A Reforma da Administração Pública em Portugal Manuel Vieira Mendes∗ ∗ Secretário da Escola Superior de Enfermagem Cidade do Porto, mestre em Administração Pública A Reforma da Administração Pública em Portugal O contexto internacional – a padronização das políticas Nas políticas da Reforma da Administração Pública, a nível mundial, tem-se verificado, por sistema, o ditame das principais instituições internacionais que, independentemente das realidades sociais, económicas e culturais, impõem modelos idênticos para todos os países. Esses organismos – o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio – a par da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, definem orientações políticas que passam por três vectores: − Fortes restrições orçamentais; − Total liberalização dos mercados; − Privatização dos serviços públicos. O que temos diante de nós é um dos fenómenos da globalização, que transporta para a generalidade dos países as orientações que, inicialmente, foram estruturadas para aplicar nos países da América Latina, e depois em África, sempre numa perspectiva de instrumentos para o “desenvolvimento e o progresso”. Adoptando o modelo do capitalismo americano, promete-se tornar esses países mais ricos e menos distantes dos países desenvolvidos, através da total liberalização mundial do comércio. Embora inicialmente as políticas defendidas, designadamente pelo FMI, fossem de carácter expansionista, vieram progressivamente a ser restritivas e de austeridade orçamental. Por isso, as vantagens prometidas com as medidas impostas não apareceram; o que se passou foi exactamente o contrário – aumentou o fosso entre os países ricos e os países pobres, bem como o número de pobres (com menos de 1 dólar por dia) em todo o mundo (mais 100 milhões na última década do século passado, em que se verificou um aumento médio do rendimento mundial anual de 2.5%). Estas medidas, como meios para o desenvolvimento, transformaram-se em fins políticos e passaram a constar do chamado “Consenso de Washington” (estabelecido entre o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Tesouro dos Estados Unidos da América) e da Organização Mundial do Comércio. Quem comanda estas organizações, com destaque para os Estados Unidos da América, baseia-se no princípio rudimentar do bom funcionamento do mercado e do mau funcionamento do Estado. Tornaram-se em fundamentalistas nesta visão, defendendo, com mais força e velocidade, a eliminação progressiva do papel do Estado. O que se pretende é pôr em causa a intervenção pública, mesmo nas áreas sociais, e beneficiar tudo o que é privado, seja entregando serviços, ou adoptando modelos de gestão privada, ou entregue a privados, ou adoptando parcerias público-privado. As soluções padronizadas têm ultimamente vindo a ser postas em causa, o que pode tornar caduco o “Consenso de Washington”. As conclusões do último 2 Fórum Económico Mundial de Davos vão nesse sentido, ao reconhecer que cada país deve aplicar as políticas económicas e sociais que considerar mais adequadas, sem ter de seguir as regras ortodoxas, com tão maus resultados obtidos. Constata-se que certas áreas têm estado mais ao sabor dos apetites que se desenvolvem. São os casos da saúde e da educação, os dois sectores públicos tradicionalmente mais fortes em termos mundiais. Por exemplo, fala-se no grande “mercado” que é a educação e realiza-se anualmente um certame designado “Mercado Mundial da Educação”. Na verdade, em termos planetários, um dos instrumentos em negociação na Organização Mundial do Comércio é o designado Acordo Geral sobre Comércio em Serviços, que pretende levar ao máximo a liberalização dos serviços públicos, quer os de tipo comercial, como as telecomunicações, os transportes e a energia, quer os de carácter social, como a saúde, a educação, a segurança social e a cultura. As negociações, envolvendo os 144 países aderentes, entre os quais os da União Europeia, decorrem de forma secreta, sendo difícil obter informações rigorosas da situação do acordo. Mas, não restam dúvidas que o que se pretende é tratar os serviços públicos como se fossem um negócio; e, mesmo que se verifiquem posições proteccionistas iniciais em alguns campos, o Acordo Geral de Comércio e Serviços é um processo em evolução permanente, cuja filosofia é levar até às últimas consequências a total liberalização. No futuro será impraticável que qualquer país detenha serviços públicos administrados sem fins lucrativos, em que não se verifique a intervenção do sector privado, mundial e global, a concorrer nas mesmas condições. A intervenção da Organização Mundial do Comércio é imperativa, não sendo cuidados aspectos essenciais do nível de