A AFETIVIDADE AMPLIADA ENQUANTO META-TEORIA: BREVE ENSAIO ACERCA DO QUE NOS FAZ HUMANOS E REPERCUSSÕES PARA A PSICOLOGIA Extended Affectivity as a meta-theory: A brief essay about what make us humans and its repercussions to Psychology RENÉ SIMONATO SANT’ANA-LOOS1 [email protected] HELGA LOOS-SANT’ANA2 RESUMO Defende-se que a falta de uma definição precisa do que, substancialmente, faznos humanos traz sérios problemas à Psicologia, contribuindo para sua fragmentação e pulverização conceitual. O Sistema Teórico da Afetividade Ampliada (STAA), tomando como referência o princípio instrumental do desenvolvimento, apresenta a noção de “evolução invertida ou espelhada” do ser humano e explica nossa atual condição de “transitoriedade” e “instabilidade”. Enfatiza, ainda, o papel de uma meta-teoria no esforço de integralização dos conhecimentos. Palavras-chave: Psique Humana; Afetividade Ampliada; Meta-Teoria. Evolução; Desenvolvimento Humano; ABSTRACT The lack of a precise definition of what, essentially, makes us human beings creates serious problems for Psychology, contributing towards its fragmentation and conceptual pulverization. Stemming from the instrumental principle of development, the Theoretical System of Extended Affectivity (TSEA) presents the notion of “inverted (or mirrored) evolution” for humans and explains our current condition of “transition” and “instability”. The role of a meta-theory in the efforts of integration of knowledge is also here pointed out. Keywords: Human Psyche; Affectivity; Meta-Theory. 1 Evolution; Human Development; Extended Graduado em Filosofia (UFPR); Mestre em Educação, linha de pesquisa: Educação, Cultura e Tecnologia (UFPR); Doutor em Educação, linha de pesquisa: Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano (UFPR). E-mail: [email protected] 2 Graduada em Psicologia (UFRN); Mestre em Psicologia, área de concentração: Psicologia Cognitiva (UFPE); Doutora em Educação, área de concentração: Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação (UNICAMP). Professora do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação e da Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. E-mail: [email protected] A AFETIVIDADE AMPLIADA ENQUANTO META-TEORIA: BREVE ENSAIO ACERCA DO QUE NOS FAZ HUMANOS E REPERCUSSÕES PARA A PSICOLOGIA As dificuldades, como as montanhas, aplainam-se quando avançamos por elas. (ÉMILE ZOLA). 1 Da Dificuldade de Compreensão Integral do Conceito de Psique e do Estabelecimento da Psicologia A questão que aqui se examina é a dificuldade do estabelecimento de um consenso acerca do que nos faz humanos – nossa identidade fundamental – e, por conseguinte, da presente da desarticulação interna na Psicologia, referencialmente à teorização do seu objeto primordial, a psique. Tais dificuldades emergem, sobretudo, da igual complicação que se torna estabilizar a apreensão conceitual objetiva de tal objeto. A psique é uma manifestação que, por apresentar tanta complexidade, parece não ter fronteiras muito claras e nítidas ou de normalização que possam ser estabelecidas convictamente. O resultado disso é uma história, ligada à construção de uma lógica disciplinar, de múltiplas possibilidades teóricas. Ao que se alia o fato de que essas diversas teorizações, referentes à psicologia humana, travam uma verdadeira batalha acerca da supremacia paradigmática para a delimitação do objeto (científico) dessa ciência. A confusão e a disputa são tantas que algumas linhas teóricas chegam a por em dúvida que o objeto da Psicologia deva ainda se denominar psique. Isso ocorre principalmente por se buscar fugir de certa tradição “subjetivista” ligada a essa palavra, desde a Antiguidade (ARISTÓTELES, 2006a). Etimologicamente significando „sopro‟ – em referência à ideia de alma, espírito ou mesmo mente, como algo inapreensível fisicamente –, a psique, entremeios, tem sido “substituída” por enviesamentos ligados à dita objetividade científica: à percepção conceitual observável e determinável empiricamente. Neste sentido, podemos encontrar vieses científicos na Psicologia ligados a termos ou concepções como: Energia primitiva: princípio ligado à pulsão enquanto meta de supressão de um estado de tensão ou excitação corpórea em um processo dinâmico e retroalimentador; Mente: base de pesquisas direcionadas, sobretudo, para o sentido de „faculdade intelectiva‟, ou seja, da mente enquanto conjunto de manifestações intelectuais ou pensamento; Cérebro: obliquidade derivada às questões orgânicas, amparando-se, sobretudo, nas neurociências; Comportamento: inclinação que busca compreender basicamente como se condicionam os princípios da funcionalidade humana; Cognição ou cognitivismo: viés com inclinação principal para o sentido do raciocínio (lógico-matemático) como base da tentativa de explicação dos