Edição número 2070 quarta-feira, 27 de junho de 2012 Fechamento: 08h50 Veículos Pesquisados: Clipping CUT é um trabalho diário de captação de notícias realizado pela equipe da Secretaria Nacional de Comunicação da CUT. Críticas e sugestões com Leonardo Severo ([email protected]) Isaías Dalle ([email protected]) Paula Brandão ([email protected]) Luiz Carvalho ([email protected]) William Pedreira ([email protected]) Secretária de Comunicação: Rosane Bertotti ([email protected]) Estadão.com __________________________________________________________________ Haddad aceita como vice ex-secretária de Esportes de Marta PT programou para hoje anúncio do nome de Nádia Campeão, que preside o PC do B de SP, para compor a chapa Fernando Gallo (Política) O PT vai anunciar hoje o nome da presidente estadual do PC do B, Nádia Campeão, como vice na chapa de Fernando Haddad. O partido fará a apresentação à tarde, em evento no diretório municipal. O pré-candidato aguardava ontem à noite apenas a bênção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sacramentar a dobradinha. Durante a tarde, os petistas convenceram o PSB municipal, que era o último foco de resistência ao nome de Nádia, a apoiar a indicação. O presidente do partido, Eliseu Gabriel, ainda se reúne hoje com Haddad para discutir uma colaboração petista na organização da campanha do PSB e a participação em um eventual futuro governo. Nádia Campeão foi secretária municipal de Esporte durante a gestão Marta Suplicy (2001-2004) e candidata a vice de Aloizio Mercadante ao governo do Estado em 2006. Fazia parte de uma lista de três nomes que o PC do B ofereceu ao PT para compor a vice - além dela, a deputada estadual Leci Brandão e o vereador Jamil Murad. A presidente estadual do partido tem o perfil discreto que os petistas desejavam para o posto, depois da ruidosa saída da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que deixou a vice de Haddad três dias depois de aceitar a indicação por discordar da aliança com o PP, do deputado Paulo Maluf. A campanha avaliava, desde a desistência de Erundina, que mais do que encontrar um vice que pudesse agregar votos, Haddad precisava de alguém que não causasse problemas nem quisesse aparecer mais do que o pré-candidato. O próprio exministro manifestou essa mesma preocupação a interlocutores. Segundo fontes petistas, Nádia reafirmou ao PC do B, anteontem, a disposição de entrar na chapa de Haddad, depois que o vereador Netinho de Paula (PC do B) desistiu de disputar a vaga de prefeito para apoiar o PT. Coordenação. Pelo apoio aos petistas, o PC do B terá à disposição o palanque de Haddad para discursos de Netinho, que encabeça a lista de puxadores de voto que tentarão uma vaga na Câmara Municipal. Além disso, o partido passa a dispor de um lugar na coordenação da campanha de Haddad. O posto deverá ser ocupado pelo ex-ministro do Esporte Orlando Silva, que será candidato a vereador. __________________________________________________________________ PT bloqueia votação para flexibilizar 'Voz do Brasil' Denise Madueño (Política) O PT bloqueou a votação do projeto que flexibiliza o horário de veiculação da "Voz do Brasil" nesta semana. O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), foi contra a inclusão da proposta na pauta de votações elaborada em reunião de líderes partidários com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). O líder argumentou que a flexibilização é uma tentativa de acabar com o programa. Ele argumentou, na reunião, que a Voz do Brasil faz parte da identidade nacional. "O povo está ouvindo (a Voz do Brasil). Quem não quer ouvir, coloca um CD. Pobre gosta de ouvir", argumentou Tatto. "Tem cidade que para na hora da Voz do Brasil", continuou. Segundo Tatto, são 18 milhões de pessoas que ouvem o programa de veiculação obrigatória às 19horas. "(As emissoras) Querem o horário nobre para ganhar dinheiro com publicidade. As empresas têm concessão e podem ceder esse horário", disse. O líder petista afirmou ser contra a flexibilização do horário e marcou uma reunião da bancada petista na próxima terça-feira para definir a posição do partido. A votação do projeto foi anunciada por Maia na semana passada, com o apoio de outros líderes. "A Voz do Brasil, dessa forma, é um resquício da ditadura. O PSDB apoia a flexibilização da Voz do Brasil. A flexibilização é salutar e democratiza a oportunidade do ouvinte escolher sua programação", disse o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE). A projeto estabelece que as emissoras poderão exibir o programa com início entre 19 horas e 22 horas. Produzida pela Empresa Brasileira de Comunicação, a Voz do Brasil existe desde a década de1930 e veicula notícias institucionais dos três Poderes. __________________________________________________________________ Senado julgará Demóstenes em votação secreta em julho Ricardo Britto (Política) O senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) será julgado, em votação secreta no plenário, no dia 11 de julho. Com o apoio dos líderes partidários, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), marcou a data e vai acelerar a tramitação do processo para que seja apreciado antes do recesso parlamentar do próximo mês. Por unanimidade, o Conselho de Ética do Senado aprovou na noite desta terça o pedido de cassação de Demóstenes por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Para agilizar a tramitação, Sarney vai convocar duas sessões ordinárias de votação extras para depois de amanhã, quinta-feira, e próxima segunda-feira. As sessões são uma forma de abreviar a apreciação do caso pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado que analisará se o processo feriu algum preceito legal ou constitucional. O regimento do Senado determina que, para ser remetido ao plenário, é necessário esperar cinco sessões entre a decisão final do conselho e a CCJ. Dessa forma, a CCJ apreciará o caso no dia 4, na próxima quarta-feira. O senador Pedro Taques (PDT-MT) será o relator do processo contra Demóstenes na comissão. Taques, que não é integrante do Conselho de Ética, mas acompanhou a votação contra o senador goiano na segunda-feira à noite, deve aprovar o processo. A votação no plenário ocorrerá em sessão secreta. Para cassar o mandato de Demóstenes, são necessários pelo menos 41 votos favoráveis dos senadores, a maioria absoluta da Casa __________________________________________________________________ Justiça rejeita liminar e mantém cúpula da Bancoop Ministério Público Estadual havia pedido o afastamento de dirigentes e o bloqueio de seus bens e valores Fausto Macedo (Política) A Justiça rejeitou liminar pleiteada pelo Ministério Público Estadual que, em ação civil, pretendia a intervenção e o afastamento imediato da cúpula da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). "Inviável a concessão da tutela de urgência pleiteada", destacou o juiz Rodrigo Cesar Fernandes Marinho, da 4.