desenvolvimento, das necessidades específicas ou, mesmo, das identidades culturais de cada um dos países. A concorrência que hoje já existe será completa, quando eventualmente as condições de funcionamento forem as mesmas, como já vamos pressentindo, entre nós, com algumas ideias que atravessam o discurso político relativamente ao tratamento por igual do público e do privado, com uma relevância dos factores económicos em detrimento dos valores sociais. Por exemplo, no ensino superior, a oferta de países desenvolvidos, como os Estados Unidos da América, é muito significativa, e com as propostas crescentes via Internet, aparece com toda a lógica a pressão que se exerce sobre os outros países no sentido da eliminação de barreiras no grande “mercado” do ensino superior e da liberalização plena dos serviços nessa área. Não auguraríamos nada de bom se, em Portugal, deixássemos o cumprimento das missões da universidade à iniciativa privada, cujos níveis de contributo para a educação, a formação e a investigação estão nos patamares mais baixos a nível europeu e mundial. Dentro desta óptica, as principais medidas relativamente à Reforma da Administração Pública começam a desenhar-se nos finais dos anos 70, do século XX, ligadas à crise económica resultante do choque petrolífero e à influência ideológica da designada Nova Direita, que adoptaram políticas neo-liberais nos países de expressão anglo-saxónica, liderados por Reagan e Thachter. A partir dessa altura começa a aparecer um movimento de Reforma e Modernização Administrativa que tem como objectivo tornar a Administração Pública mais eficiente e eficaz, centrada na proximidade dos cidadãos e na melhoria dos serviços prestados. Com este movimento pretende-se equacionar as novas missões da Administração Pública, intervindo de forma articulada, a nível da estrutura, do processo, do 3 ambiente e da técnica. Um dos aspectos que marca as discussões da reforma é o da dicotomia entre o sistema político e a gestão administrativa. Os países da OCDE adoptam a terminologia de New Public Management e recomendam a todos os países membros que adoptem os princípios fundamentais. Segundo Hood (1991), estes princípios são: − A privatização dos serviços, com diminuição do peso do Estado; − A adopção de métodos de gestão empresarial, na base da supremacia desta em relação à pública; − A desburocratização e a descentralização, com suporte num modelo que enfatiza os resultados, o serviço, a participação e os sistemas abertos. Reforma e privatização passam a andar de mãos dadas. E esta associação é fácil de germinar quando os impostos apertam e se vê na privatização a miragem para a diminuição dos preços dos serviços e a melhoria da qualidade. A ideia de “cliente” do serviço público passa a comandar todas as decisões neste campo, esquecendo os diferentes papéis dos utentes dos serviços e, bem assim, os prestadores dos mesmos. As principais características da nova gestão pública assentam na tónica da utilização dos métodos do sector privado, com a introdução de factores de concorrência na Administração Pública, a ênfase na racionalidade económica e a valorização dos resultados obtidos. A avaliação dos processos de reforma A questão central da política-espectáculo, a falta de tempo para questões “menores”, como a avaliação das políticas, leva a que sistematicamente se vá alterando alguns aspectos das políticas sem que seja feita uma avaliação séria anterior dos resultados obtidos. A mudança de governo implica quase sempre a mudança de algumas políticas, sem que na maior parte das vezes se compreenda o alcance das transformações e a racionalidade das mesmas. De qualquer modo, alguns balanços e auditorias têm sido realizados. Estudos insuspeitos publicados recentemente, relativos a países da OCDE (ver em www.oecd.org), têm vindo a concluir pelo erro estratégico nas opções adoptadas, de indiscriminada privatização dos serviços ou da sua gestão, sem ter em conta as realidades sociais e culturais de cada país. Por exemplo, no relatório sobre o Canadá conclui-se que as políticas de austeridade orçamental, de gestão de pessoal e de diminuição de efectivos conduziu a uma sangria dos melhores quadros e a uma baixa do moral do pessoal, com implicações nos serviços prestados aos cidadãos E isso repercutiu-se nos resultados que, em diversos casos, foram opostos ao que se prometia, em termos de qualidade de serviços prestados; por vezes têm sido desastrosos, com graves implicações na relação custo/benefício do serviço prestado. Veja-se o exemplo do Reino Unido. Em diversas áreas atingiram-se situações de grande retrocesso quer na qualidade, quer nos preços dos serviços. Estão nesse caso os transportes ferroviários, onde