Gestão no Ensino Superior: um lugar para questões de ordem didático-pedagógica Maria da Conceição Carrilho de Aguiar1 Universidade Federal de Pernambuco [email protected] Kátia Maria da Cruz Ramos2 Universidade Federal de Pernambuco [email protected] Resumo Compreendendo Educação Superior na sua dinâmica de ter a prática social como ponto de partida e de chegada, no processo de produção de conhecimento de caráter interventivo, tratar da gestão no ensino superior remete considerar princípios que vêm fundamentando políticas no âmbito da Educação Superior – nomeadamente no sentido de identificar elementos estruturantes da relação de indissociabilidade institucionalpedagógico. Neste contexto, as instituições de ensino superior são consideradas como lócus privilegiado de (re)configuração de saberes e de fazeres, demandando uma ruptura com a perspectiva de gestão burocrática e construção de uma gestão democrática, cuja prática se concretiza nas tensões e conflitos presentes na gestão e política do cotidiano. Fato que vem apontando para a pertinência de questões de ordem didático-pedagógica na (re)definição de políticas para a Educação Superior. A partir dessa ideia este estudo traz experiências vivenciadas na Universidade Federal de Pernambuco que, considerando desafios contemporâneos, indiciam possibilidades de um lugar para questões de ordem didático-pedagógica na gestão do ensino superior. Notadamente, apontando para a pertinência dessas questões na busca de superação de posturas amadoras na gestão e nos processos organizacionais na universidade. Palavras-chave: Gestão no ensino superior, educação superior, didático-pedagógico. 1 Maria da Conceição Carrilho de Aguiar é Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Membro do Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da Universidade Federal de Pernambuco (NUFOPE). 2 Kátia Maria da Cruz Ramos é Professora da UFPE, Membro do NUFOPE e investigadora colaboradora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCE) Universidade do Porto (U.Porto). Introdução No quadro das exigências postas à Universidade, no final do século XX, a necessária ruptura com a gestão burocrática e institucionalização de uma gestão democrática tem vindo a constituir-se desafio – nomeadamente no que diz respeito ao reconhecimento do caráter multidimensional do trabalho administrativo. Neste contexto, é desafiante (re)configurar saberes e fazeres no sentido da assunção do projeto políticopedagógico institucional como responsabilidade de cada um e do coletivo da comunidade acadêmica. Fato que vem contribuindo para ratificar o sentido da compreensão da dinâmica instituinte da gestão e política do cotidiano bem como a pertinência de questões de ordem didático-pedagógica na (re)definição de políticas para a Educação Superior. É no âmbito dessa ideia que o presente estudo trata do delineamento de um lugar para as questões de ordem didático-pedagógica na gestão no ensino superior, tendo como ponto de partida uma reflexão sobre a relação institucional-pedagógico da gestão neste cenário – a partir das mudanças ocorridas no final do século XX. A questão relativa a processos organizacionais na universidade é objeto do item que dá continuidade à referida reflexão, através de uma leitura que busca realçar aspectos pertinentes às possibilidades da gestão e política do cotidiano. E em seguida é realçado o delineamento de um lugar para o didático-pedagógico na gestão universitária, apontando para a pertinência do reconhecimento dessa dimensão na gestão e nos processos organizacionais na universidade. Gestão no Ensino Superior: refletindo sobre a relação institucional-pedagógico A história nos instiga a busca de explicações para os problemas na gestão, tanto no âmbito político–institucional como no cotidiano da universidade. Os recentes esforços para a reforma na gestão pedagógica na educação superior apontam para uma necessária reconfiguração de saberes e de fazeres, em razão das tomadas de decisões administrativas ainda estarem voltadas prioritariamente para fins pragmáticos e resultados imediatos. Isto, sem levar em consideração a questão ética e a relevância cultural, conforme Sander (2005), com o intuito de “aumentar a produtividade e a eficiência econômica na prestação de serviços, independentemente de seu significado substantivo para a população” (p.109). 