04-15 distribuicao:Hipersuper 03-12-2014 18:24 Página 04 photo: © Natalia Merzlyakova - Fotolia.com distribuição Dezembro 2014 Como serão as lojas daqui a 20 anos? Interactivas, intuitivas, personalizadas, dramáticas e sustentáveis. Assim, serão as lojas do futuro. Estratégias para optimizar os sistemas e fidelizar um consumidor cada vez mais exigente e bem informado Ana Catarina Monteiro mailto:[email protected] E nquanto muitos especialistas falam em futuro, outros acreditam que o momento de integração dos novos sistemas de informação nas lojas é agora. As tendências dão conta de mecanismos tecnológicos mais atractivos para conhecer o consumidor e ajustar as características futuristas ao tipo de formato comercial. “Podemos acreditar que existirá uma nova dicotomia entre formatos de massa, com maior foco no preço, na oferta massificada (one to all), por oposição aos conceitos de nicho, ajustados à procura de bens específicos (one to one)”, afirma Miguel Kreiseker, Head of of Property e Asset Management da Jones Lang LaSalle (JLL). Numa análise funcional, as 04 w w w . h i p e r s u p e r . p t lojas daqui a 20 anos “variam entre o 'showroom', onde a experiência física com o produto será o mais importante”, distinguindo-se assim dos espaços online, e “a função de ponto de entrega dos produtos comprados através de outros canais”. “O retalho tradicional tal e qual como estamos habituados hoje em dia vai continuar sempre a existir, pois a componente sensorial vai ser sempre valorizada”, explica Rita Coelho do Vale. A professora da Católica, School of Business and Economics, de Lisboa, acredita que o canal online vai ganhar mais relevância “quando houver um salto geracional nos consumidores”, sendo provável que “surjam novos formatos de loja, mais relaccionados com 'pick up points', para a 04-15 distribuicao:Hipersuper 03-12-2014 18:24 Página 05 distribuição recolha das encomendas, ou lojas de conveniência”. Os retalhistas podem tirar partido do espaço disponível nas lojas “através do desenvolvimento de um bom sistema de gestão de relacionamento com o cliente”. Com a emergência de novos canais de distribuição, a loja física ganha novas funções, e no futuro assistimos ao “redesenho e reposicionamento dos conceitos”, acentua Miguel Kreiseker da JLL. Ana Penim, Administradora do Instituto de Negociação e Vendas destaca, por sua vez, a importância das lojas trabalharem o factor surpresa. “Os negócios que tenham a capacidade de surpreender o cliente são os que mais atraem. O elemento surpresa provoca reacções positivas contra a tendência de rejeição, impulso dos clientes à partida”. Muitas lojas já recorrem à criatividade para diferenciar o ponto de venda. Entre os premiados de 2014, pela Consutora Euromonitor, estão conceitos como uma loja que faz alusão a uma construção com legos em tamanho real, na Roménia, ou a casa de banho que a portuguesa Renova instalou na Praça do Comércio, em Lisboa, com serviços extra, permitindo compras e outras valências. MULTIVERSO MATRIX Há a necessidade de um conhecimento profundo do cliente e, depois disso, tem que se utilizar a originalidade para usufruir dos inúmeros mecanismos que a tecnologia tornou possível. O Director-Geral da EasyPay metaforiza o futuro das lojas com a expressão “Multiverso Matrix”. Durante a conferência “A Loja do Futuro”, integrada no “Ciclo de conferências José Rousseau”, Sebastião Lancastre usou o termo para se referir às transformações provocadas pela CENTROS COMERCIAIS DO FUTURO Capazes de atrair pelo conjunto de serviços que oferecem, mesmo quando estão mais afastados dos pólos de concentração demográfica, “os centros comerciais continuarão a ser um local de compras e serviços, de lazer e de socialização”, segundo Manuela Calhau. Para a Head de Marketing & Inovação da Sonae Sierra é o peso destas “macro funções e as respectivas propostas de valor, para lojistas e consumidores, que vão mudar significativamente”. A estratégia da empresa especialista em centros comerciais passa por, a curto prazo focar-se na “eficiência e eficácia da implementação e, a médio prazo, na inovação”, nas várias áreas de trabalho. “Temos