi urged continued struggle against Israel "until all of the Palestinian land is freed." Yasser Arafat's former consigliere tells Palestinians that Israel wants to "eliminate" them "en route to the elimination of the ideas of Palestinian freedom and liberty." Tibi says he does not oppose the state - just its policies. And he too declares that Arab citizens "will never 211 accept Zionism..." He will not, he says, stop visiting enemy states. Paradoxically, the disappearance of Balad and UAL from the Knesset might allow the emergence of Arab parties that actually cared about building the kinds of parliamentary alliances that can get things done for the Arab sector. Israel's proportional representation system allowed the UAL and Balad to gain six seats in the current Knesset. The tragic dynamic is that the more radical the party, the more support it garners from the Arab public. It doesn't help matters that the major parties give Arab voters little incentive to shun the extremists. In a world where 21 states define themselves as "Arab," and 56 proudly identify as Islamic, we do have a problem with Knesset members who begrudge Jewish self- determination within the rubric of a democratic Israel that respects minority rights. The Likud's Bennie Begin cautions that Israeli society must be "very, very, careful" about outlawing factions or disenfranchising constituencies in wartime. To that we would add: But neither should our polity shy away from making tough decisions to protect the system from those who would destabilize it. Remember the mission Jerusalem Post - Jerusalem Jan 15, 2009 Somewhere in a cave along the Pakistan-Afghanistan border, a gaunt man who hasn't seen much sun for seven long years has been watching Al-Jazeera's coverage of Operation Cast Lead. Perhaps he's telling himself that the 20 days Hamas commanders have been hunkered down in the sub- basement of Gaza's Shifa hospital is nothing compared to the ordeal he's been through. Still, Osama bin Laden wants to do the "Islamist thing." So he's called - again - for a holy war against the Jews. Such a Sunni jihad offers the added delight of irking the detested Shi'ite "heretics" in Iran. Didn't Ayatollah Ali Khamenei invite young Persian men to volunteer for suicide missions in Gaza - only to snatch back the offer after 70,000 actually signed up? Time may be running out for a holy war to save Hamas. Its leaders from both Damascus and Gaza - who cross overland at Rafah - have been dialoguing with each other, and with Egyptian intelligence chief Omar Suleiman in Cairo, on a cease-fire. Hamas "inside" is said to be pushing hard to bring the fighting to an end; Hamas "outside" appears, belatedly, to be coming around. The toing and froing is not limited to Hamas's functionaries. Our own Amos Gilad, head of the Defense Ministry's Diplomatic-Security Bureau, travels to Cairo today. UN Secretary-General Ban Ki-moon spent Wednesday there and is heading to Jordan, Israel, the Palestinian Authority, Turkey, Lebanon, Syria and Kuwait. Meanwhile, in Washington, Secretary of State-designate Hillary Clinton began her Senate confirmation hearings by declaring that she will make the Arab-Israel conflict a priority. On Sunday, the Arab League is scheduled to meet in Kuwait to discuss the Gaza crisis. And the UN General Assembly wants to hold a session to condemn Israel - something it hasn't done in two months. 212 Here in Israel, Ehud Olmert, Ehud Barak and Tzipi Livni have resumed their sniping. Supposedly, Barak has recommended a one-week humanitarian cease-fire; Olmert wants to push on; and Livni wants to act unilaterally once the IDF has done its (undefined) work. All this plays out as the world waits for Barack Obama to assume the US presidency on Tuesday. WITH ALL this going on, it is essential that Israel not lose sight of the minimum it should be getting before Operation Cast Lead ends. * The smuggling must stop. Hamas's access to armaments must be choked off. Any deal between Israel and Egypt on the tunnels beneath the Philadelphi Corridor must not encumber the IDF's freedom to operate when necessary. Once Egypt fulfills its commitments, IDF activity can be wound down. * There must be an end to shooting at Israel, and to infiltration attempts. The cease-fire must have no time- limit. And it must be honored not just by Hamas's Izzadin Kassam, but also by Islamic Jihad, the Popular Resistance Committees, the PFLP, the DFLP and Fatah's Aksa Martyrs Brigades. All violations will meet with immediate and "disproportionate" retaliation. * Hamas must become more reasonable on the Gilad Schalit issue; until it does, Hamas "military" figures will enjoy no repose. * Regardless of who runs Gaza, Egypt must keep tight control of its side of the Rafah border. When it comes to entry and egress, the buck stops with Cairo. * There can be absolutely no Turkish or other foreign troops on the Palestinian side of the border. Such a presence would hamper any necessary IDF activity. The foreigners can operate on the Egyptian side, if Cairo desires. If Israel's fundamental needs are met, how the Palestinians choose to govern themselves in Gaza is their own affair. Israel, for its part, will open crossing points to everything excepting materiel that can be used for military purposes. The embargo, for all intents and purposes, would be over. ON DAY 1 of this war, Ehud Barak declared that its mission was to put an end to Hamas aggression. Nothing short of achieving this goal should bring Israel's efforts to a permanent halt. No deal is better than a bad deal. If Hamas insists on fighting on, Israeli decision-makers will need to weigh when and how to mobilize our society for the prolonged, all-out assault needed to uproot the Islamist menace. 213 Fatah to the rescue? Jerusalem Post - Jerusalem Jan 16, 2009 In the rosiest of rosy scenarios, one purportedly championed by Egypt though not necessarily by Israel, Operation Cast Lead ends with Mahmoud Abbas and his Palestinian Authority restored to power in Gaza. A multi- billion-dollar internationally-financed reconstruction effort gets under way, administered to great acclaim by Fatah. At the Rafah crossing, meanwhile, the 2005 agreement that put Abbas's Force 17 in charge of security would be resurrected, returning international monitors and Israeli cameras to scrutinize comings and goings. A battered Hamas would, the optimists have it, accept the prolongation of Abbas's presidency (his term expired last week) and a junior role in a Fatah-led government of national reconciliation. This turnabout would reverse Hamas's June 2007 coup in Gaza and undo the diplomatic damage to Palestinian aspirations for international legitimacy caused by the Islamists' January 2006 electoral victory. Fatah would gain a new lease on life. It would solve so many problems for Israelis, moderate Arabs and the West, if Fatah were truly capable of rebuilding Gaza, conscientiously governing its denizens and policing its borders. But those who place their hopes in the Fatah-dominated Palestinian Authority are, regrettably, probably in for a let- down. Why? Because 100 years of Palestinian Arab history shows that Palestinians reward extremism and punish moderation; because Fatah remains crooked; and because, as its own activists acknowledge, they are simply not up to the task of governing Gaza. Writing in The Iron Cage: The Story of the Palestinian Struggle for Statehood, Rashid Khalidi bemoans the fact that though Fatah was formed in the 1950s, the PLO in the 1960s, and the PA in the 1990s; though its leadership was already running a mammoth bureaucracy by the 1970s and a quasi-state in Lebanon until 1982, "the PLO had done precious little to prepare for independent statehood." Khalidi, predictably, claims it was mostly Israel's fault. "Nevertheless," he writes, "there was much that [the PLO] could have done in spite of these crippling disabilities that they did not do. Notably, when they established the PA they failed to create a solid framework for the rule of law, a constitutional system, a balance of powers, and many of the other building blocks of a modern state to organize the governance of the 3.6 million Palestinians whose welfare they were now responsible for." SOME Westerners delude themselves into believing they know why support for Hamas appears to have grown despite the fact that since it kidnapped Gilad Schalit in June 2006, the Islamists' self-destructive behavior has paid dividends mostly in Palestinian blood, suffering and mayhem. They attribute Hamas's ascendancy and Fatah's decline to the current fighting, or to settlements, or to the "occupation" pushing ordinary Palestinians ever deeper into Hamas's embrace. It is more accurate, however, to sadly acknowledge that Hamas's worldview better reflects the extremism, rejectionism and self-destructive tendencies that embody the ethos of much of the Palestinian polity. Fatah's perceived drift toward moderation, combined with its corruption, have made it increasingly irrelevant to many Palestinians. 214 Since the start of the Zionist enterprise, Arab fanatics have been at war not only with our national liberation movement, but, simultaneously, with any internal voice advocating Arab-Jewish coexistence. Those who acquiesce in any semblance of Jewish rights are habitually labeled "collaborators." Though Fatah denounces Israel's battle with Hamas in the most venomous terms, the West Bank masses are said to be fuming that Fatah won't let them confront Israel directly. "This will irreparably damage its standing in the eyes of PalestiniansE" an Arab expert told The Christian Science Monitor. In other words, many ordinary Palestinians want Fatah to again lead them into another violent uprising despite the devastation a third intifada would bring down on them. Never mind that the standard of living in the West Bank is better than it has been in years. So the problem is not just a PA demonstrably incapable of reforming itself, or a politically toxic Hamas; it is, more fundamentally, much of the Palestinian political culture. Those who want to create a Palestinian state living peaceably with Israel could, then, reasonably conclude that what Palestinians need foremost is some kind of trusteeship to help them create a civil society, accountable institutions, transparent government... and political socialization toward tolerance. Deterrence restored? Jerusalem Post - Jerusalem Jan 18, 2009 Under intense worldwide pressure, including from the US, the cabinet on Saturday night declared an immediate unilateral Gaza cease-fire whose longevity will depend on how Hamas responds. The cease-fire comes in the wake of commitments by Egypt regarding the Philadelphi Corridor. Meanwhile, our forces will remain in place, and the crossing points from Israel and from Egypt into Gaza will stay closed until security arrangements to prevent Hamas arms smuggling can be implemented. UN Secretary-General Ban Ki-moon had declared: "We cannot wait for all the details, the mechanisms, to be conclusively negotiated and agreed, while civilians continue to be traumatized, injured or killed." Though Hamas has repeatedly rejected the cease-fire, and even now says that "resistance and confrontation will continue," the feeling among ordinary Israelis is that Ban was hectoring Israel and not the Islamist aggressors. Because the international community never seems to have the time to "wait for all the details" on how to stop Hamas or Hizbullah from arming themselves to be worked out; and because the UN has said not a single word to criticize Hamas's belligerence or its unlawful practice of fighting from behind Gaza's civilian population, it may be setting the stage for yet another round of bloodshed. The goal of the IDF operation which began on December 27 was to halt continuing Hamas rocket attacks and infiltration attempts against southern Israel; to change a reality in which a generation of Israeli schoolchildren has grown up thinking the threat of rockets and mortars was part of the fabric of life; and to plug up the hundreds of tunnels from Egypt into Gaza which deliver military hardware, trained gunmen and illicit cash that prop up Hamas. 