ª Vara Cível. "Em que pese a relevância do direito alegado, não há como reconhecer, por ora, a existência de prova inequívoca da necessidade de imediata intervenção ou mesmo de bloqueio de bens e valores." A ação é subscrita pela promotora Karyna Mori. Ao narrar a prática de "graves irregularidades" na Bancoop, requereu a saída do presidente, Wagner de Castro, e das diretoras Ana Maria Ernica e Ivone Maria da Silva. O juiz anotou que, "conforme se depreende da inicial e documentos apresentados, em análise sumária, os fatos descritos constituem objeto de apuração desde 2006, ano em que foi instaurado o primeiro inquérito civil pela Promotoria de Justiça do Consumidor, procedimento este que foi arquivado". "O Ministério Público afirma na inicial que o pedido de intervenção ou dissolução da cooperativa poderia, em tese, ter sido formulado desde 2006", ressalta o juiz. "Ainda por determinação do Conselho Superior do Ministério Público foi proposta outra ação civil visando a regularizar os empreendimentos, a contabilidade, a devolução de valores aos interessados, bem como a desconsideração da personalidade jurídica da cooperativa, com pedido de condenação genérica dos dirigentes da Bancoop a indenizar os danos materiais e morais causados aos cooperados." Naquela ação, pondera o magistrado, foi firmado acordo entre as partes em 2008 e, em apelação, o Tribunal de Justiça reconheceu a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica e responsabilização pessoal dos dirigentes. Rodrigo Marinho salienta que os documentos juntados pela promotoria "indicam, em tese, irregularidades nos balanços de 2005 a 2010, além de fatos que constituem objeto de ação penal". Ele enfatizou. "Não existe prova inequívoca de prática de atos fraudulentos por parte da atual diretoria da Bancoop, não sendo suficiente, para a adoção das medidas drásticas pleiteadas, a demonstração de suposta ligação dos atuais diretores com o Sindicato dos Bancários ou seus antecessores, tampouco a situação de inadimplência verificada em ações individuais, mormente porque já reconhecida a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica em anterior ação civil pública." Ilações. O advogado Pedro Estevam Serrano, que defende a Bancoop, avaliou como correta a decisão. "O Ministério Público pode recorrer, mas esperamos que o Tribunal de Justiça mantenha (a decisão). Vamos demonstrar por meio de documentos na fase de contestação que as ilações do Ministério Público não são verdadeiras e, ao fim da demanda, esperamos ganhar no mérito." Serrano considera que seria "incompatível a concessão de liminar depois de tanto tempo de espera". "O juiz destacou que não há nem sequer indícios de que esteja havendo malversação." __________________________________________________________________ Dilma lança nesta quarta-feira o ‘PAC de compras do governo’ O objetivo do governo é acelerar suas próprias compras com a avaliação de que elas poderão dar um estímulo adicional aos investimentos e melhorar o desempenho PIB Renata Veríssimo e Célia Froufe (Economia) Com caráter de urgência, o governo decidiu usar mais uma arma para tentar contra-atacar o marasmo da atividade econômica. Desta vez, vai acelerar suas próprias compras com a avaliação de que elas poderão dar um estímulo adicional aos investimentos e, com isso, melhorar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). A porta-voz das medidas será a presidente Dilma Rousseff e a solenidade, prevista para o fim da manhã de hoje, ganhou o nome de "PAC Equipamentos Programa de Compras Governamentais". A divulgação dos novos estímulos à economia foi antecipada nesta terça-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Ele não deu detalhes, mas tratou as medidas como um "pacote". O Estado apurou que o governo deseja antecipar compras que já estavam previstas dando preferência à indústria nacional, principalmente em setores capazes de dar mais dinamismo à indústria, como Saúde, Defesa e Educação. "É uma ação emergencial", disse uma fonte. A ideia é acelerar os investimentos na compra de maquinários para projetos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Sem os recursos aplicados no Minha Casa, Minha Vida, os investimentos no PAC registraram queda nos primeiros quatro meses do ano. Pimentel enfatizou que o governo já fez muita coisa para estimular a economia por meio do aumento do consumo, mas que agora está focando suas forças na alavancagem dos investimentos. Preferência. Além de poder antecipar aquisições já previstas no Orçamento, na hora das compras poderá ser usado o mecanismo de margem preferencial, pela qual se pode pagar até 25% mais caro se o produto for "made in Brasil". Por esse mecanismo, o governo pode adquirir produtos de setores como têxtil e calçados. Um exemplo é a intenção do governo de desembolsar R$ 1,29 bilhão na compra de milhares de tratores. A implantação das medidas visa a um crescimento no curto prazo. A expectativa do governo é que a taxa de expansão do PIB este ano fique acima dos 2,7% vistos no ano passado, apesar das previsões mais pessimistas do mercado. O governo conta com o efeito das medidas de estímulo à indústria anunciadas no Plano Brasil Maior, em abril. Outro fator que tem jogado a favor, na avaliação oficial, é o dólar no patamar de R$ 2,00, que encarece produtos importados e estaria favorecendo compras no mercado nacional. A queda da inflação também pode ajudar a estimular a economia, avalia o governo. Com