fenômenos intelectivos; Humanismo: corrente ligada à ideia da busca da compreensão do homem enquanto agente singular e especial da natureza, como ser de transformação da realidade natural e social por meio de seu livre-arbítrio; Materialismo sócio-histórico: ligado à ideia de que o homem é formado (ou se realiza) quase que exclusivamente pela busca da existência/sobrevivência em sociedade e que isso se dá historicamente; Emoções e sentimentos: visão que busca sustentar que o ser humano é necessariamente movido por emoções, sentimentos e paixões, e que seu entendimento permite compreender, igualmente, os indivíduos; Desenvolvimento: ponto de vista que defende o princípio da mente humana como um devir de contínua adaptação e evolução, sempre em busca da homeostasia. Desse modo, temos uma pulverização de perspectivas acerca da condição humana enquanto ser psicológico. Mas não é só isso. Não bastando um rol de enviesamentos que parecem não se esforçar devidamente em se integralizar na definição do objeto da Psicologia, ainda se observa outra divisão, que tem um alcance ainda mais amplo dentro da ciência como um todo: o dualismo, que tem por consequência a dicotomia da realidade entre materialismo e idealismo, o que também abarca a dicotomia entre funcionalismo e estruturalismo. Assim, além das obliquidades conceituais do objeto de estudo, há uma divisão doutrinária entre os que desejam estudar o fenômeno psicológico. No que se configura, de um lado, um caminho que permeia a subjetividade – por parecer ser esta a manifestação mais comum da psique –, o que leva, na maior parte das vezes, a desconsiderar o mundo concreto e funcional. E, por outro, um enviesamento que busca se fundar exclusivamente na objetividade material, ignorando o caráter metafísico do funcionamento psicológico, que lhe subjaz e lhe dá sentido. Evidentemente, cada um dos termos ou concepções citadas anteriormente já é, digamos, essencialmente, mais ligados ou ao idealismo ou ao materialismo. Contudo o problema se alastra quando há derivações para o seu sentido aparentemente antagônico sem o máximo de cuidado em se estabelecer o alicerce de conexão entre tais elementos dicotômicos; por exemplo, um “materialismo sócio-histórico subjetivista” – como poderiam ser consideradas algumas tendências teóricas baseadas no Pensamento Complexo de Morin (2003, 2005, 2010); ou um “desenvolvimentismo materialista” – que parece ser um dos alicerces da Psicologia Social e, também, vem se demonstrando enquanto fundamento para a Educação Integral (LOOS-SANT‟ANA, SANT‟ANA-LOOS, no prelo) –, entre outras possibilidades. Isso tudo nos leva a um quadro bastante caótico no discernimento da ciência psicológica. Talvez seja por esse motivo que venha emergindo uma tendência de certa negação teórica nos trabalhos de pesquisa que se vinculam à Psicologia. Nestes estudos, a regra básica é “discernir” empiricamente algum fenômeno psicológico atrelado à vida social; como, por exemplo, o bullying na escola ou as questões de gênero. Frequentemente, em tais casos, observa-se pouco ou nenhum aprofundamento teórico originado na ciência psicológica como guia das análises dos dados, ficando apenas certo enquadramento dos dados no rol das perspectivas de cunho social, ou seja, em uma análise predominantemente funcional, sem apreensão estrutural (teórica) dos fenômenos psicológicos. Assim, segundo tal postura, os dados “dizem por si mesmos” o que devem significar. E “indicam”, por via do sentido funcional da realidade (por exemplo, do desenvolvimento histórico-cultural ou das lutas de classe, etc.) como devem ser analisados. Desse modo, igualmente, os dados “demonstram” os caminhos a serem seguidos dos e para os mesmos em relação a algum tipo de uso prático (intervenção) a partir do nicho (ou tipo de nicho) onde a pesquisa foi conflagrada. Decerto que esse modo de investigação tem seus méritos. Todavia, é possível localizar alguns indícios de incompletude científica. Isto é, dificilmente a analiticidade dos dados irá proceder ao diálogo científico, em um sentido mais amplo. Pois, se se prescindir de um referencial teórico intimamente ligado ao objeto de estudo, logo sem um adequado aprofundamento na discussão científica, o tema pode não ser adequadamente localizado e explorado, a despeito do cuidado – por vezes exagerado – em se delimitar o recorte de pesquisa; já que tal trabalho de demarcação precisa ser feito na sintonia estrutural (teoricamente) e funcionalmente (na realidade). Tudo isso porque a ciência, acima de qualquer coisa, faz-se por meio do diálogo científico, da “lapidação” argumentativa: o ajuizamento da universalidade conceitual que deve emergir de toda cientificidade (ARISTÓTELES, 2006b; KUHN, 2011; POPPER, 1975). Por isso, podemos dizer que tal postura “a-teórica” é mais um dos enviesamentos que dificultam o estabelecimento da Psicologia enquanto uma ciência unificada e bem constituída (VYGOTSKI, 1991; SANT‟ANA-LOOS, 2013). 