de ser ambidestros, não temos outra alternativa”, afirma a porta-voz. As mais recentes inovações da Sonae Sierra dão conta das 'Flash Stores' e os 'Flash Malls' (assentes no conceito 'Pop Up Store'), equipamentos de apoio à visita com forte componente digital, como as digital seating areas, uma nova geração de 'information desks' ou os 'playgrounds indoor', da plataforma de descontos multicanal, novos sistemas de monitorização do tráfego, ou metodologias neuronais de seguimento do comportamento do consumidor”. “Todas a lojas e formatos comerciais que não acompanharem o consumidor perderão protagonismo e a prazo deixarão de ser viáveis e, consequentemente, de fazer sentido”. Como os outros formatos, os shoppings inserem o foco principal nas necessidades dos consumidores, que apresentam “mais diversidade de segmentos alvo, correspondente a uma maior penetração em economias hoje emergentes” e, para viabilizar o negócio, as empresas terão que “forçar a segmentação”. A empresa internacional que desenvolve e organiza os negócios dentro das superfícies é “a única operadora que tem uma segmentação do seu portfólio baseada nas motivações de compra e de visita do consumidor, e não apenas centrada na localização e na dimensão do produto físico”. Considerando que “compreender quais são as necessidades dos clientes e criar soluções que estejam perfeitamente alinhadas com aquilo que procuram”, Manuela sugere que as bases de dados qualificadas para conhecimento do consumidor dão conta de “novos modelos de negócios e de novas formas de expandir o negócio dos lojistas”, que passam a ter “clientes e não apenas visitantes”. No entanto, dois pólos delimitam os vários consumidores. No futuro, teremos um público “completamente equipado e fluente em termos digitais e uma percentagem mais significativa de 'silver segment' nas geografias ocidentais”. Além de desenvolver sistemas que facilitem a experiência em loja dos consumidores séniores, o papel da tecnologia dá conta de espaços mais atractivos para a mais nova geração de consumidores, que representa o “maior desafio” para o sector. Manuela explica que “se olharmos para os nossos filhos, é muito claro que a separação entre online e offline não existe, estão completamente misturadas. O mesmo tem de acontecer com os centros comerciais. Não apenas ao nível da comunicação (redes sociais, apps, web sites, advertising digital, entre outras), mas ao nível das infra-estruturas, dos equipamentos, da decoração, dos programas de relação com lojistas e fornecedores, dos nossos processos, sistemas de trabalho e, naturalmente, ao nível da organização, das capacidades e competências dos colaboradores”. O dinamismo dos players online obriga, por um lado, “a reforçar a nossa oferta de lazer e a melhorar a experiência de visita e de relação” e, por outro, “a descobrir novas formas de trazer inovação para dentro da nossa proposta”. No caso dos centros comercias da Sonae Sierra, foram desenvolvidos “programas de activação de vendas online (como é o caso da plataforma multi-canal lançada em 2012, Promofans), através da criação de clubes de fidelização, ou até mesmo através do lançamento de marcas amigas do ambiente”. A “flexibilidade e a agilidade das organizações” são fundamentais, quanto ao fornecimento de diferentes experiências ao consumidor, além das ferramentas de marketing digitais, que “vão ganhar uma relevância ainda maior nos próximos anos”. Para a Sonae Sierra, “cada centro tem uma identidade única”, relacionada com o espaço onde está construído. Como exemplifica a responsável da Sonae Sierra, “o Centro Colombo não faria sentido estar localizado no local onde se encontra o Vasco da Gama ou o NorteShopping”. A proximidade não é um factor determinante, como é para uma loja de rua ou para um supermercado. É o conceito da localização aliado às experiências de compra que proporcionam e atribuem mais valor às superfícies. Por isso, “o design, o layout, o equipamento, ou a iluminação, continuarão a ser actualizados, de forma a responderam às novas funcionalidades, exigidas na experiência de visita”, utilizando novos materiais e tecnologias. “Mas a