ii UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS – FMTAM MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS NEUTROPENIA FEBRIL EM PACIENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA RODRIGO DE SOUZA LEITÃO MANAUS 2007 iii RODRIGO DE SOUZA LEITÃO NEUTROPENIA FEBRIL EM PACIENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação de Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas, em convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, para obtenção do grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador: Profº Antônio de Matos Tavares Co-orientadora: Profª Flor Martinez-Espinosa MANAUS 2007 iv FICHA CATALOGRÁFICA LEITÃO, Rodrigo de Souza Neutropenia febril em pacientes com Leucemia Linfóide Aguda. Leitão. – Manaus,AM, 2008. xiii, 46f. Rodrigo de Souza Mestrado – Universidade Estadual do Amazonas. Fundação de Medicina Tropical. Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical. Febrile neutropenia in acute lymphoblastic leukemia patients. 1. Neutropenia febril 2.Leucemia linfóide aguda v FOLHA DE JULGAMENTO NEUTROPENIA FEBRIL EM PACIENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA RODRIGO DE SOUZA LEITÃO “Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas”. Banca Julgadora: ______________________________________ Prof. Antônio de Matos Tavares, Dr. Presidente ______________________________________ Profª. Maria das Graças Costa Alecrim, Dra. Membro ______________________________________ Profª. Maria das Graças Vale Barbosa, Dra. Membro vi DEDICATÓRIA Para Cidália Leitão e Silva vii AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ter concedido o dom da minha existência e sobrevivência no mundo em que vivemos. A todos os meus familiares, que sempre me amaram e me apoiaram direta ou indiretamente nos degraus da minha vida, sempre tiveram a compreensão nos momentos de minha ausência, em especial à matriarca Cidália Leitão e Silva. À coordenadora do mestrado Professora Dra. Maria das Graças Vale Barbosa,e a Professora Dra Maria das Graças Costa Alecrim, minhas principais incentivadoras e responsáveis pela efetivação de mais um passo na minha vida, sem as quais, jamais teria conseguido. Aos meus vários amigos que sempre estiveram ao meu lado em momentos de dificuldades e foram responsáveis pelo incentivo de continuar a trajetória de mais uma etapa na minha vida, em especial à Ana Kedma Chaves Pacheco, Valeska Albuquerque Francesconi e Márcia Almeida de Araújo Alexandre. A todos os meus alunos da Universidade Nilton Lins que me ajudaram direta ou indiretamente, em especial ao Júlio Nakano, Eron Dantas Alves Ferreira e Alexandre Arraes Baracho da Silva. A minha querida Rosana, que vem tendo paciência e compreensão nos momentos de ausência e também foi principal incentivadora de conclusão desta dissertação. A todos os colaboradores da FHEMOAM que me ajudaram direta ou indiretamente na conclusão deste projeto. Ao laboratório de bacteriologia da FMTAM pela realização das hemoculturas, em especial à Dra. Rossicléia Lins Monte e ao Dr Geraldo Majela Soares. À minha co-orientadora Dra. Flor Martinez-Espinosa, que durante a colaboração se mostrou solidária e amiga. viii “A ciência é algo que possuímos ou não possuímos. E se a possuirmos, não podemos tirar dela somente aquilo de que gostamos. É necessário aceitar o imprevisto e perturbador”. Lewis Tomas ix RESUMO A leucemia linfóide aguda (LLA) acomete principalmente crianças, tendo sua maior incidência entre 2 e 5 anos de idade. A aplasia celular é uma alteração esperada em pacientes de leucemia após quimitoterapia citoredutora, principalmente a neutropenia acompanhada de febre que representa na maioria dos casos infecção bacteriana, fúngica ou viral. A principal dificuldade está em isolar os germes causadores das infecções, pois a maioria dos serviços consegue isolar apenas em 20 a 30% das hemoculturas. O objetivo deste trabalho foi descrever a ocorrência de neutropenia febril em pacientes com LLA que receberam quimioterapia citotóxica na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas-FHEMOAM. Realizou-se um estudo descritivo prospectivo com 31 pacientes portadores de LLA e neutropenia febril pós quimioterapia atendidos na FHEMOAM no período de janeiro a setembro de 2006. Destes, 68% (n=21) dos pacientes tinha LLA subtipo L1 e 32% (n=10) subtipo L2. O protocolo mais utilizado foi o alemão Berlim-Frankfurt-Munique-BFM. A maioria dos pacientes apresentou contagem absoluta de neutrófilos menor que 500/mm³. A média de melhora da neutropenia foi de 13 dias e não foi observada a melhora com uso prévio de antibióticos. Foram coletadas hemoculturas de 31 pacientes portadores de LLA da FHEMOAM. Houve positividade em 22,6% (n=7) das amostras analisadas, sendo 57,2% (n=4) para Escherichia coli, 28,6% (n=2) para Staphyloccoccus coagulase-negative e 14,2% (n=1) para Streptococcus pyogenes. Houve predominância de germes gram-negativos na flora hospitalar analisada. A sensibilidade das bactérias gram-negativas (E.coli) foi de 100% para os principais antibióticos utilizados na FHEMOAM: aminoglicosídeos (amicacina e gentamicina) e carbapenêmicos (imipenem e meropenem). Houve resistência às cefalosporinas de 3ª e 4ª geração (ceftriaxona e cefepime respectivamente) em 25% (n=1) dos casos dos germes analisados. Palavras chaves: Neutropenia febril; Leucemia Linfóide Aguda. x ABSTRACT The acute lymphoblastic leukemia (ALL) affects mainly children, and their higher incidence is between 2 and 5 years of age. The cell aplasia is a change expected in patients of leukemia after chemotherapy, mainly neutropenia accompanied by fever which represents in most cases a bacterial infection, fungal or viral. The main difficulty is in isolating the germ causing the infections, because most services can isolate only in 20 to 30% of blood cultures. The objective of this study was to describe the incidence of febrile neutropenia in patients with ALL receiving cytotoxic chemotherapy in Amazonas Hematology and Hemotherapy FoundationFHEMOAM. There was a prospective descriptive study with 31 patients with ALL and febrile neutropenia after chemotherapy in FHEMOAM seen in the period from january to september 2006. Of these, 68% (n=21) of patients had ALL subtype L1 and 32% (n=10) subtype L2. The protocol is the most widely used german Berlim-FrankfurtMunique. Most patients presented absolute neutrophil counting below 500/mm³. The mean improvement of neutropenia was 13 days and was not seen improvement with previous use of antibiotics. Blood cultures were collected, 31 patients with ALL of FHEMOAM. There was positive in 22.6% (n=7) of the samples analysed, and 57.2% (n=4) for Escherichia coli, 28.6% (n=2) for Staphyloccoccus coagulase-negative and 14.2% (n=1), Streptococcus pyogenes. There was a predominance of gram-negative bacterial flora in the hospital examined. The sensitivity of gram-negative bacteria (E. coli) was 100% for the main antibiotics used in FHEMOAM: aminoglycosides (amikacin and gentamicin) and carbapenems (imipenem and meropenem). There was resistance to cephalosporins, 3rd and 4rd generation (ceftriaxone and cefepime respectivaly) in 25% (n=3) of the cases of germs analyzed. Keywords: Febrile neutropenia, acute lymphoblastic leukemia xi LISTA DE ABREVIATURAS cm Centímetro FHEMOAM Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas FMTAM Fundação de Medicina Tropical do Amazonas LLA Leucemia Linfóide Aguda mg Miligrama MIC Concentração Inibitória mínima mm³ Milímetro cúbico LNLA Leucemia Não Linfóide Aguda BFM Berlim-Frankfurt-Munique GBTLI Grupo Brasileiro de Tratamento para Leucemias Infantil CAN Contagem Absoluta de Neutrófilos xii LISTA DE FIGURAS Figura 1 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o sexo 20 Figura 2 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o subtipo de LLA 21 Figura 3 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o protocolo de quimioterapia 23 Figura 4 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o dia de melhora da contagem absoluta de neutrófilos 24 Figura 5 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com a antibioticoterapia utilizada 25 Figura 6 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com a espécie isolada na hemocultura 27 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1 Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com a faixa etária 20 Tabela 2 Tipo de LLA e melhora da neutropenia 21 Tabela 3 Classificação da neutropenia e tipo de LLA 22 Tabela 4 Correlação entre agente etiológico e tipo de LLA 22 Tabela 5 Classificação da neutropenia febril em pacientes com LLA 23 Tabela 6 Classificação da neutropenia e protocolo 24 Tabela 7 Classificação da neutropenia febril e uso prévio de antibióticos 26 Tabela 8 Dias de melhora da neutropenia e o uso prévio de antibióticos 26 Tabela 9 Classificação da neutropenia e agente etiológico 28 Tabela 10 Agente etiológico e protocolo 28 Tabela 11 Agente etiológico e óbito 28 Tabela 12 Antibiograma das espécies isoladas de pacientes com LLA e Neutropenia febril 29 xiv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1.1 Leucemias 