2 A Afetividade Ampliada3 da Realidade da Identidade Humana Assim, a propósito da dificuldade da articulação interna na Psicologia, apresentamos (e defendemos) o resultado dos nossos esforços para contribuir no avanço rumo, quem sabe, à unificação dos vieses teóricos desta disciplina. Trata-se da demarcação da Afetividade Ampliada enquanto uma meta-teoria psicológica. Nesta ocasião, contudo, não iremos nem definir especificamente a concepção teórica mais abrangente da Afetividade Ampliada nem mesmo o sentido íntimo (epistemológico) do conceito de meta-teoria, pois já os fizemos em outros momentos4. Sobretudo, buscaremos denotar tanto a importância da unificação das tendências teóricas em Psicologia quanto a função de uma meta-teoria para esse propósito, além de como localizar o possível papel da Afetividade Ampliada nesse processo. 3 Nome reduzido do Sistema Teórico da Afetividade Ampliada, aporte teorizado pelos próprios autores deste artigo; vide outras obras das Referências. 4 Ver os outros artigos deste Número Temático da Revista PsicoDom, sobretudo o Sistema Teórico da Afetividade Ampliada: breve síntese epistemológica. Também recomendamos aos interessados nossas obras acerca da Afetividade Ampliada. São cinco livros, que ainda estão no prelo; mas o primeiro deles, Introdução ao Sistema Teórico da Afetividade Ampliada, está sendo lançado pela Editora Juruá. Para tanto, construímos nosso argumento no presente trabalho por meio de três noções fundamentais. A primeira noção que perfaz nossa tese diz respeito ao diálogo científico, e de como ele, às vezes, mutila a compreensão de fenômenos mais ou menos óbvios, como a nossa própria identidade humana. Buscando superar tal “truncamento”, explanaremos acerca da base de plasticidade que configura a identidade humana. A segunda delas ensaia o motivo que instiga a fragmentação e o dualismo nas concepções teóricas psicológicas, a partir da apresentação da tese de que o ser humano ainda não alcançou estabilidade evolutiva no que o faz característico, em sua psique. Há, então, a perspectiva de um momento de transitoriedade, logo de instabilidade; localizado, sobretudo, na disjunção do conceito de escala na relação entre a evolução humana e a da natureza de modo geral. Com isso, esperamos que sejam compreendidas as implicações da necessidade de circunspecção de uma meta-teoria, como defendemos ser o caminho do entendimento da psique, por excelência. Por fim, a terceira noção é a síntese do papel de uma meta-teoria psicológica, com o que evidenciaremos algumas perspectivas que julgamos fundamentais para, enfim, podermos avançar rumo a uma concepção mais bem definida do objeto da Psicologia, a psique. Evidentemente, essa é uma empreita e tanto, uma “longa jornada noite adentro” (O‟NEIL, 1980); por isso, com toda a certeza, não daremos conta, neste breve manuscrito, de todos os matizes do problema que estamos perscrutando. Porém, conforme a inspiração da epígrafe inicial, cada passo dado adentrando-se na dificuldade poderá nos levar ao desembaraço da problemática; nesse caso, da psique, ou seja, de nós mesmos. 2.1 A plasticidade da identidade humana O que nos faz humanos? Evolutivamente, conforme pesquisas recentes e de ponta, estão “as pistas na linguagem” (POLLARD, 2013, p. 32), característica desenvolvida nos humanos de forma singular. Isto é, conforme nossos parâmetros de observação da realidade, tende a ser considerada superior, ou mais bem elaborada pela seleção natural. De forma complementar, também podemos dizer que o que nos caracteriza é a abstração, o pensamento: uma espécie de “outra face da mesma moeda” em relação à linguagem (DEVLIN, 2004, 2009; VYGOTSKY, 1984, 1993; LOOS-SANT‟ANA, SANT‟ANA-LOOS, no prelo; SANT‟ANA-LOOS, LOOS-SANT‟ANA, no prelo). Mas o que vem a ser essa conjecturada distinção evolutiva humana em comparação às outras espécies? Será, de fato, possível se fazer uma dicotomização pontual entre nós, humanos, e o “restante” da natureza, como toda a tradição do conhecimento, tanto religiosa quanto científica, sempre fez? Em certa perspectiva podemos dizer que sim, e a consideração de que podemos sentir-nos “especiais”5 pode ser feita a partir da análise de como, a partir do que somos, fazemos as coisas na “arte de sobreviver” em comparação às ações existenciais das outras espécies: Afinal, os animais, de forma geral, não têm dificuldades em se lançarem ao que estão determinados a serem: animais, dentro de suas especificidades. Por exemplo, um pássaro tem a particularidade de ser pássaro e nasce relativamente pronto para isso, pois sabe que deve voar, alimentar-se de determinados alimentos, procriar, etc. E, ampliando o exemplo, os