215 Prime Minister Ehud Olmert declared on Saturday night that Israel had achieved "all the goals and more" of its resort to force, and detailed the arrangements for helping to secure them through diplomatic agreements. Time will tell. Israel's decision to agree to a cease-fire was facilitated by its talks with Egypt and a rather nebulous memorandum of understanding signed Friday between Foreign Minister Tzipi Livni and outgoing US Secretary of State Condoleezza Rice (in coordination with incoming Obama administration officials). Washington pledged to "work cooperatively" with Jerusalem on an array of steps to stem the flow of arms to Hamas. Separately, Italy, the UK, France and Germany have signed on to the memorandum. ISRAELIS HAVE every reason to be skeptical as to whether these pledges will translate into a tangible diminution of the enemy's capacity to smuggle Iranian weapons into Gaza. Moreover, while the US and EU have always supported Israel's theoretical right of self-defense against terrorism, when push comes to shove, as at the UN Security Council debate on Gaza, that support evaporates. We are hardly encouraged by Egypt's announcement that the Israel-US memo does not obligate it. Indeed, all we heard from President Hosni Mubarak was an adamant demand for "an immediate and unconditional cease-fire" and "a full withdrawal of Israeli troops from the Strip." Leaders of several EU countries are due to visit Egypt and Israel today to bolster the cease-fire. But unless Mubarak can be convinced to fulfill his responsibilities to stop the smuggling beneath the Philadelphi Corridor, all the photo-ops in the world will be to no avail. Corridor, all the photo-ops in the world will be to no avail. Whatever the fate of the ceasse-fire, it is not too soon to praise the IDF for an astoundingly effective war against Hamas and to thank our fighters for their extrairdinary efforts - the disparagement of the roreign media notwithsading - to avoid hurting non-combatants. Israel is a vivilized society that cherishes life and is loath to engage an enemy that takes cover among its own civilian population. Yet in the confrontation with Hamas, as Olmert stressed, it did its utmost to minimize civilians fatalities while nonetheless inflicting heavy losses on the terror group. It has been disagreable for the IDF to dtrike back at a Hamas whose gunmen operate out of homes, mosques, schools and hospitals. Israel, Olmert said, regrets the pain its actions have caused in Gaza. But Israel will not commit national suicide. And in Operation Cast Lead, it was honorring its obligation to protect its people, in a theatre of warfare cynically created by Hamas. Tragedy is no crime Jerusalem Post - Jerusalem Jan 19 2009 You are a freshman university student on the first day of a philosophy course. Your professor poses this ethical dilemma: A devoutly religious man is shooting at you with an AK-47. He is determined to kill you and your family. Is it moral to shoot back? Before you answer; consider that he is shielded by his pregnant 216 wife and three young children. Ordinary Israelis know what any undergraduate not suffering from a death-wish intuitively appreciates namely, that human beings should not intentionally injure other human beings but may sometimes need to resort to violence to keep themselves and others from harm. We are sensitive to the heartrending loss of innocent life in Gaza during Operation Cast Lead. Arab and foreign press reports claim upwards of 1,300 Palestinians killed, including 300 children and 100 women. It will take Israeli experts time to accurately determine how many of the dead were truly non-combatants. For now, there are huge discrepancies. Of the 900 enemy dead that Israeli intelligence had reportedly identified by last Thursday, about 250 were said to be non-combatants. The blame for their deaths rests solely with Hamas. Hamas provoked this war, and then fought it from behind Palestinian men, women and children. Still, for some knee-jerk enemies of Israel like British MP Gerald Kaufman, even the killing of "militants" is inexcusable. He's implied that Israel's shooting of a Hamas gunman is akin to the Nazis' murder of his grandmother during the Holocaust. We can have no common language with someone whose moral compass is so warped. Kaufman, like the mullahs in Iran, has convinced himself that Israel is exploiting the "continuing guilt from Gentiles" over the Holocaust "as justification for their murder of Palestinians." That broken record won't play. Presumably, Kaufman means the "gentiles" who control the United Nations. But how sympathetic are they to Israel's right of self-defense? Or perhaps he means the "gentiles" in the international media? How convincing is it to suggest that they side with Israel in their Gaza coverage? Even Kaufman's notoriety as a "Jewish critic" of Israel has lost its cachet - such critics are hardly a rare species. And anyway, Kaufman has been siding with the Palestinians since 1988, when he endorsed the first intifada. The Kaufmans of the world apart, Israel can also do no right in the eyes of those critics who believe that our existence here is an "original sin"; that since there were 600,000 Jews here in 1948 and, arguably, twice that number of Arabs, any partition of Palestine was inherently "theft." We have no claims on the hearts of those who embrace the Arab narrative so utterly. BUT WE'VE also been let down by those who profess to believe that the Jewish people do have the right to a homeland. Why is it so hard for them to comprehend the nature of the enemy we're facing in Gaza? After all, the theology that motivates Hamas is analogous to the fanaticism that brought down the World Trade Center, exploded London's transport system, and continues to spill innocent blood from Bali to Mumbai. Israelis are told that no matter the provocation, we are "too quick" to resort to force. As if negotiations with Hamas were an option; as if eight years was too quick. And if we've acted so "disproportionately" in our brutal march to triumph, how come the enemy is still standing and declaring victory? To the morally obscene charge that we've committed "genocide" in Gaza - does anyone seriously doubt that were genocide our goal, heaven forbid, there would be 500,000 dead Palestinians, and not 1,000? 217 What other army drops warning leaflets and makes automated warning calls prior to attacking? Why is it ethical for Hamas to fire from a mosque or over the walls of a UN facility, but unethical for our citizensoldiers to save themselves by responding with heavy weapons? The truth is that no Western country faced with a similar set of circumstances - fighting an enemy that principally targets non-combatants while hiding behind its own civilians - would comport itself with higher moral standards than the IDF. Sophomoric ideals about wartime morality are barely tolerable in Philosophy 101. When mouthed by leaders and pundits who should know better, they reflect intellectual laziness and dishonesty. ANEXO C Saturday, 27 December 2008 IDF Spokesperson: IDF launches Operation Cast Lead against terror infrastructure in the Gaza Strip Since this morning, the IDF attacked dozens of targets affiliated with the Hamas terror organization in the Gaza Strip. The targets included command centers, training camps, various Hamas installations, rocket manufacturing facilities and storage warehouses. The vast majority of the casualties are terror operatives, 218 most of whom were wearing uniform and working on behalf of terror organizations. - IDF updates: Operation Cast Lead *** Defense Minister Ehud Barak convened a press conference on Saturday afternoon (27 December) to formally announce the beginning of the IDF's operation against Hamas in the Gaza Strip launched at 11:30. DM Barak laid out the three objectives of the offensive: dealing Hamas a forceful blow, fundamentally changing the situation in Gaza, and bringing to the cessation of rocket attacks against Israeli citizens. "The time has come to act. We do not go to this clash gladly, but neither are we afraid of it. We will not let terrorists hurt our citizens or soldiers. We will do what is necessary. For weeks Hamas and its affiliates lobbed Kassams and Grads and mortar shells on the towns and communities of the South. We have no intention of allowing this situation to continue. In the afternoon IAF aircraft attacked Hamas and terror targets in the Gaza Strip. In this strike the IAF hit more than 190 Hamas operatives, including senior police officials, and destroyed infrastructure used by the terror groups." *** Egyptian Foreign Minister Ahmed Aboul Gheit harshly censured Hamas (27 Dec), placing responsibility for the current situation on Hamas. At a noon press conference broadcast on Egyptian television, he said that Egypt had repeatedly cautioned against continuing the situation and that whoever did not listen (Hamas) should assume responsibility and not blame others. He added that Israel had publicly warned that continued rocket fire would lead to military action. Prime Minister Olmert said just two days ago in an Al Arabiya TV interview that if Hamas did not stop the rocket fire, Israel would respond militarily. The Egyptian foreign minister added angrily that right before Foreign Minister Livni’s arrival in Egypt on Thursday, 60 rockets were fired, meant to foil Egypt’s efforts to achieve quiet. Behind the Headlines: Rockets rain down on southern Israel 25 Dec 2008 Since Hamas decided to end the calm on 19 December, there has been a marked deterioration of the situation in southern Israel. 219 Rockets strike southern Israel on December 24, 2008 (Photos: Rafael Ben-Ari/Chameleons Eye) The Israeli civilians living near the Gaza border have been the targets of Hamas rocket and mortar attacks for years, despite the fact that Israel disengaged from Gaza more than three years ago. The situation improved somewhat during the state of calm that began in June of this year. However, since Hamas decided to end the calm last Friday (19 December), there has been a marked deterioration. Dozens of Kassam rockets are now raining down on Israel on a daily basis. Hamas is launching the longer-range and deadlier Grad Kaytusha rockets at the southern resort city of Ashkelon and is threatening to carry out suicide bombings in Israel. The lives of the citizens of southern Israel are threatened with each launch. More than a hundred thousand Israelis are trying to celebrate the eight-day festival of Hannukah, as well as to carry on with their normal day-to-day activities, only to be interrupted time and again by the warning sirens of an incoming missile. They have only a few seconds to try to find cover, to pray that this time the rocket won't explode in a house, a school or a crowded supermarket. A whole generation of children is growing up in fear, dreading the next attack that could cut short their young lives, as has happened to too many of their neighbors. Hamas, and Hamas alone, is responsible for the escalating violence. Israel hopes that this terrorist organization, and the other organizations it can control, will cease their violent attacks on Israeli citizens, to the benefit of both Israeli and Palestinian civilians. Israel has no interest in conducting military operations in the Gaza Strip, but it is clear that the current situation, in which Israeli civilians are being targeted around the clock, cannot continue indefinitely. The residents of the cities of Sderot and Ashkelon, as well as the towns and villages in ballistic range of the Gaza Strip, cannot be held hostage forever to the radical fundamentalist agenda of Hamas. The government of Israel has the right - indeed, the duty - to protect its citizens. This is one of the most basic responsibilities of every democratic government, and Israel is no different. Moreover, it is not only Israeli civilians who are being held hostage; so too are those Palestinian residents of Gaza who wanted the calm to continue. Hamas and other terror organizations are firing from within populated areas, exposing Palestinian civilians to danger. It cannot be emphasized enough that absolute responsibility for any injuries to such civilians lies solely with Hamas. Hamas is willing to pay with the blood of Palestinian civilians in order to advance their own narrow interests. Hamas is also willing to sacrifice the well-being of all the residents of Gaza. Israel does not want a humanitarian crisis to develop in Gaza and will continue to supply food, medications and electricity to Gaza's residents, as the situation allows. But the ability to supply these necessities depends on the conditions on the ground, as created by Hamas. 