a convergência da inflação para o centro da meta estipulada pelo governo para este ano (4,5%), o Banco Central tem espaço para continuar a cortar a taxa básica de juros, Selic. __________________________________________________________________ OCDE prevê crescimento moderado dos EUA em 2012 Segundo Organização, o país enfrenta estagnação de salários, altos níveis de pobreza e desigualdade de renda e um sistema educacional que dá poucos recursos para quem mais precisa de ajuda Renan Carreira (Economia) A recuperação econômica dos EUA pode estar ganhando força, mas o país enfrenta estagnação de salários, altos níveis de pobreza e desigualdade de renda e um sistema educacional que dá poucos recursos para aqueles que mais precisam de ajuda, disse, em um novo relatório, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa econômica 2012 da OCDE sobre os EUA mostrou que a economia do país tem tido alguns avanços e deve crescer de forma moderada este ano e no próximo. O relatório afirma, no entanto, que um aprofundamento da crise europeia ou a possibilidade dos formuladores de política americanos permitirem um imediato corte nos gastos do governo podem comprometer a previsão. "Tomados juntos, os riscos de queda para a economia no curto prazo sugerem que os formuladores de política deveriam continuar a apoiar a recuperação e estarem preparados para agir se mais resultados negativos se materializarem", afirmou a OCDE. Especificamente, a organização avisou que os legisladores americanos devem lutar para que mais seja feito para ajudar os desempregados, especialmente aquelas pessoas que estão fora do mercado de trabalho por um longo período. E embora um plano fiscal deva ser posto em prática para corrigir os déficits, ele deve ser adotado gradualmente, segundo o relatório. "Os legisladores precisam implementar mais medidas de consolidação fiscal quando a recuperação econômica está segura", afirmou o documento. "Tais medidas devem melhorar as perspectivas de crescimento de longo prazo e reduzir a desigualdade de renda." Partes do relatório desenham um quadro ruim para os EUA em comparação a outras 33 nações que compõem a OCDE. O documento observou que a desigualdade de renda nos EUA permanece bem acima da média da organização e que o nível de pobreza relativa é um dos mais altos no órgão. O relatório disse que os EUA tinham a quarta pior medida de desigualdade de renda, à frente apenas de Turquia, México e Chile no fim da última década. Entre as recomendações oferecidas pelo relatório: isenções fiscais que beneficiam principalmente os mais ricos devem ser eliminadas ao longo do tempo. As informações são da Dow Jones. Folha de S.Paulo __________________________________________________________________ Painel Vera Magalhães (Poder) A mordida de Lula A promessa de "morder a canela dos adversários" em defesa de Fernando Haddad, feita por Lula, é vista pelos tucanos como isca para levar José Serra a "nacionalizar" a eleição paulistana, alimentando a desconfiança de que pode deixar o cargo, caso eleito, para disputar a Presidência. Tal estratégia liberaria ainda o candidato petista dos ataques mais duros ao rival e facilitaria sua inserção entre os chamados "azuis" -eleitores do centro expandido da capital, mais conservador. Efeito colateral Embora enxerguem potencial inflamável na provocação, correligionários de Serra acreditam que o tom mais beligerante do PT pode reacender sentimento anti-Lula adormecido em parcela do eleitorado de São Paulo após a aprovação recorde de seu mandato. Tô fora FHC e Sérgio Guerra driblaram a polêmica acerca da chapa "puro-sangue" em São Paulo. Ao contrário dos dirigentes municipais e estaduais do PSDB, que advogam a vaga de vice para um tucano, ambos delegam a escolha a Serra. Pró-forma Indiferente ao acordo com o PC do B que instalará hoje Nádia Campeão na chapa de Haddad, ala do PSB paulistano apresentará protocolarmente Keiko Ota como opção para vice. A ideia é dar uma satisfação para queixa interna de falta de espaço na coalizão. Cereja O golpe final para distanciar Eduardo Campos do PT pode estar por vir: o governador negocia a adesão do PSDB ao chapão em apoio a seu candidato em Recife (PE), Geraldo Júlio. No atacado Congressistas preveem uma corrida para fundação de novos partidos caso o STF acolha hoje o pleito do PSD por tempo de TV. Embargo... Durante reunião de ministros das relações exteriores e chefes de órgãos especializados no combate ao tráfico de drogas em Lima (Peru) foi lida nota de protesto contra o impeachment de Fernando Lugo. ...diplomático O representante paraguaio pediu a palavra para se manifestar, mas foi vetado pelo coordenador peruano do encontro. Constrangido, o diplomata do Paraguai disse que seguia instruções de seu governo. Jurisprudência A edição extra do "Diário da Justiça Eletrônico" do Supremo Tribunal Federal do dia 10 de dezembro de 2011 trouxe diversos atos processuais referentes à ação do mensalão. Portanto, já há precedente caso os advogados queiram alegar nulidade no uso desse expediente de publicação. Siga... Cruzamento feito pelo gabinete do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) mostra que a Delta recebeu R$ 1,4 bilhão de contratos com o governo do RJ e prefeituras do RJ e de GO na Caixa Econômica Federal. Parte disso foi repassada para conta do HSBC que irrigou com R$ 25,3 milhões as laranjas Alberto & Pantoja e Brava. ... a grana A Delta recebeu ainda das prefeituras do Rio e de Palmas (TO) via BMG, conta usada para repassar R$ 84 milhões para outra no Bradesco que abasteceu a JR Construções e a Mapa, também de fachada. Casa Cor Contratado para decorar a casa de Carlinhos Cachoeira, o arquiteto Alexandre Milhomen levou a CPI aos risos ontem ao detalhar seu serviço. "É o homem de mil e uma utilidades do esquema", disse um deputado. __________________________________________________________________ Sob pressão, ministro libera mensalão para julgamento (Poder) Autos foram devolvidos após cobrança do presidente da corte, Ayres Britto Conclusão da revisão do processo permite que julgamento comece em 2 de agosto, um dia após o previsto inicialmente O ministro Ricardo Lewandowski concluiu ontem a revisão