doi:10.3900/fpj.1.4.21.p EISSN 1676-5133 Efeitos dos antioxidantes fenólicos na prática desportiva Artigo Original José Antonio Villegas García Diretor do Departamento de Fisiologia e Nutrição Universidade Católica de Murcia Espanha [email protected] Rejanne Daoud Universidade Católica de Murcia – Espanha García, J.A.V.; Daoud, R. Efeitos dos antioxidantes fenólicos na prática desportiva. Fitness & Performance Journal, v.1, n.4, p.2127, 2002. RESUMO: O estresse oxidativo é importante no esporte de competição. O esportista defende-se deste efeito através dos antioxidantes endógenos, sintetizados pelo organismo, ou dos antioxidantes exógenos, provenientes da dieta. Exercícios regulares extenuantes ou irregulares podem predispor ao estresse oxidativo, sendo ambos relevantes. Por um lado, no esporte de fim de semana, o praticante não adapta o organismo ao estresse oxidativo e, por outro, há intenso estresse oxidativo no esforço extenuante de alta intensidade como nas maratonas, ciclismo de estrada, triathlon. Não se mostrou, até o momento, qualquer impacto ergogênico com utilização de doses altas de substâncias antioxidantes como as vitaminas C, E, carotenos ou alguns minerais (Zn, Se), mas não devemos descuidar de ingerir essas substâncias antioxidantes na dieta habitual. Entre estas substâncias estão os polifenóis, que se encontram em todas as plantas, principalmente em frutas e órgãos aéreos jovens (folhas, caule, flores). Especialmente ricos em fenólicos: uvas vermelhas, groselha, tomates, chá verde, aipo. Cuidar da dieta do esportista, verificando sua riqueza em antioxidantes naturais, pode ser uma boa maneira de evitar o estresse oxidativo. A intenção de melhorar a fadiga do esportista, dando altas doses de antioxidantes, pode ser potencialmente perigosa. (Paradoxo antioxidante). Palavras-chave: antioxidantes, radicais livres, fenólicos, prolifenóis, carotenóides. Endereço para correspondência: Data de Recebimento: maio / 2002 Data de Aprovação: junho / 2002 Copyright© 2002 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte. Fit Perf J Rio de Janeiro 1 4 21-27 jul/ago 2002 ABSTRACT RESUMEN The effect of phenolic antioxidant in high performance sports Efectos de los antioxidantes fenólicos em la practica deportiva The oxidative stress plays an important role in high performance sport. The athletes protect themselves against this effect through endogenous antioxidants, synthesized by the body, or through exogenous antioxidants, derived from the diet. Exhaustive exercises or irregular exercises may predispose to oxidative stress. In case of irregular exercises – like “weekends practice”- the organism cannot adapt the body to the oxidative stress. In the same way, exhaustive high performance exercises, like marathon, road cyclism, and triathlon may also result in a severe oxidative stress. Until now, it has not been showed any ergogenic impact using high doses of antioxidant substances like vitamins C and E, carotene, and minerals (Zn, Se). Nevertheless, we should stimulate to intake these antioxidant substances in the habitual diet. Among these substances are the poliphenolic found in all kinds of plants, essentially in fruits and young aerial bodies (leaves, flowers, stalk). Kinds of food especially rich in phenolic substances are grapes, gooseberry, tomatoes, green tea, celery. To manage and verify the athletes diet, and their natural antioxidant, may be a good way to avoid the oxidative stress. However the intention to improve the fatigue in athletes, offering high doses of antioxidant, may be potential dangerous (Paradox- antioxidant). El estrés oxidativo es importante en el deporte competitivo. El deportista se defiende mediante antioxidantes sintetizados o tomados en la dieta. En dos casos el daño oxidativo puede ser especialmente relevante, por un lado en el deporte de fin de semana, en el que el practicante no adapta su organismo al daño oxidativo de un esfuerzo extenuante, por otro lado en el deporte de alta exigencia, maraton, ciclismo de ruta, triatlón etc. No se ha demostrado, hasta el momento, ningún efecto ergogénico en tomar dosis altas de sustancias antioxidantes como las vitaminas C, E, carotenos