Notas do Capítulo: Espero que tenham gostado e comentem *-* Me façam feliz pofavô ^-^
"Silêncio. Era somente isso que meus ouvidos conseguiam captar. Desde que nasci somente o
silêncio é o que me faz compainha quando acordo de manhã. No mesmo tortuoso silêncio de
sempre, pus meus pés para fora do cobertor e me levantei da cama.
Mais alguns passos, e as cortinas do meu quarto estavam abertas, deixando os fracos raios de
sol entrar pelos quadradinhos na janela de vidro. Eu gostava do sol, mas preferia o frio. Na
maioria das vezes, ele era tão fiel quanto o silêncio. E era exatamente disso que eu precisava.
Fidelidade e companheirismo. Como o silêncio era meu marido perpétuo, o frio passou a se
tornar meu amante, por assim dizer.
Hoje seria meu primeiro dia de aula na Forks High School. Seria meu primeiro dia de aula,
como aluna de alguma escola em Forks. Estava acostumada com Phoenix, estava acostumada
com a escola, que era preparada para a minha deficiência, mas em Forks tudo seria diferente.
Toda a escola e a equipe de profissionais teve que se preparar para me receber. Eu teria um
guia especializado na linguagem dos sinais para me acompanhar em todas as aulas, e me
manter informada do que os professores estivessem falando para a turma. Eu sabia o quanto
trabalho estava causando ao meu pai, e sabia também que seria vista com olhos estranhos
pelos outros alunos, mas eu tinha direito a uma vida normal.
Quando meu pai perguntou por que eu não queria estudar em casa, lhe rabisquei num pedaço
de papel que era igual a qualquer outra pessoa, que o fato de ser surda não iria me impedir de
viver minha vida. Ele ao terminar de ler o que eu havia escrito, ficou quieto. Não que eu
pudesse tê-lo ouvido resmungar algo, mas seus lábios não se mexeram quando ele se dirigiu a
porta do meu quarto e a fechou depois de passar.
Silêncio. Ele chegava a ser torturante algumas vezes. O fato de não saber o que acontecia
aonde meus olhos não alcançavam era desesperador em alguns casos.
Amarrei os cadarços dos meus tênis, recolhi minha mochila e sai do meu quarto com cuidado.
Pondo um pé na frente do outro, como sempre me lembrava de fazer.
Charlie estava sentado na mesa da cozinha e segurava uma caneca de café quente com as duas
mãos. Quando me viu parada na soleira da porta, pegou um pedaço de papel e caneta e
escreveu a mensagem:
– Está com fome? Têm cereais no armário.
Charlie ainda não havia aprendido a linguagem de sinais, mas estava se esforçando. Mas tanto
eu quanto ele, achávamos melhor escrever. Era mais prático, e não parecia ser tão esquisito na
frente dos outros.
Enquanto andava na direção do armário, disse sim com a cabeça, para responder a sua
pergunta.
Charlie pôs suas coisas no chão, para me dar lugar na pequena mesa. Ele tomava seu café
quente, e lia o jornal. Eu comia meus cereais com leite, ainda na compainha do silêncio.
Era nessas horas que ele se tornava meu fiel amigo. Quando eu não tinha nada mais
interessante para tentar distrair minha mente, era o silêncio que me acolhia com vontade.
Passaram cerca de quinze minutos antes de Charlie rabiscar mais uma pequena frase para mim
no papel:
– Vou levar você até a escola! Está pronta? Precisa de algo?
Peguei uma caneta e rabisquei uma resposta no meu bloquinho:
– Sim e não! É melhor irmos logo, ou o xerife vai acabar chegando atrasado ao trabalho.
Pelos movimentos dos seus lábios fui capaz de notar que ele estava rindo.
– Eu amo você Bella. – Ele rabiscou novamente.
– Eu também pai.
Charlie pegou suas coisas do chão, e eu pus minha mochila nos ombros. A viatura que Charlie
dirigia estava parada na frente da casa, e quando um vento gelado soprou meus cabelos pra
longe do meu rosto, apertei o casaco com mais força ao redor dos meus braços.
Charlie tocou em meu braço para me chamar atenção.
– Quando você chegar da escola, eu vou trazer uma surpresa para você. – Ele segurava mais
uma folha de papel na altura dos meus olhos.
– O que é? – Rabisquei de volta.
– Surpresa! – Sua letra não era a mais linda de todas, mas era o mais próximo que eu poderia
chegar de sua voz.
Enquanto a viatura de Charlie cortava caminho dentre as ruas, o silêncio veio me abraçar
novamente, como se fossemos velhos amigos, o que éramos na verdade."
Download

Notas do Capítulo: Espero que tenham gostado e