Nº 183 - Outubro/2012
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PARLAMENTARISMO, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS
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epois de vencer as eleições em ideologia marxista. Claro que o termo termo gangue, no sentido sociológico, formações sociais. Não se trata, insisSão Paulo apesar de condenados “ditadura” tem sido cuidadosamente não é depreciativo, nem implica neces- timos, de nada ligado à economia,
no julgamento do Mensalão, os líderes evitado. A “ditadura do proletariado” sariamente natureza criminosa – em- nem de redistribuição de “renda”.
Trata-se de anular politido petê verificaram que nada neste mun- aparece sob outras denominações, sem- bora o crime não se exOs culpados do camente a população que
clua da definição. É o
do pode abalar o seu prestígio eleitoral. pre qualificadas como “democracia”.
Ademais, é provável que essa único adequado para desQuanto mais chafurdam na lama,
Mensalão são rejeita o petê. Como? Qualquer partido político penmais o povão se identifica com eles. “democracia”, pelo menos na sua fase crever associações urbaheróis,
o
juiz
e
o
saria em cooptá-la. Mas o
Sentindo-se imunes e dispensados de ascendente, seja legitimada em elei- nas não espontâneas, deprocurador são petê não pode fazer isso
quaisquer escrúpulos, aproveitam-se e ções plebiscitárias, como tem sido na fensivas, intrinsecamenporque sua plataforma é
metem a mão no dinheiro público, dis- Venezuela. Mantendo as eleições e ga- te hostis, de caráter priinimigos e a
baseada no ódio contra
pensam favores ilícitos, traem os inte- rantindo a maioria absoluta, ninguém mordial, diretamente degolpista.
mídia
é
essa mesma população,
resses do País, usurpam a administra- poderá contestar, e terão carta branca rivadas do instinto greapontada como “elite”. Fica, portanto,
ção, conspurcam os costumes, e tra- para livrar-se das oposições e eliminar gário dos seus membros.
Para o membro da gangue, a leal- a questão em aberto. A História dos
mam abertamente contra a existência – ainda não sabem como – a parte da
dade é a suprema virtude, à qual todas regimes comunistas tem diversos
da Nação, convictos de que ninguém população que não os aceita.
Aonde pretendem chegar? Ainda as demais se subordinam. Isso explica exemplos de como se fez a liquidação
se importa com nada, de que a depravação rende votos, a ignorância triunfa não sabem. As únicas coisas assenta- a sua ética ambivalente. Para ele, tudo de populações insubmissas.
A crise brasileira tem seu epicentro
das, nesse momento, é que o que beneficia a gangue é bom; e tudo
e o crime compensa.
O petê e os
não aceitarão nem respei- o que a prejudica é mau. Nessa escala, na contradição entre a ilegitimidade moAnte a vitória do
partidos
tarão limites, mas também por exemplo, os culpados do Mensalão ral do petê e a sua legitimação política
mal, os políticos dos demais partidos se deixam
comunistas são não se exporão, sem reta- são heróis, o juiz e o procurador são pelas eleições. Verdade que o Partido
e com flancos inimigos e a mídia é golpista. Nenhum desarmou a bomba em tempo, ao não
ofuscar, enfiam os rabos
mais semelhantes guarda
desprotegidos, como fi- arrependimento ou vergonha. Os es- lançar o manifesto que anunciara para
entre as pernas, abaixam
os cangotes, pedem bên- a gangues do que zeram na fase terrorista. cândalos, as sinecuras, o aparelha- 1o. de novembro, no qual pretendia “deTendo assumido o Gover- mento do Estado, as mordomias, nada sagravar” os réus do Mensalão e mobilição, e aderem. Aderem
a partidos
a militância contra a mídia e o STF.
porque lhes parece que
convencionais. no sob uma constituição disso o perturba. Tudo é aceito, por- zar
que não aprovaram em que é nosso, é da nossa gente, somos Mas o impasse continua, e seus
não há alternativa.
É tradição. Nos corredores da 1988 mas usam como escudo em 2012, nós. Os outros que se danem. Errado imprevisíveis desdobramentos não expolítica brasileira sempre se ouviu re- procedem com cautela. A experiência é trair a confiança do companheiro, cluem hipóteses extremas como guerra
petir que fora do Poder, não há Salva- e a História lhes ensinaram que utopias entregar o chefe, comprometer o Par- civil, secessão, ou golpe de Estado.
