Médicos que fazem abortos em casos previstos pela lei afirmam sofrer preconceito - vida - versaoimpressa - Estadão
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Médicos que fazem abortos em casos
previstos pela lei afirmam sofrer
preconceito
Eles dizem que ficam estigmatizados, pois são sempre os mesmos profissionais que trabalham com
a técnica
14 de abril de 2012 | 3h 01
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pela lei afirmam sofrer preconceito - vida -
FELIPE ODA / JORNAL DA TARDE - O Estado de S.Paulo
Médicos que realizam abortos em situações previstas pela lei afirmam sofrer preconceito
entre os profissionais da saúde. Com a liberação do procedimento em fetos com
anencefalia, são três as situações em que a prática não é considerada crime - isso vale
também para gestações resultantes de estupro e quando a vida da grávida corre risco.
Veja também:
Aborto em caso de anencefalia deixa de ser crime
Aborto: um debate nas páginas do jornal
Conselho Federal de Medicina vai criar normas para diagnóstico da anencefalia
"Existe dificuldade do médico em trabalhar com o aborto, uma morte provocada. Muitos
não fazem o procedimento e os que fazem, por serem sempre os mesmos, acabam
marcados", afirma a ginecologista e obstetra Rosiane Mattar, professora livre-docente do
Departamento de Obstetrícia da Unifesp. "Não faço porque gosto, muito pelo contrário.
Faço por ser um direito (abortamento legal) da mulher", completa a médica.
Outro que afirma receber olhares condenatórios de colegas por realizar abortos
legalizados é o ginecologista, obstetra e coordenador do Ambulatório de Violência Sexual
e Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, Jefferson Drezett. Segundo ele, além da
falta de conhecimento sobre a legislação, "convicções pessoais, morais e religiosas" são
responsáveis pelo preconceito. "Em tese não deveria ser. Por isso, não há motivo para
atender uma paciente e julgá-la ou discriminá-la ", diz Drezett, que também integra do
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Médicos que fazem abortos em casos previstos pela lei afirmam sofrer preconceito - vida - versaoimpressa - Estadão
grupo de estudo sobre aborto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
A questão é tão delicada que em março, pouco depois de assumir a Secretaria de
Políticas para Mulheres, a ministra Eleonora Menicucci criticou a falta de médicos nos
serviços que fazem aborto legal no País. Ela observou que muitos centros funcionam
apenas na teoria porque profissionais se recusam a fazer o procedimento, alegando
objeção de consciência.
"O que há são diferenças de convicções", diz o secretário da Comissão de Violência
Sexual e Interrupção da Gestação Prevista por Lei da Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Cristião Fernando Rosas. Ele
participou, em 1989, do primeiro programa municipal sobre aborto, mas não acredita
que hoje os profissionais que fazem o procedimento sofram retaliações. "Eu faço o
procedimento. Entendo que em 1989 existia a insegurança ética, judicial e técnica sobre
o aborto. Tudo isso colaborava para o preconceito. Agora, não."
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Estudo. Pesquisa da Febrasgo indica que 2 em cada 10 ginecologistas ou obstetras são
favoráveis à descriminalização do aborto. "Mas a parcela contrária ainda faz mais e
muito barulho. A discussão é abafada por esse grupo", afirma Drezett.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o País tem cerca de 206 mil médicos
especialistas. Desses, quase 25% são pediatras, obstetras ou ginecologistas.
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