1.2 Leucemia linfóide aguda 1.3 Classificação da Leucemia Linfóide Aguda 1.4 Diagnóstico da leucemia Linfóide Aguda 1.5 Protocolos de quimioterapia 1.6 Importância dos neutrófilos X neutropenia 1.7 Neutropenia febril em pacientes com leucemia após quimioterapia 1.8 Agentes microbianos e antibiograma em pacientes com LLA e neutropenia febril 2 OBJETIVOS 2.1 Geral 2.2 Específicos 3 METODOLOGIA 3.1 Modelo de Estudo 3.2 População de referência 3.3 População de estudo 3.4 Participantes 3.5 Critérios para definição de neutropenia febril e inclusão de pacientes no estudo 3.6 Critério para determinação da cor da pele do indivíduo 3.7 Procedimentos 3.8 Análise estatística 3.9 Parecer do comitê de ética em pesquisa - CEP 4 RESULTADOS 4.1 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e Neutropenia febril 4.2 Descrição dos subtipos de LLA 4.3 Classificação da neutropenia 4.4 Tempo de melhora da neutropenia conforme o subtipo de LLA 4.5 Germes bacterianos encontrados 4.6 Protocolos de quimioterapia utilizados 4.7 Evolução clínica dos pacientes 4.8 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com LLA que utilizaram antibioticoterapia antes do quadro de neutropenia febril 4.9 Agentes microbianos e antibiograma em pacientes com LLA e neutropenia febril 01 02 03 04 07 07 08 12 15 15 16 16 16 17 17 18 18 19 19 20 21 21 21 22 23 24 25 27 xv 5 DISCUSSÃO 5.1 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e Neutropenia febril 5.2 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com LLA que utilizaram antibioticoterapia antes do quadro de neutropenia febril 30 32 6 CONCLUSÃO 36 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37 8 ANEXOS 43 1 1 INTRODUÇÃO Leucemias As leucemias são um grupo de doenças caracterizadas pelo acúmulo de leucócitos malignos na medula óssea e no sangue. Essas células anormais causam sintomas por comprometimento da medula óssea ocasionando alterações nas séries: eritrocítica, granulocítica e megacariocítica. Podem infiltrar diversos órgãos (fígado, baço, linfonodos, meninges, cérebro, pele e testículos) (HOFFBRAND et al, 2004). Embora sejam enfatizadas como possíveis causas: efeitos da irradiação, exposição a drogas antineoplásicas, fatores genéticos, fatores imunológicos e exposições a algumas viroses, a etiologia das leucemias é discutida. As leucemias classificam-se em quatro tipos: agudas e crônicas, que, por sua vez se subdividem em linfóides e mielóides (HOFFBRAND et al, 2004). São consideradas agudas ou crônicas de acordo com o nível de maturação da população neoplásica. As leucemias agudas caracterizam-se por um grave defeito de maturação, induzindo a um acúmulo de células imaturas - blastos (LOPES, 2004). A diferenciação entre linfocítica e não-linfocítica, além de alguns sinais clínicos característicos de uma ou de outra, é sempre feito pela análise da morfologia dos blastos da medula óssea e de exames de citoquímica com colorações específicas destes blastos (LOPES, 2004). Observações clínicas selecionadas podem ser úteis na diferenciação entre a leucemia linfocítica aguda (LLA) e não linfocítica (LNLA) (LUKENS, 1998). A leucemia representa 30% dos casos de cânceres em crianças e 1 % em adultos, sendo responsável pela doença maligna mais comum na infância (RIBEIRO, 2001; LOPES, 2004). 2 Leucemia linfóide aguda As leucemias agudas são um grupo heterogêneo de neoplasias que afetam células-tronco hematopoiéticas não comprometidas ou parcialmente comprometidas. Elas diferem entre si, com respeito à célula de origem, apresentação clínica, curso e resposta à terapia. Antes da disponibilidade de um tratamento efetivo, a diferenciação das leucemias era irrelevante. Entretanto, à medida que foram sendo feitos avanços terapêuticos, a diferenciação dos subtipos da leucemia aguda tornouse cada vez mais importante (LUKENS, 1998; MARTINS; REGO; FALCÃO, 2001). A LLA tem um pico nos primeiros anos e LNLA na idade avançada. Entretanto, a superposição é de tal ordem que a idade não é um critério útil em qualquer paciente considerado. A dilatação do mediastino em decorrência da hipertrofia do timo é detectada quase que exclusivamente em casos de LLA, comumente do tipo linfócitos T. Do mesmo modo, o infarto maciço dos linfonodos (diâmetro maior que 2 a 3 cm) é muito mais observado em LLA que LNLA. O envolvimento extenso de gengivas é observado caracteristicamente em casos de leucemia monocítica aguda. Embora seja sugestivos, nenhum desses aspectos clínicos deverá ser considerado como diagnosticamente definitivo (LUKENS, 1998; RIBEIRO, 2001). O tratamento moderno baseia-se na caracterização fenotípica das células leucêmicas por ocasião do diagnóstico. Além da classificação morfológica, essa avaliação pode depender da avaliação citoquímica, imunológica, imunoquímica, citogenética e por microscopia eletrônica (LUKENS, 1998). A leucemia linfóide aguda (LLA) é uma doença que resulta da proliferação clonal de precursores linfóides anormais na medula óssea (MARTINS; REGO; FALCÃO, 2001), caracterizando-se pelo acúmulo de linfoblastos em numerosos órgãos e tecidos (BARRIOS; LAKSA, 2001). Pode acometer qualquer idade, todavia, se observa uma maior incidência em crianças de dois a cinco anos de idade, diminuindo entre adolescentes e adultos jovens, voltando a aumentar após a sexta década de vida (MARTINS; REGO; FALCÃO, 2001; LOPES, 2004). 3 A freqüência de LLA é de 1:25.000 em indivíduos de zero a 14 anos de idade. O risco de uma criança desenvolver leucemia nos dez primeiros anos é de 1:2.880 (LOPES, 2004). Até 1980, a leucemia era a principal causa de óbitos pediátricos com câncer, posteriormente, ocorreu uma diminuição progressiva em decorrência do surgimento de tratamentos quimioterápicos mais agressivos. A LLA constitui 75% a 80% de todos os casos de leucemias agudas em crianças e 20% de todos os casos em adultos (RIBEIRO, 2001; LOPES, 2004). De acordo com os registros do serviço de arquivo médico (SAME) da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHEMOAM), foram atendidos 66 casos de leucemias agudas no ano de 2003 sendo: 44 casos de LLA (66,7%) e 22 casos de Leucemia Mielóide Aguda -LMA (33,3%). A sobrevida livre de doença observada pela maioria dos autores, em média de cinco anos, após o início do tratamento, é de 30% a 40% em pacientes adultos e de 80% de crianças. Tal fato se explica em parte, devido os adultos possuírem uma baixa freqüência de alterações citogenéticas de bom prognóstico, principalmente adultos com idade superior a sessenta anos onde se observa uma pior evolução. Os melhores resultados terapêuticos são observados em indivíduos entre 25 e 35 anos de idade (BARRIOS; LAKSA, 2001). 1.3 Classificação da Leucemia Linfóide Aguda As leucemias agudas são classificadas com base na célula de origem presumida. Em qualquer paciente pode ser possível identificar experimentalmente os aspectos de uma ou outra linhagem celular, com base apenas na morfologia. Morfologistas experientes são capazes de classificar reprodutivamente cerca de 70% das leucemias agudas como LLA ou LNLA pelo aspecto dos blastos em esfregaços corados por corantes do tipo Romanovsky (LUKENS, 1998). 4 A diferenciação baseia-se em aspectos nucleares e citoplasmáticos. A cromatina nuclear talvez seja a característica morfológica mais útil. Em linfoblastos, a cromatina está caracteristicamente aglomerada e distribuída irregularmente. Os nucléolos têm um aspecto proeminente e é devido à condensação da cromatina ao longo das membranas nucleolar e nuclear. A cromatina em LNLA é delicada, finamente pontilhada, ou rendado e as membranas nucleolar e nuclear são indistintas. Os núcleos dos linfoblastos freqüentemente estão fendidos, enquanto que em casos de LNLA estão dobrados ou convolutos. O citoplasma dos blastos da LLA tende a ser escasso e sem grânulos, enquanto que nos blastos da LNLA é mais abundante e pode conter grânulos finos, similares aos observados nos promielócitos normais (LUKENS, 1998). Em 1976 foi criado um sistema de classificação uniforme para as leucemias agudas e síndromes mielodisplásicas, através de um comitê chamado FAB (French, American, British), composto por pesquisadores internacionais, para evitar erros e divergências de interpretações (LUKENS, 1998; LOPES, 2004). Tal comitê uniformizou a nomenclatura de acordo com as características morfológicas com que os blastos se apresentam à microscopia na medula óssea e blastos sangüíneos corados pelo método de Romanovsky, complementado, quando necessário por corantes citoquímicos. (LUKENS, 1998; LOPES, 2004). De acordo com Martins, Rego e Falcão (2001); Lopes (2004) e Lukens (1998), a classificação da LLA facilita o diagnóstico, aumenta a reprodutividade entre os estudos, identifica fatores prognósticos e permite a detecção precoce de recaída da doença. Os critérios utilizados para a classificação da LLA são: a) Morfológico: adotado pelo Sistema de Classificação Franco-AmericanoBritânico – FAB: Com base no diâmetro celular, forma do núcleo, número e protuberância dos nucléolos e quantidade e, aspectos relativos do citoplasma, são diferenciados três subtipos de LLA. O linfoblasto L1 é