O que tem de Tecnologia Social no GTEducação? Importante considerar que não há consenso entre os participantes do GTEducação que esse GT, a partir de suas atribuições como a de elaboração de metodologias de formação, tenha alguma associação com a Tecnologia SocialTS. Além desse questionamento, existe uma discordância sobre o significado do termo Tecnologia Social, para alguns, a rigor, não pode ser considerada como um conceito. Incapaz de contribuir para uma leitura da realidade, a TS resumese a uma expressão que, grafada, realça sua própria indefinição. O risco de seu uso de forma acrítica pode ampliar ao invés de reduzir o fosso que separa os donos das palavras daqueles que tiveram o direito à palavra usurpado. Se a tecnologia produzida nesta sociedade interessa a estas camadas sociais (excluídas) é uma pergunta. Mas se não interessa, temos uma outra questão ou seja, qual é a tecnologia necessária aos excluídos e, nesse caso, aos trabalhadores da economia solidáriaES. Nossa preocupação aqui é que no afã de encontrarmos a tecnologia para os pobres estejamos sacramentando a discriminação ao projetar somente equipamentos de baixo investimento tecnológico ou mesmo arcaicos, se então, tratase de criação de tecnologia esperase que os centros de pesquisa, centros de saber, universidades sejam os projetistas destas novas técnicas. Sabemos desde Milton Santos que o período que estamos atravessando caracterizase por um número infindável de novas técnicas, tecnologia de ponta e invenção do ciberespaço, mas que também nunca foi tão grande o número de pessoas que no planeta estão excluídas do acesso a essas inovações ou as acessam de forma subordinada e alienada. Por outro lado, contemplando o olhar de quem considera que é possivel uma associação do GTEducação com a TS, segue algumas considerações: “Tratarseá, portanto de enfrentar uma inadequação cognitiva: um obstáculo relacionado, não à carência de recursos humanos, financeiros ou de apoio político, freqüentemente responsável pelo insucesso das políticas públicas, mas à inexistência de um conhecimento previamente acumulado capaz de orientar as ações desenvolvidas num sentido transformador. Essa inadequação tende a se manifestar de uma forma geral sempre que o objetivo seja alterar substancialmente a forma de governar e conformar um novo tipo de relações sociais.” (DAGNINO, 2002) Partindo da compreensão que faltanos o conhecimento apropriado para o desenvolvimento da Economia Solidária, considerando que a Universidade tem todos os elementos para a constituição desse conhecimento, mas que este conhecimento é estéril na medida que não percebe as junções necessárias para operar com a realidade vivida pela pobreza em nosso país. Reafirmase portanto a inexistência de um conhecimento previamente capaz de proporcionar transformações emancipatórias, sobretudo para o público que é acompanhado pelas incubadoras. O GTEducação tem como proposta aprofundar o tema da educação na incubação, tanto interna, para os bolsistas formadores novos que ingressam, mas também para os empreendimentos incubados e para a comunidade de forma geral. Neste primeiro semestre 1 focouse a formação interna. Como articulação e resultado desse trabalho coletivo do GTEducação registramse os seguintes passos: a) Realização de um curso de formação Nivelamento em Ecosol entre as incubadoras de POA e Região Metropolitana; b) Realização de 1 uma oficina na Feicoop , discutindo metodologias de incubação das ITCPs participantes do evento. A partir dessa oficina está sendo realizada uma pesquisa que busca uma compreensão mais profunda sobre as metodologias utilizadas. c) Participação no XV Salão de Extensão da 2 UFRGS , d) Participação no Seminário Diálogos com Paulo Freire. Tendo sempre como orientação, a busca pela elaboração de metodologias inclusivas, sistematização e socialização das experiências acerca de metodologias de formação para as equipes de bolsistas e técnicos das ITCPS da RMPA. Nesse viés buscase aprimorar as nossas práticas, compreendendo e reconhecendo a riqueza cultural existente nos diferentes espaços que cada participante trouxe consigo. Considerando os saberes das comunidades e empoderando todos envolvidos coletivamente, associando o saber acadêmico e o conhecimento popular para que juntos possamos construir e aprimorar as metodologias de incubação. Entendese esse processo como construção de uma 3 tecnologia social que busca contraporse a lógica convencial da universidade de levar "milagres tecnológicos" para a sociedade. A proposta pautase por uma estratégia de reconhecimento dos saberes locais e tradicionais na construção de conhecimento e de inovação, com base em metodologias participativas. Referências DAGNINO, RENATO. Em direção a uma Estratégia para a redução da pobreza: a Economia Solidária e a Adequação Sóciotécnica. 2002. Mimeo. GOMES, GILMAR; PASQUALETO, KELLEN; GIARETTA, CRISTIANE. Educação Popular e Incubação: Processo de formação interna das Incubadoras de Economia Solidária de Porto Alegre e Região Metropolitana. 2014. Submetido ao VI Seminário Diálogos com Paulo Freire. GOMES, GILMAR; BECKER, LUCIANO. Tecnologia Social: isto serve para quê mesmo. No prelo. 1 21ª Feira Estadual do Cooperativismo. 10ª Feira Latino Americana de Economia Solidária e 21ª Feira Internacional do Cooperativismo, realizadas em Santa Maria/RS entre 18 e 20 de julho de 2014. 2 O Salão de Extensão é um espaço de mostra e socialização das experiências produzidas pelos projetos vinculados à PróReitoria de Extensão da UFRGS. 3 Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. 2