o algunos minerales (Zn, Se etc), sin embargo, no debemos descuidar la ingestión de sustancias de alta capacidad antioxidante tomadas en la dieta habitual. Entre estas sustancias están los polifenoles, que se encuentran en todas las plantas superiores, localizándose principalmente en frutos y órganos aéreos jóvenes (hojas, tallos, flores, etc), Son especialmente ricos en ellos los arándanos, uva roja, grosella, tomates, té verde, apio etc). Cuidar la dieta del deportista y verificar que es rica en antioxidantes naturales puede ser una buena manera de prevenir el daño oxidativo, sin embargo, pretender mejorar el esfuerzo deportivo dando altas dosis de antioxidantes puede ser potencialmente peligroso (paradoja antioxidante). Keywords: antioxidant, free radical, phenolic, poliphenolic, carotenoid. Palabras clave: antioxidantes, radical libre, fenólicos, prolifenoles, carotenóides. INTRODUÇÃO A homeostase das células saudáveis é mantida dentro de certos limites, que estão condicionados por um programa genético de diferenciação e especialização em torno das células vizinhas e pela disponibilidade dos substratos. Quando esta margem é ultrapassada, ocorre lesão celular (ORRENIUS,1987), que é reversível até certo ponto, mas se o estímulo à lesão persiste ou é muito intenso, produz-se lesão irreversível, seguida de morte celular. um radical livre, é o começo de outra, com a qual o estresse oxidativo se mantém. Quatro sistemas são especialmente vulneráveis (COMPORTI, 1987): 2) Aceitar um elétron a fim de estabilizar o elétron desemparelhado (radical oxidante); e 1) A membrana celular; 3) Unir a um não-radical. 2) A respiração aeróbia (fosforilação oxidativa); Existem três fases numa reação em torno dos radicais livres. Na primeira, o radical é formado a partir de moléculas que facilmente atraem elétrons, como peróxido de hidrogênio (H2O2). Em uma segunda fase, os radicais são alternadamente consumidos e produzidos. E na fase final, os radicais se destroem. Se não há fase final (provocada por um agente antioxidante), o dano celular pode alterar numerosas moléculas (LOUDON GM, 1988). 3) A síntese de proteínas enzimáticas e estruturais; e 4) O dispositivo genético da célula. Sabe-se que o exercício exaustivo causa dano muscular e induz um aumento da atividade enzimática citosólica no plasma sanguíneo (creatinaquinase, transaminases ou lactato dehidrogenase). O exercício forçado se caracteriza por um aumento no consumo de oxigênio e um desequilíbrio entre os mecanismos pró-oxidantes da homeostase celular (YAGI, 1987), fomentando, portanto, a produção de radicais livres que pode induzir destruição celular (PRISCILLA M, 2000). Radical livre é qualquer molécula ou átomo que tem, na sua última camada, um ou mais elétrons desemparelhados (isto é, em números ímpares). A zona magnética criada por sua rotação (spin) não é compensada pela rotação inversa de um elétron pareado. Pode ser eletricamente neutro ou carregado positiva ou negativamente. Tem meia vida curta em concentrações muito pequenas (causando grande dificuldade na sua determinação). Normalmente, o produto final de uma reação, que intervém em 22 Devido a sua extraordinária reatividade, estes compostos têm três tipos de reações: 1) Doar este elétron extra a fim de estabilizar sua órbita de valência (radical redutor); Deve ser levado em consideração que o estresse oxidativo é necessário, já que tanto nos processos inflamatórios como na defesa frente às infecções são formados radicais livres a fim de destruir agentes patogênicos. Mas, em determinadas circunstâncias, as defesas antioxidativas do organismo não conseguem evitar o dano oxidativo que atinge lipídios, proteínas e ácidos nucléicos (BULGER EM, 1998). O desportista realiza atividades a fim de alcançar o máximo de energia muscular dependente do oxigênio, e do hidrogênio, que se organizam para formar água. Na fórmula da água (O2+4H+ 2H2O) ocorrem as seguintes reações intermediárias (BENDICH A, 1988): Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 22, jul/ago 2002 1) O oxigênio se converte em radical superóxido: O2 + e + H+ HO2° H + O2°- (TIIDUS, 1998). Vale ressaltar que o músculo apresenta capacidade antioxidante (JENKINS y col. 1984; PACKER y col. 1989). 