uma pequena célula com uma elevada relação núcleo/citoplasma, um núcleo regular ou fendido e um nucléolo pequeno e inaparente. O linfoblasto L2 é uma célula maior com membrana nuclear irregular, um ou mais nucléolos proeminentes e uma abundância relativa de citoplasma. Os linfoblastos L3 são morfologicamente idênticos aos observados no 5 linfoma de Burkitt, são grandes, com núcleos redondos ou ovais, nucléolos proeminentes e citoplasma intensamente basofílico. Esta classificação é um previsor altamente significativo da duração da remissão e da sobrevida. Pacientes com células do subtipo L1 têm melhor desempenho que pacientes com subtipo L2, as remissões são curtas e de difícil obtenção em casos de LLA com células do subtipo L3. A FAB classifica os linfoblastos leucêmicos em L1 (85%), L2 (14%) e L3 (1%) em crianças e L1 (30-40%), L2 (50-60%) e L3 (2-5%) em adultos. Transferindo para a prática clínica, observa-se melhor prognóstico em crianças porque o subtipo L1 representa a maioria dos casos nesta faixa etária, contrastando com os adultos que têm o subtipo L2 predominado e que tem pior evolução. b) Imunofenotipagem: a LLA é classificada de acordo com a linhagem e com o estágio da diferenciação linfóide. O subtipo mais comum é a LLA de células B, representando 80% a 85% dos casos em crianças e 70% a 75% em adultos. A linhagem T é observada em 15% das LLA(s) em crianças e 25% em adultos. c) Citogenética: as anormalidades citogenéticas são as variáveis de maior impacto prognóstico no resultado do tratamento de LLA. As anormalidades cromossômicas são observadas em 60% a 80% dos casos em adultos e 90% em crianças. 1.4 Diagnóstico da leucemia Linfóide Aguda No início, a LLA apresenta-se por sintomas não específicos que incluem malestar, anorexia, irritabilidade e febre baixa. Pode assemelhar-se a diversas doenças não malignas como a mononucleose infecciosa, coqueluche e citomegalia (LOPES, 2004). 6 O diagnóstico é baseado em critérios clínicos e laboratoriais, sendo mandatório o aspirado de medula óssea (LOPES, 2004; MARTINS; REGO; FALCÃO, 2001). Os pacientes evoluem com anemia, plaquetopenia ocasionando petéquias, epistaxes, equimoses e outras manifestações hemorrágicas, linfonodomegalias, hepatoesplenomegalia (50%), aumento do volume mediastinal (14%), envolvimento do sistema nervoso central, desencadeando cefaléia, vômitos, letargia, rigidez de nuca (4-7%) e febre (50%) (BARRIOS; LAKSA, 2001). Em crianças também se observam dores ósseas (comprometimento do periósteo e osso), artralgias e dispnéia (MARTINS; REGO; FALCÃO, 2001). Como existe infiltração de blastos na medula óssea, as alterações hematológicas ocorrem nas três séries: eritrocítica, granulocítica e megacariocítica (LOPES, 2004). O hemograma completo pode apresentar-se com leucocitose, presente em mais da metade dos casos (59%), normal (14%) e com leucopenia (27%) (BARRIOS; LAKSA, 2001). Em média 1/5 dos casos têm leucócitos acima de 50.000/ml e é indicativo de mau prognóstico (LOPES, 2004). Em 92% dos casos de LLA, observam-se células imaturas (blastos) em sangue periférico. A neutropenia intensa (menor que 500 cel/mm³) é observada em 23%, enquanto a plaquetopenia (menor que 25.000 plaquetas) ocorre em 30% dos doentes. Hiperuricemia ocorre em metade dos enfermos; a hipercalcemia é rara, a desidrogenase láctica (LDH) geralmente está aumentada e pode ocorrer coagulação intravascular disseminada (CIVD) em 4% dos pacientes (BARRIOS; LAKSA, 2001). Deve ser realizado aspirado e biópsia de medula óssea, esta por sua vez apresenta-se preenchida com mais de 50% de blastos (BARRIOS; LAKSA, 2001). A maioria dos autores considera o resultado positivo para leucemia, quando o aspirado de medula apresenta-se com mais de 30% de linfoblastos (LOPES, 2004). Punção lombar pode ser realizada para análise do líquor (BARRIOS; LAKSA, 2001). 7 1.5 Protocolos de quimioterapia Existem disponíveis no Brasil dois protocolos de quimioterapia para a citorredução de células blásticas, o GBTLI (Grupo Brasileiro para Tratamento de Leucemias Infantil), cujas drogas principais são a vincristina, doxorrubicina, dexametasona, L-asparaginase, methotrexate (MTX), citarabina e dexametasona intratecal (BORIM et al, 2000) e o BFM (Berlim-Frankfurt-Munique), protocolo alemão conhecido e mais utilizado internacionalmente, utiliza a estratificação dos pacientes conforme os grupos de risco para ocorrência de recidiva. As principais drogas são: adriblastina, citarabina, etoposide, tioguanina e Aracytin intratecal (LAKS et al, 2003; MARTÍNEZ, 2006). 1.6 Importância dos neutrófilos X neutropenia Um indivíduo é protegido de enfermidades e/ou invasão de microrganismos através das barreiras de proteção e mecanismos específicos e inespecíficos de defesa do hospedeiro. Qualquer alteração em um destes sistemas poderá predispor à infecção no indivíduo. Os leucócitos desempenham papel importante na proteção e no controle de infecção bacteriana, para tanto, depende da produção apropriada de neutrófilos, tanto no número de células quanto na sua migração para o sítio de infecção (NOSKIN; PHAIR; MURPHY, 1997). Os valores observados para o início de uma infecção em neutropênico é abaixo de 1000/mm³ neutrófilos e, com um risco maior para bacteremia e sepse com neutrófilos abaixo de 100/mm³, geralmente associado à quimioterapia agressiva (NOSKIN; PHAIR; MURPHY, 1997). Santolaya considera um valor crítico para infecção com CAN abaixo de 500/mm³. Em um estudo desenvolvido por PIZZO et al.1993, foram avaliados 282 pacientes neutropênicos e encontrados 55% de contagem absoluta de neutrófilos menor que 100/mm³. Pacientes com leucemia aguda têm mais predisposição para desenvolver maior tempo e maior queda de neutrófilos (principalmente menor que 100/mm³) (BUCANEVE et al, 2005; FELD et al, 2002). A maioria dos autores classifica a 8 contagem de neutrófilos em: leve, quando o número absoluto de neutrófilos estiver entre 1.000 e 1.500/mm³, moderado, entre 500 e 1.000/mm³, grave, entre 100 e 500/mm³ e muito grave ou severa com risco de bacteremia e sepse, quando abaixo de 100/mm³ (PIZZO, 1993; SERODY; KELLEY; COHEN, 1998; CAVALCANTE, 2000; BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001; HORMAECHEA et al, 2004; HUGHES et al, 2002). 1.7 Neutropenia febril em pacientes com leucemia após quimioterapia É definida como a redução significativa no número absoluto de neutrófilos no sangue periférico: leve, quando o número absoluto de neutrófilos estiver entre 1.000 e 1.500/mm³, moderado, entre 500 e 1.000/mm³, grave, entre 100 e 500/mm³ e muito grave ou severa com risco de bacteremia e sepse, quando abaixo de 100/mm³ (PIZZO, 1993; SERODY; KELLEY; COHEN, 1998; CAVALCANTE, 2000; BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001; HORMAECHEA et al, 2004; HUGHES et al, 2002). A neutropenia que pode ser quantitativa ou qualitativa, é usualmente secundária a administração de agentes quimioterápicos para câncer (SERODY; KELLEY; COHEN, 1998). A importância da neutropenia nos riscos de infecções graves em pacientes com câncer que receberam quimioterapia citotóxica foi primeiramente reconhecida há quarenta anos (PIZZO, 1993; DONOWITZ et al. 2001). Há duas décadas a conduta padrão para terapia de pacientes com câncer, febre e neutropenia era a hospitalização para antibioticoterapia parenteral (SANTOLAYA et al. 2002). A neutropenia associada ao tratamento de leucemia/linfoma e transplante de medula óssea é o principal fator de risco relacionado com infecção. A neutropenia representa 2% de taxa de infecção hospitalar em pacientes com neutrófilos abaixo de 1000/mm³ (CAVALCANTE, 2001). A infecção é a causa mais comum de morte em crianças com câncer, mas seu diagnóstico pode ser dificultado pela ausência de resposta inflamatória (MIRANDA et al. 2002; PAGANINI, 1999). Dos neutropênicos 9 com febre, 60% estão desenvolvendo nova infecção e 20% apresentam bacteremia (CAVALCANTE, 2001). A febre geralmente é a única manifestação de infecção, ocorre em decorrência da liberação de substância pirogênicas nos locais de inflamação ou destruição tecidual. É uma complicação freqüente em pacientes submetidos à quimioterapia durante o período de mielossupressão (MIRANDA et al. 2002; PIZZO, 1999). Os atuais regimes de quimioterapia para pacientes com leucemia aguda são intensivos e ocasionam neutropenia intensa (HERNANDEZ et al. 2000). Observa-se uma neutropenia mais freqüente principalmente com contagem de neutrófilo inferior a 500/mm³. Além da neutropenia, observam-se alterações na função fagocítica e dano da barreira da mucosa resultando em mucosite (COREY; BOECKH, 2002). Apesar desta situação, observam-se melhores resultados obtidos na evolução da doença, ou seja, maior número de remissões, aumento na sobrevida livre de doença e maior freqüência de cura (HERNANDEZ et al. 2000). Os patógenos envolvidos na infecção podem ser: fungos, vírus e bactérias, dentre estas, algumas multirresistentes (BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001). Nas décadas de 1960 e 1970, as bactérias Gram-negativas eram os agentes predominantes, principalmente Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Klebsiella