Doença de Wilson Beatriz Vasconcellos de Souza Doença de Wilson Degeneração Hepatolenticular; Distúrbio primário do metabolismo do cobre, causado pela mutação de gene ATP7B, responsável pelo transporte deste metal; Acúmulo, inicialmente no hepatócito e posteriormente em diversos órgãos e tecidos, particularmente no cérebro, córnea e rins; Doença de Wilson Herança autossômica recessiva => cromossomo 13, locus 13ql4.3 => ATP7B; Incidência ( doença= 1 : 30.000 a 40.000, portador heterozigoto= 1:100); Mais de 40 mutações descritas. Metabolismo do Cobre 2-5 mg Cu ingerido/dia 40-60% absorvidos Albumina Metabolismo do Cobre Hepatócitos: Cu + Metalotioneína Ceruloplasmina Secretada para o plasma. No plasma, carregada de Cu, a ceruloplasmina envelhece e é endocitada e degradada pelo fígado. Seu Cobre é excretado na bile. Quadro Clínico Variável; Habitualmente no final da infância e na adolescência; Cerca de 40% inicia-se com doença hepática: hepatite crônica ativa, hepatite fulminante, cirrose assintomática, elevação de transaminases; Manifestações Neurológicas As estruturas mais atingidas são os gânglios da base. As anormalidades neurológicas são predominantemente motoras e representadas por distúrbios do movimento tais como distonia, diversos tipos de tremor (postural ou de repouso), rigidez, bradicinesia, Coréia, atetose, ataxia e instabilidade postural; A fala e a marcha estão freqüentemente afetadas; A quase totalidade dos pacientes com quadro neurológico, apresenta cirrose estabelecida . Manifestações Oftalmológicas Anel de Kayser-Fleischer, que se forma na membrana de Descemet. Pode estar ausente em até cerca de 50% dos casos com manifestações exclusivamente hepáticas, de instalação na infância ou na adolescência. Nas formas neurológicas o anel está sempre presente; Manifestações Osteoarticulares Geralmente relacionadas à lesão tubular renal com perda de cálcio e fósforo, a mais comum é a osteoporose, que pode determinar fraturas espontâneas. Outros tipos de acometimento são osteomalácia, osteoartrite e osteocondrite dissecante; Manifestações Renais Decorrentes de lesão tubular, tais como : hiperaminoacidúria, hiperfosfatúria, hipercalcíuria renal, hiperuricosúria . Manifestações Hematológicas Hiperesplenismo, relacionado à hipertensão portal; Anemia hemolítica, decorrente de altos níveis de cobre sérico livre; Manifestações Dermatológicas Sem gravidade, podem estar presentes sob a forma de hiperpigmentação nos membros inferiores, lúnula azulada e acantose nigricans. Diagnóstico Ceruloplasmina sérica: Não são utilizados como diagnóstico, devido a nos heterozigotos; Anel de Kayser Fleischer: Analisado por Oftalmologista com lâmpada de fenda; Cu urinário de 24 h: >100 μg em pct sintomáticos e 60-100 μg em pré-sintomáticos. Porém, os heterozigotos podem estar nesta faixa, sendo necessária uma biópsia hepática para confirmação diagnóstica. Diagnóstico Biópsia Hepática com ensaio quantitativo de Cobre: Padrão-Ouro!!! Valores >200 μg/g de Cu do peso seco do fígado. RM: Anormalidades no cérebro. Tratamento Objetivos: da ingestão: Dieta: Sem chocolate, nozes, legumes, frutos do mar, frango, cogumelos... da excreção: Agentes Quelantes. Tratamento D-penicilamina: Aumenta a excreção urinária de Cu. Muito tóxica. Causa plaquetopenia e leucopenia, anemia aplásica e agranulocitose. Trientine: Substitui a anterior por ser menos tóxico, porém ainda não é comercializado no Brasil. Tratamento Zinco: Reduz a absorção intestinal. Ausência de Efeitos Colaterais. Transplante Hepático: reservado para os casos onde não há resposta ao tratamento, ou nos casos onde a apresentação inicial já é o de uma falência hepática. Aconselhamento Genético Os testes podem diagnosticar a doença tanto em pacientes com sintomas, como naqueles que não apresentam nenhum sinal da doença.É muito importante fazer o diagnóstico da Doença de Wilson o mais cedo possível, para evitar sérios danos no fígado mesmo antes de quaisquer sinais da doença se manifestarem. Pessoas com a Doença de Wilson podem falsamente aparentar excelente saúde. Para os parentes não afetados (assintomáticos), um exame de urina deve ser feito aos cinco e outro aos quinze anos de idade.A averiguação para um baixo nível de ceruloplasmina e de um funcionamento anormal do fígado pode ser feita aos dois anos de idade. Aconselhamento Genético Todos os irmãos, tios, tias, filhos, sobrinhas, sobrinhos e primos devem fazer o teste para a Doença de Wilson. Os doentes de Wilson podem não apresentar nenhum sinal, sintomas ou evidências da doença.No entanto, todas eles, com traços mínimos ou não aparentes da doença, sempre acabarão desenvolvendo a sntomatologia da doença e eventualmente morrerão se não forem tratados. Os testes são simples e seguros.Há excelentes tratamentos disponíveis. O descaso com o tratamento da Doença de Wilson provoca deficiências graves e eventualmente até a morte. Bibliografia Harrison, T.R.; Fauci, A.S.; Kasper, D.L. Medicina Interna, 17 edição. Mc Graw Hill. p.2449-2451, 2009. Robbins, S.L.; Cotran, R.S. Patologia, 7 edição. Saunders elsevier. P.954-955, 2005. Site da Associação Brasileira da doença de Wilson, http://www.doencadewilson.org/, acessado em 02 de abril de 2010. http://www.hepcentro.com.br/wilson.htm, acessado em 02 de abril de 2010.