aumentaram os acidentes e os preços, com os horários a serem menos cumpridos. O mesmo se passou com a política de parcerias público-privado no sector da saúde. Numa auditoria a dez hospitais construídos em 4 parceria, os especialistas “encontraram menos camas, problemas financeiros, falta de qualidade dos edifícios e uma diminuição na prestação dos cuidados”. Numa reunião de Outubro de 2002 do Grupo de Trabalho de Gestão de Recursos Humanos da OCDE, foi referido que os problemas de pessoal foram completamente negligenciados, o que teve um efeito devastador no moral e na satisfação do pessoal no seu emprego. E sem pessoal motivado e interessado não há reforma que tenha sucesso e serviço de qualidade que seja prestado, pois os funcionários são os actores fundamentais nos processos de reformas. Na chamada Modernização Administrativa tem sido sistematicamente desprezada a importância da motivação dos funcionários, bem como a satisfação das suas necessidades pessoais. Agora fala-se em medidas para corrigir os erros, com iniciativas que permitam elevar a motivação e a fidelização do pessoal, tornando mais atraentes os postos de trabalho. Particularmente contundente é Mintzberg (1996) ao afirmar que houve excessos e que se foi longe de mais na ideia de gerir o Estado à maneira empresarial e que nos negócios privados nem tudo é bom, como no sector público nem tudo é mau; e que o sector privado deve aproveitar algumas das virtualidades da gestão pública. Considera, ainda, que existem sectores que se justificam plenamente no domínio público e que não podem ser tratados como negócios, como é o caso da investigação, da educação e dos cuidados de saúde. E vai mais longe ao considerar que, na sociedade, não somos sempre consumidores ou clientes, mas temos mais dois chapéus com que nos apresentamos nos serviços públicos - os de súbdito e de cidadão. Apesar de nos círculos à volta dos poderes políticos se constatar uma certa unanimidade relativa à importação das regras da gestão privada para os serviços públicos, aparecem algumas teorias críticas que ganham força face ao insucesso de muitos processos de reforma. Na linha de diversos autores, que consideram que o privado e o público só são idênticos nos aspectos secundários e que as diferenças são mais importantes do que as semelhanças (Rocha, 1995), são acentuadas as diferenças mais significativas entre a gestão pública e a gestão empresarial: − Contradição entre o interesse público e o lucro como objectivos; − Restrições legais inerentes à gestão pública; − Ambiente político na gestão pública, com processos de eleição; − Gestão pública, mais preocupada em cumprir as normas e não cometer erros do que nos resultados; − Critérios de eficiência postos em causa por razões de oportunidade política; − Diferenças inultrapassáveis nas relações de poder; − Padrões organizacionais distintos; − Origem dos fundos dos impostos e não dos consumidores; − Concorrência no sector privado e monopólio, em geral, no público, a não ser com a duplicação de actividades; − Dificuldade em identificar os custos das actividades e portanto avaliar resultados com base em parâmetros objectivos; 5 − Os novos modelos de gestão não são a solução milagrosa para resolver os problemas da prestação de serviços essenciais. No entanto, estas diferenças nítidas não significam que na gestão pública não sejam adoptados paradigmas que são comuns em qualquer gestão. Hoje, os serviços públicos são geridos na base de um plano de actividades e de um relatório de gestão, existem processos de avaliação e financiamentos em função dos resultados. As políticas de Reforma em Portugal Um relatório recente da OCDE dava algumas orientações a Portugal sobre a problemática da Reforma da Administração Pública, em que para além da conhecida “sugestão” de cortes nas despesas, indicava a aposta nos contratos a prazo, o encorajamento da concorrência entre prestadores públicos e privados, a redução do financiamento público do ensino superior e o aumento das propinas, a diminuição das comparticipações nos medicamentos, entre outras propostas com o mesmo sentido. No nosso país, as políticas da Reforma da Administração Pública, têm estado a ser discutidas no segredo dos deuses. Apesar disso, e por algumas medidas já tomadas no campo dos serviços de saúde e anunciadas para outros sectores, designadamente na educação e no ensino superior, não será difícil descortinar o que está em preparação. A palavra de ordem continua a ser qualidade que, na Administração Pública portuguesa, tem sido propalada pelo poder político quase exclusivamente ligada à ideia chave de “Menos Estado, Melhor Estado”. Ou seja, induz-se nos cidadãos que só é possível alcançar