sp. . A partir da década de 1980, observa-se uma diminuição destes germes e um aumento das infecções por bactérias Gram-positivas, especialmente os Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis. Tal fato pode ser explicado pelo uso prolongado de cateteres, uso de quimioterapias mais intensas que ocasionam dano da mucosa e o uso de antibióticos induzindo resistência (PIZZO, 1993; BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001; PAGANINI, 1999; DONOWITZ et al. 2001). O risco de infecção é inversamente proporcional ao número de granulócitos, células encarregadas da defesa contra germes invasores, e diretamente 10 proporcionais à duração da neutropenia (BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001; RENDÓN, 2000; LORENZETI, 1998). Os pacientes com contagem de neutrófilos menor que 100/mm³ são considerados de gravidade extrema e com ameaça de vida. Pacientes com neutropenia durando menos de 7-10 dias, geralmente evoluem sem complicações e a velocidade de queda no número de neutrófilos está diretamente relacionada com o risco de infecção. O início da antibioticoterapia deve ser empírico e precoce, no máximo dentro de uma hora após as primeiras evidências de infecção (BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001). Alguns fatores são predisponentes para o desenvolvimento de infecção: alteração da imunidade humoral e celular, perda da integridade da pele e mucosas, presença de cateteres venosos, desnutrição, modificação da microflora normal, uso prolongado de antibióticos e hospitalização (MIRANDA et al. 2002; COREY; BOECKH, 2002). Os pacientes neutropênicos podem receber antibioticoterapia ambulatorial, desde que não apresentem fatores de risco: comorbidades, neutropenia menor que 100/mm3 ou de instalação rápida ou prolongada, pneumonia, idade avançada, receptores de transplante de medula óssea, câncer avançado, dor abdominal, neutropenia há mais de dez dias (FREIFELD et al. 1999; PAGANINI et al. 2003). A alternativa para o antibiótico oral é válida principalmente porque evita a hospitalização prolongada, infecção por organismo multirresistente, qualidade de vida, baixo custo e uso desnecessário de cateteres venosos (KERN et al. 1999; NIHO et al. 2004). Estudos demonstraram efeitos similares do uso do antibiótico oral com o parenteral (KERN et al. 1999). A maioria dos autores utiliza a ciprofloxacina associada à amoxilina/ clavulanato (HUGHES et al. 2002; KERN et al. 1999; PAGANINI et al. 2003). 11 O aumento das infecções principalmente por cocos Gram-positivos tem-se atribuído ao uso profilático de quinolonas (CORDONNIER et al. 2003), o uso deste grupo de antibióticos em pacientes com câncer e neutropenia é controverso e não é uma intervenção recomendada. Os estudos existentes ainda são poucos e os resultados obtidos são insuficientes para provar a real utilização da profilaxia das quinolonas (BUCANEVE et al, 2005). A utilização de antifúngico profilático pode induzir a bacteremia (VISCOLI et al. 2001). Devido a dificuldade de diagnosticar infecções fúngicas em pacientes neutropênicos e com persistência da febre, é aceitável a utilização de antifúngico empírico, entre eles a anfotericina B convencional é a mais utilizada, principalmente por ser mais acessível nos serviços hospitalares e se mostrar sensível a maioria dos fungos, salvo em espécies resistentes. Nestes casos, o mercado dispõe de alternativas: a anfotericina B lipossomal, o voriconazol e a caspofungina , todas com indicações para infecções fúngicas invasivas e resistentes ou em pacientes com riscos de toxicidade pela droga (KLASTERSKY, 2004). Alguns estudos consideram válida a iniciativa de iniciar cobertura para fungos empiricamente, no entanto, é de fundamental importância ficar atento às complicações da droga, principalmente nefrotoxicidade, hepatoxicidade e ocasionalmente toxicidade pulmonar. Contudo, desde o advento do fluconazol como rotina profilática, a freqüência de resistência aos azólicos vem aumentando (COREY; BOECKH, 2002). A persistência da febre em pacientes com neutropenia que utilizaram antibiótico de amplo espectro pode ser indicação clínica única de uma infecção fúngica invasiva (WALSH et al. 2004), especialmente a Candida albicans (COREY; BOECKH, 2002) que aparece na fase inicial da neutropenia seguida de outros fungos como o Aspergillus sp a partir da segunda semana (CHANDRASEKAR, 2001; LIN; LU; CHEN, 2001). As hemoculturas em infecções fúngicas demoram a se tornarem positivas (duas a três semanas em média) e, além disso, algumas amostras são negativas mesmo em vigência de infecção, alguns casos clínicos sugestivos de infecção por fungos com utilização de antibiótico de amplo espectro e 12 persistência da febre, como um estudo realizado em Taiwan onde observou-se hepatoesplenomegalia em candidemia e culturas negativas (LIN; LU; CHEN, 2001). A dor pode ser um sinal importante, uma vez que o paciente neutropênico não apresenta quadro clássico de infecção (BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001). A febre, principal achado clínico, é definida no neutropênico como uma única medida da temperatura axilar maior ou igual a 38,3ºC, ou a temperatura de 38ºC com duração superior a 1 hora, ou ainda três picos de 38ºC em intervalo de 24 horas, na ausência de outros fatores que possam ter provocado hipertermia (BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001). Para o diagnóstico, deverão ser realizados as culturas de sangue, urina, fezes, cateter, histopatológico e bacteriológico de lesões cutâneas, radiografia de tórax e seios da face, ultra-sonografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética se necessário (BICALHO; FAGUNDES; GLÓRIA, 2001). Os resultados das hemoculturas são positivos em torno de 30% dos episódios de neutropenia (PUGA et al. 2003). As culturas dependem da coleta adequada, transporte do material em tempo hábil e da notificação ao laboratório do estado imunitário do paciente (MIRANDA et al. 2002). 1.8 Agentes microbianos e antibiograma em pacientes com LLA e neutropenia febril A Escherichia coli é uma espécie da família Enterobacteriaceae extremamente heterogênea e complexa. Do ponto de vista de suas relações com o homem, pode-se distinguir dois grandes grupos de amostras: um que faz parte da flora intestinal (E.coli comensal) e outro que causa diferentes tipos de infecção (E. coli patogênica). E E. coli comensal pode desenvolver infecções em pacientes imunodeprimidos. As E. coli patogênicas podem produzir três tipos de infecção: infeccções intestinais, infecções do trato urinário e sepse-meningite (CAMPOS; FRANZOLIN; TRABULSI, 2005). 13 A transmissão da E.coli pode ser por via oral, atravessar a barreira gástrica e migrar para o intestino delgado e/ou grosso. Outra forma de transmissão é por alimentos contaminados por fezes (enterohemorrágica e enteroinvasora) ou água (enteroinvasora) (PROCOP; COCKERILL III, 2001). A manifestação clínica principal é a diarréia, cuja gravidade depende da intensidade da infecção, da idade do hospedeiro e do estado imunológico (CAMPOS; FRANZOLIN; TRABULSI, 2005; PROCOP; COCKERILL III, 2001). A E.coli é o agente mais comum de meningite neonatal, a transmissão é materna (CAMPOS; FRANZOLIN; TRABULSI, 2005). Os estafilococos são cocos gram-positivos da família Micrococcaceae, 16 espécies são responsáveis por infecções em humanos, entre elas, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprophyticus e outros (coagulase-negativos). Fazem parte da microbiota de grande parte ou da totalidade da população, principalmente da pele (BLOCH, 2001). Com potencial patogênico inferior ao do S.aureus, são invariavelmente oportunistas e hospitalares as infecções causadas por acometendo S.epidermidis quase sempre e outros pacientes Staphylococus com cateteres coagulase-negative, intravasculares ou intraperitoneais, marca-passos e próteses artificiais ou imunocomprometidos (em particular pessoas com neoplasias ou submetidas a transplante ou a tratamento imunodepressor) e crianças prematuras (KLOOS & BANNERMAN, 1994; BANNERMAN 2003; GONÇALVES; GOUVEIA, 1998). Só excepcionalmente os Staphylococcus epidermidis (mais comum dentre os Staphylococcus coagulase-negative) são responsáveis por doença adquirida fora do ambiente hospitalar (endocardite em válvulas previamente normais e infecções em pacientes com cateteres para diálise peritoneal crônica). O S.epidermidis é agente comum de infecções hospitalares bacteriêmicas em imunocomprometidos, em particular pacientes submetidos a terapêutica imunodepressora, neutropênicos, leucêmicos, doentes com aids e recém-nascidos prematuros, no qual a porta de entrada é constituída quase sempre por cateter intravascular (BALDY, 2005 - a). Em imunocomprometidos, sobretudo em neutropênicos tratados com antimicrobianos, a porta de entrada da bacteriemia pode ser o trato intestinal, maciçamente colonizado por esta bactéria (BALDY, 2005 - a). 