UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE FARMÁCIA QUÍMICA MEDICINAL FARMACÊUTICA Receptores Biológicos Receptores: áreas específicas de certas proteínas e glicoproteínas que são encontradas ou embebidas nas membranas celulares ou no núcleo das células. Os primeiros receptores foram isolados na década de 1970. Ligante: agente químico endógeno ou exógeno que se liga a um receptor. Pode resultar em uma resposta biológica positiva (agonistas) ou negativa (antagonistas). Também pode impedir que o ligante endógeno normal ligue-se ao receptor (agentes bloqueadores). Estrutura e Classificação dos Receptores Os receptores são classificados de acordo com sua função em quatro das chamadas superfamílias. Todos os membros de uma superfamília terão a mesma estrutura geral e o mesmo mecanismo geral de ação. No entanto, os membros individuais de uma superfamília tendem a exibir variações na sequência de resíduos de aminoácidos em certas regiões e também nas dimensões de seus domínios extracelulares e intracelulares. Cada superfamília é subdividida em subtipos, de acordo com seu ligante endógeno. Ex: Acetilcolina (ACh): receptores colinérgicos. Noradrenalina (NA): receptores adrenérgicos. Cada subtipo pode ainda ser subdividido de acordo com o tipo de código genético responsável por suas estruturas ou de acordo com os ligantes exógenos que se ligam seletivamente ao receptor. Ex:Receptores colinérgicos: receptores nicotínicos, nAChR (o ligante exógeno nicotino liga-se somente nestes receptores); receptores muscarínicos, mAChR (o ligante exógeno muscarina liga-se somente nestes receptores). Estes ainda podem ser subdivididos em receptores individuais, de acordo com as diferenças nos genes que o expessão (Ex: m1, m2, ... m5). Superfamília do Tipo 1 Estes receptores são proteínas de membrana que possuem seu C-terminal e os Nterminal no líquido extracelular. O receptor geralmente possui de quatro a cinco subunidades que atravessam a membrana e rodeiam um poro central. Cada subunidade consiste de uma seqüência de 20 a 25 resíduos de aminoácidos sob a forma de uma αhélice. As diferentes seqüências são identificadas por uma letra grega e em alguns casos por um subscrito adequado. Os resíduos de açúcar estão ligados à cadeia N-terminal extracelular, mas estes não parecem participar da função biológica do receptor. Estão associados a canais iônicos e a resposta fisiológica à ligação do ligante ocorre me microssegundos. Ex: transmissão de impulso nervoso (canais de Na+), fluxo de Ca2+ para dentro da célula endotelial, etc. Superfamília do Tipo 2 A maioria dos receptores desta família consiste numa única cadeia polipeptídica contendo 400-500 resíduos de aminoácidos. O N-terminal encontra-se no líquido extracelular, e o C-terminal no líquido intracelular. Todos os receptores possuem um grupo de sete subunidades transmembranares que consistem de 20-25 resíduos de aminoácidos organizados em α-hélice. A ligação de um ligante ao sítio receptor resulta numa mudança conformacional na grande alça polipeptídica intracelular e na cadeia C-terminal. Estas mudanças atraem proteínas conhecida como proteínas G (grupo de proteínas dissociadas capazes de se difundir através do citoplasma). Estas contêm três subunidades polipeptídicas conhecidas como subunidades α, β e γ. Em seu estado de repouso, as proteínas G contêm o difosfato de guanina (GDP) ligado à sua subunidade α. Quando ela se liga ao seu receptor ativado, o GDP é trocado por trifosfato de guanina (GTP), e a subunidade α se dissocia da proteína G e se liga para o receptor de um canal iônico ou para o sítio ativo de uma enzima. Tipos de proteína G: Proteína Gs, que estimulam as adenilato ciclases (AC) e as fosfolipases C. Proteína Gi, que inibe as adenilato ciclases Proteína G0, que medeia a neurotransmissão no cérebro através de uma via que ainda não é plenamente conhecida. Ação das adenilato ciclases: convertem ATP em cAMP (segundo mensageiro), capazes de ativar várias proteínas quinases. Ação das fosfolipases C: catalisam a hidrólise do bisfosfato de fosfatidilinositol (PIP2), produzindo dois mensageiros secundários, o diacilglicerol (DAG) e o inositol-1,4,5trifosfato (IP3).O DAG ativa a protína quinase C, ligada à membrana. O IP3 inicia uma rápida liberação de Ca2+ das reservas intracelulares. Superfamília do Tipo 3 São receptores ligados à tirosina quinase. Possuem uma única subunidade transmembranal helicoidal. Os domínios intracelulares contêm um resíduo de tirosina quinase como parte integral de suas estruturas. Acredita-se que a ligação do ligante aos receptores do tipo 3 normalmente faça com que os receptores formem dímeros, resultado de mudanças conformacionais que deflagram a autofosforilação de vários resíduos de tirosina do domínio intracelular. Estes resíduos interagem com proteínas intracelulares contendo o domínio SH2, levando à ativação destas enzimas e a uma ampla gama de respostas biológicas. Superfamília do Tipo 4 Localizados no núcleo da célula, estes receptores são ativados por hormônios esteróides e da tireóide, pelo ácido retinóico e pela vitamina D. São proteínas grandes (400 a 1000 resíduos de aminoácidos). Apresenta duas alças conhecidas como zinc fingers (dedos de zinco), devido à complexação de quatro resíduos de cisteína com um átomo de zinco. O receptor encontra-se do lado do C-terminal, ao passo que aquele localizado no lado N-terminal controla a transcrição do gene. O DNA liga-se à proteína, levando a um aumento da atividade da RNA polimerase produção de RNA mensageiro.