joões-de-barro fabricam seu ninho sempre da mesma maneira, com a mesma técnica, em qualquer lugar que sejam avistados, em qualquer lugar do planeta... Ou seja, não têm dificuldades em reproduzir seu sentido de ser, no caso, pássaro. Já o homem, desde que nasce está “perdido”. Precisa de toda sorte de recursos para se localizar a ser, em seu caso, humano. Necessita de afetividade, do amor dos pais, da família, da alteridade de sua espécie; da razão, para dominar a loucura que sempre se aproxima quando são inúmeras as possibilidades de ser; de educação, de uma condução cognitiva para aprender a analisar a realidade, tão diversificada, segundo a percepção humana. (SANT‟ANA, LOOS, CEBULSKI, 2010, p. 111). Mas o que isso significa, exatamente? O que especificamente fomenta essa aparente distinção da postura existencial entre o humano e as outras espécies? Entremeios, haveria alguma percepção que nos está escapando sobre nós mesmos, no traço evolutivo que nos caracteriza, e que poderia estar fomentando toda a já mencionada espoliação da compreensão integral da psique humana? Evocamos tais questões porque, se há algo realmente distinto – evolutivamente falando, logo também na constituição identitária – entre a espécie humana e as demais, então há algo de minimamente “estranho” na abordagem que temos dado à busca do entendimento do que nos faz humanos. Comumente, de acordo com a ciência moderna, não há razão para se analisar o ser humano por regras díspares das que usaríamos para estudar outros fenômenos da natureza: biológica, química e fisicamente. Não há, 5 Isso não significa que concordemos com a postura humana que nos faz apartarmo-nos da natureza e querer “dominá-la”, como temos feito já há muito tempo. supostamente, outro mundo, seja ele concreto, metafísico ou espiritual, onde as regras variem: o método moderno assume “não existir mais nem menos senão entre os acidentes, e não entre as formas ou naturezas [das coisas dentro de uma mesma escala de realidade]” (DESCARTES, 1999, p. 36). As diferenças advêm tão somente de um movimento existencial relativo (nichos, hábitos adaptativos e contextos existenciais particulares de cada grupo) e, por conseguinte, as leis da natureza não devem descrever dois casos de maneira diversa. É claro que alguns autores expressam a existência de um traço claramente distinto que só o homem teria; como é o caso, por exemplo, de Cassirer (1999) e seu conceito de “homem enquanto animal simbólico”. Mas, ao que nos parece, ninguém consegue apresentar um motivo adequado de somente o homem apresentar essa derivação evolutiva. Em outras palavras, já discernimos bastante sobre o que somos, mas não do como nos tornamos o que somos. Em decorrência disso surgem perguntas como: Que leis naturais específicas promoveram esse nosso principal traço, relativo à linguagem e ao pensamento? Se são exatamente as mesmas regras evolutivas que todos os outros seres utilizam, por que outras espécies não desenvolveram tais capacidades de uma forma minimamente próxima a nós? O que é e de onde vem essa perspectiva evolutiva que, aparentemente, nenhum outro ser apresenta? Definitivamente, se não desenvolvermos um método apropriado para averiguar a questão não conseguiremos determinar o que realmente está envolvido no tipo de transposição evolutiva que obtivemos na derivação em relação às outras espécies. O problema é que se não entendermos isso, igualmente não compreenderemos o que, de fato, dá forma ao que somos. Logo, ao não nos determinarmos precisamente, não saberemos lidar adequadamente conosco mesmos. E, não nos esqueçamos, precisamos desse recurso de autoconhecimento, pois desenvolvemos os indivíduos de nossa espécie por meio de princípios que nos autoimputamos: a partir da educação e da cultura, os quais deveriam ser fundamentados no reconhecimento do que deve ser o melhor para nós em consonância à nossa constituição. Entretanto, parece haver um silêncio “calculado” dentro das ciências que tentam compreender o princípio de nossa humanidade. Para ilustrar, façamos um paralelo com um episódio mais ou menos conhecido dentro da história da ciência: Na época de Einstein, todo mundo – ou pelo menos todos os físicos – sabia que havia algo de esquisito nisso [uma exceção clamorosa ao princípio segundo o qual as leis da física deviam ser sempre as mesmas para qualquer estado de movimento uniforme, referencialmente às leis da eletricidade e do magnetismo, ou eletrodinâmica]. Se o movimento relativo era tudo o que importava, por que deveriam as leis físicas descrever os dois casos de maneira diferente? Todo mundo sabia disso, mas ninguém comentava; a contradição era convenientemente ignorada. Como Ronald W. Clark, um biógrafo de Einstein, expressou, levantar questões sobre essa dificuldade “era cuspir num lugar sagrado”. Mas Einstein