uma melhor qualidade do serviço se houver diminuição do peso do Estado, o que abre caminho às ideias privatizadoras. Teremos, seguramente, mais do mesmo – privatizações de serviços, entrega da gestão a interesses privados, introdução de mecanismos de contratação privada, quer de pessoas quer de bens e serviços. É o modelo da concorrência crescente dos mercados importado para a coisa pública e associado às ideias da Reforma da Administração Pública; até já se fala na gestão familiar na educação. Será dada maior ênfase aos aspectos da competitividade e da maximização dos investimentos e dos recursos, em áreas tão sensíveis de prestação de serviços aos cidadãos, como o ensino e a saúde. Tal como referimos atrás, as orientações traçadas para as reformas da Administração Pública, nas principais organizações internacionais, são sempre as mesmas – subordinação às regras do mercado, pois o privado faz sempre melhor que o público. Mas será que só poderemos ter serviços de qualidade numa situação de privatização ou de gestão privada? E quando se refere a superioridade do privado do que estaremos a falar? Das empresas americanas que têm falido em catadupa devido a gestão danosa? Ou das portuguesas que encerram, ou se mantêm só à custa de apoios públicos? Da gestão ruinosa e fraudulenta da Universidade Moderna, ou da gestão familiar do ministro Paulo Portas? Sim, do que estamos a falar quando, pelo contrário, vemos serviços de excelência a funcionar na esfera pública, com índices de gestão de grande qualidade, apesar de não serem tomadas as políticas facilitadoras, adequadas a uma melhor gestão, com mais autonomia, mais responsabilidade e uma séria avaliação? 6 As políticas relativas à Reforma da Administração Pública não têm tido em conta os diferentes contextos políticos, sociais, económicos e culturais dos diferentes países. O desajustamento dessas políticas é notório. Como refere Stiglitz (2002), as políticas devem ser concebidas para ser aplicadas no país real que temos e não num mundo virtual, sempre com o mesmo receituário. Elas devem ter a origem nas pessoas do próprio país, sensíveis às necessidades e preocupações das populações. Para enformar estas políticas, leva-se a cabo uma intensa campanha de descrédito da Administração Pública e de mentiras sobre as condições remuneratórias do pessoal da função pública, que é responsabilizado pelo mau funcionamento dos serviços. Temos, assim, os ingredientes para a eterna dicotomia entre público e privado, associada a emprego público versus contrato individual de trabalho. No entanto, os erros crassos ao mais alto nível do governo parecem passar em claro, sem que se apurem responsabilidades. É o que se passa com os cartões de contribuinte e de utente do Serviço Nacional de Saúde. Até agora, apesar de produzidos, 13 milhões de cartões não têm sido utilizados, por erro de concepção de projecto, e parecem estar destinados ao lixo com um prejuízo de milhões de euros. As transformações que já foram concretizadas, designadamente nos serviços de saúde, têm sido levadas a cabo de forma precipitada e sem ter em conta a realidade das diferentes organizações. É o que se está a passar nos hospitaisempresas, que para além da diferenciação significativa das remunerações dos seus dirigentes, vêm sido geridas casuisticamente, com regras pouco claras, o que tem conduzido a uma certa paralisação e a resultados mais que duvidosos. Ao mesmo tempo, como denunciou recentemente o Presidente da República, está-se a criar um dualismo entre uma Administração Pública, dita moderna, sem limites de financiamento com o recurso a mecanismos do mercado, e uma Administração Pública que propositadamente se mantém inalterada, com pessoal desmotivado e resignado. A orientação para uma política de sucesso A tendência, em Portugal, tem sido sempre para tornear as questões de fundo e tomar medidas supostas milagrosas, normalmente copiadas de outros países, que pretendem atacar pela raiz, destruindo todo o edifício e nada assegurando em relação ao futuro. É sempre mais fácil rasgar o existente e construir de novo. O que é difícil, e exige coragem e decisão política, é transformar, inovar com a colaboração e a participação dos que estão interessados nas alterações para prestar melhor serviços. Numa sociedade tão estratificada como a nossa, com enormes assimetrias sociais e regionais, o Estado não se pode demitir da sua função essencial em determinadas áreas, como a saúde e a educação. E sabe-se, da teoria económica, que o Estado tem de intervir nas áreas sociais em que, pelas suas regras, se verifica uma imperfeição dos mercados; e que essa intervenção pública provoca importantes externalidades nesses campos, com um benefício associado, que não é só individual mas de toda a comunidade. É por isso que é difícil conceber alguns destes sectores entregues à lógica do privado. 