214 Coloquio decimo quinto os Portuguezes, que esse m a r ruivo navegam, nunqua tal cousa viram, navegando todos os annos. E os outros coronistas que dizem que as ha ñas Indias, tambem nao dizem a verdade; porque dizem que a fruita he como bolotas de sovaro; e que traz huns capelos pegados nella; e a fruita da canela de Ceilao e do M a l a v a r he como azeitonas pequenas ou muyto grossas. E já fora bem que alguma desta canela viera a E s p a n h a ; por onde pode ser que será outra arvore que dá esta fruita e a casca, e seram deferentes ambas as arvores, como he deferente a pereira de engoxa da outra pereira. E ao que diz da China, bem sabido he ser falso, pois de Malaqua leváo pera a China drogas, e sabem nao aver lá a tal drogua (6). RUANO Do fruto da canela que se faz? ORTA F a z e m azeite, como nos fazemos o das oliveiras, parece como sevo em paes, ou como sabam francez; nao cheira bem nem mal, senáo, quando se esquenta, cheira alguma cousa a canela, aproveita pera esquentar o estamaguo e ñervos (7). RUANO A canela de Ceilao he toda muito fina? ORTA Nao, senao alguma he muito roim, que se nao arredondou bem, e era muyto grossa por nao ser daquelle anno-, e, como he de mais tempo, nao he b o a : isto entendei na de Ceilam, porque a do Malavar e das outras térras toda he muyto roim, e val o quintal da canela de Ceilam dez cruzados, e a do Malavar val hum bar, que sam quatro quintaes, hum cruzado; e levam os Malavares a vender esta canela a C a m b a y a e a Chaul e D a b u l ; pera dahy a levarem ao Balaguate. RUANO Dizeime dos nomes das especias que traz Plinio, pera v e r se se podem reduzir a algumas partes da India.