DIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Jair Rodrigues Garcia Junior*
O educador físico é um dos poucos profissionais que tem atuação em duas áreas, a educação e a
saúde. Isso se deve ao objeto de estudo e trabalho da Educação Física, o movimento em suas diferentes
manifestações. Isso também possibilita que o educador físico atue em diversos campos como educação da
infância à adolescência, atividades de lazer e jogos, escolinhas de esporte, treinamento desportivo,
academias, exercícios para grupos especiais de idosos, gestantes, cardiopatas, hipertensos, diabéticos e
pessoas com necessidades especiais.
Em termos de educação, o papel do educador físico está na escola, principalmente na pré-escola e
ensino fundamental, quando as atividades sistematizadas, porém simples, não muito rígidas e de caráter
essencialmente lúdico ajudam no desenvolvimento psicomotor da criança. Isto significa que as
brincadeiras que envolvem o movimento e também o raciocínio, escolha e tomada de decisões, são
fundamentais para que a criança desenvolva plenamente suas habilidades básicas de andar, correr, saltar,
arremessar, quicar uma bola, equilibrar, coordenar movimentos de tronco e membros, e também comece a
desenvolver suas capacidades de resistência, força, flexibilidade.
Obviamente é impossível dissociar o movimento do sistema nervoso, o mesmo que também é
responsável pelo pensamento, raciocínio, aprendizagem e inteligência. Dessa forma, quando executa
movimentos e desenvolve suas habilidades, está na verdade aprimorando o sistema nervoso, sua
capacidade de analisar os diversos estímulos sensoriais que recebe do ambiente e elaborar as respostas
mais adequadas, enfim está aprendendo. Na prática, também são indissociáveis as relações interpessoais e
o desenvolvimento da socialização, da afetividade por pessoas estranhas à família e da autoestima.
Já, pelo lado da saúde, há uma relação incontestável com o movimento. Vários estudos científicos
comprovam que a duração e a frequência da prática de atividades musculares um pouco mais vigorosas
do que aquelas corriqueiras dentro de nossa casa ou local de trabalho (escritório, por exemplo), têm
relação indireta com as doenças crônico-degenerativas (obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares), alguns tipos de câncer e com a eficiência do sistema imune e ocorrência de infecções.
Sobre isso, é interessante estabelecer uma relação entre dois fenômenos que não parecem de forma
alguma associáveis, inclusive por distarem cerca de 250 anos um do outro. O primeiro deles, que data do
século XVIII e deu grande impulso para o desenvolvimento da humanidade, foi a Revolução Industrial,
calcada inicialmente na mecanização e, a partir da qual começou haver intensa migração do campo para
as cidades. No século seguinte, a continuidade da revolução se deu com a exploração e utilização de
recursos energéticos e desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação. Não é difícil imaginar o
que aconteceu com a prática de movimento com as pessoas concentradas nas cidades, trabalhando em
linhas de produção, usando meios de transporte e de comunicação que não exigiam (e exigem cada vez
menos) qualquer esforço. Também não é preciso ter estudado história da medicina para imaginar que as
doenças crônico-degenerativas hoje tão comuns, eram raras antes do século XVIII, mesmo não havendo
ainda entendimento e cuidados com a alimentação. O outro fenômeno que iniciou na década de 80 do
século passado foi a prática de exercícios ao ar livre e freqüência às academias pela população em geral.
Levou dois séculos e meio para que parte da população apenas começasse a entender que aquele
movimento um pouco mais vigoroso que era rotineiro, não poderia ser deixado de lado, mesmo que tenha
que ser realizado numa hora extra a do trabalho.
Como existem maneiras corretas (posições, duração, intensidade, frequência) para execução dos
exercícios ao ar livre ou em academias, e como o movimento é indispensável para o desenvolvimento
pleno das crianças e para manutenção de um bom estado de saúde, o educador físico será cada vez mais
necessário e cada vez mais valorizado pela sociedade que está padecendo das doenças hipocinéticas (da
falta de movimento).
* Professor do Curso de Educação Física da Unoeste e autor do livro “Dieta dos 10 passos: o emagrecimento definitivo”.
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