2) O radical superóxido se converte em água oxigenada (potente oxidante e formador de radical livre). O2°- + e + H+ H2O2 A fosforilação oxidativa intramitocondrial leva à formação de superóxido, devido à “fuga” de elétrons nos passos intermediários (JI, 1995). Estudos nos anos 70 mostraram que nem todo oxigênio que é utilizado na respiração mitocondrial se converte em água. Até 2% do oxigênio que se utiliza na cadeia transportadora de elétrons se convertem em ERO (BOVERIS y col., 1972). O oxigênio que chega à mitocôndria através da célula muscular deve ser reduzido a fim de produzir ATP (adenosina trifosfato), formando água. Se O2, - em vez dos quatro elétrons que tem que receber para produzir água - recebe um, dois ou três apenas, isto leva à produção de superóxido (O2º-), peróxido de hidrogênio (H2O2) e radical hidroxila (OH°), respectivamente. O aumento de entropia (em termos termodinâmicos) ou a produção de ERO marcam a discrepância entre esportista de elite ou não. O esportista que vence em provas de grande utilização da via aeróbia, entre outros fatores, oxida menos substrato (glicogênio) energético e produz menos ERO. Outro fator produtor de ERO é a ocorrência de neutrófilos e macrófagos como resposta antiinflamatória, e quando há lesão mecânica na zona Z, originada pela tensão entre sarcômeros com pressão muscular importante, principalmente em exercícios excêntricos, (EVANS & CANNON 1991). 3) A água oxigenada produz hidróxidos (altamente perigosos) H2O2+ e OH° + OH-. O ânion hidróxido é o OH- com carga elétrica negativa, o radical hidroxila é o OH° sem carga elétrica, e seu número de elétrons é igual ao de prótons. 4) OH- + e + H+ H2O Nos sistemas biológicos, há quatro metabólitos do oxigênio que são radicais livres: o ânion superóxido (O2°-), o peróxido de hidrogênio (H2O2), o radical hidroxila (OH-) e o singleto de oxigênio (1O2). Estes radicais podem organizar-se em torno de inúmeras reações, por exemplo, o singleto de oxigênio surge em reações de fotossensibilização, na qual uma molécula absorve energia por meio da excitação luminosa. Estes singletos podem lesionar outras células (neste caso, os carotenóides atuariam prevenindo este dano celular) (WINKLER BS, 1999). A reatividade do radical de oxigênio é fraca, assim, o ânion superóxido (O2°-), o monóxido de nitrogênio (°NO) não são altamente reativos, e na realidade são precursores da água oxigenada (H2O2) e dos peróxidos (ROOH)), que podem ser transformados em outros gêneros mais reativos. Esta fraca reatividade permite a sua utilização pelo organismo como mediadores na regulação de determinadas funções biológicas, como a vasodilatação capilar. Outros gêneros como radicais peróxidos (ROO°) e, especialmente, o radical hidroxila (HO°) são extremamente reativos. O conjunto de radicais livres e seus precursores chamam-se espécies reativas de oxigênio (ERO). Estas substâncias atuam como oxidantes e, devido a sua grande reatividade, provocam reações em cadeia (HALIWELL, 1994). O organismo utiliza esta atividade para destruição de agentes patogênicos, ou renovação dos danos musculares depois de um exercício excêntrico não condicionado. Os neutrófilos ascendem à zona inflamada ligados a células endoteliais (PYNE 1994). Se a lesão muscular é significativa, os neutrófilos migram para o músculo (MACINTYRE e col., 1995). As espécies reativas do oxigênio originadas durante o exercício apresentam um papel importante na promoção da permeabilidade vascular (EVANS & CANNON, 1991), ativando as substâncias que atraem os neutrófilos (MCCARD y col., 1980). A presença das espécies reativas de oxigênio pode ser fator desencadeante na infiltração de neutrófilos no músculo ferido e a subseqüente resposta inflamatória (ATALAY e col., 1996). Existem meios distintos em torno dos quais os radicais livres poderiam ser gerados em esportes e exercícios: Os neutrófilos geram o radical superóxido via cadeia respiratória por meio da enzima NADPH oxidase localizada na membrana plasmática (PYNE, 1994). Os neutrófilos ativados e a NADPH oxidase transportam elétrons da NADPH citosol para o fluído extracelular, formando íon superóxido (WEISS, 1989). 