linha orientadora continuará a ser sempre o “ID de cada produto”, utilizando uma expressão da casa”, revela a porta-voz da empresa. No entanto, com o centro comercial a estender-se além do espaço físico, a interacção com o consumidor “alarga-se além do momento de fruição e de visita ao centro, iniciado antes da visita e prolongando-se depois da mesma”. Manuela revela ainda que “como os recursos não são ilimitados, tudo isto nos obriga a fazer escolhas. Essa é a parte mais importante e também a mais difícil”, que vai determinar o sucesso de um centro comercial. >>> 05 w w w . h i p e r s u p e r . p t 04-15 distribuicao:Hipersuper 03-12-2014 18:24 Página 06 distribuição Dezembro 2014 photo: © william87 - Fotolia.com >>> Os consumidores compram cada vez mais novos. Segundo Rita Vale, “a nova geração que agora tem até 10/11 anos de idade, já nasceu numa era tecnológica, onde a adopção de novos canais é mais provável de acontecer”. vencer”. Capaz de chegar a todas as ofertas possíveis e escolher a mais adequada a si, o cliente chega a conhecer os métodos de produção e photo: © Rostislav Sedlacek - Fotolia.com tecnologia, na experiência dentro da loja, integrando o consumidor num mundo completamente virtual, onde as “máquinas” são capazes de detectar a personalidade e os gostos de cada consumidor, assim como a estratégia a adoptar para melhor o incentivar à compra. Rita do Vale sublinha que “quanto maior o conhecimento adquirido sobre os consumidores, maior a possibilidade de personalização de oferta e de geração de lealdade”. A versatilidade e a conveniência são duas características importantes para o consumidor moderno, que está “mais informado e mais difícil de con- 06 w w w . h i p e r s u p e r . p t toda a informação interna das empresas, construindo a sua preferência de forma autónoma. As empresas são, desta forma, obrigadas a estarem presentes antes, durante e depois da visita do consumidor à loja. Construir um espírito de familiaridade entre os consumidores e os produtos passa pela “personalização” da oferta, palavra de ordem para o futuro do retalho. “A aposta em tecnologias inovadoras como Kinect que, identificando o género da pessoa diante do ecrã, pode adaptar o conteúdo do mesmo, aumentando assim a relevância da oferta e criando uma percepção de uma quase personalização na abordagem”, revela Sofia Tenreiro. A Directora Executiva da Microsoft acredita que, no futuro, as lojas físicas terão que se adaptar às tendências “cada vez mais fortes que alterarão os padrões de consumo”. A saber: “consumidores digitais, preocupações com a saúde, bem-estar, atitudes “green” por parte dos consumidores séniores, surgimento de um segmento focado em valor, constante modernização, movimentos de concentração, pressões de aumento de rentabilidade, como a redução de stocks físicos e outros custos operacionais, entre outras”. Focadas em conteúdos multimédia para tornar as compras “mais envolventes, inesquecíveis e diferenciadoras”, as lojas do futuro “devem assumir um papel cada vez mais de espaço experiencial, com comunicação clara e muito intuitiva para o cliente”, que procura uma “experiência positiva” que proporcione “emoções e sensações marcantes”, aponta a DirectoraGeral da Edigma, Ema Cruz. NOVOS E VELHOS CONSUMIDORES Os consumidores compram cada vez mais novos. Segundo Rita Vale, “a nova geração que agora tem até 10/11 anos de idade, já nasceu numa era tecnológica, onde a adopção de novos canais é mais provável de acontecer”. Com as crianças, hoje em dia, a serem também consumidores, “os novos consumidores escolherão o retalhista que lhes oferecer maior valor e de forma mais inovadora” sublinha, por 04-15 distribuicao:Hipersuper 03-12-2014 18:24 Página 07 sua vez, Sofia Tenreiro. A responsável da Microsoft Portugal acredita que a sobrevivência das lojas passa por proporcionar um “ambiente onde os consumidores possam experimentar os produtos e aprender como maximizar a sua utilização. Outro factor crítico de sucesso será a continuidade da relação entre o consumidor e o retalhista depois do momento de compra, prolongando a experiência vivida e fortalecendo a relação de