220 The violent attacks being carried out on Israel impair efforts to reach a peaceful resolution of the disputed issues between Israel and the Palestinians, harming the political aspirations of the Palestinians. The situation created by the continuous mortar bomb and rocket attacks on Israel proves once again the necessity of isolating the Hamas terrorist organization. International pressure must be placed on Hamas, so that it stops its violent attacks and accepts the three conditions laid out by the international community. Hamas is part of the international Jihadist movement and it is the responsibility of Israel, and the international community to strive to prevent Hamas from realizing its nefarious goals. *** Selected statements PM Olmert to Cabinet (21 Dec): "Last June, we decided on the calm agreement... The calm could exist only as long as it was administered by both sides and not with one side relentlessly launching Kassams and mortars... The State of Israel will know when to respond correctly and with the necessary responsibility." FM Livni (22 Dec): "We cannot accept a situation in which Hamas continues to attack Israeli civilians in cities and communities within Israeli sovereign territory." President Peres in Sderot (Dec 24): "In Gaza they light rockets, and in Sderot we light candles... To the Palestinians I say - we do not want to see you suffering on account of Hamas's guilt. The moment that you stop firing rockets at us, there will be quiet in Gaza and the crossings will be open." FM Livni to Egyptian Pres Mubarak (Dec 25): "Hamas needs to understand that Israel's basic desire to live in a tranquil region doesn't mean that Israel is willing to accept ongoing shooting at its population." Diary of events On Friday morning (19 Dec), the Hamas Izz al-Din al-Qassam Brigades officially declared that the sixmonth calm was over. Three rockets fired from northern Gaza Strip landed in open areas in southern Israel, and Palestinians fired at farmers working in kibbutz fields. More than 40 rockets and mortars were fired at southern Israel from the Gaza Strip over the weekend. Palestinian terrorists fired over 20 Kassam rockets and mortars into Israel on Sunday (21 Dec), one damaging a house in Sderot. A foreign worker on a kibbutz was lightly injured from shrapnel from a mortar bomb. On Tuesday (Dec 23) an IDF patrol killed three terrorists intending to plant an explosive device along the security fence on the border with Gaza near Netiv Ha'asara. Over 60 rockets and mortar bombs were fired at southern Israel from the Gaza Strip between Tuesday night and Wednesday (23-24 Dec), including 7 rockets at Ashkelon, among them Grad-type missiles, and 5 at Netivot - one exploding outside a local community center which was full of children enjoying Hanukkah activities. Although no injuries were reported, about 60 people were treated for shock and several homes suffered direct hits. - Ynet - Rocket fire leads to close calls: Lives of three children saved as Grad missile fired from northern Gaza hit their home. DM Barak (24 Dec) canceled plans to allow food and medicine to enter the Gaza Strip after the crossings had been closed due to ongoing rocket fire from Gaza. Trucks from Egypt and international relief 221 organizations had been scheduled to cross into Gaza on Wednesday. Dec 25: A mortar shell fired at the Erez crossing in the northern Gaza Strip hit the crossing hall's ceiling, not far from a group of 150 Palestinian pilgrims making their way to Bethlehem and several patients headed to Israeli hospitals for medical treatment. Despite the closing of the Gaza crossings for the transfer of goods due to ongoing rocket and mortar fire, the Erez crossing remains open for medical and humanitarian cases. Behind the Headlines: Hamas increases range of rocket fire 31 Dec 2008 On Tuesday, 30 December, the longer-range Grad rockets now being fired from Gaza reached as far as Beersheba. The government of Israel is determined to create a more secure reality that will ensure the safety of southern Israel over the long term. Direct hit of Grad rocket on Beersheba school, 31 Dec (Photo: Reuters) On Friday, 19 December, Hamas announced the end of the Egyptian initiated calm that had been in force for six months. Dozens of Kassam and longer-range Grad rockets once again rained down on Israel. On Saturday, 27 December, after a week of rocket barrage, Israel initiated a military operation against the terrorist rule of Hamas in Gaza - this after over 12,000 rockets were fired at Israelis living in the southern part of the country on an almost daily basis over the last seven years. The government of Israel has the right - indeed, the duty - to protect its citizens. This is one of the most basic responsibilities of every democratic government, and Israel is no different. The government of Israel is determined to create a better, more secure reality that will ensure the safety of the Israeli population in southern Israel over the long term. While the IDF is conducting precision operations against the Hamas terror infrastructure and avoids harming the innocent, continues to strike at civilian targets in Israel. Israeli civilians - Jews and Arabs 222 alike - are being killed and wounded in their homes, at work, driving in their cars. The people of southern Israel live in fear. On Tuesday, 30 December, the longer-range Grad rockets now being deployed from Gaza reached as far as Beersheba, the capital of the Negev with a population of 185,000, almost 40 kilometers (24 miles) from the Gaza Strip. Other Israeli cities and communities over 30 kilometers from Gaza have joined the long list of Hamas targets: Ashdod, Yavne, Kiryat Malakhi, Omer, and the Beduin town of Rahat. One of the first rockets to hit Beersheba struck a kindergarten that would have been filled with children had it hit earlier in the day. Another struck a Beersheba school on Wednesday morning. Israel agreed to the calm last June, which was immediately violated by Hamas when it refused to advance the release of Gilad Shalit, continued to arm itself, and continued firing. Hamas used the six months of calm to build up its strength, develop and produce weapons, and train terrorist operatives, preparing for the period after the calm. The targets struck by the IAF show just how prepared the Hamas terror apparatus was and how deeply entrenched, using its civilian population as human shields. Its military headquarters and terrorist facilities are placed in civilian structures such as private homes, basements of houses inhabited by families with children, schools, colleges and universities, mosques and other public buildings. Israel and Hamas cannot be placed in the same moral equation. Israel is operating against Hamas, a terror organization which uses civilians as human shields and deliberately targets civilians. Hamas does not care what happens to the residents of Gaza. Israel warned the Gaza residents that every site of terrorist activity is a target. The sole responsibility for the ongoing suffering of the Palestinian population lies with Hamas. Israel's fight is against Hamas, a terror organization, not against the Palestinian people in the Gaza Strip. Despite the ongoing rocket fire from Gaza, Israel is allowing the transfer of humanitarian supplies to the Gaza Strip, including aid from various countries (Egypt, Turkey, Jordan) and international organizations (UNRWA, the World Food Programme, Red Cross, etc.). The deliveries are coordinated with Israel. In the last few days, some 200 trucks carrying food, medicines and medical supplies, including units of blood, have been delivered. Israel intends to maintain its humanitarian policy even as the fighting continues. Hamas does not recognize the existence of Israel or Israel's right to exist here. Hamas does not want peace. Israel proposes a vision of peace, while Hamas proposes a vision of war. Peace with Israel and calm in the region can only be achieved by dialogue. In order to achieve this, we must fight those extremist elements who resort to violence and terror. Restoring security to the Israeli citizens will also bring greater security to the people of Gaza, who are suffering the consequences of Hamas terror. Israel is waging a struggle, but this struggle is not Israel's alone. Israel is standing on the frontlines of the Western world's war against terror, and we expect support for fighting the war of the entire free world. Behind the Headlines: Israel expands Operation Cast Lead 223 4 Jan 2009 The upgrading of Israel's military activity was necessary to achieve the goals of operation Cast Lead - to deal the Hamas terror infrastructure a crippling blow and to enhance long-term security for Israel’s southern population. Home in Netivot destroyed by Grad rocket, Jan 3, 2009 (Photo: Rafael Ben Ari/Chameleons Eye) On Saturday, 27 December 2008, Israel launched Operation "Cast Lead" to protect the citizens of southern Israel who were being subjected to daily Hamas rocket and mortar fire. More than 8,000 projectiles have been fired at Israel’s cities in recent years. Although the situation improved somewhat under an Egyptian brokered "state of calm," Hamas resumed its attacks in recent weeks, unilaterally declaring the “calm” null and void. Israel began Operation "Cast Lead" with air operations against Hamas command centers and terror infrastructure, with the purpose of deterring further attacks against Israeli citizens. Yet, one week later after Hamas continued firing against Israeli citizens, launching about 450 rockets and mortars (including more than 60 of the more lethal Grad Kaytusha rockets) - Israel had to take further action. Consequently, on Saturday, 3 January 2009, Israel expanded its operations in Gaza to include ground forces. Their primary mission is to take control of key rocket launching sites in the Gaza Strip and to combat the terrorist forces operating there. This upgrading of military activity was necessary to achieve the goals of Operation "Cast Lead" - to deal the Hamas terror machine a crippling blow and to enhance long-term security for Israel’s southern population. It cannot be emphasized enough that Israel has no intention of reassuming control of the Gaza Strip. The expansion of the operation is intended solely to achieve its aforementioned goals. During the first week of Operation "Cast Lead", the capabilities of Hamas to continue its terror campaign were greatly weakened - hundreds of commanders and terrorists were killed, its senior leadership fled to underground bunkers, ammunition storehouses were demolished, its weapons production facilities were damaged, and many of the tunnels used for arms smuggling from Egypt were destroyed. Yet at the same time, the Iranian-backed Hamas continue to fire Kassam and Grad rockets at the civilian population living in southern Israel. The Hamas military wing has acted to harden its terrorist deployment. Many terrorists, including Iranian-trained commanders and operators, have been deployed to reinforced combat positions, including underground tunnels and bunkers. Some of the terrorist infrastructure remain 224 intact, while increasingly lethal weapons and longer-range rockets are being used. Not only does Hamas retain the means to continue its attacks on Israeli civilians, it still has the will to do so. Dozens of Kassam and Grad rockets are being fired daily at an ever- expanding range of towns and cities in southern Israel. Almost a million Israeli civilians are living within the range of these rockets, approximately 15% of Israel's total population has become the constant target of deadly weapons being shot at their homes, schools and businesses. No democratic country in the world would allow its sovereignty to be violated and its citizens to be subjected to terror attacks from the sky on a daily basis. Israel would have preferred that the situation not develop in this way. Israel only embarked on Operation "Cast Lead" after it had exhausted every other possibility. For years, in the face of constant terror attacks from Gaza, Israel acted with restraint and made every attempt to avoid a confrontation. Israel agreed to the "state of calm," even as Hamas exploited the arrangement to build up its forces, rearm and fire hundreds of rockets and missiles at Israel. Eventually, Hamas terminated the calm, launching up to 80 rockets at Israel a day. By this time, Israel no longer had a choice. The daily situation of the residents of southern Israel had become unbearable and Israel had to exercise its right of self-defense. Israel has made it very clear that its target is Hamas, an extremist Jihadist group recognized as a terrorist organization by not only the United States, but also the European Union, Australia, Canada, the United Kingdom and Japan as well. While determined to confront Hamas terrorism. Israel has no desire to harm Palestinian civilians living in Gaza. Israel is making every effort to avoid a humanitarian calamity in Gaza, and currently there is no crisis - international aid groups have even asked that Israel briefly suspend shipments since there is