nunca foi de aceitar cegamente a autoridade, e levantou questões incômodas. Enquanto ainda era adolescente, percebeu que havia dalgo de paradoxal com a teoria eletromagnética aceita. Estava bem estabelecido que as ondas luminosas eram compostas de campos elétricos e magnéticos rapidamente oscilantes. Mas e se alguém seguisse uma onda luminosa com a velocidade da luz: nesse caso, os campos iriam parecer imóveis, tal como uma onda no mar pareceria imóvel a alguém que voasse sobre ela com velocidade igual à do seu deslocamento. Na ausência de cargas elétricas e de imãs, porém, não existem campos magnéticos imóveis na natureza. Assim, se o deslocamento com a velocidade da luz fosse possível, ver-se-ia algo claramente impossível. (MORRIS, 1998, p. 132-133). Tal qual Einstein na Física, queremos apontar que nas Ciências Humanas existe algo de paradoxal nas teorizações acerca do que nos faz humanos – sobretudo, no que concerne à compreensão da psique. Claro que, funcionalmente, o que nos faz humanos é algum “hardcore” sobre o qual orbitam (e laboram) a linguagem, a abstração, o pensamento, nossos recursos simbólicos e afins6. Mas, estruturalmente, isso não pode ser explicado ao se aplicar as mesmas regras constituintes e evolutivas das outras espécies. Senão, alguma outra espécie, em algum dado momento, também apresentaria algo de tais traços intelectivos. E, até onde sabemos, isso não ocorre (DEVLIN, 2004). Talvez coincidentemente, assim como na teoria da relatividade de Einstein, a solução para a questão que anunciamos – acerca do que, evolutivamente, nos distingue das outras espécies e promulga nossa identidade humana – gira em torno das noções de Escala e Perspectiva. Estes conceitos, basicamente, podem ser a chave para a compreensão de alguns fenômenos complicados, entre eles, a psique humana. No sentido da Escala, ao observarmos as outras espécies em relação a nós, poderemos nos deter no “tamanho de seus mundos”. Por conseguinte, 6 Apesar de, mesmo no nível funcional, ainda não compreendermos exatamente como (ou por que) isso evolui, estabeleceu-se e, por conseguinte, o alcance de tais atributos. verificamos que as interveniências que os mesmos apresentam são bem menores, comparativamente a nós. Por esse motivo podem estabelecer (ou a natureza o faz para elas, por meio da evolução) uma condição existencial igualmente menor, digamos, mais “singela” no sentido da algoritmização do que as perfaz. Conforme Devlin (2009), as outras espécies, de modo geral, apresentam uma espécie de “matemática natural”7, a qual as capacita a resolverem de forma rápida, eficiente e espontânea suas questões de sobrevivência pontuais aos seus nichos existenciais. De outro modo, podemos dizer que as outras espécies são constituídas, cada uma ao seu jeito, por ferramentas (algoritmos) eficazes de subsistência. Isso porque possuem técnicas até certo ponto bem aperfeiçoadas evolutivamente; contudo, são “ferramentas” pouco resilientes, pois estão fixadas na própria substancialidade (corporeidade) de quem as apresenta. Assim os outros seres, de forma geral, “coincidem” tais ferramentas – ou “matematização natural”, ou instrumentalização pré-estabelecida, ou mesmo seu algoritmo de ação – com suas próprias identidades: ou seja, são o que são já nessas ferramentas. Por isso, a individuação ou determinação de uma dada espécie – menos na humana, conforme o que aqui pretendemos defender – em boa medida se dá por meio da evolução de um algoritmo “interno” de sobrevivência. Ou seja, a identidade das outras espécies se dá conforme a instrumentalização evolutivamente constituída se embute nelas, incluindo-se nisso a conformação corpórea. Já no ser humano ocorre algo como o inverso: sua identidade se perfaz “externamente”, conforme as necessidades do ambiente natural e da 7 Aqui é importante denotar que, fundamentalmente, a matemática deve ser vista como um “instrumento” processual que “[...] trata de padrões. E é de padrões que a vida é feita. [...] Quando você ultrapassa os símbolos, a matemática, a ciência dos padrões, transforma-se em um modo de ver o mundo, tanto o mundo físico, biológico e sociológico em que habitamos quanto o mundo interno de nossas mentes e pensamentos.” (DEVLIN, 2009, p. 36-38). Ou seja, a matemática é o instrumento básico de depuração de conceitos, já que refina nossa percepção acerca das relações de proporções e a constituição, a partir disso, dos padrões. Por conseguinte, a matemática está intimamente ligada à manipulação mais aprimorada e eficiente da linguagem e do pensamento; isto é, da possibilidade de administração e execução eficiente das ações existenciais. Não nos esquecendo, neste caso, que o sentido de exatidão na matemática é muito mais amplo do que comumente aprendemos em nossa rasa formação na Educação Básica. Se ampliarmos seu