1) Consumo de oxigênio aumentado; 2O2 + NADPH 2O2°- + NADP+ + H+ 2) Produção de intermediários como superóxidos, peróxido de hidrogênio e radicais hidroxilas; Este mecanismo é essencial na luta antiinfecciosa, da mesma forma que é de capital importância na adaptação muscular ao esforço, mediante a ocorrência da hipertrofia. 3) Aumento de adrenalina e outras catecolaminas, que podem produzir espécies reativas de oxigênio; e 4) Produção de ácido lático, que pode se converter em um radical livre pouco prejudicial (superóxido) ou em um mais deletério (hidroxila). Na resposta inflamatória muscular caracterizada pela fadiga, os radicais de oxigênio originados pela estimulação do metabolismo oxidativo são indispensáveis a fim de reparar danos à célula muscular, mas também podem ser responsáveis pela agravação da lesão. No esportista fortuito, ou altamente treinado, a administração de antioxidantes pode ser benéfica para redução do estresse oxidativo que ocorre no músculo, embora também possa limitar a resposta dos neutrófilos à inflamação muscular. Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 23, jul/ago 2002 Neste sentido, MCCORD e col.(1995) referem que a produção de superóxido através dos neutrófilos e a lesão muscular estão submetidas a uma regulação muito fina, e uma inibição em sua produção seria altamente negativa. Outro mecanismo possível é o de isquemia-reperfusão. Durante o exercício, o fluxo sangüíneo é limitado em numerosos órgãos e tecidos (rim, região esplâncnica etc), a fim de ampliar o aporte com músculos ativos. Assim, as regiões privadas temporariamente do fluxo adequado entram num estado de hipóxia, que é tanto maior quanto mais intenso for o exercício, e mais ainda quando se supera a capacidade aeróbica máxima (VO2max). Inclusive o próprio músculo ativo entra num estado de hipóxia, em virtude de insuficiente aporte energético. Concluindo, em atividade intensa, todas as áreas afetadas são 23 reoxigenadas, cumprindo-se o fenômeno de isquemia-reperfusão com a conhecida produção subseqüente de RL- radical livre. Outro possível mecanismo de geração de RL é a auto-oxidação de catecolaminas, cujos níveis podem estar aumentados durante o esforço. Além da hipertermia, as catecolaminas podem incrementar a taxa de formação de radicais livres. O impacto dos radicais livres acontece quando é realizado exercício físico extenuante. VIÑA y col (2000 ) demonstraram este fato em um trabalho experimental com homens adultos jovens, que realizavam regularmente exercício físico moderado. Esse grupo foi submetido ao impacto das conseqüências do exercício físico intenso, caracterizado por contrações musculares concêntricas e excêntricas durante quatro dias consecutivos. Os mesmos sujeitos realizavam o mesmo exercício e com a mesma duração com e sem tratamento com alopurinol (colchicina). Ao final do estudo, demonstraram que sem tratamento com alopurinol houve estresse oxidativo no sangue, concluídos os exercícios no quarto dia. Também foi observado que existe uma inter-relação linear entre os níveis de lactato e a oxidação da hemoglobina no sangue, o que acontece tanto em ratazanas como em atletas submetidos a exercício físico controlado. Existem duas circunstâncias nas quais há risco de agressão das ERO. Nos desportistas submetidos a um esforço acima do limiar anaeróbio ou em atividades de longa duração, e nos sujeitos sedentários que se submetem a esforços e não estão condicionados (desportista de fim de semana). QUAIS SÃO OS SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA OS OXIDANTES? O organismo se defende da agressão de espécies reativas de oxigênio e dos danos celulares (impacto que se conhece como Paradoxo do Oxigênio), utilizando diferentes mecanismos. Um deles é o do compartimento intracelular, no qual o radical hidroxila, que apresenta grande reatividade, reage com as estruturas vizinhas e não se difunde, ficando limitado ao compartimento no qual foi originado. No interior das células, onde está sendo utilizado o oxigênio, estão presentes o superóxido dismutase, a catalase e o glutatião peroxidase. O superóxido dismutase elimina o radical superóxido produzindo água oxigenada, sobre a qual atua a catalase e o