do processo do mensalão e liberou os autos do caso, permitindo que o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) comece em 2 de agosto, um dia depois do prazo inicialmente previsto. Na segunda-feira, Lewandowski disse à Folha que tinha até sexta-feira para concluir a análise do caso e queixou-se do presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, que o alertara por escrito para o risco de atrasos se não devolvesse os autos logo. Em mais uma demonstração de insatisfação com a cobrança que sofreu, Lewandowski afirmou ontem que fez a revisão "mais curta da história do Supremo". "A média para um réu é de seis meses", afirmou, lembrando que o mensalão tem 38 réus. "Eu fiz das tripas coração para respeitar o que foi estabelecido." Como revisor do processo, o papel de Lewandowski é verificar se todas as formalidades legais foram cumpridas no processo, que foi conduzido pelo ministro Joaquim Barbosa, relator da ação. Barbosa apresentou no fim do ano passado seu relatório, que resume o caso e as alegações dos réus. Lewandowski não fez reparos ao seu trabalho ao liberar o processo, nem indicou se o fará mais tarde. Barbosa, Lewandowski e os outros integrantes do STF só anunciarão seus votos em agosto, no julgamento. Só então eles dirão o que pensam da acusação e decidirão o destino dos réus do processo. A Procuradoria-Geral da República descreve o mensalão como um esquema ilegal de financiamento organizado pelo PT para comprar apoio político no Congresso no início do governo Lula. O caso levou ao banco dos réus o ex-ministro José Dirceu, dirigentes partidários que compunham a cúpula do PT e políticos de partidos que se aliaram aos petistas após a chegada de Lula ao poder. Segundo a Folha apurou, Lewandowski esperou até a última semana para devolver o processo porque julgou indevidas as pressões que recebeu para apressar a revisão. No início de junho, o STF definiu o calendário do julgamento e sugeriu que ele poderia começar em 1º de agosto se Lewandowski liberasse os autos até o fim do mês. Na semana passada, porém, Ayres Britto lembrou a Lewandowski que seriam necessários quatro dias para cumprir formalidades legais necessárias para que o julgamento comece, e por isso sugeriu que ele devolvesse os autos na segundafeira. Os ministros chegaram a discutir a possibilidade de publicar uma edição extra do "Diário da Justiça" assim que Lewandowski liberasse os autos, para manter a data prevista para o julgamento. Mas o processo só foi liberado nos computadores do STF às 17h26 de ontem. Como o Judiciário entrará em recesso na semana que vem e só voltará das férias em agosto, será preciso adiar por um dia o início do julgamento. Ayres Britto consultou outros integrantes do tribunal antes de definir a nova data. Falou com Barbosa e os ministros Marco Aurélio Mello e Celso de Mello. Todos entenderam que um dia de diferença não trará prejuízo. Se houver novos atrasos, o julgamento poderá ter a participação de apenas dez ministros, porque Cezar Peluso terá que se aposentar no início de setembro, quando completará 70 anos de idade. De acordo com o Código Penal, os réus podem ser beneficiados em caso de empate, o que poderá ocorrer se Peluso não puder participar do julgamento. __________________________________________________________________ Folha lança site sobre o julgamento (Poder) A Folha lançou ontem página especial na internet que reúne informações sobre o julgamento do mensalão no STF (folha.com/mensalao). A página traz o perfil dos réus, os crimes dos quais são acusados e o que disseram em sua defesa. Mostra também os ministros que julgarão e reportagens da época, entre outros detalhes. __________________________________________________________________ Coronel é condenado a indenizar família de vítima da ditadura (Poder) Militar reformado comandou o DOI-Codi, órgão de repressão onde jornalista morreu após tortura em 1971 Ustra é o primeiro agente da ditadura condenado a reparação financeira; defesa vai recorrer da decisão O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra foi condenado em primeira instância a indenizar a família do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto em 1971 em decorrência de torturas do regime militar (1964-1985). Ele terá que pagar R$ 50 mil, por danos morais, para a ex-companheira de Merlino, Angela Mendes de Almeida, e o mesmo valor para a irmã dele, Regina Merlino Dias de Almeida. Cabe recurso. É a primeira vez que a Justiça manda um agente da ditadura pagar reparação financeira a familiares de uma vítima de tortura. Em casos semelhantes, a responsabilidade recaiu sobre o Estado. A decisão condenando o militar foi proferida anteontem pela juíza Claudia de Lima Menge, da 20ª Vara Cível de São Paulo. Ustra comandava o DOI-Codi (centro de repressão do Exército) em julho de 1971, quando Merlino, integrante do Partido Operário Comunista, foi levado para o órgão. Ele morreu quatro dias depois de ser preso. Na época, a versão apresentada pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) foi a de que Merlino havia se jogado diante de um carro na BR-116, após fugir de uma escolta que o levava para o Rio Grande do Sul. A versão foi contestada nos depoimentos de outros presos, que contaram que Merlino foi torturado no pau-de-arara e colocado desacordado em um veículo. Em sua sentença, a juíza afirma serem "evidentes os excessos" cometidos por Ustra, que "participava das sessões de tortura e, inclusive, dirigia e calibrava intensidade e duração dos golpes". Testemunhas ouvidas no processo afirmaram que os maus-tratos a Merlino foram comandados por Ustra. Paulo Alves Esteves, advogado do militar, informou que recorrerá da decisão. Ele afirmou que os atos que levaram à condenação foram "apagados" pela Lei da Anistia. "A fonte do direito à indenização passa por um ilícito que já foi anistiado", disse. Durante a causa, a defesa protocolou reclamação no Supremo Tribunal Federal alegando que a ação da família de Merlino viola decisão do STF que, em 2010, manteve regras da Lei da Anistia. O ministro Carlos Ayres Britto negou o pedido de Ustra em outubro de 2011. O entendimento foi de que a anistia extinguiu a possibilidade de uma condenação