sentido, logo suas regras, localizaremos a exatidão não especificamente nos números, mas na realidade acontecendo... e a realidade entrelaça as coisas umas nas outras, logo os conceitos que normalizam a ideia de número são muito mais dinâmicos, transmutando a todo instante. complexidade com que erigimos o conceito de sociedade. Essencialmente, desta feita, somos usuários de uma “matemática abstrata”, diferentemente dos outros seres, que praticam uma “matemática natural” (DEVLIN, 2009, p. 243). Com isso, e por conta de nossa escala de mundo ser bem maior (extrapolando até nosso próprio planeta), para a qual precisamos constantemente encontrar soluções adaptativas, temos a capacidade criativa de construir algoritmos “externos” à nossa constituição concreta, física, corpórea. Dito de outra forma, podemos nos considerar seres de intermediação instrumental (VYGOTSKY, 1984; 1993). Logo, nossa identidade pode ser definida a partir da cultura instrumental por meio da qual damos conta de nossa adaptabilidade existencial – que, socialmente falando, pode se dar de forma artística, política, religiosa, moral, científica e, não esqueçamos, do senso comum. Portanto, evolutivamente, podemos dizer que funcionamos por regras de adaptação “invertida” ou “espelhada”. Isto é, enquanto as outras espécies “esperam” a entropia8 da realidade – as múltiplas possibilidades que se apresentam sistemicamente resultam em uma medida da variação ou desordem do sistema em que estão inseridos – provocar atratores de construção de uma espécie de ergodicidade9 restrita e pontual ao nicho no qual se desenvolvem (um algoritmo particular que lhes permite solucionar a existência), a espécie humana “assume a dianteira”, invertendo o jogo da adaptação ao meio ambiente. Daí, por meio da observação da realidade (ciência e consciência), os humanos discernem as possibilidades (entrópicas) do meio e se mobilizam, essencialmente em grupo, para constituir instrumentos (externos, não já embutidos em seu corpo como nos outros seres) que intermediam a superação dos problemas ou desorganizações, em relação a si, oriundas do meio (entropia). Por isso, desejamos propor que o que temos, no caso humano, tomandose como referência tal princípio instrumental, é uma espécie de “evolução invertida ou espelhada”. Assim, caracterizaríamos uma regra evolutiva para o 8 Para melhor compreensão deste conceito em relação à Afetividade Ampliada, sugerimos a leitura de nosso artigo Educação Integral...? Cuidado com a Entropia...! Reflexões em Afetividade Ampliada sobre a Educação Integral (vide Referências). 9 A capacidade, dentro de certa escala, de se verificar sistemas dinâmicos de medidas invariantes. Adaptando tal noção ao nosso caso, evolutivo, podemos dizer que é a capacidade da seleção natural de conformar sistemas (espécies e suas características, por exemplo) com funcionamento invariante, ou seja, com um algoritmo processual próprio e determinado. homem também no âmbito da Perspectiva. Isto é, o ser humano evolui em uma perspectiva “invertida” à das outras espécies. “Despe-se” de instrumentos substancialmente embutidos em si. Sua identidade está, funcionalmente, fora de si. Está nas diversas culturas, adaptadas ao bem viver, construídas com seus pares. Ou seja, uma parte da identidade humana está no resultado diligente do exercício da linguagem e do pensamento, nas abstrações e refinamentos matemáticos que nos habilitam a criar instrumentos que perfazem nossas ações existenciais. A outra parte de nossa identidade é a própria linguagem, mas agora em seu sentido pleno, conforme já buscamos explicar em outro momento10. Deste modo, nossa identidade não advém de um produto estrutural “pronto”, como o que as outras espécies apresentam; ela é um processo de plasticidade funcional que se estrutura gradualmente pela linguagem e pelo pensamento. Assim, poder-se-ia dizer que somos “seres de linguagem e pensamento” e seus consequentes produtos – em consonância com a realidade, do modo homeostático. E isso significa que não temos identidade, no sentido comum do termo: a identidade do ser humano é a não existência de uma identidade fixa. Nossa identidade “caminha”, é “aventureira”; conforme a linguagem e o pensamento percorrem todas as possibilidades (adaptativas) da infinidade que é o universo. Como diz certa canção: “Somos o que podemos ser; sonhos que podemos ter”11. Acrescenta-se, ainda, que a consciência de uma instrumentalização “espelhada” nos leva a uma compreensão evolutiva diferente, a saber, a da necessidade de cuidado externo tão importante quanto o de nossa interioridade. No fundo, isso não deveria surpreender. Afinal, na natureza, habitualmente, quando uma reação ou processo é possível, a reação ou processo inverso é sempre igualmente possível e comumente ocorre (MORRIS, 1998, p. 152). Havíamos discernido uma possibilidade (a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin), então, deveríamos atentar à existência de seu processo contrário, pois, em algum momento, ele se manifestaria. E olhem a “surpresa”: tal inversão, que permite tanta plasticidade 10 Ver, para maior compreensão, outro artigo desse número especial da PsicoDom: Célula Psíquica: a face estrutural da unidade básica da psique e da Afetividade Ampliada. 