2 Incorporando a diversidade e complexidade dos vários esforços, a preocupação dessas reformas tem a ver com parte da estratégia global, ou seja, com a governabilidade que busca interceder estrategicamente nas complexas e delicadas relações dos governantes e empresários com a sociedade civil e as instituições sociais que representam a vida moderna (Sander, 2005). Situação que vem afetando a gestão no ensino superior principalmente em decorrência das diretrizes oriundas de conferências promovidas pela UNESCO (1998, 2003), cuja orientação aponta para uma necessária atenção e incorporação do ensino superior na dinâmica social. Isso tendo em conta que modificações ocorridas no âmbito da educação superior, registradas até o final do século XX, revelam que durante muitos anos a dita gestão esteve limitada à organização dos currículos, à capacitação dos professores e ao acompanhamento das ações rotineiras. E em tais modificações, de acordo com Sousa (2011), “os gestores não se envolviam nas demais questões que constituem o universo de uma instituição de educação superior, como os aspectos financeiros, de planejamento e de organização administrativa” (p. 97). Tal fato indicia um distanciamento da compreensão de que a gestão pedagógica na educação superior implica estabelecer o conceito no âmbito de uma relação de indissociabilidade com gestão institucional. Pois, segundo Sander (2005), “a gestão da educação abarca desde a formulação de políticas, planos institucionais e a concepção de projetos pedagógicos para os sistemas educacionais e as instituições escolares até a execução” (p. 127). Incluindo, também, “a supervisão e a avaliação institucional das atividades de ensino, pesquisa e extensão e a administração dos recursos financeiros, materiais e tecnológicos” (idem). E, inclusive, remete considerar o crescente movimento de sistematização da avaliação institucional – cuja legislação aponta para a pertinência da relação institucional-pedagógico e do poder central-local. Tal compreensão de gestão da educação, respaldada em conceitos de governo, governação ou governança, atualmente marcadamente usados na educação, serve de base para o estabelecimento de diretrizes relacionadas às funções pedagógicas específicas nas instituições de ensino – previstas na Constituição Federal de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, na Lei nº 10.861 de 2004, nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2006 e em outros documentos legais. Na realidade, conforme Sander (2005), independente da origem etimológica e estimativas conceituais e praxiológicas, a gestão da educação instalou-se no Brasil, 3 como um conceito que se atrela ao pensar e ao fazer educação em sua totalidade, com a finalidade de cumprir sua missão política e cultural visando alcançar seus objetivos pedagógicos. Nesse quadro, Sander (2005) identifica duas vertentes atuais que vêm mobilizando forças na produção do conhecimento no campo da política e do governo da educação. A primeira vertente, denominada enfoque produtivo, voltado para o mercado, e a segunda, denominada enfoque democrático, voltado para a cidadania. E segundo este autor, a efetivação da gestão democrática da educação apresenta um desafio de grandes proporções, implicando uma filosofia política e uma estratégia de ação pedagógica. Tornando-se indispensável, portanto, oportunizar educação cidadã, de trabalho e aprendizado coletivos, buscando desenvolver uma participação ativa no pensar e no fazer a educação, no sentido de promover estratégias de ação humana coletiva na formação e execução de políticas para a educação. No que diz respeito a gestão pedagógica na educação superior, conforme Sousa (2011), define-se a partir das políticas institucionais assumidas, ou seja, organiza-se de acordo com a missão, as crenças e os valores estabelecidos por quem idealizou e implantou seu funcionamento. Assim, “as crenças e os valores definidos contemplam o que deve ser prioridade na IES e tornam-se consolidados quando são observados na prática dos profissionais, sejam