14 Os Streptococcus são cocos gram-positivos da família Streptococcaceae, diversas espécies fazem parte da microbiota (flora endógena) do homem com localização e freqüência variadas. O Streptococcus pyogenes é um beta-hemolítico pertencente ao grupo A de Lancefield (bacteriologista norte-americana), e é responsável por cerca de 90% das infecções. (BALDY, 2005- b; DIETZE, 1991; STEVENS, 2001). Em um estudo feito por Perin et al (2006), foram encontradas 719 (30,1%) hemoculturas positivas de um total de 2389. Os patógenos predominantes foram gram-negativos (53,8%) e gram-positivos (31,2%). Dentre os gram-negativos, a maioria foi E.coli (14,6%), seguida de Klebsiella pneumoniae (12,2%). Dentre os gram-positivos, os germes encontrados foram: S.aureus (13,8%), Streptococcus sp (8,5%) e Staphylococcus coagulase-negative (7,3%). Em 2003, Londoño et al conseguiram isolar 22,4% (n=32) das hemoculturas positivas em pacientes neutropênicos e febris, a maioria representada pelos germes gram-negativos e destes, 58,9% (n=9) correspondia à E.coli, seguida de 18,75% (n=6) de S.coagulase-negative e 6,25% (n=2) para Streptococcus sp.. O conhecimento da flora bacteriana e sua sensibilidade aos antibióticos permitem que se tenham subsídios microbiológicos para iniciar uma antibioticoterapia precoce e adequada, reduzindo custos hospitalares com antibióticos ineficazes e/ou desnecessários. 15 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Descrever a ocorrência de neutropenia febril em pacientes com LLA que receberam quimioterapia citotóxica na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas – FHEMOAM. 2.2 Específicos Descrever características epidemiológicas dos pacientes com neutropenia febril: gênero; idade e cor; Descrever os subtipos de LLA de acordo com a classificação da FAB – Franco-Americano-Britânico (1976): L1, L2 e L3; Descrever os tipos de neutropenia de acordo com a classificação: leve, moderada, grave ou severa e melhora da neutropenia após início do antibiótico; Avaliar os pacientes que utilizaram antibioticoterapia previamente; Descrever os agentes bacterianos e avaliar a sensibilidade aos antibióticos utilizados na rotina da FHEMOAM. 16 3 METODOLOGIA 3.1 Modelo de estudo Foi realizado um estudo descritivo e prospectivo, tipo série de casos, de pacientes com leucemia linfóide aguda e neutropenia febril pós quimioterapia, atendidos na FHEMOAM no período de janeiro a setembro de 2006. 3.2 População de referência O estudo teve como alvo a população de pacientes que procurou espontaneamente o serviço de hematologia na FHEMOAM. A FHEMOAM é uma instituição de pesquisa e assistência a pacientes na área de doenças hematológicas e serviço de hemoterapia em Manaus, abastecendo as principais agências transfusionais dos serviços de saúde em Manaus. Além dos laboratórios de pesquisa e ambulatórios, possui uma unidade de internação composta por um serviço de urgência, enfermarias adulta e pediátrica (composta cada uma de dez leitos) e isolamentos (dois leitos), funcionando com um total de vinte e dois leitos. 17 3.3 População de estudo A população de estudo foi composta de pacientes portadores de leucemia linfóide aguda diagnosticada na FHEMOAM, que evoluíram com neutropenia febril após quimioterapia, independente de sua fase, no período de janeiro a setembro de 2006. 3.4 Participantes Foram incluídos no estudo todos os pacientes de leucemia linfóide aguda, diagnosticados na FHEMOAM e que estavam em uso de quimioterapia citotóxica, independente da fase quimioterápica e que, logo após, a sua introdução desenvolveram neutropenia febril, no período de janeiro a setembro de 2006. Os pacientes selecionados foram de ambos os sexos, de todas as idades, que apresentaram ao aspirado de medula óssea (mielograma) confirmação de LLA. Tais pacientes identificados como neutropênicos febris, foram submetidos à coleta de hemoculturas e enviadas ao laboratório de bacteriologia da FMTAM. 3.5 Critérios para definição de neutropenia febril e inclusão de pacientes no estudo Foram considerados como neutropênicos os pacientes com contagem absoluta de neutrófilos ≤ 1.500 cel/mm³. A febre foi determinada por aferição axilar única de 38,3ºC, ou 38ºC por mais de 1 hora ou 3 episódios de 38ºC em 24 horas. A classificação de neutropenia foi em: leve: contagem absoluta de neutrófilos ≤ 1.500 cel/mm³; moderada: contagem absoluta de neutrófilos ≤ 1.000 cel/mm³; 18 grave: contagem absoluta de neutrófilos ≤ 500 cel/mm³ e severa: contagem absoluta de neutrófilos ≤ 100 cel/mm³. Foi considerada como melhora do quadro neutropênico os pacientes que apresentaram após o início da antibioticoterapia contagem absoluta de neutrófilos ≥ 1.500 cel/mm³ Os antibióticos avaliados previamente foram de pacientes que estavam usando ambulatorialmente ou na enfermaria (internação). Foram excluídos os pacientes com contagem de neutrófilos acima de 1.500/mm³, com neutropenia sem febre e aqueles que não concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. 3.6 Critério para determinação da cor da pele do indivíduo Adotou-se critério semelhante ao do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que no Brasil é tomada como oficial desde 1991, para fins de estudos demográficos. Tal classificação tem como diretriz, essencialmente, o fato de a coleta de dados se basear na autodeclaração. Ou seja, a pessoa escolheu, de um rol de cinco itens (branco, preto, pardo, amarelo e indígena) em qual deles se aloca. 3.7 Procedimentos Após esclarecimento do projeto e concordância do paciente ou responsável em participar do estudo, foi assinado pelo responsável legal ou pelo próprio paciente o termo de consentimento livre e esclarecido do paciente (Anexo C). Foram coletadas amostras de sangue para exames de rotina: 3 ml para realização de hemograma completo. Estes exames foram analisados no laboratório de análises clínicas da FHEMOAM e posteriormente o paciente encaminhado ao pesquisador do projeto para as coletas de hemoculturas. 19 O paciente com contagem absoluta de neutrófilos ≤ 1.500 cel/mm³ e febre, foi internado para acompanhamento clínico e laboratorial. Foram coletadas duas amostras de sangue por punção venosa, com métodos de antissepsia adequados e uso de luvas estéreis, uma em cada antebraço para realização de hemocultura: 4 ml para as crianças e 5 ml para os adultos. As amostras foram enviadas ao laboratório de bacteriologia da FMTAM, com consentimento prévio da gerência de bacteriologia. Foram identificados os germes e sua sensibilidade foi testada através do antibiograma com o método de difusão em disco. O princípio deste método baseia-se na difusão, através do agar, de um antimicrobiano impregnado em um disco de papel-filtro. A difusão do antimicrobiano leva à formação de um halo de inibição do crescimento bacteriano, cujo diâmetro é inversamente proporcional à concentração inibitória mínima (MIC). Esse método é qualitativo, permitindo classificar a amostra bacteriana em suscetível (S), intermediária (I) ou resistente (R) ao antimicrobiano. As hemoculturas foram analisadas pelo aparelho semi-automatizado BACT/ALERT (Organon Teknika Corporation, Durham, NC). 3.8 Análise Estatística Os dados foram apresentados em gráficos e tabelas de freqüência, utilizandose o software Epi Info versão 6.0. Para o cruzamento das variáveis foi utilizado o teste não paramétrico qui-quadrado de Pearson. 3.9 Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP O projeto foi submetido à análise no CEP - FHEMOAM e aprovado com parecer 0020-05 versão 02/05. 20 4. RESULTADOS 4.1 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e Neutropenia febril Foram selecionados 31 pacientes. Destes, 58% (n=18) eram do sexo masculino e 42% (n=13) do sexo feminino (Figura 1). Figura 1 - Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o sexo Quanto à faixa etária, os pacientes estudados tiveram uma mediana de idade de 15 anos, cuja variação foi entre 1 a 63 anos de idade (Tabela 1). Em relação à cor, 67,7% (n=20) dos pacientes eram pardos e 32,3% (n=11) eram brancos. Tabela 1 - Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com a faixa etária Pacientes com LLA e neutropenia febril – FHEMOAM Faixa Etária (anos) N % 01-05 10 32,3 06-10 8 25,9 11-15 3 9,7 16-20 3 9,7 21-25 1 3,2 25-30 1 3,2 31-35 0 0 36-40 0 0 41-45 2 6,4 46-50 1 3,2 > 50 2 6,4 Total 31 100 21 4.2 Descrição dos subtipos de LLA Em relação aos tipos de LLA encontrados nos 31 pacientes selecionados, 68% (n=21) eram do subtipo L1 e 32% (n=10) do subtipo L2 (Figura 2). Figura 2. Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o subtipo de LLA 4.3 Classificação da neutropenia Quanto a classificação da neutropenia, 51,6% (n=16) dos pacientes desenvolveram neutropenia severa; 22,5% (n=7) neutropenia grave; 19,4% (n=6) neutropenia moderada e 6,5% (n=2) neutropenia leve (Tabela 2). Tabela 2 - Classificação da neutropenia febril em pacientes com LLA Classificação Leve Moderada Grave Severa Total Contagem de neutrófilos ≤ 1500 ≤ 1000 ≤ 500 ≤ 100 N % 2 6 7 16 31 6,5 19,4 22,5 51,6 100 4.4 Tempo de melhora da neutropenia conforme o subtipo de LLA De acordo com o subtipo de LLA, foi observado o tempo de melhora da neutropenia, sem que houvesse associação estatisticamente significativa, e no 22 subtipo L1 10 pacientes levaram 10 ou mais dias para apresentarem melhora (tabela 3). Pacientes subtipo L1 também desenvolveram mais neutropenia severa (52,3%), seguida de neutropenia grave (19,1%), moderada (19,1%) e leve (9,5%). Tabela 3 - Tipo de LLA e melhora da neutropenia Tipo de LLA Melhora da neutropenia (dias) Total 0 -3 4-6 7-9 ≥ 10 L1 1 5 4 10 20 L2 0 3 0 6 9 Total 1 8 4 16 29 p= 0,437 Pacientes de LLA L2, também apresentaram predomínio de neutropenia severa (50%), seguida pela moderada (30%) e pela neutropenia grave (20%), sem que representasse relevância estatisticamente significativa (Tabela 4). Tabela 4 - Classificação da neutropenia e tipo de LLA Classificação da neutropenia Leve Moderada Grave Severa Total L1 N 2 4 4 11 21 % 9,5 19,1 19,1 52,3 100 Tipo de LLA L2 N % 0 0 2 20 3 30 5 50 10 100 Total 2 6 7 16 31 p= 0,723 4.5 Germes bacterianos encontrados Foram encontrados germes bacterianos predominantemente nos pacientes com LLA L1, sendo: 66,6% (n=4) Escherichia coli, 16,7% (n=1) Staphylococcus coagulase-negative e 16,7% (n=1) Streptococcus pyogenes. Apenas um paciente de 23 LLA L2 apresentou Staphylococcus coagulase-negative. A relação não foi significativa (Tabela 5). Tabela 5 - Correlação entre agente etiológico e tipo de LLA Agente etiológico Escherichia coli Staphylococcus coagulase - negative Streptococcus pyogenes TOTAL N 4 1 1 6 Tipo de LLA L1 L2 % N % 66,6 0 0 16,7 1 100 16,7 0 0 100 1 100 Total 4 2 1 7 p= 0,232 4.6 Protocolo de quimioterapia utilizados A maioria dos pacientes utilizou o protocolo alemão BFM (Berlim-FrankfurtMunique), correspondendo a 61% (n=19) dos casos e 39% (n=12) utilizou o GBTLI (Grupo Brasileiro de Tratamento para Leucemia na Infância) (Figura 3). BFM 61% GBTLI 39% Figura 3 - Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o protocolo de quimioterapia 24 4.7 Evolução clínica dos pacientes O tempo decorrente entre o paciente apresentar a neutropenia febril em sua residência ou hospital até coletar a primeira hemocultura variou de 1 a 23 dias, com média de sete dias. Do total dos pacientes, 29 (93,5%) apresentaram melhora clínica e dois (6,5%) evoluíram para o óbito. A maioria dos doentes apresentou melhora da contagem absoluta de neutrófilos após o décimo dia de tratamento com antibióticos; a média desta melhora foi de 13 dias, com variação de 1 a 62 dias (Figura 4). Embora sem que associação estatisticamente significativa fosse evidenciada, pacientes que foram submetidos ao protocolo BFM, 63,2% (n=12) evoluíram com neutropenia severa, 26,3% (n=5) neutropenia grave, 10,5% (n=2) neutropenia moderada (Tabela 6). Figura 4- Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com o dia de melhora da contagem absoluta de neutrófilos. Tabela 6 - Classificação da neutropenia e protocolo Classificação da neutropenia Leve Moderada Grave Severa Total p= 0,081 Protocolo de quimioterapia GBTLI BFM Total N % N % 2 16,6 0 0 2 4 33,4 2 10,5 6 2 16,6 5 26,3 7 4 33,4 12 63,2 16 12 100 19 100 31 25 4.8 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com LLA que utilizaram antibioticoterapia antes do quadro de neutropenia febril Dos 31 pacientes, 16 (51,6%) utilizaram antibioticoterapia antes ou na vigência do quadro clínico de neutropenia febril e antes da coleta de sangue para hemocultura. A média de dias com o uso dos antibióticos foi de sete dias. Foram vários esquemas terapêuticos utilizados, como a cefalexina, ceftriaxona+oxacilina, amoxicilina, vancomicina+ceftazidima, vancomicina e antifúngicos (Figura 5). Figura 5 - Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com a antibioticoterapia utilizada. Quando relacionamos o uso prévio de antibióticos e a classificação da neutropenia, observamos que o desenvolvimento de neutropenia severa foi semelhante no grupo de pacientes que utilizou 53,4% (n=8) e no que não utilizou antibioticoterapia 50% (n=8) (Tabela 7). 26 Tabela 7- Classificação da neutropenia febril e uso prévio de antibióticos Classificação da neutropenia Leve Moderada Grave Severa Total N 1 2 4 8 15 Uso prévio de antibióticos Sim Não Total % N % 6,6 1 6,3 2 13,4 4 25 6 26,6 3 18,7 7 53,4 8 50 16 100 16 100 31 p= 0,854 Quanto ao uso de antibiótico prévio e a melhora da neutropenia, observamos que não houve relação estaticamente significativa. Quinze pacientes usaram antibiótico prévio, destes, 46,6% (n=7) melhoraram a neutropenia com mais de dez dias, 13,4% (n=2) com melhora entre 7 e 9 dias, 33,4% (n=5) entre 4 e 6 dias e 6,6%(n=1) entre 0 e 3 dias (Tabela 8). Os dois pacientes que morreram não utilizaram antibióticos previamente. Em relação às hemoculturas, 7 ( 22,6%) foram positivas e destas, 4 pacientes não utilizaram antibióticos previamente Tabela 8 - Dias de melhora da neutropenia e o uso prévio de antibióticos Melhora da neutropenia 0 – 3 dias 4 – 6 dias 7 – 9 dias ≥ 10 dias TOTAL p= 0,630 N 1 5 2 7 15 Uso prévio de antibióticos Sim Não Total % n % 6,6 0 0 1 33,4 3 21,4 8 13,4 2 14,3 4 46,6 9 64,3 16 100 14 100 29 27 4.9 Agentes microbianos e antibiograma em pacientes com LLA e neutropenia febril Foram coletadas amostras de sangue para a realização de hemoculturas dos 31 pacientes com LLA e neutropenia febril. Destas amostras, 22,6% (n=7) apresentaram resultado positivo, com as seguintes espécies isoladas: Escherichia coli 57,2% (n=4), Staphylococus coagulase negative 28,6% (n=2) e Streptococus pyogenes 14,2% (n=1) (Figura 6). Figura 6- Distribuição dos pacientes com LLA e neutropenia febril de acordo com a espécie isolada na hemocultura Das amostras em que se isolou E. coli, duas positivaram em pacientes com neutropenia severa, uma em neutropenia grave e uma em neutropenia moderada. Todas as amostras em que se isolou S.coagulase-negative, os paientes desenvolveram neutropenia severa e a amostra que apresentou S.pyogenes o paciente desenvolveu neutropenia moderada (Tabela 9). Embora a associação não seja significativa, após a relação do tipo de protocolo com as espécies bacterianas 28 encontradas, observam-se que seis das sete bactérias isoladas foram do protocolo GBTLI (Tabela 10). O paciente do qual se isolou S.pyogenes evoluiu para óbito (Tabela 11). Tabela 9 - Classificação da neutropenia e agente etiológico encontrado Agente etiológico Classificação da neutropenia Total E. coli S. coagulase negative S. pyogenes Leve 0 0 0 0 Moderada 1 0 1 2 Grave 1 0 0 1 Severa 2 2 0 4 Total 4 2 1 7 p= 0,357 Tabela 10 - Agente etiológico e protocolo Agente etiológico E. coli S. coagulase - negative S. pyogenes Total Protocolo quimioterapia GBTLI BFM Total N % n % 4 66,6 0 0 4 1 16,7 1 100 2 1 16,7 0 0 1 6 100 1 100 7 p= 0,232 Tabela 11- Agente etiológico e óbito Agente etiológico E. coli S. coagulase - negative S. pyogenes Total p= 0,030 Sim N 0 0 1 1 % 0 0 100 100 Óbito Não n % 4 66,6 2 33,4 0 0 6 100 Total 4 2 1 7 29 Após serem isoladas as bactérias, foi realizado o antibiograma apenas para E. coli e Streptococus pyogenes. Foram isoladas E. coli de quatro pacientes. Houve 100% de sensibilidade de todas elas aos aminoglicosídeos (amicacina e gentamicina), uma das amostras de E.coli resistente às cefalosporinas (cefalotina, ceftriaxona e cefepime). Observa-se também resistência a cefalotina em todas as amostras de E. coli. O S. pyogenes foi sensível a todos os antibióticos testados. (Tabela 12). Tabela 12- Antibiograma das espécies isoladas de pacientes com LLA e Neutropenia febril ANTIBIÓTICOS Amicacina Amoxacilina+clavulanato Ampicilina Aztreonam Cefalotina Cefepime Cefotaxima Ceftazidima Ceftriaxona Cefuroxime Ciprofloxacina Cloranfenicol Ertapenem Gentamicina Imipenem Meropenem Sulfametoxazol+Trimetropim Tetraciclina Ticlacilina+clavulonato Tobramicina S= Sensível R= resistente Espécies isoladas Escherichia coli 1 Escherichi a coli 2 Escheric hia coli 3 Escherich ia coli 4 S R R S R S S S S S R R S R R R R R R S R S S S S R R R R S R R S R R S R S S S S S S S S S S R R R R S S S S S S S S S S R R R S S S S S S R R R S Streptococus pyogenes S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S 30 5 DISCUSSÃO 5.1 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e neutropenia febril Os pacientes portadores de leucemia linfóide aguda após a realização da quimioterapia citotóxica iniciam um processo de aplasia medular, desencadeando anemia, trombocitopenia e neutropenia, esta, por sua vez, é a mais temida, pois é responsável pelas infecções de diversas etiologias (virais, bacterianas, fúngicas ou parasitárias). Alguns pacientes, no decorrer da neutropenia, podem desenvolver febre como único sinal de infecção. De acordo com Lukens (1998), foi observada em um grupo de estudos nos Estados Unidos uma ligeira predominância em homens (57%) em todas as análises demográficas da doença. A incidência do sexo masculino sobre o feminino é de 1.4:1.0 respectivamente (BERG; STEUBER; POPLACK, 2000). A leucemia linfóide aguda é mais comum no sexo masculino (OLIVEIRA, 1978). Neste estudo foi observado também uma discreta predominância no sexo masculino em 58% (n=18) dos casos. A LLA é a forma mais comum de leucemia em crianças, sua incidência é mais alta entre 3 e 7 anos de idade, caindo em torno dos 10 anos (HOFFBRAND; PETTIT; MOSS, 2004). De acordo com os registros do Hospital do Câncer em São Paulo em 2004, Lopes identificou que a faixa etária de maior freqüência está entre 2 e 5 anos de idade, dado também observado por Oliveira em 1978, sendo menos freqüente crianças apresentarem LLA abaixo dos 2 anos e acima dos 10 anos. Segundo Lukens (1998), nos Estados Unidos aproximadamente 75 % das LLA eram crianças com menos de 15 anos de idade. A maior ocorrência está entre 2 e 3 anos de idade (BERG; STEUBER; POPLACK, 2000). Após a infância, a distribuição etária da doença é relativamente uniforme com uma idade mediana de 30 a 40 anos. Neste estudo, verificou-se que a faixa etária mais acometida foi de crianças entre 1 a 14 anos de idade, representando 61,2% (n=19) dos casos. Também confirma a tese de todos os autores que a LLA é responsável pela maioria dos casos de leucemias agudas na faixa etária pediátrica, principalmente com idade inferior a 5 anos de idade, onde observou-se neste estudo 32,3 % (n=10) dos casos. 