penal, mas não a responsabilidade civil e o eventual pagamento de indenização. Tatiana Merlino, sobrinha do jornalista, disse que o objetivo da família não era a reparação financeira, mas o reconhecimento, pelo Estado, da participação de Ustra na tortura. __________________________________________________________________ 64% dos petistas rejeitam apoio de Maluf Datafolha mostra que aliança com ex-prefeito pode prejudicar Haddad, que hoje tem 6% das intenções de voto Serra mantém liderança com 31% das intenções de voto; Russomanno tem 24%, e candidato do PT aparece com 6% Bernardo Mello Franco (Poder) O apoio do deputado Paulo Maluf (PP-SP) ao petista Fernando Haddad é rejeitado por 62% dos eleitores de São Paulo, mostra pesquisa concluída ontem pelo Datafolha. Entre os que declaram preferência pelo PT, a reprovação da aliança chega a 64%. Este é o primeiro levantamento a medir o impacto da união patrocinada pelo expresidente Lula, que abriu crise na campanha petista e levou a ex-vice Luiza Erundina (PSB) a abandonar a chapa. Os números indicam que a foto com Maluf pode prejudicar Haddad na corrida à prefeitura. A maioria dos entrevistados (59%) disse que não votaria num candidato apoiado pelo ex-prefeito. Outros 12% seguiriam sua indicação, e 26% seriam indiferentes. "A rejeição ao apoio de Maluf é muito alta e pode vir a ser determinante na eleição. Agora temos que ver como isso será explorado na campanha", diz o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. A pesquisa mostra que 70% dos eleitores ainda não sabem quem Maluf apoiará na eleição municipal. Só 17% sabem que ele apoia Haddad. A desistência de Erundina, em protesto contra a aliança do PT com o adversário histórico, teve ampla aprovação popular: 67% dos eleitores disseram que ela "agiu bem". Outros 17% reprovaram a atitude, e 16% não opinaram. Outra má notícia para Haddad é que a influência de Lula segue em queda. Hoje, 36% dos eleitores dizem que o apoio do ex-presidente os faria escolher um candidato. O índice era de 49% em janeiro, e cai a cada pesquisa. Mesmo assim, Lula permanece como o principal cabo eleitoral da disputa. Segundo o levantamento anterior, concluído no último dia 14, o apoio da presidente Dilma Rousseff influía no voto de 28%. O aval do governador Geraldo Alckmin era decisivo para 29%, e o do prefeito Gilberto Kassab, para 12%. SERRA LIDERA A pesquisa mostra que o cenário geral da eleição permanece estável. Serra oscilou um ponto percentual para cima e lidera a corrida com 31% das intenções de voto. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos para mais ou para menos, ele se mantém no mesmo patamar. Em segundo lugar aparece o ex-deputado Celso Russomanno (PRB), que oscilou três pontos para cima e agora aparece com 24%. Ele tem crescimento constante desde janeiro, quando tinha 17%. Haddad interrompeu a trajetória de alta. Ele oscilou dois pontos negativamente e continua em terceiro lugar, com 6%. O mesmo aconteceu com Soninha Francine (PPS). Também registraram 6% o deputado Gabriel Chalita (PMDB) e o vereador Netinho de Paula (PC do B), que deixou a disputa anteontem para apoiar Haddad. Quando a pesquisa foi registrada, ele ainda era pré-candidato. Paulinho da Força (PDT) tem 3%, e Carlos Giannazi (PSOL), 1%. Os demais précandidatos não pontuaram. Nulos e brancos somam 11%, e 5% não opinaram. O Datafolha ouviu 1.081 eleitores na capital paulista entre os dias 25 e 26. A pesquisa foi registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sob o número 87/2012. __________________________________________________________________ Indústrias da Zona Franca de Manaus ampliarão férias (Mercado) Indústrias da Zona Franca de Manaus irão conceder férias coletivas ampliadas a cerca de 40 mil funcionários a partir de julho, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas. As medidas atingem sobretudo os setores de duas rodas (motos, bicicletas e similares) e de eletroeletrônicos. Os motivos são a queda nas vendas -no caso de motos e condicionadores de ar split- e a falta de insumos importados gerada pela operação-padrão de auditores da Receita Federal, que mantém retidos 10% do total de 3.000 toneladas de cargas importadas por semana pelas indústrias. O sindicato considera as férias ampliadas pois estão variando de 15 a 30 dias, quando as paradas de rotina para manutenção de linhas de produção costumam durar dez dias. As medidas devem atingir 34% dos 116.933 empregos diretos da zona franca. Para Valdemir Santana, presidente regional da CUT, desde 2009 não havia registro de concessão de férias tão amplas na Zona Franca de Manaus. __________________________________________________________________ Câmara aprova reserva de 10% do PIB para educação Índice era o item mais polêmico do Plano Nacional de Educação ratificado ontem Decisão foi comemorada por entidades ligadas ao setor; para ministro, reserva é uma tarefa 'difícil de ser executada' Flávia Foreque (Cotidiano) A reserva de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação foi aprovada ontem pela comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o tema. O índice era o ponto mais polêmico do PNE (Plano Nacional de Educação), documento que define metas e estratégias para o setor no período de dez anos. O texto pode seguir agora para o plenário da Casa, caso solicitado por congressistas, e em seguida, será enviado ao Senado Federal. O projeto encaminhado pelo Executivo há dois anos previa 7% do PIB para o setor. O relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) sugeriu 8%, mas deputados da oposição e entidades ligadas à educação pressionaram por 10%. Hoje, o Brasil destina cerca de 5% do PIB para o setor. "Não foi um diálogo fácil [com o governo], porque a área financeira e o país passam por um momento de reconstrução", disse o petista sobre a negociação. Durante todo o debate, o relator afirmou ser contrário aos 10% para a educação, dizendo que o índice tornou-se mais uma "bandeira política" do que uma necessidade. Diante de um plenário lotado por estudantes, no entanto, o relator recuou. "O governo mandou um texto que não correspondia, na nossa visão, às necessidades do nosso país. (...) Quero dizer que vou