eles gestores, professores ou colaboradores” (p.99). No ãmbito desse entendimento as pessoas que fazem parte da equipe gestora fazem parte também dos recursos da IES (Instituição de Ensino Superior), acrescidos por equipamentos, recursos financeiros, tecnológicos, etc. Neste caso, o que garante a efetividade da equipe multiprofissional, é a formação de todos que nela atuam no sentido de tomarem decisões conciliáveis com o projeto pedagógico definido pelo coletivo da IES. Assim, interessa aqui ressaltar que essa compreensão indica que a gestão do ensino superior ultrapassa o âmbito dos gabinetes administrativos, seja na esfera da administração central ou no âmbito de unidades de administração local. Ou seja, impõe considerar para efeito de materialização dessa gestão, o coletivo como responsável na dimensão de totalidade e cada unidade como co-responsável na dimensão de especificidade. Para tanto, corroborando com Zabalza (2004), “é preciso desaprender, eliminar resquícios, desconstruir práticas, significados e prioridades que fazem parte da tradição institucional” (p. 102). 4 Nesssa perspectiva, exige considerar a gestão na dinâmica da relação de indissociabilidade institucional-pedagógico. Nomeadamente tendo em conta que “desaprender traduz-se na capacidade de „desconstruir‟ a situação vigente do sistema, de seus significados e de suas práticas e de „reconstruí-la‟ com um novo significado ou com um novo tipo de intervenções […]” (ibidem, p. 104). É justo este movimento de desaprender que vem possibilitando compreender que uma gestão democrática se concretiza nas tensões e conflitos presentes no cotidiano. Bem como contextualizar a diversidade de demandas apresentadas aos docentes que atuam no setor público (gestores, coordenadores e chefias). Sem esquecer, também, a participação nos programas de pós-graduação, com as exigências dos processos avaliativos que traz como conseqüência demandas de produtividade. Pois, se por um lado essas demandas no setor público vêm acarretando a intensificação do trabalho docente, por outro lado, representam possibilidades de desenvolver uma ação colegiada – nomeadamente através da assunção da responsabilidade coletiva nos processos decisórios dos rumos da gestão no ensino superior. Processos Organizacionais na Universidade: gestão e política do cotidiano A Lei nº 9394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996), reserva o capítulo IV (Art. 43 a 57) para a Educação Superior, esse nível de intervenção se caracteriza por algumas definições específicas contidas na referida Lei, que se destina ao estabelecimento de normas para esse nível de ensino. No contexto do Art. 43 desta Lei a educação superior tem por finalidade: I estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; III incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, da criação e difusão da cultura, e, desse modo desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; VII promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Como forma de regulamentar e operacionalizar o que está posto na Lei 9394/96, esta promove a descentralização e a autonomia para as universidades, além de instituir 5 um processo regular de avaliação do ensino das instituições (Art.46). Destaca-se ainda, regras e normas contidas no artigo 12, inciso1, que estabelece: “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as de seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. Nas determinações legais e normativas que incidem sobre a gestão, realça-se o Art. 56 da LDB 9394/96, que se explica por si só: “as instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e regional”. Compreendendo esse movimento de construção e reconstrução, permeado por tensões e contradições contidas na gênese das mudanças que o ensino superior vem vivenciando, interferindo na gestão, a universidade tem normas e princípios específicos que os docentes precisam dominar para exercer as atividades que lhes são requeridas – exigindo tempo e mobilização de saberes construídos no cotidiano. Nesse contexto, para dar conta dos diversos processos relacionados a ascensão profissional de pares, análise de currículos, equivalência de disciplinas, de diplomas de