31 A LLA é muito mais comum em brancos (LUKENS, 1998). Na população deste estudo, entretanto, 67,7 % dos pacientes eram de cor parda, muito provavelmente por este ter sido realizado na região norte do Brasil. Em nosso país, há uma mistura de raças, sendo muito difícil caracterizar um indivíduo como branco ou negro puro. Segundo o IBGE, a cor parda engloba mulatos, caboclos, morenos e similares “não-brancos”, daí pode-se então justificar a predominância desta cor neste trabalho, pois é também a cor predominante na região onde o mesmo foi realizado. Quanto aos subtipos encontrados neste estudo, a predominância foi do subtipo L1, representando 68% (n=20) dos casos. Foram realizadas várias correlações com o subtipo de LLA, mas nenhum valor de p foi significativo. Neste estudo, observou-se que os pacientes de LLA L1 demoraram mais tempo para reverter a neutropenia, a maioria com mais de dez dias. Neste estudo, teve-se como referência de melhora da neutropenia CAN acima de 1500/mm³. Foi observado ainda, que a maioria dos germes isolados também foi do subtipo L1. Tal fato se explica talvez, por haver um predomínio de pacientes com tal subtipo, tanto é, que houve uma coincidência de predominância de neutropenia severa tanto no subtipo L1 quanto no L2. Neste estudo, a maioria dos pacientes foi submetida ao protocolo BFM. Quando se analisou a influência deste protocolo sobre o grau de neutropenia, mesmo que o valor de p não tenha sido significativo, verificou-se que as neutropenias mais baixas (grave, moderada e severa) foram nestes pacientes. Provavelmente porque este protocolo é constituído de drogas citotóxicas mais agressivas (MARTINEZ, 2006). Pode-se deduzir também, pelo fato de a maioria dos pacientes terem sido submetidos a este protocolo e, portanto, terem sido mais expostos. Neste estudo, cuja população de estudo foi de pacientes de leucemia, portanto, já é um fator de risco para neutropenia, e, que se submeteram à quimioterapia, 74,1% (n=23) apresentaram CAN menor que 500/mm³, subdividindo em 22,5% (n=7) para neutropenia grave (CAN entre 100 e 500/mm³) e a predominância com 51,6% (n=16) para neutropenia severa (CAN menor ou igual a 32 100/mm³). Provavelmente, tal fato é explicado pela quimioterapia agressiva que os pacientes foram submetidos e pelo protocolo utilizado (BFM), pois 19 pacientes foram tratados por este protocolo. A patologia também predispõe tal alteração, diferente de outras neoplasias, onde se observam quedas mais brandas dos neutrófilos e menor risco para infecção (BUCANEVE et al, 2005). Em um grupo de estudo de pacientes randomizados em 1986 por PIZZO, verificou-se de 282 pacientes, uma média de nove (variação de 1-84 dias) dias de neutropenia (tempo de melhora da neutropenia após o início do antibiótico). Já Bucaneve et al, encontrou uma média de 15 dias, foi avaliado neste estudo 165 pacientes com CAN menor que 1000/mm³, a variação de dias foi de 3-67 dias. A média de duração da neutropenia (tempo de melhora da neutropenia) em pacientes com CAN menor que 500/mm³ por episódio foi de 13 dias (variação de 3-179 dias) (KERN; HEISS; STEINBACH, 2001). Neste estudo, foi encontrada uma média da melhora da contagem absoluta de neutrófilos de 13 dias, a maioria apresentou melhora após 10 dias do início do antibiótico, coincidindo com a literatura pesquisada, a variação foi de 1 a 62 dias. Observou-se que o uso de antibióticos não influenciou na melhora da neutropenia. Foi observado ainda que o uso de fator estimulador de colônias de granulócitos (granulokine®) não influenciou na melhora ou piora da neutropenia. 5.2 Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com LLA que utilizaram antibioticoterapia antes do quadro de neutropenia febril Em um trabalho feito por Finberg e Talcott (1999), fez-se a comparação do uso oral de amoxicilina-clavulanato + ciprofloxacina com ceftazidime injetável em 232 episódios de neutropenia (CAN menor que 500/mm³) e observou-se resolução da infecção e da neutropenia em menos de 10 dias. O Grupo Cooperativo de Terapia Antimicrobiana Internacional de Câncer da Europa realizou um estudo randomizado em 25 hospitais comparando o uso oral da amoxicilina-clavulanato + ciprofloxacina com o uso intravenoso da ceftriaxona + amicacina (CAN menor que 33 1000/mm³), observou-se efetividade das duas estratégias nos neutropênicos, tanto para a melhora da neutropenia como a diminuição do uso do antibiótico para menos de 10 dias (FINBERG; TALCOTT, 1999). Neste estudo, a maioria dos pacientes utilizou antibioticoterapia previamente e o grau de neutropenia severa que prevaleceu tanto no grupo que usou antibiótico prévio quanto o que não usou foi semelhante, ou seja, não foi observado influência do antibiótico no grau de neutropenia. A maioria dos autores refere que a antibioticoprofilaxia pode induzir resistência aos germes. Os antibióticos prévios, no entanto, neste estudo foram, tanto os que eram usados profilaticamente quanto empiricamente. A maioria fez uso da cefalexina, antibiótico padronizado pela FHEMOAM, geralmente utilizado ambulatorialmente profilaticamente. Os outros antibióticos foram a associação da ceftriaxona com a amicacina e metronidazol, drogas injetáveis e que são utilizadas na internação. Houve positividade das hemoculturas em 22,6% (N=7) dos casos para germes bacterianos, corroborando com a maioria dos trabalhos pesquisados, onde a positividade das hemoculturas está em torno de 20 a 30 % dos casos. Corrobora ainda com a maioria da literatura pesquisada recente, nas quais se observa um predomínio de bactérias gram-negativas, totalizando 57,20% (n=4) dos casos, representadas pelas E. coli, onde se verifica um maior predomínio destes germes em neutropênicos, principalmente desencadeando sepse e bacteremia (NOSKIN; PHAIR; MURPHY, 1997). As bactérias gram-positivas foram responsáveis por 42,8% (n=3) dos casos e foram identificadas: Staphylococcus coagulase-negative e Streptococcus pyogenes, representando respectivamente 28,6% (n=2) e 14,2% (n=1) dos casos isolados. Apenas três pacientes fizeram uso de antibiótico prévio, não havendo uma diferença significativa entre o uso prévio de antibiótico a e a positividade da hemocultura, reforçando a necessidade de colher as culturas mesmo em vigência de antibiótico. Embora a quantidade de pacientes estudados tenha sido pequena, proporcionalmente, a positividade das hemoculturas foi semelhante aos vários 34 trabalhos pesquisados. Alguns autores observam um predomínio de gram-positivos, entretanto, grande parte dos trabalhos vem demonstrando prevalecer um aumento de germes gram-negativos, principalmente E.coli. Sabe-se que a flora hospitalar é variável, e dependente de cada ambiente hospitalar (SCHECHTER,1998). Na FHEMOAM, observou-se um predomínio de bactérias gram-negativas (E.coli), provavelmente pela quimioterapia citorredutora agressiva aos que os pacientes foram expostos, embora o valor de p não tenha sido significativo, o protocolo mais utilizado foi o BFM, o qual vem sido usado com mais freqüência nos últimos dois anos neste serviço. Outro mecanismo possível a ser analisado futuramente é a possibilidade da transmissão por alimentos contaminados, uma vez que não existe na fundação um serviço de nutrição adequado, pois, os pacientes podem eventualmente receber alimentação externa, não tendo um controle rigoroso hospitalar. Neste caso, a transmissão via alimentos pode ser uma possibilidade. Os Staphylococcus consideradas contaminação, coagulase-negative, uma vez que neste foram estudo, isolados não de foram pacientes imunodeprimidos, neutropênicos pós quimioterapia agressiva e com febre sem outra causa e com várias portas de entradas entre elas: acesso vascular, lesão de pele, mucosite e flebite, lembrando ainda que estes germes são emergentes em neutropênicos(NOSKIN; PHAIR; MURPHY, 1997; KERN; HEISS; STEINBACH, 2001). Na FHEMOAM diversos pacientes desenvolvem flebite durante a internação, que pode estar relacionada com a quimioterapia. Além disso, são doentes suscetíveis ao Staphylococcus coagulase-negative, pois apresentam dispositivo intravascular para administrar a medicação, sendo constantemente manipulado