Das Cubebas
289
RUANO
Pode ser que seja outro genero de pimenta?
ORTA
Nam o he; porque, em a Cunda, a principal mercadoria
que de lá vem he a pimenta; e nam defére da do Malavar
casi nada; e este arvore é deferente, e o fruto; e na mesma
Cunda, postoque a levam á China, he em muyto pouca
cantidade, scilicet, pera mézinha; e nao pera comer, como
a pimenta de que se carregam vinte naos ao menos pera
a China: por onde nao ha duvida em nao ser pimenta.
E dam estes arvores flores, que cheiráo bem.
RUANO
Traz Mateus Silvático por autoridade de Serapiáo*, que
o que chamam os Mauritanos cubebas he acerca de Dioscorides mirtus silvestris, e que a descricáo de Galeno acerca
das cubebas he do Dioscorides de mirto agreste. E porque
nam fala nenhum delles ñas cubebas nam se ha de presumir
que o deixasem de escrever, senáo Galeno trata das cubebas
no carpessio, e Dioscorides no capitulo de mirto agreste.
ORTA
Nao vos pareca que Galeno e Dioscorides escreverao
tudo; que muytas cousas deixaráo de escrever, que nao
vieram á sua noticia; e Serapio, e os outros Arabios, falaráo de ouvida ñas mézinhas da India, e como viao que
aproveitava pera alguma cousa alguma mézinha escrita
pellos Gregos, logo diziam esta he mézinha de que usam os
Indios, e que os Gregos chamáo por tal nome. E ajudaos
a ser engañados nao saber a lingoa grega muyto bem; e
por esta rezam errou o Serapio no que dise, e a este emitou
o Pandetario. E a causa que dam he muyto fraca, scilicet,
porque de outra maneira ficavam faltos Galeno e Diosco-
* Mateus Silvaticus, cap. 288 (nota do auctor).
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