ATROPELAMENTOS DA FAUNA SILVESTRE NA ESEC TAIM: IMPACTO DA RODOVIA BR 471 – 2013 A Estação Ecológica do Taim apresenta características espaciais que a diferenciam de algumas outras Unidades de Conservação (UCs) de mesma categoria. A presença de uma rodovia federal que atravessa a área e possui um sistema de proteção à fauna instalado neste trecho é uma destas características. Criada em 1986, a Estação Ecológica do Taim é uma Unidade de Conservação Federal e está localizada no extremo sul gaúcho entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, em área reconhecida mundialmente como uma das mais importantes para a conservação, preservando banhados, lagoas, campos, dunas, matas e abrigando uma grande diversidade de espécies vegetais e animais. O impacto causado por rodovias que atravessam UCs, áreas do entorno e de interesse de conservação é um problema identificado em várias regiões ao redor do mundo e que, mais recentemente, vem sendo objeto de estudo buscando avaliar os danos em termos de espécies de fauna atingidas e alternativas de mitigação. A rodovia BR 471 corta a área da ESEC em aproximadamente 17km de extensão e é utilizada para o escoamento da safra de arroz, transporte de gado, além de ligar o país ao vizinho Uruguai. As UCs frequentemente são afetadas pelas atividades humanas realizadas em seu entorno. A presença de estradas em Unidades de Conservação representa um alto risco para a vida silvestre e para a manutenção da biodiversidade e da integridade destas áreas (Olmos, 1997). Na Estação Ecológica do Taim, a fragmentação de habitats causada pela rodovia BR471 é um dos impactos importantes que necessitam de avaliação. Devido à alta taxa de atropelamentos de fauna silvestre, registrados informalmente desde a execução da rodovia, no ano de 1998 foi instalado um Sistema de Proteção à Fauna (SPF) no trecho, porém no ano de 2002 o SPF foi danificado devido à ação de fortes ventos e inundação. Há três anos novos dados sobre atropelamentos de fauna vêm sendo registrados e, durante este período, o sistema de proteção existente foi parcialmente restaurado. Assim, através da avaliação estatística dos dados obtidos em monitoramentos realizados quando o sistema esteve completamente inoperante e atualmente, espera-se poder avaliar a efetividade do SPF para as diferentes espécies e grupos da fauna. Embora vários estudos tenham relatado o uso de estruturas para redução de mortalidade nas rodovias, poucos mensuraram o sucesso de tais estruturas (Glista et al., 2009). Assim, é necessário que mais pesquisas sejam realizadas levando em consideração não somente a avaliação de espécies de fauna afetadas e a localização de áreas críticas onde ocorrem os atropelamentos (hotspots), mas principalmente a eficácia dos sistemas de proteção empregados. A demonstração da efetividade, ou não, do SPF utilizado, deverá subsidiar a definição de abordagens corretas em outros trechos da rodovia que não possuem sistemas de mitigação implantados, bem como em outras UCs que possuam o mesmo problema. Página 1/1