11 “Somos Quem Podemos Ser”, do grupo de rock nacional dos anos 1980, Engenheiros do Hawaii. existencial, está “debaixo de nossos narizes”, em nós mesmos. E o infinito – das possibilidades de ser e das variadas formas de satisfação existencial – pode estar ao nosso alcance... 2.2 A transitoriedade/instabilidade da identidade humana Todavia, há certas complicações evolutivas que precisamos superar, se quisermos que tal salto evolutivo não involua ou decaia, por conta da complexidade que a espécie assim dotada venha a se deparar. De modo geral, os problemas humanos giram em torno das noções de transitoriedade e instabilidade, que dizem respeito ao fato de que o salto evolutivo que nos deu tal plasticidade adaptativa é muito recente: “teve lugar durante os últimos 200.000 anos, talvez há apenas 75.000 anos.” (DEVLIN, 2004, p. 211). E, comumente, a evolução estabiliza os avanços evolutivos em uma escala bem maior, em questão de milhões de anos. Isso significa que é bem possível que estejamos passando por uma fase de transição evolutiva, ainda não completamente estabilizada. Em outras palavras, a espécie humana começou seu processo evolutivo como as outras, mas, em certa altura, deu um passo diferenciado – de “instrumentalização invertida ou espelhada” – que, muito provavelmente, ainda é instável, ou seja, variando entre o que era e o que está para ser. Como um adolescente – que transita ora pelo caminho de onde veio, a infância, ora para onde se encaminha, a vida adulta –, o ser humano, por vezes, ainda se vê apenas como uma identidade fixa em si mesmo e, em outros momentos, toma consciência de que sua identidade é transcendente a si, dependente do outro e imanando-se nos instrumentos e culturas que cria. Isso gera conflitos, crises e grande gasto de energia para o desenvolvimento (filogenético e ontogenético) se efetivar. Então, em vez de nos considerarmos uma espécie condenada à “danação”, como em mitos como os de Sísifo, Prometeu e da Caixa de Pandora, ou mesmo de Adão e Eva, entre outros que comumente aparecem em manifestações religiosas, podemos nos ver como seres que se encontram em transição, logo instáveis. Isso nos empurra à contradição e ao paradoxismo, à incompatibilidade entre as várias formas da manifestação de ser que frequentemente manifestamos. Entretanto, uma vez superada tal fase de transição e instabilidade, poderemos ansiar a homeostase (o equilíbrio, a estabilidade, a harmonia, a felicidade, ou como se quiser denominar o bem viver): o devir de todos e de todas as coisas, de todos os fenômenos, de todos os sistemas. Mas como alcançar tal estágio evolucionário? Temos algum controle sobre isso? 2.3 O papel de uma meta-teoria, conforme a Afetividade Ampliada De acordo com a Afetividade Ampliada diríamos que temos, sim, certo grau de influência sobre nosso próprio desenvolvimento evolutivo, por conta de podermos, em boa medida, criar nossa própria realidade – e isso é uma ação meta. Para tanto, precisamos buscar estabilizar aquilo que constrói tal realidade, ou seja, nossa psique. Aqui, novamente, entram em questão os sentidos de Escala e Perspectiva que havíamos anunciado. No sentido da Escala, o que deve ser levado em consideração é que temos de lidar, ao mesmo tempo, com diversas dimensões. Por exemplo, ainda somos, de um lado, animais como as outras espécies, então há algo de identidade fixa em nós. Por outro, somos construtores de uma considerável parte de nossa identidade e, nesse caso, ela é uma espécie de identidade com “suspensão ativa”, que varia conforme o caminho que trilhamos e percorremos. Não podemos usar somente a escala por meio da qual as outras espécies evoluíram. Temos, concomitantemente, de perscrutar uma escala própria, que é resiliente e, por isso, a cada momento em que se “distende”, isto é, amplia-se nas possibilidades entrópicas da realidade, adquire uma nova possibilidade fatorial, escalar. Portanto, precisamos desenvolver uma visão meta dos variados aspectos em questão, para podermos, conforme seres de linguagem e abstração que somos, concluir como os claros e distintos dados da realidade – os que podem ser perscrutados de um modo monista, que vê a realidade como um todo e regido por um mesmo sentido – funcionam e podem ser estruturados (homeostaticamente) para o nosso bem viver. Evidentemente, isso pode se tornar bastante complexo. Mas, se pensarmos