7 Não queremos deixar de apresentar algumas linhas fundamentais de actuação com vista à reforma da Administração Pública em Portugal: − Considerar prioritária a descentralização até ao nível mais baixo, para a concretização dos objectivos traçados; − Dar relevo ao papel insubstituível que os dirigentes têm no êxito das mudanças organizacionais, criando condições para que exerçam a sua função, com ênfase na avaliação e na responsabilização; − Estimular a motivação do pessoal no desempenho profissional e o desenvolvimento da sua autonomia para as transformações que se vão operando, com a determinação constante das necessidades de desenvolvimento; − Aplicar uma gestão participada a todos os níveis da decisão, sejam estratégicas ou de políticas de pessoal, conseguindo a identificação dos funcionários com os objectivos institucionais e funcionais; − Manter uma preocupação permanente com o ambiente de trabalho, promovendo o diálogo e a cooperação entre dirigentes, chefias e todo o pessoal; − Realizar a avaliação do desempenho na base de objectivos e de resultados obtidos, ligada com uma dignificação estimulante nas remunerações e nos complementos, acompanhada da formação profissional adequada, que incentive a auto-formação e o desenvolvimento pessoal. Sendo certo que se torna necessário produzir alterações no sistema de promoção e de avaliação do desempenho, tornando-o mais equitativo na diferença e mais estimulante para o pessoal, deverá manter-se um serviço público de carreira, que dá mais estabilidade e segurança, permitindo uma maior motivação para os desafios das organizações, pois não está ao sabor das mudanças de cor de governo. Ao mesmo tempo, tal corresponde a um contributo importante para o reforço da sociedade democrática e constitui um instrumento indispensável ao bom funcionamento do Estado. Convém acrescentar que hoje já estão consagrados princípios de gestão na Administração Pública, que estabelecem os objectivos da eficiência, da eficácia e da economia. Não é necessário privatizar nem entregar a gestão a privados, ou introduzir outros mecanismos de privatização, para se conseguir um bom funcionamento dos serviços públicos. O que é necessário é dar condições aos gestores dos serviços (que, pelos vistos, podem existir para outros, desde que privatizados) e aplicar os sistemas de avaliação em vigor (no papel), mas que são totalmente ignorados. Só depois poderíamos tirar conclusões sérias! 8 Referências bibliográficas Bolman, Lee e Terrence Deal. 1989. Modern Approaches to Understanding and Managing Organizations. São Francisco: Jossey-Bass Publishers. Drucker, Peter F., 1993. La Sociedad Poscapitalista. Barcelona: Apóstrofe. Drucker, Peter F., 1994. As Organizações Sem Fins Lucrativos. Lisboa: Difusão Cultural. Hood, Cristopher, 1991. “A Public Management for All Seasons?”, em Public Administration. Vol. 69, pp. 3-19. Jardillier, Pierre, 1984. O Factor Humano na Empresa. Porto: Rés-Editora. McGregor, Douglas,1980. O Lado Humano da Empresa. São Paulo: Martins Fontes Editora. Mintzberg, Henry, 1996. “Managing Government, Governing Management”, em Harvard Business Review. Maio-Junho de 1996, pp. 75-83. OCDE (Public Management Service), 1995. An Innnovative Administrative Reform: the Portuguese Experience. Março de 1995. Approach to OCDE, 2003. Gouvernance et Gestion Publiques. Sítio www.oecd.org. Olmeda, Alberto P., 1997. Planificación de los Recursos Humanos en el Ámbito Público. Madrid: McGraw-Hill. Olsen, P. Johan, 1991. “Modernization Programs in Perspective Institutional Analysis of Organizational Change”, em Governance. Vol. 4, nº 2. Osborne, David e Ted Gaebler, 1994. Reinventando o Governo. Brasília: Editora MH Comunicação. Pereira, Armando e Filipe Araújo, 1994. A Reforma Administrativa na Década de Oitenta: Algumas Considerações sobre a Actual Experiência. Braga: Universidade do Minho. Rocha, J. A. Oliveira, 1991. Princípios da Gestão Pública. Lisboa: Editorial Presença. Rocha, J. A. Oliveira, 1995. “Administrative Modernization and Public Management in Portugal”. Comunicação apresentada na Conferência Anual do Grupo Europeu de Administração Pública. Roterdão, Setembro de 1995. Rocha, J. A.Oliveira, 1999. Gestão de Recursos Humanos. 2ª edição. Lisboa: Editorial Presença. Stiglitz, Joseph E., 2002. Globalização – A Grande Desilusão. Lisboa: Terramar. Tobelem, Alain, 2000. Réinventer le Management dans la Perspective du Marché Global. Paris: Editions Grancher. Vroom, Victor H., 1970. Management and Motivation. Nova Iorque: Penguin Books, Ltd. 9