confiança”. Enquanto os consumidores jovens se mostram “muito mais integrados no mundo digital”, que exige uma conquista através da “oferta de serviços de valor acrescentado que lhes permita personalizar os produtos”, através de uma “estratégia multi-canal robusta” e acesso a “conteúdos ou produtos exclusivos, como bilhetes para concertos ou a possibilidade de conhecer um ídolo”, os consumidores séniores necessitam de atenção em outros aspectos de organização na loja. A res- photo: © Robert Kneschke - Fotolia.com distribuição VITRINISMO E EXPOSIÇÃO INTERACTIVA “No vitrinismo pode-se evoluir na forma de apresentação e exposição do produto, utilizando novas tecnologias”. Esta é a distinção que Helena Prista faz entre a simples decoração de montras e a nova forma de cativar os clientes através das vitrinas, surgida da necessidade de tornar o ponto de venda mais apelativo. Potencializando o novo modelo de negócio, que alia a criatividade e a tecnologia, Helena fundou a “Q’ria ideias”, no Porto. As montras do futuro potencializam “tudo o que influencie e mexa com o sensorial do consumidor”, além de “posicionarem a marca, tornando-a quase inesquecível, ao gerar buzz”. A especialista prevê que “o que será mais explorado nas montras e nos pontos de venda será a realidade aumentada onde o cliente pode participar e transmitir algum tipo de emoções”. No futuro, “a montra não pode ser apenas uma extensão do computador ou tablet que temos em casa”, a “característica de interacção e participação do consumidor” nunca pode ser perdida. Sendo o primeiro ponto de contacto com a loja, “há montras que já integram todo o tipo de tecnologia”. Projecções, hologramas, realidade aumentada, diversos tipos de mecânicas para dar movimento, iluminação sequencial, entre outras tecnologias, estão presentes nos projectos já realizados pela vitrinista. Integrando as montras digitais, a empresa decorou a loja da Mike Davis, que reabriu recentemente no Norteshopping. Gonçalo Soares Franco, responsável de Marketing da marca de moda, revelou que o espaço “aumentou para o dobro”, apostando em ”inovação na forma de comunicar e foco na exposição do produto”. O responsável afirma ainda que “uma loja dificilmente vive sem montra, por isso tem de ter o seu espaço e a sua importância na gestão da imagem de uma loja”. Este é o caso de uma montra “100% digital de uma marca que já existe há muitos anos no mercado e continua actual, acompanhado as novas tecnologias”. Helena Prista, sublinha que “uma montra 100% digital não significa que vai ser melhor, que vai captar mais a atenção dos consumidores, mas ganha antes pela interacção”, apesar de acreditar que no futuro serão poucas as lojas a integrar o digital nas montras, em Portugal. “Vejo mais isso a acontecer no interior do ponto de venda do que propriamente na comunicação para o exterior da loja”. “O mais importante é fazer o percurso com o consumidor”. O interior do ponto de venda tem que acompanhar a mesma linguagem. “Se o consumidor conseguir de alguma forma interagir com a montra e gostar da mesma, inconscientemente vai querer entrar e, se a compra for igualmente dinâmica e apelativa, através de recursos como catálogos digitais ou mecanismos através dos quais conseguimos ver como vai ficar aquela peça de roupa sem ter de a experimentar, com certeza vai fascinar o cliente e fazê-lo voltar”. Na loja da Mike Davis, a decoradora fez com que o mobiliário marcasse a diferença “por estar suspenso na loja, que tem quatro metros de pé direito”. Garantindo que “uma imagem mais actual vai por si só captar o consumidor”, a tecnologia “facilita a procura de um determinado produto e contem mais informações sobre o que o cliente procura, como é o caso dos muppies tácteis no interior de loja”. O atendimento, o facto de poder tocar, cheirar e ver ao vivo as peças são “factores muito valorizados por quem compra e que não é possível numa compra online”. O consumidor tem de se sentir “único e importante para uma marca e nada melhor do que o ponto de venda para lhe transmitir esse tipo de emoções”. Exemplo disso são “as FlagshipStores que permitem ao consumidor uma experiência