declinar dessa redação do texto e vou acompanhar por unanimidade a comissão", disse Vanhoni. A decisão foi comemorada por entidades do setor. "O padrão mínimo de qualidade para todas as matrículas brasileiras não dá pra ser garantido com 8%", disse Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. "O 'problema' do Brasil é que você tem muitos jovens e crianças para serem educados e uma enorme quantidade de adultos que não tiveram educação", complementa. METAS Entre as metas definidas no PNE estão a erradicação do analfabetismo absoluto até o fim do decênio, a oferta de educação em tempo integral em ao menos 50% das escolas públicas e o compromisso de alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental. Além do percentual do PIB, os deputados alteraram a meta que trata do salário dos professores da educação básica. Até então, o compromisso era igualar o rendimento desses profissionais aos demais com escolaridade equivalente no último ano de vigência do plano. Com a mudança aprovada pelos deputados, a meta foi antecipada: a equiparação deve ser atingida ao final do sexto ano do plano. MEC A reserva de 10% do PIB para o setor foi vista com ressalva pelo ministro Aloizio Mercadante (Educação). "Em termos de governo federal, equivale a colocar um MEC dentro do MEC, ou seja, tirar R$ 85 bilhões de outros ministérios para a Educação. É uma tarefa difícil de ser executada", disse ele. Valor Econômico __________________________________________________________________ Setores beneficiados por desoneração salarial criam 40% menos vagas Os quatro setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento criaram, na média, 40% menos vagas formais de empregos nos primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período de 2011 - no ano passado, juntos, eles abriram 67 mil vagas, número que caiu para 41 mil em 2012. Considerando todos os setores da economia, a queda na geração de empregos foi de 30% na mesma comparação, mas o desempenho na indústria foi pior que a média dos setores favorecidos, pois a abertura de vagas ficou 53,5% menor. Em vigor desde o início do ano, a medida de proteção à indústria nacional e estímulo à economia reduz o custo da mão de obra. Em contrapartida, as empresas deveriam gerar empregos, o que, segundo levantamento feito pelo Valor, vem acontecendo em ritmo mais lento. O desempenho do mercado de trabalho nos setores beneficiados divide a opinião de analistas. Para alguns, a ação do governo ainda não teve efeito. Para outros, o resultado nos quatro setores - confecções, couro e calçado, tecnologia da informação e comunicação (TI e TIC) e call-center seria ainda pior se não houvesse a desoneração. Esses quatro segmentos, que estão entre os que mais empregam na economia brasileira, foram os primeiros beneficiados pela desoneração, que será ampliada em agosto. Quando decidiu pela ampliação, o governo anunciou que criaria um grupo para avaliar os efeitos da medida. Essa equipe formada por representantes do governo, trabalhadores e empresas, não se reuniu até hoje, informou uma fonte do governo. O motivo seria a burocracia para criação do grupo. As empresas já incluídas na medida ficaram isentas da alíquota de 20% sobre a folha de pagamento e, em troca, passaram a pagar um percentual - que varia de 1,5% a 2,5% - sobre o faturamento bruto, como forma de contribuição previdenciária. Enquanto os quatro setores criaram cerca de 41 mil novos postos de trabalho até maio deste ano, toda a economia abriu 737,9 mil vagas no mesmo período, 30% menos que o 1,05 milhão de empregos. A queda no ritmo de geração de vagas nos setores foi constatada em levantamento feito pelo Valor com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. A pesquisa considerou atividades vinculadas aos setores com desoneração da folha e atingiu 36 mil empresas - quase 86% dos estabelecimentos incluídos na medida. Segundo divulgação de junho do Plano Brasil Maior, são 42 mil companhias nesse novo método de recolhimento, sendo 30 mil prestadores de serviços de TI e TIC. O setor de confecção e o de call-center registraram um recuo na geração de vagas formais de 54% - a maior queda entre os quatro beneficiados pela medida. Couros e calçados ficou praticamente estável, com redução de 5% na criação de empregos - número bem abaixo do registrado nas atividades dos serviços de tecnologia da informação (queda de 40%). Na indústria de transformação, o recuo total foi de 53,5%, enquanto que a criação de postos de trabalho no setor de serviços foi 19,5% menor que em igual período do ano passado. Como a desoneração é, na prática, tirar impostos sobre o salário, a medida significa que o custo da mão de obra diminuiu para o empresário, sem impacto sobre o salário do trabalhador. Isso, contudo, "não pode ser considerado isoladamente", explicou o economista da Opus Investimentos, José Márcio Camargo. "Um primeiro efeito das medidas é aumentar o nível do emprego com a geração de vagas. Mas os números mostram que a desoneração não foi suficiente para compensar a queda na demanda pelos produtos desses setores e a forte entrada de bens estrangeiros", disse Camargo. Em maio, por exemplo, o número de demissões nas fábricas de artigos de couro e calçados foi superior ao de admissões - houve retração de 2 mil vagas no mês. O resultado, entretanto, foi melhor que o do mesmo período do ano passado, quando o setor registrou o fechamento de mais de 4 mil postos de trabalho. Para o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado, o governo não deve recuar e voltar a exigir o recolhimento sobre a folha de pagamentos. "Um dos fundamentos dessa ação é estimular a geração de postos de trabalho, mas isso depende de outras variáveis como produção, faturamento e demanda". A desoneração da folha de pagamentos deve ter um impacto efetivo no emprego nesses setores a partir do segundo semestre, avalia Prado. "Nos primeiros meses do ano, o mercado de trabalho, de maneira geral, não é muito aquecido. O efeito da medida deve ser maior na segunda metade do ano, quando há o pico de produção da indústria", diz. Para o gerente-executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, a variação no número de empregados