O QUE SE PODE ENTENDER POR LÓGICA? Lógica: estrutura formal do pensamento Suas origens remontam a Aristóteles, cuja obra inclui a Lógica enquanto estudo da forma e das regras que utilizamos para pensar as coisas; em outras palavras, enquanto estrutura formal do pensamento. Na dialética platônica, os confrontos surgidos do diálogo permaneciam sempre em aberto, o que possibilitava a apresentação de novos argumentos e, consequentemente, uma nova maneira de compreensão das coisas. Porém, a tensão própria do diálogo abria caminho para o relativismo, o que resultava na impossibilidade de se ter certeza sobre aquilo que foi debatido, alcançando-se a verdade numa forma incompleta. O conhecimento seguro deveria ter, portanto, outra fonte: o estabelecimento de regras fixas do pensamento, que permitiriam a obtenção de verdades demonstráveis. Nesse sentido, deve-se atentar para a importância do emprego das palavras, que devem ter significados precisos. Daí a necessidade do estudo da linguagem. Doutrina do silogismo Aristóteles desenvolveu a doutrina do silogismo, enquanto uma forma de raciocínio que, partindo de uma premissa, chega necessariamente a determinadas conclusões. Observe as seguintes proposições: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. As duas proposições anteriores resultam numa conclusão lógica: Logo, Sócrates é mortal. O silogismo não produz um novo conhecimento, mas organiza conhecimentos anteriores. Além disso, pode ser aplicado para a elaboração de proposições falsas, sem que isso altere sua perfeição formal. Exemplo: Todo homem é azul. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é azul. Esses falsos silogismos são chamados de sofismas (ou falácias) Conhecimento não-demonstrativo Se o silogismo é um conhecimento demonstrativo, ele deve se basear em algum tipo de conhecimento evidente ou nãodemonstrativo, que sirva para definir os termos. Exemplo: axiomas: verdades que não precisam de demonstrações. Exemplo: “Toda afirmação ou é verdadeira ou é falsa”. postulados: ou pressupostos, entendidos como aquilo que deve ser admitido como ponto de partida para sustentar um sistema teórico. Exemplo: “Duas retas paralelas não se cruzam”. definição: dividida em definição nominal (basicamente o nome do objeto) e definição real (indica a natureza do objeto). A partir da definição, a ciência chega ao conceito. A Lógica formal aristotélica fundamentava-se em três leis: Lei da identidade, segundo a qual “uma coisa é uma coisa”, ou seja, A = A. Exemplo: vida é vida. Lei da não-contradição, segundo a qual “uma coisa não é outra coisa”, ou seja, A ≠B (A não pode ser B). Exemplo: vida não é morte. Lei do terceiro excluído, segundo a qual “não existe meiotermo”, ou seja, ou A = B ou A ≠B. As afirmações são ou absolutamente verdadeiras ou absolutamente falsas. Exemplo: não existe meio-termo entre vida e morte. Todavia, os princípios da Lógica formal não levam em conta o fato de que o mundo está em constante movimento, e as coisas estão sempre se modificando. Assim, seria impossível dizer o que cada coisa é, na medida em que elas estão se transformando em outras. A Lógica dialética procura resolver as questões que surgem quando se leva em consideração o movimento, o “vir a ser” presente em cada coisa. Seus princípios foram formulados pelo pensador alemão Friedrich Hegel (1770 – 1831). As leis da Lógica dialética são: Lei da unidade e luta dos contrários: em tudo há unidade dialética, ou seja, ao mesmo tempo união e oposição. A contradição faz parte das coisas. Lei da negação da negação: expressa os princípios do mecanismo de tese, antítese e síntese. A negação da negação não é uma anulação, mas faz surgir algo novo. Lei da transformação da quantidade em qualidade: as mudanças quantitativas vão ocorrendo, até que, subitamente, ocorra uma mudança na própria qualidade daquilo que está mudando. Por exemplo, a temperatura da água vai se aquecendo progressivamente, até que a água se transforma em vapor. Uma consequência disso é o fato de que o todo é bem diferente de uma simples soma das partes.