única e em que nada se pode comparar a uma compra online. Neste tipo de lojas, o consumidor vive a marca, sente a marca”. Helena não considera que “o mercado online possa ameaçar as lojas físicas”, já que o consumidor valoriza a experiência de compra, especialmente em Portugal, um dos países que “possui maior taxa de aversão à incerteza e tem ainda alguns receios em comprar online”. ponsável em Portugal pela Microsoft sugeriu a imposição de “sinalética que capte a atenção e ajude esta camada da população como, por exemplo, materiais com tamanhos de letra maiores, explicação mais cuidada e detalhada na usabilidade”. Relativamente a estes dois pólos de consumo, Miguel Kreiseker, da Jones Lang LaSalle, acredita que “vão ganharcada vez mais protagonismo, mas o comércio saberá identificar quais as classes ou grupos de indivíduos com maior poder aquisitivo, e diferenciar entre clientes consumidores, prescritores e influenciadores. Sistemas de “Yield princing” (técnica de gestão que ajuda a calcular a melhor política de preços) semelhantes aos adoptados pelas companhias aéreas ou hotéis, serão cada vez mais uma realidade”. MARKETING ESPIRITUAL “Os retalhistas já vendem as marcas próprias para a concorrência”, revela José Rousseau. A tendência segue para um mercado quase completo por marcas de fornecedores, vendo-se cada vez menos marcas industriais, mais que produtos, os retalhistas passam a oferecer serviços. E ao disponibilizarem serviços cada vez mais vocacionados para cada segmento, as lojas têm que estabelecer e fortalecer os seus próprios valores. Para a fidelização, no futuro, há que saber “imitar os retalhistas antigos, tornando-se um “amigo” do cliente, e os valores associados às marcas “vão ser 07 w w w . h i p e r s u p e r . p t >>> 04-15 distribuicao:Hipersuper 03-12-2014 18:24 Página 08 distribuição Dezembro 2014 >>> MUDAM-SE AS VONTADES, MUDAM-SE OS COLABORADORES “Existem inúmeros casos reportados que indicam que o melhor caminho a seguir em termos de contratação de recursos humanos é baseado em ”soft skills” e identificação de um bom encaixe com a empresa em termos de valores”, afirma a professora da Católica, Rita Vale. Por sua vez, Miguel Kreiseler da Jones Lang LaSalle também acredita que “com o foco maior na diferenciação/complementaridade face aos outros canais e com funções de satisfação e serviço ao cliente associados, os profissionais deverão apostar na sua formação, e privilegiar a capacidade de aprendizagem para prestar melhor informação sobre os produtos (dimuniundo a crescente assimetria de conhecimento entre cliente e vendedor)”. Com as mutações no mercado, a profissão de Visual Merchandiser destaca-se no futuro. A função criativa de formar, motivar e dirigir os colaboradores para pensarem constantemente de forma comercial, terá cada vez mais protagonismo no ponto de venda para apresentar os artigos de uma forma atractiva e acompanhar as campanhas, garantindo o funcionamento das estratégias. Além de formar e guiar a equipa, este profissional será responsável pelas montras. Ana Isa Santos, responsável de Marketing da Hays, sublinha, por outro lado, que “as funções operacionais de retalho são cada vez mais vistas como uma perspectiva de carreira”. Com a era do digital a ganhar força neste sector, as lojas tendem a tornarse mais tecnológicas e, como tal, serão necessários profissionais que detenham conhecimentos ao nível da utilização das tecnologias de informação, além de ferramentas de marketing digital. “As 'chefias da velha guarda' que geriam as suas equipas de forma directiva, darão a vez a lideres e gestores operacionais que lideram e motivam pelo exemplo das boas práticas. A subida na hierarquia será regida pela meritrocracia e não pela antiguidade na posição e na empresa. Teremos profissionais cada vez mais flexíveis e com competências transversais, para que possam ser alocados a diferentes tipos de actividades e assumir consecutivamente novas responsabilidades”, revela Ana Santos. pelo regresso às origens, produtos exclusivos, únicos e de contacto com a natureza. “A loja do futuro tem que ser consistente, confiante e conveniente”, Tenreiro