glutatião peroxidase, decompondo-se em oxigênio e água. Outro dispositivo intracelular eficaz na defesa contra os radicais livres do oxigênio são os antioxidantes, principalmente a vitamina E e o -caroteno, livres na superfície interna e lipofílica das membranas (WONG SF, 1981). Os antioxidantes são substâncias que auxiliam na redução das reações que conduzem à produção dos radicais livres. As células e os tecidos utilizam um exaustivo estaleiro de enzimas protetoras citoplasmáticas e mitocondriais, como o superóxido dismutase (SOD), glutatião peroxidase (GSH), a catalase, e antioxidantes não enzimáticos como a vitamina E, vitamina C, coenzima Q, betacarotenos e o glutatião e seus precursores (Institute of Medicine, Dietary Reference Intake, 2000). 24 Na ocorrência dos carotenóides e coenzima Q, a função antioxidante é alcançada atraindo o elétron que não está pareado e estabilizando assim o composto. A vitamina E faz o mesmo de anteriormente e converte o composto num radical, que precisa da vitamina C que o regenera através das enzimas ascorbatoreductases. Os polifenóis que serão estudados nessa pesquisa demonstram este mecanismo. Além desta atividade própria, é preciso que exista uma regeneração constante da capacidade antioxidante; se isto não se consegue, as lesões que acontecem através da oxidação se acumulam e podem conduzir a transtornos fisiopatológicos. OS COMPOSTOS FENÓLICOS São substâncias anti-radicais livres ou antioxidantes primários que atuam em nível competitivo, impedindo a reação oxidativa em cadeia. As substâncias fenólicas são um grupo de substâncias químicas grandemente distribuídas no reino vegetal. Encontram-se em todas as plantas superiores, principalmente em frutos e órgãos aéreos jovens (folhas, caules, flores etc), dissolvem-se em líquidos vasculares, e são consumidas diariamente na dieta em quantidades significativas. Os compostos fenólicos são responsáveis por várias características de qualidade de frutas e hortaliças e de alimentos derivados. Entre estas características encontram-se: 1) Cor e aparência: A reação de Browning ( pardeamento) enzimático dos compostos fenólicos, catalisada pela polifenoloxidase e outras, como a peroxidase, é de vital importância no processamento de frutas e hortaliças, devido à formação de uma cor e gosto desagradável e à perda de nutrientes. A coloração das frutas e hortaliças se deve a três grupos de compostos fenólicos: flavonóides (antocianinas), carotenóides e as clorofilas, que contribuem ao atrativo e à aprovação destes produtos pelo consumidor, sendo fator decisivo para as características organolépticas; 2) Sabor e cheiro: A ardência da pimenta, o áspero da uva e a adstringência dos caquis. A adstringência é um fenômeno relacionado com o sabor, percebe-se na boca como uma sensação seca juntamente com um forte encolher do tecido oral, devido à reação de taninos de caráter polifenólico com proteínas da saliva para formar precipitados; 3) Nutrição: O papel mais importante sob o ponto de vista nutricional é a atividade antioxidante, devido à capacidade captadora de radicais livres e de sua relação com a possível prevenção do câncer e doenças cardiovasculares. Classificação: Podem ser classificados em três grupos: Fenóis simples e ácidos fenólicos: incluem monofenóis, tais como p-cresol, isolado de diversos frutos, e difenóis como a hidroquinona. O ácido gálico é um trifenol e o ácido elágico é um derivado do ácido gálico. Ácidos hidroxicinâmicos e seus derivados: são ácidos quase que exclusivamente derivados do ácido caféico, p-cumárico e ferúlico. O metabólico mais importante deste grupo é o ácido Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 24, jul/ago 2002 clorogênico, que é um substrato-chave no processo de Browning enzimático. Flavonóides: formam um bloco de compostos fenólicos muito importantes por sua grande variedade estrutural e sua presença na maioria dos alimentos de origem vegetal. Entre os flavonóides encontram-se os seguintes tipos de compostos: catequinas (flavan 3-óis), proantocianinas ou taninos condensados não hidrolisáveis, antocianinas, flavonas, flavonóis, flavononas. Tem-se demonstrado a possibilidade de se minimizar o impacto