pelo corpo de enfermagem, predispondo a possíveis contaminações. O único paciente que foi isolado Streptococcus pyogenes evoluiu para óbito em torno de 48 horas após o primeiro atendimento, foi uma forma grave de sepse desta bactéria, provavelmente como porta de entrada lesões vesiculosas disseminadas em todo o corpo e diagnosticada como varicela (TERRA; 35 GONÇALVES, 1998). Não foi evidenciada resistência bacteriana aos antibióticos padronizados pela FHEMOAM. Foi correlacionado o agente etiológico influenciando no grau de neutropenia, no protocolo utilizado e no óbito, onde, não se evidenciou nenhuma influência das bactérias nestas variáveis. Os germes isolados fazem parte da flora hospitalar da FHEMOAM, provavelmente de origem endógena. Quanto à sensibilidade dos germes aos antibióticos, observa-se pela maioria dos trabalhos pesquisados os surgimentos de cepas cada vez mais resistentes aos antimicrobianos, tendo que dispor de antibióticos de amplo espectro e última geração. Cristano et al (2006), fez uma análise de 719 germes isolados e encontrou: sensibilidade dos gram-negativos de 63%, 65%, 63%, 71%, 63% e 97% para cefepime, amicacina, ciprofloxacina, piperacilina-tazobactam, ceftazidima e meropenem respectivamente. Já para os gram-positivos foi de: 30%, 38% e 100% para oxacilina, levofloxacina e vancomicina respectivamente. Londoño et al (2003), observaram em 32 hemoculturas positivas para E.coli a seguinte sensibilidade: 33,4%, 55,5%, 66,7%, 100%, 100% e 100% para ceftazidime, amicacina, ciprofloxacina, gentamicina, imipenem e meropenem respectivamente. Neste estudo, houve uma sensibilidade de 100% (n=4) dos germes gramnegativos (E. coli) aos aminoglicosídeos, gentamicina e amicacina. Foi um resultado satisfatório, porque ambas as medicações são disponíveis na FHEMOAM e são de baixo custo. Sempre é associado a outro antimicrobiano, principalmente à cefalosporina de terceira geração (ceftriaxona), que neste estudo, evidenciou uma sensibilidade aos germes gram-negativos de 75% (n=3) dos casos. Tal fato pode ser justificado pelo uso rotineiro de tal antibiótico e talvez pelo uso indiscriminado de cefalexina profilaticamente. O S. pyogenes foi sensível à todos os antibióticos testados. O óbito do paciente provavelmente se deve a outros fatores como fatores imunológicos, recaída da doença, idade, doença subjacente (varicela) e possível forma fulminante desta espécie. 36 6 CONCLUSÕES 6.1 Em pacientes com LLA que desenvolveram neutropenia febril houve discreto predomínio de pacientes de LLA do sexo masculino, um maior acometimento da doença em crianças e uma maior predominância de cor parda. 6.2 Neste estudo o subtipo mais freqüente de LLA foi L1 (68,1%). Não foi observada uma diferença entre L1 e L2 quanto ao grau de neutropenia, ambas tiveram valores semelhantes de neutropenia severa, entretanto, pacientes de LLA L1 demoraram mais tempo para melhorar a neutropenia, provavelmente por ter um predomínio de pacientes com este subtipo. 6.3 Verificou-se que a maioria dos pacientes foram submetidos ao protocolo BFM (61%). Houve um predomínio de neutropenia severa (CAN ≤ 100/ mm³) relacionada ao protocolo BFM, em torno de 63,2%, sugerindo ser mais agressivo do que o protocolo GBTLI. 6.4 Dentre os tipos de neutropenia, foi observado uma maior freqüência de neutropenia severa (51,6%), muito provavelmente relacionado ao tipo de protocolo utilizado (BFM). O tempo médio encontrado para os pacientes melhorarem da neutropenia foi de 13 dias. 6.5 Não verificou-se a influência da utilização de antibióticos prévios quanto a melhora da neutropenia. Entretanto, foi observado que três dos 7 pacientes que tiveram amostras de hemoculturas positivas utilizaram antibióticos prévios. Sugerimos que as hemoculturas sejam coletadas independente do uso prévio ou não de antibióticos. 6.6 Neste estudo, identificou-se um predomínio de bactérias gram-negativas, todas da espécie E. coli e com boa sensibilidade para os principais antibióticos da FHEMOAM para gram-negativos. Sugerimos, no entanto, que seja implantado um serviço de nutrição adequado para que se tenha um maior controle dos alimentos que os neutropênicos ingerem. Estudos adicionais são necessários para descartar a transmissão destas bactérias por via oral. 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALDY, J.L.S. Estafilococcias. In: COURA, J.R. Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2005.cap.108, p.1273-1297. a BALDY, J.L.S. Estreptococias. In: COURA, J.R. Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias. 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Início do primeiro pico febril: ................. Tax: ................ N° aferições: ....................... Data da primeira consulta ................ Hora:.................. N° dias neutropenia: ............. Uso de antibiótico prévio: ( ) SIM ( ) NÃO Qual: ............................................... Nº dias do antibiótico: ................. Contagem de neutrófilos: ..................... Recorrência de neutropenia: ( ) SIM ( ) Não Data:..................................... Melhora da contagem de neutrófilos após antibioticoterapia: ( ) 0-3 dias ( ) 4-6 dias ( ) 7-9 dias ( ) mais 10 dias Uso de granulokine: ( ) SIM ( ) NÃO Resultado da hemocultura: POSITIVA ( ) Gram: ( )Positivo ( )Negativo ( ) Outros NEGATIVA ( ) Espécie isolada............................................................................................................. 44 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 1. NEUTROPENIA FEBRIL EM PACIENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA Você está sendo convidado para participar de um projeto de pesquisa clínica e laboratorial, a ser realizado na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM) e Fundação de Medicina Tropical do Amazonas(FMTAM). É importante que você leia atentamente todas as informações abaixo para que não tenha nenhuma dúvida sobre o estudo, podendo perguntar o que for necessário para o seu esclarecimento. A sua participação não é obrigatória. 2. O QUE É A DOENÇA E PARA QUE SERVE ESTE ESTUDO? A leucemia é uma doença que afeta o sangue. Após sua descoberta o paciente precisa fazer um tratamento com drogas muito fortes, chamado de quimioterapia. Logo após o tratamento o sangue do paciente pode ficar muito fraco e o organismo fica com a defesa baixa, podendo ocorrer uma ou mais infecções. Esse estudo é importante, pois através dele, será possível descobrir quais “bichinhos” (bactérias) estão causando a infecção, para ajudar e tornar mais fácil o tratamento. 3. O QUE É PRECISO FAZER E COMO SERÁ FEITO? Caso você concorde em participar da pesquisa, será retirado do seu braço direito e esquerdo um pouco de sangue para que seja examinado e que se descubra o “bichinho” que está causando sua infecção. Os exames serão feitos pelo HEMOAM e pela Fundação de Medicina Tropical e os resultados serão guardados no seu prontuário. 4. DESCRIÇÃO DOS DESCONFORTOS E RISCOS ESPERADOS. O desconforto para o paciente será da picada da agulha na hora da retirada de sangue para os exames, que poderá causar um pouco de dor e uma mancha roxa no braço. Caso isso aconteça, você poderá colocar compressa de gelo no local. 5. BENEFÍCIOS PARA O PACIENTE. Participando deste estudo, você nos ajudará a descobrir as bactérias (“bichinhos”) que causaram sua febre, além de ajudar a melhorar o atendimento de outros pacientes com a mesma doença que você tem. 6. GARANTIA DA LIBERDADE DA RETIRADA DE CONSENTIMENTO Você pode deixar de participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer prejuízo para você ou para seu tratamento. 7. DIREITO DE CONFIDENCIALIDADE Eu me comprometo em não revelar quem você é a outras pessoas sem sua autorização. 45 8. DESPESAS E COMPENSAÇÕES Você não gastará nada e nem receberá nada por sua participação neste projeto além do seu tratamento. 9. COMPROMISSO DO PESQUISADOR DE UTILIZAR OS DADOS E O MATERIAL COLETADO SOMENTE PARA ESTA PESQUISA O pesquisador compromete-se em utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa. 10. GARANTIA DE ACESSO AOS REGISTROS MÉDICOS Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais da pesquisa para esclarecimento das eventuais dúvidas. O principal investigador é o Dr. Rodrigo de Souza Leitão, que pode ser encontrado na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHEMOAM), situada na Avenida Constantino Nery, Chapada, Manaus – AM. O telefone é (0XX92) 3655-0100. TERMO DE CONSENTIMENTO Eu,________________________________________________________________, declaro que após ter entendido as explicações do Dr. Rodrigo de Souza Leitão concordo em participar da pesquisa NEUTROPENIA FEBRIL EM PACIENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA, permitindo que sejam realizados os exames necessários e acompanhamentos clínicos, ambulatorial e laboratorial. ______________________________________________ Assinatura do paciente ou representante legal Data: ___/___/___ Impressão Digital Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo. ______________________________________________ Rodrigo de Souza Leitão Data: ___/___/___ 46