em uma empresa é mais lenta que, por exemplo, a produção e as vendas. "Há custos muito altos para demitir e contratar funcionários", frisou. "Em uma economia estável, já é difícil que uma medida como essa gere efeito no curto prazo. Atualmente, isso se torna ainda mais lento por causa do cenário de estagnação na indústria como um todo", analisa Fonseca. "Uma variação grande no emprego só viria se a expectativa de aumento da demanda [por produtos] aumentasse bruscamente", disse. __________________________________________________________________ Dilma deve conceder reajustes a servidores da União A presidente Dilma Rousseff resolveu ceder e fará concessões para atender parte das demandas do funcionalismo público por reajustes salariais. Os principais beneficiados pela decisão devem ser os integrantes da base dos servidores, o que agradará ao meio sindical. O primeiro desdobramento prático do sinal verde dado por Dilma foi percebido ontem: o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, assinou minuta de projeto de lei, que busca incorporar ao salário as gratificações recebidas por assistentes e oficiais de chancelaria. Outras categorias pressionam o governo federal por melhores salários, como os auditores da Receita Federal e a Polícia Federal. Como resultado, a presidente vem realizando reuniões nos últimos dias para tratar do assunto. No Palácio do Planalto, porém, avalia-se que são menores as chances de concessão de reajustes às carreiras que estão no topo do funcionalismo. Os ocupantes de cargos de confiança também devem ter dificuldades para receber melhores vencimentos. Servidores públicos fizeram ontem mais uma barulhenta manifestação na Esplanada dos Ministérios. A decisão de Dilma de ceder a algumas categorias sinaliza que ela poderá acolher este ano a proposta de reajuste salarial dos servidores do Poder Judiciário, contra a qual se opôs no ano passado. As informações disponíveis nos bastidores da Comissão de Orçamento do Congresso Nacional dão conta de que uma nova proposta do Judiciário, com impacto fiscal diluído ao longo dos próximos anos, poderia ser uma alternativa para resolver o impasse. A incorporação das gratificações recebidas por assistentes e oficiais de chancelaria aos salários é um dos principais pontos da pauta de reivindicações dos servidores do Itamaraty, que estão em greve há uma semana. O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) informou que o objetivo do movimento é equiparar os vencimentos de diplomatas, assistentes e oficiais de chancelaria aos de outras carreiras de Estado. A proposta será encaminhada ao Ministério do Planejamento para que seja incluída na proposta orçamentária de 2013. Autoridades da equipe econômica explicaram recentemente que não é possível fazer mudanças salariais para este ano, pois isso implicaria alteração do chamado Anexo V da lei orçamentária em vigor, o que só pode ser feito por meio de projeto de lei. Durante a tramitação desse projeto, argumentam as mesmas fontes, seria difícil evitar que outras categorias obtivessem as mesmas vantagens. Na avaliação do Sinditamaraty, o documento assinado reconhece "a indesejável distorção entre as carreiras do Serviço Exterior Brasileiro", a qual acarretou "grave problema de gestão na política de pessoal do Ministério de Relações Exteriores". Atualmente, a greve da categoria afeta 110 embaixadas e consulados brasileiros no exterior, além de quatro postos regionais do Itamaraty no Brasil (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná). Em Brasília, a paralisação teve a adesão de aproximadamente 60% dos servidores. __________________________________________________________________ Produtividade da mão de obra na construção cresce 5,8% em 7 anos Mesmo aquém do desejado, a produtividade do trabalhador da construção civil registrou um aumento de 5,8% no período entre 2003 e 2009. O ritmo de expansão, no entanto, já está diminuindo. Considerando apenas o intervalo entre 2006 e 2009, a alta acumulada da produtividade foi de 4,4%. A desaceleração acontece porque as construtoras estão pagando mais por profissionais menos qualificados. Esses dados constam em estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), envolvendo 166 empresas de 15 Estados. O diagnóstico será divulgado no 84º Encontro Nacional da Indústria da Construção, que acontece entre hoje e sexta-feira, em Minas Gerais. A análise mostra que, apesar da produtividade do trabalhador ter se expandido 5,8% entre 2003 e 2009, a de capital (que considera o retorno dos investimentos em máquinas e equipamentos) ficou negativa em 3,5%. Segundo a economista da FGV, Ana Castelo, uma das responsáveis pelo levantamento, o efeito do investimento no aumento da produtividade é gradual e um pouco mais demorado. Com isso, a produtividade total do setor totalizou 1,2% no período. Entre 2003 e 2009, de acordo com a pesquisa da FGV, o salário dos trabalhadores do setor subiu à taxa média de 4,5% ao ano e, portanto, ficou abaixo da taxa de crescimento da produtividade da mão de obra. Esse cenário é considerado preocupante. "A maior escassez de mão de obra no período recente tem pressionado os salários e os ganhos de produtividade do trabalhador não foram suficientes para cobrir esse custo adicional", informou o estudo. Em 2009, o salário médio do trabalhador teve um aumento de 7,6%, enquanto a produtividade apresentou alta de 4,2%. Para o economista da CBIC, Luis Fernando Melo Mendes, esses dados apontam que a produtividade na construção civil continua crescendo, o que para muitos era visto como uma dúvida, porém, "o aumento da produtividade não compensa a alta dos salários que tem sido puxada pelo crescimento econômico". Na avaliação dele, sem investimentos em qualificação, a tendência é de que a produtividade da mão de obra continue se desacelerando. "Para conseguir o desejado salto na produtividade, as principais iniciativas se referem ao treinamento de pessoal e às condições favoráveis de investimento em máquinas, equipamentos e processos produtivos - o que depende de medidas que envolvem as entidades setoriais e os governos", destaca o documento. De 2003 a 2009, conforme o estudo, a taxa média de crescimento das