dos radicais livres derivados do oxigênio por meio da administração de antioxidantes, tais como: -carotenos, vitamina C, vitamina E, glutatião, N-acetilcisteína etc. Neste sentido, existem evidências atuais de que a administração de antioxidantes tem impacto benéfico contra os efeitos causados pelo exercício físico intenso. VIÑA e col (2000) observaram que a administração de vitamina C, vitamina E ou de glutatião protege contra o impacto causado pelos radicais livres provocados pelo exercício físico tanto em ratazanas como em seres humanos. Outro autor demonstrou o papel protetor da vitamina E contra a fadiga causada pelo exercício físico (JACKSON e col,1987). Além disso, tem-se observado que o nível de ácido úrico, que é um potente antioxidante plasmático, é aumentado pelo exercício físico, o qual parece ser interessante na proteção contra os radicais livres (HEUNKS LM e col., 1999). Também tem-se demonstrado o impacto protetor da coenzima Q contra o estresse oxidativo causado pelos radicais livres (SHIMOMURA e col, 1991). O alopurinol, outra das substâncias estudadas em laboratório, tem ação inibidora sobre a enzima xantina oxidase, considerada como uma possível fonte geradora de radicais livres durante o exercício físico exaustivo, semelhante ao fenômeno isquemia-reperfusão cardíaca. Com sua administração, pode-se evitar o estresse oxidativo ligado ao exercício (VIÑA e col., 2000). O exercício incrementa a resistência muscular e os danos gerados pelo esforço (EBBELING & CLARKSON, 1989; KOMULAINEN & VIHKO, 1995). MAIR e col. (1995) demonstraram em trabalho com adultos desportistas jovens, através de exercício isométrico, aumento de dor muscular, havendo diminuição da potência salto em até 25% durante diversos dias. Ao se repetir por mais 13 dias, não houve dor nem perda da força. Os mecanismos não estão claros. Alguns estudos referem incrementos de antioxidantes nos músculos com sete a oito semanas de trabalho (HELLSTEN y col., 1996), mas outros não o fazem (TIIDUS e col., 1996). Oito semanas de trabalho em bicicleta não demonstraram impacto sobre os níveis de glutatião (TIIDUS e col., 1996), apesar de muitos estudos apresentarem níveis de glutatião e superóxido dismutase elevados em sujeitos altamente treinados (ZERBA e col., 1990; EVANS & CANNON, 1991; MEYDANI e col., 1993; SEM, 1995; RADAK e col., 1995). Atualmente, são poucos os estudos que examinam o impacto da suplementação com antioxidantes na resistência muscular em seres humanos. Muitos deles têm focado o impacto de um único antioxidante e não sua combinação, sendo a vitamina E a mais estudada (LAWRENCE e col, 1975). Os fenóis simples consistem em um anel aromático que contém pelo menos um grupo hidroxila. Os polifenóis contêm mais de um anel aromático, todos com pelo menos um grupo hidroxila. Uma molécula fenólica é freqüentemente característica de uma espécie Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 25, jul/ago 2002 de planta, incluindo um órgão particular ou tecido desta planta. É, conseqüentemente, impossível saber a natureza de todos os polifenóis que ingerimos. Os gêneros principais de polifenóis, de acordo com a natureza de seu esqueleto de carbono, são: ácidos fenólicos, flavonóides, estilbenos e lignanas. A característica biológica dos polifenóis depende de sua bioatividade. Existem evidências indiretas de sua absorção através da barreira intestinal através do consumo de fontes alimentares ricas nos mesmos. Neste sentido, têm-se medido suas concentrações em plasma e urina através da ingestão de compostos ricos em polifenóis, como as passas negras de Corinto e sucos de maçã (YOUNG e col,1999). A variedade dos polifenóis na dieta é tal, que é muito difícil considerar a quantidade existente em uma dieta normal, dependendo do alimento (a cebola branca não tem flavonóis), e da parte que se ingere (comendo a maçã sem a casca, não é ingerida a quercetina (BURDA e col., 1990), e na ingestão de cereal refinado, não se ingerem os polifenóis do grão do trigo etc). O ácido fenólico mais abundante é o ácido caféico ou seu éster (ácido clorogênico) encontrado em muitas frutas e no café, e em menor grau, o ácido ferúlico. Este último está associado à