no more room in their Gaza warehouses. Israel will continue to transfer to Gaza all humanitarian aid that is sent, in coordination with aid organizations. During the first week of the operation, 400 trucks with humanitarian supplies, including food and medical equipment, as well as 10 ambulances entered the Gaza Strip from Israel. Similarly, on the operational level, Israel is doing everything possible to avoid harming uninvolved Palestinians. These actions include issuing warnings prior to attacks, giving Palestinian civilians time to leave the affected area, despite the damage to the element of surprise and the added risk to Israeli forces. Although every innocent casualty is a tragedy, statistics indicate that Israeli operational methods have had a large measure of success. The Palestinian-reported ratio of casualties among uninvolved Palestinian civilians vs. Hamas members stands at about 12% (50 out of 400 killed). This is much lower than any similar past event, including NATO’s bombing in Kosovo and Afghanistan, despite the more difficult conditions in Gaza, given the location of the terror infrastructure in the midst of the civilian Palestinian population and the documented Hamas use of civilians as human shields. Indeed, the IDF operation in Gaza has revealed that private homes, mosques and public institutions are being used by Hamas as bases of operation and as storage and manufacturing sites for arms and ammunition. Hamas alone is responsible for the suffering of the civilian populations on both sides of the fence, and bears full responsibility for any harm to Palestinian civilians as a result of attacks on legitimate Hamas military targets purposely located in populated areas. The Hamas represents the extremists of the region, those bent on never-ending Jihad and destruction. Together with its allies and sponsors, such as Iran and Hizbullah, Hamas wishes not only Israel’s 225 destruction, but the destruction of all pragmatic forces in the region - those who would seek a negotiated settlement to outstanding issues and a compromise two-state solution to the Palestinian question. It is Israel’s hope that Operation "Cast Lead" will be concluded quickly, will weaken the influence of Hamas and its ideology, and will bring a new security reality to both Israelis and Palestinians alike. Behind the Headlines: The tragedy at the school in Jebaliya 6 Jan 2009 An initial inquiry by forces on operating in the area of the incident indicates that a number of mortar shells were fired at IDF forces from within the Jebaliya school. In response to the incoming enemy fire, the forces returned mortar fire to the source. Today, a reported 30 Palestinians were killed in a heartrending tragedy at a school in Jebaliya. Initial investigations indicate that Hamas terrorists fired mortar bombs from the area of the school towards Israeli forces, who returned fire towards the source of the shooting. The Israeli return fire landed outside the school. Intelligence indicates that among those killed were Immad Abu Iskar and Hassan Abu Iskar, two known Hamas mortar crewmen. Innocent civilians should not have died. However, it is vitally important to understand how this horrific incident occurred and who truly bears the responsibility for it. Hamas began the current conflict when, three weeks ago it unilaterally violated the state of calm, and launched unprovoked rocket and mortar barrages on Israeli cities. This act of aggression was a clear violation of international law, and highlights a basic fact - not a single Israeli nor a single Palestinian would have been hurt had Hamas not launched its brutal attacks. Israel had to respond. No government would stand idly by while its citizens are subjected to rockets and mortar attacks. Self-defense is an inherent right, and responsibility of every state. It is enshrined in the Charter of the United Nations and remains a cornerstone of international law. While the investigation of the incident continues, one crucial detail is already apparent: this tragedy occurred because Hamas consistently uses its own population as human shields. While betting that Israel will hesitate to strike back at areas with civilians present, Hamas covers its bet with the knowledge that should civilians be harmed, Hamas still wins since Israel will be censured by the world's media. The best way to avoid the use of Palestinians as human shields is for the international community to begin to place the blame where it truly belongs - on the Hamas terrorists who exploit the suffering of their own people for political gain. Only the consorted international censure of Hamas will cause that terrorist organization to stop this perverted practice. 226 While Hamas exploits its own civilians as human shields as it deliberately targets the civilians of Israel, the Israel Defense Forces (IDF) do their best to avoid harming civilians on either side. Many Israeli antiterrorists operations have been aborted at the last minute, due to the untimely presence of civilians in the target area. Unfortunately, tragedies happen in wartime, particularly when one side violates international law by firing while hiding behind civilians. During its operations in Gaza, the IDF is making every effort to comply with the two basic legal tests of international humanitarian law: (1) are the targets legitimate military objectives and (2) is an action likely to cause disproportionate damage to the civilian population and their property. Israel faces a particular challenge with regards to determining the legitimacy of intended targets. The presence of civilians in an area of conflict does not stop a military objective from being a legitimate target. This is both the letter of international law and a reflection of state practice. The deliberate positioning of Hamas military targets among Palestinian civilians presents a problem with which Israel must consistently contend. The Iranian-backed Hamas, as a matter of strategy, refuses to uphold one of most fundamental requirements of international humanitarian law - that of distinguishing between combatants/military instillations and civilians/civilian properties. It follows therefore that while Israel does all it can to avoid harming non-combatants, under international law, any collateral injury to them is the responsibility of the Hamas, which deliberately chooses to operate from civilian structures and fire behind human shields. See Israel Air Force footage of a Hamas mortar crew operating inside a Gaza school compound and a Hamas rocket salvo being fired at an Israeli city during the three hour humanitarian respite on 8 Jan 2009. Using the Civilian Population in the Gaza Strip as Human Shields: Aerial photographs show locations of terrorist bases and weapons in the heart of civilian neighborhoods in the Gaza Strip (IICC report, January 2009) Jebaliya is a village and Palestinian refugee camp in the northern Gaza Strip. The aerial photograph shows that Hamas situated many of its military facilities in Jebaliya, including a post and firing range. Tunnels were dug between civilian houses and exposed areas were mined. Many places in Jebaliya served as rocket launching sites both before and during Operation Cast Lead, including places close to mosques and UNRWA schools. Hamas Exploitation of Civilians as Human Shields 227 6 Jan 2009 IICC - This study examines how Hamas and the other terrorist organizations in the Gaza Strip make extensive use of Palestinian civilians as human shields. Firing rockets at Israel from a densely populated area in the Gaza Strip (Photo: Edi Israel, Dec 27, 2008) Intelligence and Terrorism Information Commemoration Center (IICC) Center at the Israel Intelligence Heritage & Overview 1. This study examines how Hamas and the other terrorist organizations in the Gaza Strip make extensive use of Palestinian civilians as human shields. It shows how the terrorist organizations constructed a vast military infrastructure in the Gaza Strip, including a large arsenal of rocket and mortar shells used to target the southern Israeli population (in 2001- 2008 more than 8,000 rockets and mortar shell were fired into populated Israeli areas). The terrorists' military infrastructure was hidden in and around civilian homes and dispersed to locations scattered around the Gaza Strip, home to an estimated more than 1.4 million people, one of the most densely populated areas on earth. 2. The calculated, cynical use of the civilian population as human shields is intended to decrease the vulnerability of Hamas and the other Palestinian terrorist organizations by affording them a kind of immunity from the IDF's counterterrorism activities, since they are aware that Israel avoids harming the civilian population insofar as is possible. It is also intended to make it possible for Hamas and the other terrorist organizations to make political-propaganda gains in the battle for hearts and minds by representing Israel as operating against innocent civilians. The terrorist organizations' doctrine of using human shields was inspired by Hezbollah's tactics in Lebanon and by the lessons they learned from the terrorist campaign they have been waging against Israel since 2000. 3. Today Hamas and the other terrorist organizations have approximately 20,000 arms- bearing operatives in the Gaza Strip with varying degrees of skills. They have light arms, anti-tank weapons, powerful explosive devices, and rockets and mortar shells. Their military infrastructure is situated in urban population locations (with Gaza City serving as the nerve center) and eight densely populated refugee camps throughout the Gaza Strip . 4. Hamas and the other terrorist organizations copied and developed Hezbollah's warfare doctrine, which is based on exploiting the civilian population as human shields. They adapted it to the unique conditions 228 of the Gazan arena, which are topographically easier than those in south Lebanon . Using civilians as human shields is a war crime, a grave breach of the laws of armed conflict and a crime against humanity. Rockets and mortar shells are routinely fired from built up, densely populated areas and near structures and facilities (including educational institutions and mosques) provided special protection by the Geneva Conventions. In the scenario of an IDF incursion into the Gaza Strip, the terrorist organizations will use those urban and refugee camp settings as the focal points from which they fight. 5. This study (completed during the first week of Operation Cast Lead) provides many examples of how Gazan civilians are used as human shields during terrorist attacks against Israel and combat against the IDF. The examples are based on Israel 's accumulated experience in its combating terrorism from the Gaza Strip, including the first week of the Operation. The main findings are the following: i) Military and security personnel, facilities and installations are situated within dense population concentrations (including residential dwellings and public institutions, such as schools, mosques and hospitals): The military infrastructure attacked massively attacked by the IDF during Operation Cast Lead, includes terrorist operatives, weapons, and the facilities and installations themselves: headquarters, bases, offices, arsenals, tunnel and underground networks, lathes, workshops and bunkers. Constructing a vast security- military infrastructure within the civilian population exposes it to frequent “work accidents” and puts it on the front line in the fighting when the Israeli security forces carry out counterterrorism activities or when there are violent internal Palestinian conflicts. ii) Rockets and mortar shells are fired at Israeli population centers from inside or close to private Palestinian residences and sometimes from educational institutions or mosques. The rocket launching squads deliberately situate their launchers near houses to camouflage themselves and to protect themselves from the IDF. The attacks carried out by the terrorists often disrupt the daily lives of the Palestinian population and endanger them. Sometimes rockets explode as they are being prepared for firing, and in some instances homemade Qassam rockets (whose technical quality is low) fall in the Gaza Strip instead of Israel and kill and wound local civilians. iii) The terrorists fight against the IDF from within residences and public institutions, and use ambulances to evacuate terrorist operatives from the battlefield: In Operation Cast Lead, terrorist operatives found refuge in facilities such as hospitals, educational institutions and mosques. In IDF operations carried out in recent years, including