Goiânia, 29 de Julho de 2015.
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Tucanos sinalizam apoio a Dilma para
evitar “pauta bomba” no Congresso
Por Fernando Taquari / De São Paulo
29/07/2015
Preocupados com o prolongamento da crise econômica e a baixa arrecadação nos
Estados, os governadores do PSDB indicaram ontem que vão apoiar o esforço do
governo Dilma Rousseff para evitar que o Congresso coloque em votação a chamada
"pauta bomba", que aumenta despesas e ameaça o ajuste fiscal. Os tucanos, no
entanto, querem aproveitar a reunião de amanhã, em Brasília, para reivindicar a
aprovação de propostas, como a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) e a criação dos fundos de compensação e desenvolvimento regional.
A presidente convocou a reunião para pedir aos
governadores que convençam deputados e senadores
a impedir a aprovação de propostas que aumentem os
gastos da máquina pública. Em linha com o Planalto,
o governador do Paraná, Beto Richa, afirmou que a
continuidade da crise econômica não interessa aos
Estados e que os governadores devem atuar com
responsabilidade, inclusive, para evitar a criação de
novas despesas. "Devemos ser responsáveis o
suficiente para entender o quanto isto [crise] está
prejudicando o país e, consequentemente, todas as
unidades da federação, tanto governos de oposição
como de situação", disse.
Richa, Azambuja e Alckmin:
governadores tucanos pedirão à
presidente a reforma do ICMS e
fundos de compensação
Richa observou que rejeitar o convite da presidente poderia soar como um "boicote e um
desprezo" à realidade atual do país. O governador de Goiás, Marconi Perillo, corroborou
as palavras do correligionário ao ressaltar a "responsabilidade de gestão" dos
governadores e classificar como "indelicado" uma eventual recusa, sobretudo no
momento em que os Estados enfrentam problemas de caixa com a crise econômica. Já
o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, disse que evitar a "pauta
bomba" deve ser uma preocupação de todos os governantes no país diante de um
cenário de recessão.
"Há algumas pautas que impõem despesas e comprometimentos sem previsão de
receita, o que tem desencadeado uma série de desequilíbrios. Acho que essa pauta
[evitar o aumento de despesas] deve ser comum, servindo à União e aos Estados",
afirmou Azambuja, acrescentando que já foi pedido ao Senado e à Câmara que evitem
aprovar projetos com aumento de despesas sem a devida previsão de receitas.
O governador paulista, Geraldo Alckmin, desconversou sobre a reunião com a
presidente Dilma - que foi antecipada pelo Valor na semana passada - ao declarar que
não conhecia a pauta do encontro. Cotado para concorrer à Presidência em 2018,
Alckmin adotou um discurso nacional ao defender a necessidade da União reduzir o
chamado custo Brasil e aproveitar o câmbio para elevar as exportações. "O Brasil ficou
caro antes de ficar rico. Aí não tem competitividade. Quem paga a conta é a população",
declarou o governador paulista, que disse aceitar o convite de Dilma com a disposição
de "preservar os empregos" no país.
Os quatro governadores tucanos participaram ontem da abertura do salão internacional
de avicultura e suinocultura, na capital paulista. Hoje devem se encontrar novamente
para fechar uma pauta comum para o encontro com a presidente. A reforma do ICMS é
um dos temas que serão reivindicados. As declarações dos tucanos motivaram a
divulgação de uma nota do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB,
onde ele rejeita a possibilidade de "qualquer manifestação de apoio" dos governadores
do partido ao governo Dilma, ainda que participem da reunião. Para Aécio, é
"absolutamente natural" conversas sobre questões administrativas e federativas de
interesse do país. (Colaborou Raquel Ulhôa, de Brasília)
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