Lava-pés Christian Morgenstern A ti agradeço, pedra silenciosa, E me inclino em reverência: A ti devo meu existir de planta. A vós agradeço chão florido, E me inclino em reverência: Vós me alçastes a ser o animal. A vós agradeço, pedra, planta e animal, E me inclino até vocês: Me ajudaram, os três, a ser quem sou. Nós te agradecemos criança humana, E nos inclinamos diante de ti: Por existir é que existimos. Emana a gratidão, Do Uno e novamente do Múltiplo Divino. Na gratidão entrelaçam-se todos os seres. Die Fußwaschung Ich danke dir, du stummer Stein, und neige mich zu dir hernieder: Ich schulde dir mein Pflanzensein. Ich danke euch, ihr Grund und Flor, und bücke mich zu euch hernieder: Ihr halft zum Tiere mir empor. Ich danke euch, Stein, Kraut und Tier, und beuge mich zu euch hernieder: Ihr halft mir alle drei zu Mir. Wir danken dir, du Menschenkind, und lassen fromm uns vor dir nieder: weil dadurch, daß du bist, wir sind. Es dankt aus aller Gottheit Ein und aller Gottheit Vielfalt wieder. In Dank verschlingt sich alles Sein. “A consciência é a última e mais tardia evolução da vida orgânica e, por consequência, sua parte mais inacabada e frágil.” Friedrich Nietzsche “A consciência de cada um de nós é a evolução olhando para si mesma e refletindo sobre si mesma.” Pierre Teilhard de Chardin O que seria um Deus que só de fora operasse, A imensa bola, assim, no dedo só girasse! Apraz lhe muito mais, mover de dentro, Ter a natura em si e, a si mesmo, no seu centro, Para que tudo que vive, tece e existe, Jamais à própria força e espírito, escape. J. W. Goethe (em Gott, Gemüt und Welt – Deus, Alma e Mundo - 1827) “Considerado em sua plena realidade biológica, amor – ou seja: a afinidade do ser com o ser – não é uma exclusividade do ser humano. É uma propriedade geral de toda a vida e como tal, abarca em todos os graus e variedade todas as formas sucessivas adotadas pela matéria organizada.” “Se não houvesse nenhuma propensão interna para a união, mesmo em nível muito rudimentar, na própria molécula, seria fisicamente impossível para o amor se manifestar em níveis mais altos; se manifestar internamente na forma hominisada.” “Conduzidos pela força do amor os fragmentos do mundo procuram uns aos outros, assim que o mundo possa vir a existir.” CHARDIN, P. T. O fenômeno humano. São Paulo: Editora Cultrix, 2006.