Operation Hot Winter in March 2008 and Operation Autumn Clouds in October 2006, the IDF often faced terrorist operatives fighting from within private residences and receiving support from civilians, including women and children, who patrolled and carried out intelligence missions. In some instances the terrorist operatives wore civilian clothing, making it difficult to distinguish between them and genuine civilians. During Operation Hot Winter the IDF found weapons hidden in a mosque in the Jabaliya refugee camp. During battles in the Al-Zeitun neighborhood in 2004, the terrorists used UNRWA ambulances to evacuate a wounded Palestinian and terrorist operatives. All are grave breaches of the laws of war and an exploitation of the special protection afforded to places of worship and medical installations and vehicles. iv) Civilians, including women and children, are deliberately used as human shields to protect terrorist operatives whose houses the organizations fear may be attacked by the IDF: During Operation Cast Lead and in many instances in the past, the terrorist organizations have exploited IDF warnings to civilians to evacuate their residences before attacks to send children and adolescents to the relevant locations, knowing the IDF will not deliberately attack civilians. Hamas prime minister Ismail Haniya and many other Hamas leaders (such as Nizar Rayyan, killed in Operation Cast Lead) have openly boasted about their use of their human shield tactics. v) The terrorists hold military training, exercises and shows of fighting , important for improving their 229 fighting skills and raising morale, in the midst of population concentrations (where the terrorists feel more secure than in exposed settings). They endanger the civilians' lives, disrupt their daily routines, expose them to various types of work accidents (random gunfire, explosions) as well as to IDF counterterrorism activities. The Gazans have often appealed to the terrorist organizations to stop such activities, but without success. Exercises and shows of fighting increased during the six month lull arrangement prior to Operation Cast Lead. vi) Women and children are used as human shields: The terrorist organizations sent 200 women to rescue dozens of operatives from the Nasser mosque in Beit Hanoun in the northern Gaza Strip during an IDF action in November 2006. The terrorists mingled with the women, exploiting the fact that the IDF would not fire indiscriminately at a large group of women, and escaped from the combat area. Moreover, during IDF combat in the Gaza Strip in the past, the IDF often found terrorist operatives shooting at them while surrounded by children and adolescents , sometimes on their own initiative and sometimes prompted by the terrorists (incidents well documented and presented below). Women and children are also used in logistic operations and to carry out terrorist attacks (collecting intelligence, smuggling weapons, suicide bombing attacks). Such tactics may be repeated during Operation Cast Lead. 6. The civilian Gazan population pays a high price both with regard to personal injury and death (this study documents heavy civilian casualties caused by terrorist activity) and the severe disruption of their daily routines . Beyond the issue of using civilians as human shields, the entire Gazan population pays a heavy price for Hamas's policy, because when Hamas took over the Gaza Strip in June 2007, it turned its more than 1.4 million Gazans into hostages of its radical Islamic ideology and attendant strategy. Hamas forced them into a situation of unending combat with Israel , a harsh confrontation with the Mahmoud Abbas's Palestinian Authority, the deterioration of relations with Egypt and other Arab states, and isolation from the international community. 7. The fundamental contradiction between the needs of the civilian population and Hamas's policies is clearly manifested by the continuing attacks made by Hamas and the other terrorist organizations on the crossings between Israel and the Gaza Strip, the lifelines for the Gazans, and by the difficulties imposed by Hamas on their operation. Although for years Hamas has tried to falsely represent the situation in the Gaza Strip as a humanitarian crisis and even a “holocaust,” in effect it prefers carrying out terrorist attacks against Israel to caring for the basic interests of the Gazans. For the past few years the Kerem Shalom, Sufa, Karni, Nahal Oz and Erez crossings, through which fuel and other vital supplies are delivered to the Gaza Strip, have been repeatedly attacked with rocket and mortar shell fire as well as attempted masscasualty and suicide bombing attacks. The rocket and mortar shell fire at the crossings continued during the six months the lull arrangement was in force. In addition, the terrorist organizations have publicly targeted the Ashqelon power plant, which provides the Gaza Strip with 65% of its electricity. 8. In the past, Hamas's use of civilians as human shields and its cynical and malicious disregard for their basic interests have led to harsh criticism from the residents of the Gaza Strip (even though Hamas makes an effort to minimize it in the media it controls), as well as the Palestinian Authority and Egypt . Hamas has ignored the internal and external criticism, refuses to change its policies and frequently exploits the shortages, poverty and suffering in the Gaza Strip as fodder for media campaigns attacking Israel , Egypt and the Palestinian Authority. 9. During Operation Cast Lead , which began on December 27, 2008 , the IDF has carried out precise attacks on the military infrastructure established in the midst of the civilian population. The Israeli air strikes from the air and sea against Hamas (and other terrorist organization) targets situated in civilian locations are acceptable according to international law. They have been carried out because of the State of Israel's need to afford security to its civilians and to ensure their welfare and basic right to life and safety in accordance with the principles of armed combat. For eight years Israeli citizens have been exposed to 230 continual rocket and mortar shell fire, as well as other forms of terrorism, all originating with Hamas and the other terrorist organizations which control the Gaza Strip and operate from it . 10. Hamas and the other terrorist organizations, for their part, carry out war crimes and crimes against humanity, both by the deliberate, indiscriminate firing of massive rocket barrages at civilian targets to sow terror, death and destruction, and by using the civilian population of the Gaza Strip as human shields. All of the above violate the basic principle of the distinction between combatants and non-combatants, which is one of the cornerstones of the laws of armed warfare. It is up to the international community to deal with the terrorist organizations and the countries which sponsor and support them (especially Iran and Syria ) with all the political and legal means they have at their disposal. 11. The composition of this study began in the middle of 2008 and was completed at the end of the first week of Operation Cast Lead, with the beginning of the IDF land incursion into the Gaza Strip. The analysis of the use of civilians as humans shields and the many examples presented here are based on Israel's experience in fighting against Hamas and other terrorist organizations controlling and operating in the Gaza Strip. It includes examples from the first week of Operation Cast Lead, but without a doubt it will have to be updated when the operation in the Gaza Strip ends. Behind the Headlines: The truth about Hamas crimes in Gaza 13 Feb 2009 The evidence of Hamas' war crimes, its exaggeration of civilian casualties and damage to property, its abuse of humanitarian aid and its intimidation of Gaza's residents are finally coming to light. 231 Gaza school and zoo wired with explosives (IDF Spokesperson, Jan 11) Video: Hamas arms caches in residential areas cause extensive destruction Video: Hamas Use of Civilians as Human Shields Video: Civilian-clothed Hamas crews operate mortars in middle of Jebaliya Despite Hamas' best efforts to hide the proof about events in the Gaza Strip - the evidence of Hamas' war crimes, its exaggeration of civilian casualties and damage to property, its abuse of humanitarian aid and its intimidation of Gaza's residents - the truth is finally coming to light. Israel knows better than most countries the horrors of war. Eight years of constant rocket barrages targeting Israeli civilians, eight years of trying tactic after tactic to stop these war crimes left Israel with little choice but to invoke its legitimate right of self-defense. When Israel did strike back against Hamas terror in Gaza, it took unprecedented and innovative steps to try to encourage civilians to avoid Hamas positions, even placing tens of thousands of phone calls warning residents in hazardous areas. As British Colonel (ret.) Richard Kemp commented on the BBC, "I don't think there's ever been a time in the history of warfare when any army has made more efforts to reduce civilian casualties and deaths of innocent people than the IDF is doing today in Gaza." To Israel's great sorrow, innocent civilians in Gaza have been harmed. However, the figures of civilian casualties have been greatly exaggerated. Most of these figures come from Hamas sources, amplifying the number of civilians killed by including as "children" teenage Hamas fighters and as "women," female terrorists. According to an Israeli investigation, of the 1,100-1,200 reported casualties, 250 were civilians. The rest are believed to be terrorists or have yet to be identified, but given that most of them are young men in their 20s, it is not unreasonable to assume that they are also members of Hamas or other terrorist organizations. English journalist Yvonne Green reported (Jerusalem Post, Mar 2)after visiting Gaza that "Gazans contradicted allegations that Israel had murderously attacked civilians. They told me again and again that both civilians and Hamas fighters had evacuated safely from areas of Hamas activity in response to Israeli telephone calls, leaflets and megaphone warnings." Hamas is responsible, both morally and under international law, for many of the dead and injured civilians. This terrorist organization deliberately used the local population as human shields, a war crime. Civilian structures were used as launching pads for rockets, a tactic that is extremely hazardous to residents. Civilians were prevented, at gunpoint, from fleeing the sites of battles and even children have been grabbed to be used as living bulletproof vests. Ambulances were not safe from hijacking attempts by terrorists, who would lure the ambulances into the heart of battle to transport Hamas terrorists to safety. 