fibra dietética como farelo de trigo (5mg/g), (KROON e col., 1997). Uma xícara de café instantâneo (200ml) contém 150 mg de ácido clorogênico (CLIFFORD, 1999). Os flavonóides são os polifenóis mais abundantes na dieta. Eles dividem-se em flavonas, flavonóis, isoflavonas, antocianinas, proantocianidinas e flavononas. Os cítricos são a principal fonte, em particular a hesperidina das laranjas (125-250 mg/litro de suco) (ROUSSEFF e col. ,1987). Outros tipos de flavonóides são a quercetina, presente nas frutas e verduras (a cebola contém 0,3 mg/g, e o chá, de 10 a 20 mg /l; HERTOG e col, 1993). As flavonas são menos comuns e identificam-se na pimenta vermelha doce (luteolina) e no aipo (apigenina), (HERTOG e col, 1992). Os flavonóis principais são as catequinas, muito abundantes no chá (um saco de chá verde contém 1g/l). Também contêm fontes de flavonóis o vinho tinto e o chocolate (ARTS, 1999). As proantocianidinas são os flavonóis poliméricos. São responsáveis pelas adstringências e são abundantes nas frutas (maçã, pêra…), vinho tinto, chá e chocolate (SCALBERT, 2000). As antocianinas são pigmentos das frutas vermelhas como as cerejas (4,5 mg/g), morangos (0,15mg/g), framboesas, uvas vermelhas e passas pretas de Corinto (CLIFFORD, 1996). Polifenóis contidos nos alimentos ingeridos diariamente: a variedade estrutural dos polifenóis é de difícil estimativa através da dieta. Na maçã, a quercetina está na casca e, de modo geral, como no trigo, perde seus polifenóis no refinamento (SHAHIDI, 1995). Os sucos processados industrialmente podem conter polifenóis (SPANOS, 1992). O aquecimento e outros fatores, como o processamento dos alimentos, podem afetar o seu conteúdo verdadeiro. Portanto, conhecer a ingestão diária destes compostos é extremamente complicado. Por outro lado, a falta de uma regulação nos métodos laboratoriais, de análise de variação do volume de um alimento, em 25 particular, complica ainda mais o conhecimento da verdadeira ingestão dessas substâncias. Deve ser levado em consideração, o fato de que o tratamento com altas doses de flavonóides não está fora de risco, embora existam estudos que demonstrem que os bioflavonóides imitam a ação dos inibidores da topoisomerase II (topo II). - Modificação das LDL-lipoproteínas de baixa densidade, intensificando a aterogênese; Importância da nutrição - Polimerização protéica; Os antioxidantes naturais nos alimentos podem ser de três tipos: componentes endógenos, substâncias formadas nas reações produzidas durante o processamento, e substâncias utilizadas como aditivos procedentes de fontes naturais. A maioria dos antioxidantes naturais comuns são flavonóides (flavonóis, isoflavonas, flavonas, catequinas, flavononas), derivados do ácido cinâmico, cumarinas e tocoferóis. - Precursores da arterogênese; e Nos últimos anos, tem-se observado que dietas ricas em frutas e hortaliças proporcionam proteção contra determinadas doenças como o câncer ou certas cardiopatias (HERTOG e col, 1992). Estas propriedades são atribuídas aos agentes antioxidantes contidos nesses alimentos. Notável atenção foi dada às vitaminas C, E e ao -caroteno existentes nas frutas, como agentes responsáveis por essa atividade. Atualmente, sabe-se que parte da capacidade antioxidante das frutas se deve aos flavonóides. A capacidade dos flavonóides para inibir a peroxidação lipídica nos sistemas biológicos (em estudos in vitro) deve-se fundamentalmente a sua atividade como captadores de radicais livres, mais do que a sua capacidade queladora de ferro (MOREL e col, 1994). A eficácia de um antioxidante fenólico como captador de radicais está determinada por sua atividade sobre as espécies reativas de oxigênio e dos radicais peróxidos, e também pela estabilidade do radical fenoxila até a oxidação do substrato. Se o radical fenoxila inter-relaciona-se com biomoléculas vitalmente importantes, esta oxidação pode induzir o estresse oxidativo (RITOV e col, 1995). O radical O2-(superóxido) também provoca a mobilização do Fe3+ (ferro ferroso) armazenado na proteína ferritina que sofre uma reação redox. O Fe2+ gerado pode reagir com os lipídios e conduzir a uma série de reações em cadeia que produzem a oxidação dos lipídios da membrana (MC CORD, 1994). Estudos DE VAN ACKER e col.