Entrevista Dirceu Barbano “Existe uma oportunidade muito grande de desenvolvimento de cadeias produtivas, de desenvolvimento de atividades, que dependem de uma ação da vigilância sanitária, e que podem ser importantes para os municípios”. Anvisa Debate (AD): Por que a Anvisa decidiu iniciar o projeto inclusão produtiva com segurança sanitária? Barbano: Nós do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária temos um grande desafio, que é o de articular nossas ações com as ações que possam promover renda, como: pequenas produções de alimentos, salões de beleza e produções, em pequena escala, de cosméticos e de saneantes. É fundamental que a vigilância sanitária consiga ocupar um espaço de estar ao lado da sociedade, amparando essas inciativas. AD: Qual a importância da participação da Anvisa no I EMDS para o desenvolvimento do projeto inclusão produtiva com segurança sanitária? Barbano: Muitas vezes, os gestores, sejam os secretários de saúde ou os prefeitos, desconhecem as potencialidades. Eles acabam vendo a vigilância sanitária pelo viés da polícia e não conseguem perceber que, de outro lado, existe uma oportunidade muito grande de desenvolvimento de cadeias produtivas, de desenvolvimento de atividades, que dependem de uma ação da vigilância sanitária, e que podem ser importantes para os municípios. Estar com essa agenda próxima aos prefeitos é algo fundamental, porque é o público com o qual a gente precisa ter a melhor interlocução. AD: Quais os principais resultados já obtidos até agora? Barbano: Existem muitos resultados práticos. Eu diria que o maior que a gente obteve, até agora, foi o de angariar uma série de apoios importantíssimos ao projeto. Já obtivemos, também, resultados práticos internos, no que se refere à reavaliação dos atos normativos da Anvisa, identificando aqueles que precisam ser melhorados, para poder acolher esse tipo de atividade. Nós temos um conjunto de seminários que tem colhido resultados muito significativos, porque há muitas experiências que estavam perdidas e sendo desenvolvidas isoladamente em muitos lugares e hoje encontram abrigo dentro desse projeto. O termo de cooperação que nós firmamos com a Frente Nacional dos Prefeitos tem um significado prático enorme e tem sido um grande viabilizador da nossa ação na busca de proximidade com os gestores municipais. AD: Quais as principais perspectivas para o programa daqui para frente? Barbano: Se nós fossemos um pouco utópicos, eu diria que a perspectiva para o nosso programa é que nós cheguemos a todos os municípios do Brasil, sensibilizando os agentes de vigilância sanitária e os agentes dessa microeconomia sobre o que nós estamos propondo, que é atuar nesse micromercado de maneira que dê segurança para quem consome e segurança para quem produz. Não sendo tão utópico, nós queremos chegar de maneira contundente e significativa nos municípios do G-100, de maneira a gerar movimentos. Isso já vem acontecendo em muitos casos. Mas nós queremos que esses movimentos sejam percebidos na prática e no ambiente da atuação microeconômica e isso requer um caminho que é inevitável, que é continuar sensibilizando pessoas, continuar capacitando os profissionais de vigilância sanitária e os agentes econômicos.