232 Property damage, while sizeable, has also been exaggerated. As Tim Butcher, a journalist intimately familiar with the Gaza Strip reported (Telegraph, Jan 20): "There had been no carpet bombing of large areas, no firebombing of complete suburbs. Targets had been selected and then hit, often several times, but almost always with precision munitions. Buildings nearby had been damaged and there had been some clear mistakes... But, in most the cases, I saw the primary target had borne the brunt... For the most part, I was struck by how cosmetically unchanged Gaza appeared to be." Hamas' rocket attacks, which continued throughout the operation, constituted a double war crime. Not only were they aimed at about 15% of Israel's civilian population, they were cynically carried out from locations immediately adjacent to homes, schools, hospitals, relief agency warehouses, mosques (see video clip), public buildings - as well as from the office building that housed foreign media studios. These reprehensible acts were documented not only in Israeli aerial films, but by the international media. In one of the most notorious incidents, Israel was accused of attacking the UNRWA school in Jabalya. While civilians on the street were killed, it has since become clear that there was no attack on the school itself or on the school compound. As Patrick Martin subsequently reported (Globe and Mail, Jan 29): "Most people remember the headlines: Massacre of Innocents as UN School is Shelled; Israeli Strike Kills Dozens at UN School... There was just one problem: The story, as etched in people's minds, was not quite accurate. Physical evidence and interviews with several eyewitnesses, including a teacher who was in the schoolyard at the time of the shelling, make it clear: While a few people were injured from shrapnel landing inside the white-and-blue-walled UNRWA compound, no one in the compound was killed." Yet most media outlets have ignored this new proof. English poet and journalist Yvonne Green visited the Gaza Strip in February 2009 (Jerusalem Post, Mar 2) and met with one of the people injured outside the school, which was visibly intact. She was told that "Israel had warned people not to take shelter in the school because Hamas was operating in the area, and that some people had ignored the warning because UNWRA previously told them that the school would be safe." Rod Nordland (Newsweek, Jan 20) described one example of the abuse of civilian housing: "Suddenly there was a terrific whoosh, louder even than a bomb explosion. It was another of Hamas's homemade Qassam rockets being launched into Israel - and the mobile launchpad was smack in the middle of the four [apartment] buildings, where every apartment was full..." Lorenzo Cremonesi (Corriere della Sera, Jan 21) relates the testimony of "Um Abdallah": "Practically all of the tallest buildings in Gaza that were hit by Israeli bombs ... had rocket launching pads on their roofs, or were observation decks for the Hamas. They had also put them near the big UN warehouse, which went up in flames." Many of Gaza's residents are now returning home. Some have found weapons left behind by Hamas terrorists who turned their homes into forward positions against the IDF, or worse, bodies of terrorists killed during the fighting. Many blame Hamas for the loss of life and property damage caused by Hamas’ practice of hiding among the civilian population. However, critical as they are of the Hamas regime in private, few, if any, residents of Gaza will accuse Hamas publicly, a move that is tantamount to suicide. According to Khaled Abu Toameh (Jerusalem Post, Jan 19) an official Fatah spokesman in Ramallah reported that 100 of his men in Gaza have been killed or wounded, some brutally tortured, by Hamas. "Eyewitnesses said that Hamas militiamen had turned a number of hospitals and schools into temporary detention centers where dozens of Fatah members and supporters were being held on suspicion of helping Israel during the war."A 233 Fatah leader in Gaza City claimed that as many as 80 were either shot in the legs or had their hands broken for allegedly defying Hamas' orders. "According to the official, at least three of the detainees had their eyes put out by their interrogators, who accused them of providing Israel with wartime information about the location of Hamas militiamen and officials." (See also video of Fatah testimonials about Hamas.) Amnesty International has accused Hamas of waging a campaign to kill or maim scores of Palestinian opponents in the Gaza Strip since the end of December, reporting that at least two dozen men have been shot dead by gunmen from the Palestinian militia that governs the Gaza Strip since December 27. Ulrike Putz (Der Spiegel, Jan 23) managed to interview Palestinians who were not too intimidated by Hamas to speak (as long as their full names were not used): "Hail found out after the cease-fire that the militants had used his house as a base for their operations. The door to his house stood open and there were electric cables lying in the hallway. When Hail followed them they led to his neighbor's house which it seems Hamas had mined. As Hail, in his mid-30s, sat on his porch and thought about what to do a man came by: He was from Hamas and had left something in Hail's home. He let him in and the man then emerged with a bullet proof vest, a rocket launcher and an ammunitions belt. An hour later a fighter with Islamic Jihad called to the door, then disappeared onto the roof and reappeared with a box of ammunition." Fausto Biloslavo reported from Gaza (Panorama-Italy, February 16) on the "other side of the war" - entire buildings taken hostage, the population used as human shields and, for dissidents, the risk of getting a bullet as "quislings". In one case, about 170 Palestinian civilians were living in an eight-floor building in the Al-Nasser neighborhood in Gaza. When the Hamas terrorists positioned themselves on the roof, a former Palestinian colonel tried to explain to them that they would draw Israeli bombs on the children of the building. "It will be a great honor if you will die with us," replied the "defenders of Gaza". When the officer insisted, they fired a burst of Kalashnikov over his head to get rid of him. In another instance, in the Tel Al-Awa district of Gaza, a Palestinian civilian afraid to disclose his name related: "The Hamas men arrived at night to sleep under the stairs. First in uniform, then in plain clothes and with concealed weapons. We tried to bolt the door, but there was nothing to be done. The entire building was used as a shield by the militiamen." Israel has a strong interest in the rehabilitation of the Gaza Strip and will work together with the international community and moderate Arab regimes to improve the lives of Gaza's residents. However, caution most be exercised to ensure that the aid does not end up in Hamas' pockets. This is not unwarranted wariness - Hamas has a long history of stealing humanitarian aid for its own use, even while the operation was ongoing. As Yaacov Katz reported (Jerusalem Post, Jan 12), "Hamas raided some 100 aid trucks that Israel had allowed into Gaza, stole their contents and sold them to the highest bidders." Earlier (Jerusalem Post, Jan 6) Mr. Katz related that "Hamas has set up an independent hospital in the Gaza Strip to treat its operatives wounded in fighting with the IDF - and, according to Israeli estimates, it is pilfering a significant portion of the medicine allowed into the Strip..." These reports are not only coming in from Israeli sources. Jordan's News Agency (Petra, Jan 20) reported on the hijacking of humanitarian aid on its way to UNWRA warehouses in Gaza for distribution to the civilian population: "A number of armed men have seized on Tuesday a Jordanian aid convoy after entering the Gaza Strip... The armed men opened fire at drivers after crossing Karem Abu Salem [Kerem Shalom] crossing point and forced them to head to their own warehouses." UNRWA reported (3 Feb 2009) that Hamas armed assailants seized at gunpoint 3500 blankets and 406 food parcels from its distribution center at the beach refugee camp (Shati), and on February 5 suspended all imports of aid into the Gaza Strip after 10 truckloads of flour (100 tons) and rice (200 tons) imported 234 from Egypt for UNRWA were taken from the Palestinian side of the Kerem Shalom Crossing into Gaza. The Jerusalem Post reported on 13 February 2009 that medicine bottles, transferred to the Gaza Strip as humanitarian aid by Israel, were used by Hamas as grenades against IDF troops during Operation Cast Lead (see also IICC report). Hamas' hijacking of humanitarian aid is not only ethically repulsive, it is extraordinary given that Hamas is attempting to claim that the motive for its rocket attacks is to force the opening of the crossings. This assertion is, of course, preposterous given that the rocket fire started eight years ago, when there was free trade with Gaza and continued after Israel completely withdrew from the Gaza Strip. Moreover, Hamas' constant and deadly rocket, mortar, truck-bomb and shooting attacks on the crossings are one of the prime reasons for their closing. The complexities of fighting terrorist organizations are becoming more familiar to democratic states, including NATO forces in Afghanistan. A British soldier who served there analyzed the IDF's activities in light of his experience and noted (The Spectator, Jan 24) that "I believe that I and other soldiers understand the stress, friction and confusion that combat brings in a way that media commentators and UN bureaucrats never can." However, one principle is clear to any unbiased analyst - as long as Israel, and not Hamas, is blamed for civilian casualties and property damage, Hamas will continue to use civilians as human shields and violate every basic rule of international humanitarian law. Fortunately, the truth is starting to come to light. Even a senior European Union official - Louis Michel, European Commissioner for Development and Humanitarian Aid - denounced Hamas, not only stating (AFP, Jan 26) during his visit to Gaza: "I intentionally say this here - Hamas is a terrorist movement and it has to be denounced as such," but also concluding that: "At this time we have to also recall the overwhelming responsibility of Hamas" for the conflict in Gaza. Humanitarian aid to Gaza during IDF operation 235 18 Jan 2009 Throughout the IDF operation in Gaza, Israel continued to ensure that the civilian population in the Gaza Strip received food, medicines and other humanitarian necessities. Food, medicine and ambulances are delivered to Gaza via the Kerem Shalom crossing (Photos: IDF Spokesperson) Video: Humanitarian aid delivered to Gaza Video: Kerem Shalom crossing, Jan 12, 2009 Video: Humanitarian aid entering Gaza 7 Jan 2009 During the Israeli operation in Gaza: 37,159 tons of humanitarian aid on 1503 trucks were transferred via the Kerem Shalom and Karni crossings (food, medication and medical supplies) - Live video feed of the Kerem Shalom crossing into Gaza 1,535,750 liters of heavy duty diesel for the Gaza power station 234 tons of gas for domestic use 188,000 liters of diesel for UNRWA vehicles and needs 3,896 tons of grain, on 98 trucks were transferred via the Karni conveyor belt 20 ambulances were donated by the governments of Turkey and Jordan, and 10 ambulances transferred to the Gaza Strip by the ICRC in order to meet the needs of the Palestinian Red Crescent Society 449 dual nationals were evacuated via the Erez Crossing 68 chronically ill people and their escorts made their way from Gaza to Israel, the West Bank and Jordan 37 employees of international organizations and medical staff entered Gaza via the Erez Crossing A forward medical clinic was established at Erez by Magen David Adom Numerous medical movements took place via Rafah, including at least 25 ambulances Since the beginning of Operation Cast Lead on December 27, 2008, Israeli defense officials at the Coordination and Liaison Administration (CLA) have been working together with the international organizations in the Gaza Strip as well as various governments in order to assess the humanitarian needs, requirements and make the necessary response. Since the beginning of the operation, and on a daily basis, the international community has been able to increase the amount of goods supplied to Gaza. While determined to confront Hamas terrorism, the humanitarian situation of innocent Palestinian civilians in Gaza is for Israel a top priority. Israel makes every effort to avoid a humanitarian crisis and cooperate and coordinate constantly and closely with the international humanitarian organizations. Currently there exists no such calamity - international aid groups have even asked that Israel briefly suspend shipments since there is no more room in their Gaza warehouses. During the first week of the operation, 401 trucks of humanitarian supplies and medical equipment passed 236 through into Gaza with the assistance of Israel, and despite the danger the Hamas attacks pose to the carriers of these humanitarian shipments themselves. These shipments included food, WHO medical equipment, Red Cross relief equipment, UNRWA donations, Palestinian private sector trucks, as well as donations from European and Arab countries. Ten ambulances entered the Gaza Strip from Israel. During the next days ICRC surgical teams are due to enter Gaza to help the Shifa Hospital teams. The Israel Electric Company is working to restore the capabitilies of the electric grid in Gaza. Israel will continue to transfer to Gaza all humanitarian aid that is received, in coordination with the aid organizations. The Joint Humanitarian Coordination Center (JHCC) was established by COGAT and the Ministry of Foreign Affairs in order to provide a main point of contact for the international organizations, the activities of the JHCC are coordinated and implemented in the field by COGAT. Through its twice daily meetings with the international organizations that work in Gaza, the JHCC is able to expedite real-time humanitarian solutions to problems that occur in the field as well as to facilitate the transfer of humanitarian goods into Gaza on a daily basis. Since January 7, 2009, the IDF is implementing a "humanitarian recess" for three hours on a daily basis, in accordance with the needs and the security situation in the area. Open contacts and a 24-hour "hot line" with the international organizations (UNRWA, ICRC, WHO, WFP, etc.) was established in order to evaluate and coordinate the humanitarian needs and requirements of the Palestinian civilian population. COGAT is also in contact with the Palestinian Authority, the Fatah civilian committee in Gaza and the Palestinian private sector in order to assess the humanitarian needs and requirements and to coordinate the entry of humanitarian products and merchandise into Gaza. During this period of time: The international organizations distributed humanitarian equipment and food in distribution centers for the civilian population. Funerals were conducted. Medical movement was coordinated. Movements of international organization representatives were coordinated (for example, supplies to a school in Beit Hanoun that provides shelter, food supplies to the warehouses in northern Gaza). Recently, reports have been accumulating saying that Hamas elements are confiscating food donations sent into Gaza during the current operation. The reports point in particular to the confiscation of flour and its sale, often at outrageous prices. On January 11, 2009, in a Hamas internet forum, surfers complained about the confiscations of flour donations in Dir-al'Balech by Hamas elements. There is also a description of how Hamas transfers the donations to its own warehouses, and distributes them to only two bakeries in the city - Albana Bakery and Al-Tzalah Union Bakery - both of which belong to Hamas (see following screen capture). Details of humanitarian aid transferred to the Gaza Strip via Israeli crossings: Janaury 18, 2009 95 trucks carrying food and medical equipment were transferred to Gaza via the Kerem Shalom crossing, as well as 60,000 liters of diesel. An additional 38 trucks delivered 1,463 tons of wheat and other grains at the Karni crossing. 