cursos de graduação e de pós-graduação, entre outros, segundo Carneiro (2010), “inteirar-se de tudo isso exige tempo e dedicação” (p.103). Para além disso importa também considerar as exigências no âmbito da pósgraduação, cuja criação dos Programas de Pós-graduação nas universidades brasileiras é fruto da modernização conservadora do ensino superior (Nosella, 2010). Neste caso é preciso situar a cultura do desempenho acadêmico que se torna obrigatória a partir de meados dos anos 80 do século passado, estando em vigor até os dias atuais. A difusão dos Programas de Pós-Graduação em Educação nas universidades marcou atividades de pesquisa, bem como a produção acadêmica, pela institucionalização e burocratização. Nesse contexto, reconhece-se que “a escolarização da produção acadêmica burocratizou o trabalho científico, enfatizando o aspecto quantitativo formal” (Nosella, 2010, p. 538). Nesse quadro, a crise dos paradigmas e a institucionalização dos estudos e as pesquisas na área educacional deu origem ao alastramento da cultura do desempenho. Nesse sentido, reconhece-se a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) não mais como instituição que foi criada e dirigida para a formação dos quadros docentes do ensino superior, mas como instituição de avaliação e “rankeamento” escolar. 6 Outro aspecto relevante concernente à cultura do desempenho apontado por Noselle (2005) é que esta cultuta transformou os docentes de atores principais da educação em “executores apressados, angustiados e culpados, cabendo a estes reivindicarem com coragem seu espaço de significação, de competência e autonomia” (p. 542). Na realidade a falta de autonomia setorial tem a ver com as regras de produção acadêmica impostas como garantia absoluta de qualidade científica, repercutindo no caráter organizativo e político da gestão universitária. Neste caso, tendo por referência Casagrande (2011), a avaliação institucional é um caminho para que as IES se conheçam e a seus concorrentes. No entanto, ressalta-se que as questões legais estão respaldadas em políticas de governo, e o gestor precisa examinar com atenção os limites impostos pelo próprio sistema. Por tal razão Kanan e Zanelli (2011) afirmam que para entender “o envolvimento com o trabalho e, de forma geral, o sentido e significado do trabalho para os docentes–gestores, é necessário compreender a ação mediadora realizada pelos demais atores presentes no processo de apropriação dos resultados da prática social nesse contexto” (p.57). Assim considerando que o compromisso da universidade é com a transformação da sociedade através da construção democrática de convivência humana, é importante compreender como ocorre a avaliação dos seus processos. Isso requer, segundo Kanan e Zanelli (2011), o surgimento de uma perspectiva que se basei nas pessoas e em seus valores possibilitando assim, uma ação capaz de transformar as relações que ora vigoram. Entretanto, o cotidiano das instituições força respostas rápidas para atender aos desafios contemporâneos e à necessidade de se rever posturas amadoras na gestão e nos processos organizacionais. Desse modo, entende-se como desafiador e oportuno para a comunidade docente universitária o conhecimento sobre gestão que possibilite a reflexão da cultura, das experiências e da realidade nacional. Nessa perspectiva, tratar da gestão sobre a ótica dos processos organizacionais é uma necessidade advinda da compreensão da implicação da prática cotidiana no processo de gerenciamento – notadamente identificado e definido como um agente administrador, que assume um papel significativo na relação interpessoal e em todo o processo pedagógico (Oliveira, 2006). Por essa razão Morin (1997) chama a atenção 7 para o fato de que as políticas influenciam marcando com seus princípios e valores uma organização que, a princípio, é por natureza institucional. Tal compreensão é ratificada através da experiência na Coordenação do Curso de Pedagogia e na Chefia de Departamento da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Nomeadamente ressaltando o agente administrador como elemento que consolida a gestão institucional, denotando a importância das decisões, das normas, dos espaços