(1995) demonstraram como os flavonóides também atuam contra os radicais HOº (radical hidroxila), os quais desempenham importante papel no desenvolvimento de várias patologias. A atividade antioxidante está diretamente relacionada com a prevenção do câncer e de doenças cardiovasculares, como será visto adiante. PROPRIEDADES SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR Um dos principais prejuízos do excesso de radicais livres nos sistemas biológicos é a peroxidação lipídica. - Alteração da função das plaquetas; - Modificação da função dos macrófagos; - Alteração da cascata de ácido araquidônico; - Mutação do DNA. Em estudos in vitro, observou-se como os flavonóides inibem a oxidação dos lipídios e reduzem a tendência a tromboses, mas seus efeitos sobre as complicações arteroscleróticas em seres humanos não foram elucidados. Outras propriedades dos flavonóides são: a) relaxantes da musculatura lisa; b) atividade antiinflamatória; e c) atividade anti-hepatotóxica. PREVENÇÃO CONTRA A OXIDAÇÃO DO ORGANISMO Não é aventura programar uma estratégia de alimentação preventiva, na tentativa de interromper danos celulares relacionados à produção excessiva de radicais livres no organismo. É evidente que a alimentação é um fator ambiental importante, que pode acelerar ou reduzir esses processos degenerativos. Portanto, a medicina de prevenção e a saúde pública não têm dúvida em declarar seu grande interesse pela alimentação equilibrada. Ter qualidade na alimentação é otimizar a saúde e prolongar a vida, é prevenir doenças. Deve-se considerar a fração lipídica dos alimentos ingeridos para que as dietas não incorporem grandes quantidades de ácidos graxos polissaturados, pois são facilmente oxidados. Uma dieta rica em antioxidantes seria fator protetor na luta contra a oxidação, ou seja, seria uma terapia preventiva contra os radicais livres. Tem-se atribuído aos radicais livres efeitos benéficos e nocivos, sendo a função dos antioxidantes normalizar as concentrações das espécies reativas de oxigênio. Entretanto, a concentração normal de ERO não é determinada, nem as doses de antioxidantes necessárias para se manter um nível de oxidantes endógenos adequados nos processos fisiológicos normais, como no envelhecimento, inflamação e em infecções. Em consenso, os antioxidantes devem ser administrados com precaução. EFEITO PRÓ-OXIDANTE (O PARADOXO ANTIOXIDANTE) Algumas das consequências potenciais da peroxidação dos lipídios são as seguintes (KINSELLA y col, 1993): Um pró-oxidante é um agente que pode induzir estresse oxidativo, sendo um câmbio no equilíbrio entre a ação pro-oxidante e a oxidante de uma substância. - Interrupção das funções relacionadas com a membrana (receptores, enzimas, permeabilidade); O estresse oxidativo induzido por um agente pro-oxidante nos sistemas biológicos manifesta-se por um incremento na produção 26 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 26, jul/ago 2002 de radicais livres, uma diminuição in vitro, uma modulação in vivo das defesas antioxidantes e/ou um incremento do estresse oxidativo (com oxidação dos lipídios, proteínas e DNA), (PALOZA P e col,1995). A hipótese de um papel pro-oxidante dos carotenóides pode basear-se em estudos com combinação de carotenóides com outros antioxidantes, onde mostrou-se menor incidência de câncer e/ou mortalidade do que com a administração exclusiva dos carotenóides. (SHKLAR, G1993). É possível que a associação de antioxidantes limite o caráter prooxidante dos carotenóides e, conseqüentemente, potencialize o caráter antioxidante de certos pigmentos (VAN POPPEL G,1993). REFERÊNCIAS ARTS, I.; C., HOLLMAN, P. C. & KROMHOUT, D. Chocolate as a source of tea flavonoids. Lancet n.354, p.488, 1999. ATALAY, M., et al. O., and Sen, C.K. Glutathione-dependant modulation of exhausting exercise induced changes in neutrophil function in rats. Eur. J. Appl. Physiol. n.74: p.342347, 1996. KUHNAU, J. The flavonoids: a class of semi-essential food components: their role in human nutrition. World Rev. Nutr. Diet. n.24; p.117-191, 1976. LAWRENCE, J.D. et al. 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