90,000 liters of diesel were transferred via the Nahal Oz fuel terminal. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 18-Jan-2009 237 January 17, 2009 51 trucks loaded with 1,135 tons of supplies for UNRWA and the private sector were shipped to Gaza via Kerem Shalom cargo terminal. Also, 115,000 liters of heavy duty diesel were transferred to the Gaza Strip through Kerem Shalom. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 16/17-Jan-2009 January 16, 2009 76 trucks carrying 3,333 tons of humanitarian aid and 115,000 liters of heavy duty diesel in three fuel tankers were transferred to the Gaza Strip through the Kerem Shalom crossing. The shipment included basic food commodities, medical supplies, dairy products, a large Jordanian donation, medical supplies and powdered milk from the World Health Organization, and a donation from an Israeli peace initiative. At the Karni conveyor, 37 trucks supplied 1,400 tons of grain, including wheat, corn and animal feed were transferred. January 15, 2009 69 trucks carrying humanitarian aid passed through the Kerem Shalom crossing carrying 1,468 tons of food, medical equipment, and other basic supplies. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 14/15-Jan-2009 January 14, 2009 105 trucks transferred 2,310 tons of flour, dairy products, canned goods, water and medical equipment to Gaza through the Kerem Shalom crossing. Three fuel tankers also transferred 104,000 liters of fuel for the Gaza power station. January 13, 2009 102 trucks containing 2,310 tons of humanitarian aid including basic food commodities, medical supplies and medication were transferred to the Gaza Strip via the Kerem Shalom crossing. In addition, Also, 156,000 liters of heavy duty diesel for the Gaza power station were conveyed through the Kerem Shalom crossing in four fuel tankers. The commodities included supplies for UNRWA, the World Food Programme, UNICEF, various donations, and goods for the private sector including 208 tons of dairy products and supplies required for maintenance of the water network. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 13-Jan-2009 January 12, 2009 A total of 120 trucks carrying 3,129 tons of humanitarian aid including basic food commodities, medical supplies and medication were transferred to the Gaza Strip. The commodities included supplies for UNRWA, the World Food Programme, UNICEF a large Jordanian donation and goods for the private sector. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 12-Jan-2009 January 9-11, 2009 Jan 11: 91 trucks carry food, medical equipment and other humanitarian aid entered Gaza via the Kerem Shalom crossing. Jan 9: 41 trucks carrying food products and electrical equipment entered via the Kerem Shalom crossing. 223 dual nationals were evacuated from Gaza. While most of the population in the Gaza Strip has electricity, work continues to restore additional electrical lines. - Video: Israel reconstructs Gaza's electrical infrastructure Over the weekend, a total of 132 trucks with 3,339 tons 238 of humanitarian goods were transferred. These goods included basic food commodities, medical supplies, electrical supplies for the Palestinian Energy Authority, a donation of approximately 1000 blood units from Jordan and a total of 42 truck loads for UN bodies. January 8, 2009 Israel transferred 89 humanitarian aid trucks loaded with 2,227 tons of food and medical supplies to Gaza via the Kerem Shalom Crossing, including aid provided by UNRWA, WFP, WHO, ICRC, Jordan and Italy. 315,000 liters of fuel, alongside 143 tons of natural cooking gas were transferred through the Nahal Oz terminal, and 223 foreign nationals were permitted entry to Israel following requests from their respective governments. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 8-Jan-2009 January 7, 2009 Throughout the day the crossings facilitated the movement of 76 trucks loaded with 2,068 tons of humanitarian goods, comprised of donations from Jordan and Egypt, and aid on behalf of UNRWA, the World Food Programme, the World Health Organization and the International Committee of the Red Cross. Also, 482,000 liters of heavy duty diesel for the power plant, 92,000 liters of diesel for UN humanitarian operations and 43 tons of gas for domestic use were transferred to the Gaza Strip. Ongoing activities are taking place in order to repair additional electrical lines. Nevertheless, most of the population in the Gaza Strip has electricity. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 7-Jan-2009: "Humanitarian corridor" labeled a success January 6, 2009 57 trucks loaded with 1,312 tons of humanitarian aid entered the Gaza Strip via the Kerem Shalom crossing. The trucks contained medical supplies, flour, powdered milk, potatoes, barley and more, shipped to Gaza at the request of international organizations including UNRWA, the World Food Programme and the World Health Organization, as well as international donations on behalf of the governments of Jordan, Egypt and Greece. Israel's humanitarian efforts, in conjuction with international organizations operating in the Gaza Strip, also include medical treatment in Israeli hospitals and infrastructure repairs in the Gaza Strip. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 6-Jan-2009 239 Photo: IDF Spokesperson January 5, 2009 49 trucks carrying 1,119 tons of food and medicines were transfered to Gaza via the Kerem Shalom crossing, including four, medical equipment and medicines. The aid was donated by international organizations - UNRWA, WFP and the ICRC - and by several countries, including Egypt and Jordan. In addition, 215,000 liters of diesel fuel for the power plant,, 93,000 liters of diesel for the use of various UN organizations and 50 tons of cooking gas for domestic uses were transferred via the Nahal Oz terminal. The evacuation of dual nationals is continuing. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 5-Jan-2009 January 2, 2009 Photo: IDF Spokesperson Israel transferred 64 trucks carrying 1,530 tons of humanitarian aid (including basic foodstuffs, medicines and medical supplies, tents and generators) via the Kerem Shalom crossing. Among the trucks were 25 UNRWA trucks, eight trucks of food donated by Turkey, and three trucks of medical equipment from the WHO. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 2-Jan-2009 January 1, 2009 60 trucks, with approximately 1,360 tons of humanitarian aid, medical supplies and medication were conveyed through Kerem Shalom cargo terminal. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 1-Jan-2009 December 31, 2008 240 93 truckloads carrying some 2,500 tons of humanitarian aid, medical supplies and medications were transferred through the Kerem Shalom crossing. The World Food Programme notified the Israeli authorities that their food warehouses in the Gaza Strip are full, with a two-week supply, and they do not require further shipments. The Nahal Oz fuel crossing remains closed due to continuing fire in the area. Twelve Palestinians, including two children, were transferred to Israeli hospitals. • Humanitarian aid to the Gaza Strip 31-Dec-2008 Injured Palestinian boy receives medical treatment by Israeli and Palestinian medical personnel at Erez crossing, 31 Dec 2008 (Photo: IDF Spokesperson) December 30, 2008 241 93 truckloads carrying 2,366 tons of humanitarian supplies as well as five ambulances donated by Turkey were transferred to the Gaza Strip. A Red Cross plane arrived with medical supplies for the hospital operating room. The aid included food and medicine provided by the World Food Programme, UNRWA, UNICEF, the ICRC, the World Health Organization, Doctors without Borders, and Care International, as well as donations from Egypt, Jordan, Qatar and Turkey. • Israel increases humanitarian effort to the Gaza Strip - 30-Dec-2008 December 29, 2008 63 trucks with 1,545 tons of humanitarian goods (food, medicines and medical supplies) were delivered via the Kerem Shalom crossing. Most of the aid was provided by the International Red Cross, UNRWA, Doctors without Borders, and Care International. Five ambulances from the Palestinian Red Crescent Society (PRCS) in Ramallah passed through, at the request of the International Red Cross (ICRC). 1,000 units of blood donated by the Hashemite Kingdom of Jordan were also delivered. Although scheduled to open, the Nahal Oz fuel depot remained closed due to rocket attacks nearby. Erez crossing: Four people (patients and their escorts), and ten international staff, including a pregnant FAO employee and her Palestinian husband, left the Gaza Strip and crossed into Israel. December 28, 2008 At the request of international organizations (the International Red Cross, UNRWA, WFP) and of the Palestinian National Authority in Ramallah, 23 truckloads of humanitarian goods such as flour, medicines and medical supplies, were transferred via Kerem Shalom crossing. Photos: IDF Spokesperson The Unit for Coordination of Government Activities in the Territories reports daily on the general humanitarian situation in the Gaza Strip. Humanitarian aid includes food, medicines and medical equipment, tools and materials for esssential humanitarian infrastructures, and a certain amount of diesel fuel. Cement, sand, gravel and steel are not considered to be humanitarian aid. Different crossings are designated for different types of humanitarian aid: Karni Crossing: grains such as wheat, barley, soy beans, corn, sesame seeds, animal feed and aggregate 242 Kerem Shalom and/or Sufa Crossing: food, hygiene products, tools and raw materials for essential infrastructures, medicines and medical equipment; and a myriad of other items - ranging from school books to wheel chairs - needed by the civilian population. Nahal Oz: diesel fuel for transportation and for the local Gaza power station, petrol, and gas for cooking and heating, according to an assessment of civilian needs mandated by the Israeli court. Erez Crossing: two-way traffic of international organizations' staff between Israel and Gaza ; Gaza residents seeking medical treatment in Israel or the Palestinian Authority, together with the people accompanying them ("medical evacuations"); and Palestinian civilians with various humanitarian needs. This crossing is open every day, even when the other crossings are closed. 