melhor, temos a opção de construir um “instrumento que instrumentaliza os instrumentos” (!). Ou seja, podemos perscrutar um “metainstrumento” de discernimento e fomentação da estabilidade homeostática da diversidade escalar ou dimensional. De outro modo, é preciso perquirir um dado nível para nossa identidade primária, o pensamento e a linguagem, que “supervisione” todas as nossas criações de intermediação com a realidade: os instrumentos, a ciência, o conhecimento. Matematicamente, tal necessidade já foi intuída por Gödel, por meio de sua Hipótese do Contínuo, inspirada nos teoremas acerca da incompletude que todos os sistemas, logo todas as escalas e dimensões, apresentam (GÖDEL, 2012; NAGEL, NEWMAN, 2007). Neste caso, o tal “meta-instrumento” pode ser pensado como a ideia de uma “meta-matemática” (baseada em uma “meta-abstração”), a única maneira de resolver a possível inconsistência que cada sistema apresenta (pois ele sempre se apresenta como incompleto), logo necessitando, para fazer sentido integral, completar-se com o que está para além de si mesmo. Já no âmbito da Perspectiva, é preciso avançar no entendimento do que vem a ser um sistema evolutivo de instrumentalização, logo identidade, “invertido ou espelhado”. Ou seja, no limite da fatoração das escalas ao nível de determinação comum, faz-se necessário compreender as implicações de como se afeta uma perspectiva na outra, e vice-versa. De outro modo, é preciso discernir como as perspectivas da evolução das coisas, de seus funcionamentos aparentemente antagônicos, completam-se umas às outras. Enfim, faz-se necessário obter entendimento do nível de interdependência que há entre elas, entre a perspectiva comum de evolução instrumental e identitária das espécies e a “invertida ou espelhada”, que pode ser o parâmetro humano de desenvolvimento e evolução. No sentido da linguagem, são as perspectivas sintáxicas e semânticas; no do pensamento, são as perspectivas iterativas (analíticas) e recursivas (formadoras de sínteses, de algo que faz sentido). De modo geral, diríamos que o aparato de conhecimento que converge todas essas noções em um “meta-instrumento” de entendimento integral da realidade, incluindo a nós mesmo, é o monismo. Tal concepção defende a ideia de que a realidade é constituída por um princípio único, um fundamento elementar, sendo os múltiplos seres e seus modos redutíveis, em última instância, a essa unidade. Deste modo, se houver tal princípio fundamental e o mesmo for localizado e discernido, ele poderá servir como base de fatoração das escalas da realidade, assim como de integralização de suas perspectivas. Isso porque uma unidade elementar dessa ordem faria tudo se estabilizar em uma “única ciência”, em uma única linha de ajuizamento das infinitas possibilidades de manifestação da realidade, em uma homeostase de funcionamento psíquico em relação à administração existencial. A construção de tal aparato intelectual é o que se pode chamar de meta-teoria, já que esta tem como função fazer de modo “externo”, em meta-abstração, aquém e além da realidade em movimento, um apanhado geral e em denominador comum do que tudo significa e como perfaz sentido. CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfim, encaixar-se em tal projeto de construção de um aparato intelectual que busque unificar, estabilizar e coordenar as várias escalas e perspectivas da realidade é o propósito do Sistema Teórico da Afetividade Ampliada enquanto meta-teoria. Para tanto, esforçamo-nos em, minimamente, demonstrar neste artigo a importância de certo tipo de revisão em como observamos a ciência de uma forma geral e a própria ciência que investiga (ou deveria investigar) a “lógica da alma” de nossa identidade, a psique. Esperamos ter argumentado convincentemente que a Afetividade Ampliada e as premissas que apresenta não querem, de forma alguma, desfazer o que historicamente tem sido construído pela Psicologia, a Teoria da Evolução ou qualquer outro aspecto da ciência. Contudo, igualmente, desejamos ter apresentado um raciocínio suficientemente coerente e instigador acerca da necessidade e da possibilidade de integralizar diversos dados e conhecimentos sobre a realidade, e avançar neles. Isso a despeito das dificuldades e da complexidade do que está em questão, principalmente quando nos referimos ao autoconhecimento humano, sempre tão recheado de controvérsias. REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. De anima. São Paulo: Editora 34, 2006a. ARISTÓTELES. Metafísica. Bauru: Edipro, 2006b. CASSIRER, E. Ensaio sobre o homem. São Paulo: Martins Fontes, 1999. DESCARTES, R. Discurso do método. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1999. DEVLIN, K. O gene da matemática. Rio de Janeiro: Record, 2004. DEVLIN, K. 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