A adoção do parlamentarismo
ção, paráfrase do ensinamento católi- logo descarrilam. Por isso, em vez de tido.
Com esses elementos, podemos seria a única maneira de prevenir calaco Extra ecclesiam nulla salus. Acon- perseguir metas teóricas, preferem
tece que nas últimas décadas a política avançar aos poucos, sondando o chão entender qual o objetivo estratégico do midades sem romper o quadro instise aviltou a tal ponto que o latinório mais antes de pisar, como sapadores em petê: é nunca mais sair do governo. tucional. Não sabemos se é politicaNão se trata de ambição, mas de neces- mente viável. Nem acreditamos que o
adequado ao Brasil de hoje seria Extra campos minados.
Uma coisa, porém, é certa: não sidade. Nesses dez anos o petê instalou parlamentarismo seja muito melhor do
haram nulla salus – Fora do chiqueiro,
não há salvação. Por isso tantos, com têm compromisso definitivo com nada um exército de militantes na admi- que o atual sistema. Uma coisa, porém,
receio de ficar de fora e sobrar, entram nem com ninguém, exceto consigo nistração federal. A gestão dos pro- é certa. O foco subversivo e corruptor
na pocilga, emporcalham-se e assim mesmos. Todas as suas alianças, pac- gramas assistencialistas como o Bol- é o Executivo. O parlamentarismo sesão cooptados pelo Esquema de Po- tos, ou acertos são provisórios e só sa Família, por exemplo, é vasto apa- ria menos exclusivo, menos centraserão honrados enquanto
rato político, dotado de lizador e menos arbitrário. Nele, o equider.
A adoção do
capilaridade, capaz de ali- líbrio de forças essencial à preservaEsquema de Poder. Preste aten- úteis aos seus propósitos.
O
petê
não
é
partido
ção: não se trata de corrupção como
parlamentarismo ciar 13 milhões de famíli- ção da liberdade seria restaurado. E
as – inteiramente custea- seria propício a reformas políticas tenfim, que visa apenas ao enriquecimen- político na acepção comum
seria a única
do pelos cofres públicos. dentes a aperfeiçoar as instituições.
to ilícito. É coisa muito pior e insidio- do termo. Partidos são asmaneira de
O que não se pode tolerar é a
Perder o Governo Fedesa. É a corrupção sistematicamente sociações em prol de alral seria devastador de- sucessão de loterias plebiscitárias que,
utilizada como meio para a conquista gum programa ou plataprevenir
a cada quatro anos, entregam o País às
do Poder. Mas, pergunta-se, já não forma. Embora possam ser calamidades sem sastre.
Por isso, fará tudo mãos dum indivíduo com poderes equitêm o Poder? Não. Para os seus propó- ligados por interesses cositos, os poderes constitucionais não muns ou afinidades soci- romper o quadro o que puder – literalmente valentes aos de imperador, dono de
institucional.
tudo – para permanecer enorme máquina político-administratibastam. Por isso, insistem que, sim, ais, os liames entre os
membros
são
tênues.
Paronde está e consolidar seu va, munido de inesgotáveis recursos
têm o Governo nas mãos, mas ainda
não chegaram ao Poder. Ora, se o tidos geralmente são abertos tanto ao poder de modo que se torne definitivo. financeiros, diante do qual todos têm de
Governo constitucional não lhes basta, ingresso quanto ao desligamento dos Essa consolidação não se esgotará na curvar-se como se fosse dono do Brasil.
então o Poder que pretendem conquis- que por qualquer motivo queiram sair. esfera política, pois a política, nas Pior ainda, quando esse indivíduo perO petê e os partidos comunistas atuais circunstâncias, é limitada pela tence a um partido cujo objetivo declaratar só pode ser a ditadura.
Nunca foi segredo: a “ditadura são mais semelhantes a gangues do constituição. O projeto do petê envol- do é usurpar e destruir o mesmo sistema
do proletariado” é parte essencial da que a partidos convencionais. O uso do ve necessariamente profundas trans- político em que se elegeu.
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