243 Behind the Headlines: Israel holds its fire 18 Jan 2009 Israeli Cabinet convenes on January 17 (Photo: GPO) The Israeli Cabinet decided on January 17 that IDF forces will hold their fire against the terrorist organizations in the Gaza Strip. The Israeli Cabinet decided on January 17 that the Israel Defense Forces (IDF) will hold their against the terrorist organizations in the Gaza Strip as of 2:00 a.m. on Sunday, January 18, while IDF forces remain deployed in the Gaza Strip and its environs. Continuous Hamas fire on southern Israel for the past eight years (approximately 10,000 rockets and mortars) placed nearly one million Israeli civilians under the threat of terror, causing death and injury and disrupting their daily lives through numerous terror attacks. Therefore, Israel launched the recent campaign with the aim of: changing the long term security reality of the residents of southern Israel; striking a solid blow at Hamas and its terror infrastructure in Gaza; putting an end to Hamas's arms smuggling and weapons build-up; and creating deterrence against further terrorist attacks. An additional goal of the operation was to put a stop to Iranian attempts to use Hamas to create a terror base in the region, as it has done with Hizbullah. These aims have been fully achieved, and more so. Hamas was badly stricken, both in terms of its military capabilities and in the infrastructure of its regime: its leaders went into hiding; many of its operatives have been killed; the factories in which its missiles were manufactured have been destroyed; the arms smuggling routes, through dozens of tunnels, have been destroyed; the Hamas's capabilities for transporting weapons within the Gaza Strip have been ceased; the scope of missile fire directed at the State of Israel has been reduced; and the areas from which most of the missiles were launched have come under the control of IDF forces. Hamas's capabilities have been struck a heavy blow which will severely impact on its ability to rule and on its military capabilities for some time. The strikes have also created significant Israeli deterrence, the impact of which will become apparent after the Hamas leadership has surfaced and seen the extent of the damage done to its assets. 244 Israel has no disagreement with the residents of Gaza, and considers the Gaza Strip a part of the future Palestinian state with which Israel hopes to live as good neighbors. The suffering of the uninvolved civilian population in Gaza is regrettable, and the people of Israel feel the pain of every Palestinian child and family member who has fallen victim to the cruel reality created by Hamas which transformed them into victims. Yet, Israel did not choose the battlefield, Hamas did. The fighting took place in one of the most crowded areas in the world. During the operation, Israel demonstrated great sensitivity in exercising force in order to avoid, as much as possible, harming the civilian population not involved in terror. In cases where there was any doubt that striking at terrorists would lead to harming an innocent civilian population -Israeli forces abstained from carrying out operations. Hamas bears sole responsibility for the current situation, and has caused injury and destruction to the Israeli and Palestinian population alike. It holds the residents of the Gaza Strip hostage. Hamas has boobytrapped countless homes and public buildings, fired missiles from population centers, used mosques and schools to store weapons, and taken advantage of the operation to kill dozens of Fatah supporters for political reasons. Its operatives hide disguised in hospitals and abduct children to protect themselves from the IDF, its leadership is seeking refuge in tunnels, having abandoned the Palestinian population. Hamas has become a pariah, and has been severely criticized by the international community, by Arab states and by Palestinians throughout the Gaza Strip and the West Bank. The diplomatic effort, pursued concurrently with the military operation, united a regional and international coalition to combat weapons smuggling and created a series of mechanisms, understandings and modes of operation to put an end to Hamas's weapons build-up, and to block Iran's penetration. Today, and in large part due to the success of the military operation, the entire international community is ready to mobilize in order to achieve maximum stability, and knows that, for this to occur, the process of Hamas's strengthening must stop. The international community, headed by the United States and key European states, alongside pragmatic elements in the Arab world led by Egypt, are all partners in this process. To this end, Israel reached a number of understandings which will ensure that the strengthening of Hamas will decrease. Israel formulated understandings with the Egyptian government with regard to a number of central issues, the realization of which will bring about a significant reduction in weapons smuggling from Iran and Syria to the Gaza Strip. On Friday (16 Jan 2009), Israel signed a memorandum of understanding with the American government, according to which the United States will take action, together with the other members of the international community, to prevent weapons smuggling by terrorists in Gaza. For this reason, Israel has decided to positively respond to the Egyptian request to hold its fire. If Hamas chooses to continue with its terrorist acts and shooting, the IDF will resume its activities to protect Israel's civilian population. Therefore, the IDF continues to remain on alert at this stage in the Gaza Strip and its environs. If Hamas' fire stops completely, Israel will consider withdrawing from Gaza at the earliest suitable time. Gilad Shalit, the IDF soldier kidnapped on Israeli soil over two and a half years ago, is still being held by Hamas. The intensive efforts to secure his release began long before the operation, continued during it and will continue after as well. The Government of Israel is working on many levels to bring him home, and during the operation carried out various actions to bring us closer to this goal. Parallel to combating terror, Israel is continuing to pursue its political dialogue with moderates, with the aim of achieving a durable peace with its Palestinian neighbors. Talks are being held openly with the duly elected Palestinian government headed by President Mahmoud Abbas and Prime Minister Fayyad. Hamas 245 fiercely opposes these negotiations and any other peace settlement with Israel, and is a primary cause of instability in the region. Israel completely withdrew from the Gaza Strip three years ago, not intending to return, in a painful move that uprooted thousands of Israelis from their homes. Israel made this move in order to give peace a chance and to allow the Palestinians to build their own lives. With the conclusion of this operation against Hamas, Israel hopes that the path to peace has been cleared, and progress toward a two-state solution of the Palestinian issue can again be made. Operation Cast Lead: Israel strikes back against Hamas terror in Gaza 21 Jan 2009 On Saturday, 27 December 2008, Israel launched an attack against the Hamas terror infrastructure in the Gaza Strip. On 17 January 2009, Israel announced that it would hold its fire. Hamas base and training camp in central Gaza (IDF Spokesperson) Video: Hamas Use of Civilians as Human Shields Video: Gaza school and zoo wired with explosives Video: From Disengagement to Operation Cast Lead On Wednesday morning (21 Jan 2009), the last IDF soldiers left the Gaza Strip and returned to Israel and are now redeployed outside the Gaza Strip. During Operation Cast Lead (27 Dec 2008 - 18 Jan 2009), 571 rockets and 205 mortar shells landed in Israeli territory. Magen David Adom personnel treated and evacuated a total of 770 casualties: 4 fatalities, 4 severely wounded, 11 moderately and 167 lightly wounded. An additional 584 persons suffered from shock and anxiety syndrome. • Selected communiques, statements and interviews • Israel's operation against Hamas: Defeating Terror, Promoting Peace - MFA presentation • Legal Aspects of the Gaza Operation - Powerpoint presentation • Hamas exploitation of civilians - Selected videos • Humanitarian aid to Gaza • IDF updates: Operation Cast Lead • Ceasefire violations • From Disengagement to Operation Cast Lead • Hamas Use of Civilians as Human Shields • 246 Humanitarian aid delivered to Gaza • Citizens of Ashkelon under missile attack • FM Livni briefs diplomatic corps in Sderot • BBC News: Military analysis - Jan 9, 2009 Former British Army Colonel Richard Kemp (fought in Afghanistan with British Forces in 2003): "There has never been a time in the history of warfare when any army has made more efforts to reduce civilian casualties and death, than the IDF is doing today in Gaza." • MFA Spokesman on fighting in Gaza - Why did the IDF embark on the military operation in Gaza? - What does Israel want to achieve? - The harming of innocent civilians - When will Israel conclude the operation? - What will follow it? Behind the Headlines • Behind the Headlines: The truth about Hamas crimes in Gaza (29 Jan 2009) • Behind the Headlines: Israel holds its fire (18 Jan 2009) • Behind the Headlines: The tragedy at the school in Jebaliya (6 Jan 2009) • Behind the Headlines: Israel expands Operation Cast Lead (4 Jan 2009) • Behind the Headlines: Hamas increases range of rocket fire (31 Dec 2008) • Behind the Headlines: Rockets rain down on southern Israel (25 Dec 2008 Israeli communities within range of rocket fire from Gaza Almost one million Israelis are under immediate threat of rocket fire from the Gaza Strip. The "Color Red" system provides warning to civilians from the launch to the rocket strike: Up to 10 km. 15 seconds 10-20 km. - 30 seconds 20-30 km. - 45 seconds 30-40 km. - 1 minute Video: Citizens of Ashkelon under missile attack 247 Sderot child displays drawing of Kassam rocket with the caption "color red" - the words of the rocket warning siren. He is in a security room converted into a temporary school on Monday, January 5, after schools were closed in all communities within 40 km of the Gaza Strip until further notice. (Photo: Rafael Ben- Ari/Chameleons Eye) Using the Civilian Population in the Gaza Strip as Human Shields: Aerial photographs show locations of terrorist bases and weapons in the heart of civilian neighborhoods in the Gaza Strip (IICC report, January 2009) 248 The densely-populated Tel al-Zaatar neighborhood is located in the northern Gaza Strip. It is home to a number of schools and mosques, a medical center and several UN facilities. The aerial photograph shows that Hamas situated its military bases and training camps near schools and the Al-Fakhura medical center. It also shows that some parts of the neighborhood were mined and that tunnels were dug nearby. In addition, it is marked with the launching sites set up inside the neighborhood from which rockets were fired into Israel. Jan 6: IDF Spokesperson: Initial inquiry into school incident in Jabalya - Behind the Headlines: The tragedy at the school in Jebaliya - Archive footage of Hamas mortar fire from UN School in Beit Hanoun (Oct 2007) - TV footage of Hamas 120mm mortar crew operating within Jebaliya (6 Jan 2009) - Hamas exploitation of civilians - Selected videos - IDF issues warnings to the civilians of Gaza To Rafah Residents, The IDF is operating against the organizations and individuals that participate in terrorist activity targeting the State of Israel. The IDF will strike and destroy every site or building in which weapons or smuggling tunnels are found. Following this announcement, anyone located in a build containing weapons, or where there are smuggling tunnels, is there at his/her own risk and it is his/her responsibility to exit and evacuate his/her family! You have been warned! IDF Command Jan 3: Operation Cast Lead expanded IDF Spokesman Brigadier-General Avi Benayahu: "The objective of this phase of the operation is to intensify the heavy blow already dealt to Hamas and to take control of area from where most of the rocket attacks against Israel originate, in order to reduce those rocket attacks." - Security Cabinet decision on continuation of IDF operation in Gaza - Behind the Headlines: Israel expands Operation Cast Lead Selected communiques, statements, interviews: Cabinet communique (26 Jan 2009) PM Olmert: "Israel embarked on Operation Cast Lead not as a first option but as a last 249 resort, after we tried all other ways and options to bring quiet to the communities in the south... For eight years, hundreds of thousands of residents of the State of Israel, who live in the south, were the unceasing targets of brutal, deliberate and planned rocket fire that was intentionally designed to hit civilians, including children and their parents, not soldiers and military installations." Statement In support of the IDF in the wake of Operation Cast Lead: "On behalf of the State of Israel and its residents, the Government expresses its appreciation and gratitude to the IDF for Operation Cast Lead in the Gaza Strip..." 250