de decisão coletiva (colegiado de Curso e Conselho Departamental) – dando suporte a ações emanadas do sistema universitário. E ratificando que todo processo de tomada de decisão constitui-se num processo coletivo no qual cada membro cumpre a sua função participando da construção do ensino superior. Fato que, dentre outros aspectos, vem apontando para a pertinência de se considerar o pedagógico como dimensão institucional, abrindo espaço para o reconhecimento do sentido de questões de ordem didático-pedagógica na (re)definição de políticas para a Educação Superior. (Re)Configurando Saberes e Fazeres: o didático-pedagógico na universidade A história da universidade mostra que ela tem sido respaldada, predominantemente, pelo conservadorismo, individualismo, clientelismo e autoritarismo – mantendo o estatuto de lugar privilegiado de produção e difusão do conhecimento. Mas as transformações que vêm ocorrendo desde meados do século passado, principalmente decorrentes do processo de transição política e o retorno da democracia política, passam a cobrar do ensino superior em geral e da universidade em particular uma redefinição com vistas a atender demandas de uma sociedade diversificada (Magalhães, 2004; Santos, 2004). No âmbito dessa exigência a universidade, por ser lugar de formalização/reconfiguração de saberes e de fazeres, abre espaço para o reconhecimento de que o ser humano e os contextos onde decorre a educação estão em movimento contínuo. Isto é, como afirma Souza (2007), por sua natureza teórico-prática, a dimensão pedagógica fornece elementos para a compreensão humana no mundo e procedimentos para a intervenção humana no mundo. Nesse contexto, segundo Ramos (2010), o reconhecimento da dimensão pedagógica na universidade assume um caráter compósito, no sentido que aponta para a pertinência dessa dimensão enquanto possibilitadora de uma leitura do saber-fazer presente e decorrente da ação pedagógica. 8 Em decorrência disso compreende o caráter multidimensional da Didática, a partir da relação educação-sociedade, redimensionando o seu objeto de “modos de ensinar” para “o ensino e suas relações” e evidenciando a pertinência de conceber o ensino e a aprendizagem como sendo influenciados e influenciando o contexto em que ocorrem. Ou seja, conforme Zabalza (2006), a didática atual, “é esse campo de conhecimentos, de investigações, de propostas teóricas e práticas que se centram nos processos de ensino e de aprendizagem” (p. 7). Nesta perspectiva, é preciso situar o didático-pedagógico nesta relação de interdependência como base para a compreensão do saber-fazer na universidade, em termos de consistir em fundamento para a ação e suporte para a reflexão. Neste caso, a gestão universitária se dá na dinâmica instituinte das questões de ordem didático-pedagógica – no sentido de serem ponto de partida e de chegada para reconfiguração de saberes e de fazeres. Isto porque, segundo Leite e Ramos (2009), o didático-pedagógico constituir-se como elemento estruturante no processo de compreensão das interações humanas, no sentido sócio-político-cultural da ação empreendida. Nesta perspectiva, o próprio reconhecimento da pertinência do didáticopedagógico já indicia uma reconfiguração de saberes e de fazeres na universidade. Notadamente quando esta dimensão vem assumindo o papel de mediador no processo de (re)construção e (re)significação no âmbito da gestão universitária, sendo propositivo e utilizado como referente – como se observa no crescente movimento de incorporação da dimensão didático-pedagógica em políticas de desenvolvimento institucional. Assim, corroborando com Aguiar (2009) quando afirma que “a gestão está associada ao fortalecimento da ideia de democratização do trabalho pedagógico, entendida como participação de todos nas decisões e na sua efetivação” (p. 83) – ressalta-se que o movimento de incorparação da dimensão didático-pedagógica contribui para a superação de posturas amadoras na gestão e nos processos organizacionais na universidade. E conclui-se que esta incorporação é um importante passo no processo de reconhecimento do caráter multidimensional do trabalho administrativo e efetivação de uma gestão democrática. Referências Aguiar, Maria da Conceição (2009). Gestão democrática, elementos conceituais e a democratização doacesso, permanência e sucesso escolar. In Laêda Machado & Eliete 9 Santiago (Orgs.) Políticas e gestão da educação básica (pp. 83 – 94). Recife: Editora Universitária da UFPE. Brasil, República Federativa – Assembléia Geral Constituinte (1988). Constituição Federal do Brasil. Brasília. Brasil, Ministério da Educação (1996). Lei nº 9394 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC. Brasil. Ministério da Educação (2004). Lei nº 10.861. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Sinaes, de 14 de abril de 2004. Brasília. Brasil, Ministério da Educação (2006). Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Superior. Brasília: MEC. Carneiro, Maria Helena (2010). Trabalho Docente e Saberes Experienciais. In Ilma Veiga & Cleide Viana (Org.). Docentes para a Educação Superior: processos formativos. Campinas, São Paulo: Papirus. Casagrande, Renato (2011). A Avaliação Institucional voltada às Perspectivas Estratégicas da Instituição. In Sonia Colombo, Gabriel Rodrigues e colaboradores. Desafios da Gestão Universitária Contemporânea (pp. 219 – 243). Porto Alegre: Artmed. Kanan, Lília & Zanelli, José Carlos (2011). Envolvimento de docentes-gestores com o trabalho no contexto universitário, Psicologia & Sociedade, 23 (1), 56 – 65. Leite, Carlinda & Ramos, Kátia (2009). Pedagogia Universitária una contribución para la visibilidad de la dimensión pedagógico-didáctica de la docencia. In Blanca Arciga Zavala (Org.). Contextos, identidades y academia en la Educación Superior (pp. 89 – 114). México: Plaza Y Valdés. Magalhães, António (2004). A identidade do ensino superior política, conhecimento e educação numa época de transição. Braga: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e a Tecnologia/Ministério da Ciência e do Ensino Superior. Morin, Pierre (1997). A Arte do Gestor: da Babilônia à internet. Lisboa: Instituto Piaget. Nosella, Paolo (2010). A Escola e a Cultura do desempenho. In Ângela Dalben, Júlio Diniz, Leiva Leal e Lucíola Santos (Orgs.) Convergências e Tensões no Campo da Formação e do Trabalho Docente (pp. 529 – 552) Belo Horizonte: Autêntica. Oliveira, Patrícia (s/d). As relações institucionais entre alunos, professores e a gestão do ensino superior, sob a luz da LDB, na forma da Lei n. 9393/96, de 20 de dezembro de 1996. Recuperado em 30 de setembro, 2011, de http://unicampsciencia.patmos.uni5.net/artigos/politicas_educa.pdf. Rámirez, Gérman (2011). Ensino superior no mundo. In Sonia Colombo & Gabriel Rodrigues et al. Desafios da gestão universitária contemporânea. (pp. 23 – 42). Porto Alegre: Artmed. Ramos, Kátia (2010). Reconfigurar a profissionalidade docente universitária: um olhar sobre ações de atualização pedagógica-didática. Porto: Ed. da Universidade do Porto. Sander, Benno (2005). Políticas Públicas e Gestão Democrática da Educação. Brasília: Liber Livro Editora. Santos, Boaventura (2004). A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. São Paulo: Cortez. 10 Sousa, Ana Maria (2011). Gestão Acadêmica Atual. In Sonia Colombo, Gabriel Rodrigues e colaboradores. Desafios da Gestão Universitária Contemporânea (pp. 97 – 110). Porto Alegre: Artmed. Souza, João Francisco (2007). E a educação popular: ¿¿Quê?? Uma pedagogia para fundamentar a educação, inclusive escolar, necessária ao povo brasileiro. Recife: Edições Bagaço. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (1998). Declaracion Mundial sobre la Educación Superior en siglo XXI: visión y acción. Recuperado em 06 de Agosto, 2006, de http://www.unesco.org/education/educprog/wche/declaration_spa.htm. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (2003) Anais da Conferência Mundial sobre Educação Superior + 5 – Educação Superior: reforma, mudança e internacionalização. Paris. Brasília: UNESCO Brasil, SESU Zabalza, Miguel (2004). O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas (M. Santos & K. Silva, Trad.). Porto Alegre: Artmed. (obra original publicada em 2002). Zabalza, Miguel (2006). Uma nova DIDÁCTICA para o ensino universitário: respondendo ao desafio do Espaço Europeu de Ensino Superior. Porto: U.Porto 11