Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição de hoje do Jornal de Negócios on line
Documentos apreendidos no BPN estavam codificados informaticamente
Lusa -
Um inspector tributário ouvido hoje como testemunha no processo BPN revelou que
havia documentos no banco que estavam codificados para não serem visíveis nos
computadores comuns.
Paulo Jorge Silva, inspector tributário de Braga, referiu que o conjunto de documentos
apreendidos durante as buscas feitas no âmbito do caso BPN foi armazenado num disco externo
denominado "apenso 33" que contém 260 gigabytes de informação.
Explicou depois que estes documentos estavam codificados, pelo que só com ajuda de perícia
forense foi possível proceder à sua leitura.
Durante a manhã, os advogados de defesa manifestaram preocupação com o facto de a
testemunha citar documentos que os advogados não sabiam exactamente onde estavam devido à
extensão da documentação electrónica. Por isso, Paulo Jorge Silva indicou perante o juiz as várias
pastas e subpastas que tinham de ser abertas até chegar aos documentos que ia citando.
A testemunha, que vai recomeçar a ser ouvida após a pausa para almoço, explicou como foram
formadas as várias sociedades 'offshore' ligadas ao grupo SLN - Sociedade Lusa de Negócios,
antiga dona do BPN, dizendo que a grande maioria destas sociedades tinha os mesmos sócios e
era representada pelos mesmos advogados.
Acrescentou que algumas destas sociedades usavam contas de clientes particulares para tapar
descobertos derivados de transferências que faziam entre si.
O antigo presidente do BPN, José Oliveira e Costa, está a ser julgado por crimes de abuso de
confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais,
infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções.
São também julgadas outras 14 pessoas e a empresa Labicer por crimes diversos, desde abuso de
confiança a burla qualificada, passando por fraude fiscal e falsificação de documentos, entre
outros ilícitos.
Desde que o Banco Português de Negócios (BPN) foi nacionalizado, o Estado já teve de injectar
cerca de 4,7 mil milhões de euros para cobrir o "buraco financeiro" deixado na instituição por
Oliveira e Costa e restantes arguidos.
O processo BPN está em julgamento nas Varas Criminais de Lisboa, no Campus da Justiça.
2011-02-09
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Documentos apreendidos no BPN estavam codificados