considera, por outro lado, que “o foco na optimização de processos e das operações terá como consequências imediata a redução da sublinhou Ana Penim, no âmbito da Conferência sobre o tema. pegada de carbono”. Segundo Ema Cruz, uma vez que “os espaços físicos não vão necessitar de stocks, os centros de distribuição instalados para a venda online complementam a venda na loja física”. Sem stock, a loja do futuro passa a integrar o armazém como um centro de distribuição que em vez de levar os produtos para o ponto de venda, leva-os directamente ao consumidor final. Estamos perante uma fase de desintermediação, na qual o retalhista vai encurtar o espaço entre si e o cliente, fortalecendo a ligação. Com o aumento photo: © artjazz - Fotolia.com decisivos na decisão de compras dos consumidores”, aconselha o Professor José Rousseau, ao sugerir um consumidor que percepciona tais atributos. O termo “marketing espiritual” designa o apelo à razão, às emoções e um conhecimento sobre a alma dos consumidores, desenvolvido a partir de valores sólidos fixados pelas marcas. A compaixão com o cliente caracteriza o espírito da empresa, que se põe no lugar do consumidor, e terá que “Dar para vender”. O apelo às emoções passa pela dramatização dos produtos na loja, encenando uma apresentação. No “Retailentertainment” a experiência de compra nos pontos de contacto mistura consumo e lazer, como cenas de teatro ou a oferta de algo para beber ou comer. O comportamento do retalhista torna-se o de quem recebe um convidado em casa e tenta fazê-lo sentir-se o mais à vontade possível. “A experiência de compra terá de associar vários serviços de pagamento, aconselhamento e conectividade. A introdução e evolução da tecnologia trará uma nova experiência para o consumidor, com muito mais qualidade e diversão”, considera Ema Cruz, acrescentando que “daqui a 20 anos, os espaços de compra vão ser lugares onde o cliente sente que é único”. A espiritualidade torna-se cada vez mais importante, por causa de um consumidor “camaleão”, que reage aos conteúdos consoante o meio e o contexto em que os produtos são vendidos. Com o consumidor à espera de ser surpreendido, os profissionais buscam cada vez mais conceitos originais. Um novo conceito de luxo emancipa-se, com a tendência para a “miscigenação”, passando DESINTERMEDIAÇÃO “GREEN RETAIL” Os espaços físicos são importantes para entregar os produtos aos clientes, sendo que a proximidade é uma mais-valia para qualquer retalhista no futuro, que terá de balancear também as “questões legais, preço, sociais, escassez das matérias-primas e todas as demais envolvidas nas questões ambientais e até de sustentabilidade”, afirma o responsável da JLL. Sofia 08 w w w . h i p e r s u p e r . p t da proximidade, “a promoção de venda de produtos locais será uma tendência” que, como afirmou Ema Cruz, “ajudará a reduzir o impacto da pegada de carbono ao nível do transporte”. O “Green Retail” está a intensificar-se devido a um consumidor cada vez mais preocupado com as questões ambientais. Rita Coelho do Vale afirma que “as empresas de retalho estão cada vez mais focadas no desenvolvimento de acções de responsabilidade social e de desenvolvimento da comunidade onde estão inseridas”. Para a sustentabilidade, “é imperativo que também as embalagens estejam de acordo com as normas ambientais”. A Tesco, por exemplo, desenvolveu um sistema que permite ao consumidor depositar nas suas lojas o desperdício das embalagens. O “alerta e a sintonia com os consumidores ajustam toda a cadeia às necessidades de cada uma das partes”, em conformidade com “os pilares em que se assenta o negócio: ambiental, económica e social”, destaca Miguel Kreiseker. Tendencialmente, o consumidor que se desloca a uma loja física já terá consultado informação sobre o produto e a marca, procurando informação, presente na loja, que traga valor acrescentado. “Quanto mais tecnologia há, maior é a necessidade comunicação humana”, todos os profissionais contactados pelo HIPERSUPER estão em harmonia quanto a esta premissa. No futuro, “as lojas físicas estão no centro das operações, integradas na omnicalidade”. H