empresas formais de construção (com cinco ou mais pessoas ocupadas) foi de 11,2% ao ano, o que é mais do que o dobro da taxa do setor (5,1% ao ano). O pessoal ocupado nas empresas formais registrou expansão de 8,6% no período analisado. O levantamento aponta que em 2003 apenas 19,5% dos trabalhadores da construção possuíam vínculo formal de emprego, com registro em carteira. Em 2009, esse indicador chegou a 30,1%. Com isso, o contingente de trabalhadores saltou da faixa de 1 milhão para 2 milhões. Em 2009, existiam quase 63 mil empresas formais ativas. __________________________________________________________________ Apesar de reajuste menor, folha de salários ainda pressiona custos do setor A mão de obra manteve os custos da construção civil elevados em junho, mas os reajustes salariais em São Paulo e Brasília, que ocorrem em maio e influenciam o Índice Nacional de Custo da Construção - Mercado (INCC-M) no mês seguinte, ficaram abaixo dos patamares alcançados no ano passado. Neste ano, a categoria negociou aumento nominal de 7,47% na capital paulista, cerca de um ponto percentual inferior ao registrado em 2011, segundo Ana Maria Castelo, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em Brasília, a redução foi maior: no ano passado, o setor conseguiu reajuste nominal de 16%. Este ano, obteve 9,75%. O INCC-M ficou estável entre maio e junho - passou de 1,30% para 1,31% -, com taxas menores em materiais e equipamentos (0,35% para 0,29%) e serviços (0,37% para 0,34%). Em sentido contrário, o componente mão de obra - que representa 51% do índice geral - avançou de 2,22% para 2,28% no período, devido aos reajustes salariais nas duas capitais. A alta da mão de obra ficou em nível inferior, no entanto, aos 2,46% observados em junho de 2011. Para Ana Maria, os acordos coletivos menos robustos são mais reflexo da desaceleração da inflação em 12 meses do que de desaquecimento do setor da construção, que continua gerando empregos. Neste ano, além de Brasília e São Paulo, a categoria já definiu acordos salariais em Salvador, onde foi alcançado índice nominal de 8,9%, e no Rio (9%). A negociação de Belo Horizonte, de 12%, foi feita em dezembro, mas teve impacto sobre o INCCM em janeiro. Em Porto Alegre, onde a data-base é em junho, ainda não houve acordo. __________________________________________________________________ Empresários mobilizam-se para eleição em SP Antes refratário a apoiar campanhas eleitorais, o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, reviu seus conceitos depois do fechamento de um shopping e o impedimento para que outro abrisse. "Nas outras eleições, não apoiamos diretamente nenhum candidato. Mas este ano, pelos problemas que tivemos, há o entendimento de que é fundamental ter uma participação maior na eleição", diz. O 'problema' a que se refere Sahyoun é o veto da Prefeitura de São Paulo à inauguração do Shopping JK Iguatemi antes que fosse construída uma ponte para reduzir o trânsito causado. A obra ainda não foi concluída, mas, depois de dois meses, o shopping recebeu permissão para abrir. Houve também o fechamento do Center Norte, um dos maiores da cidade, erguido sobre um lixão nos anos 1980 e que tinha risco de explosão. Além das denúncias de propina para liberar licenças de funcionamento. O representante dos lojistas diz que é 'absurda' a demora dos órgãos públicos para liberar empreendimentos que contribuem para o desenvolvimento da cidade. "A prefeitura exige mais de 70 documentos, uma parafernália de papéis, e não tem prazo para aprová-los. Toda essa burocracia atrasa a vida de São Paulo", diz. Nesta eleição, o empresário quer a promessa de que haverá redução no número de documentos necessários e que será estabelecido prazo para os departamentos responsáveis avaliarem as certidões. "Podemos assumir publicamente o apoio ao candidato que lavrar esse compromisso em cartório", afirma. O pleito pela desburocratização, diz, tem o apoio de entidades que representam o comércio, franquias e supermercados. "Não queremos tudo para nosso setor, mas quem paga imposto, quem gera riqueza, tem que ser respeitado", exige. A exemplo dos lojistas, outros setores se movimentam para influenciar a eleição da maior cidade brasileira. Durante dois meses, o Valor ouviu empresários e representantes de associações empresariais, e acompanhou reuniões de candidatos com setores privados. Presenciou pedidos que envolvem desde contratos milionários da prefeitura até a inclusão do pão francês - comprado em padarias próximas - no cardápio das escolas municipais. Dessas conversas colheu que a ação mais polêmica do atual governo, do prefeito Gilberto Kassab (PSD), foi a restrição ao tráfego de caminhões nas principais vias da cidade nos horários de pico. Feita para aumentar a fluidez de um trânsito cada vez mais travado, a proibição aumentou os custos com transporte, dizem empresários de vários setores. Os empresários reconhecem, porém, que são necessárias ações para amenizar os problemas de mobilidade da capital, que também atrapalham seus negócios. "A limitação de horários aumenta os custos para as construtoras, mas sabemos que não é uma discussão fácil e que envolve toda a sociedade", afirma o vicepresidente de Obras Públicas do Sindicato da Indústria de Construção Civil (Sinduscon), Luiz Antônio Messias. Para o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi), Edson Pinto, é preciso flexibilizar as restrições. "Os caminhões com produtos perecíveis não podem ficar parados fora da cidade, à espera do horário para entrar em São Paulo, ou há sério risco dos produtos estragarem", reclama. Os candidatos se dividem sobre as restrições. O ex-deputado Celso Russomano (PRB) afirma que discutirá a restrição com o setor de transporte para evitar o desabastecimento da cidade. Outro que questiona a medida é o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB). "A eficácia é duvidosa. A cidade passou a enfrentar trânsito em horários em que anteriormente não havia", diz. O pemedebista não afirma, contudo, se acabará com a restrição. Já o ex-governador José Serra (PSDB) e o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) concordam com a restrição, mas por motivos diferentes. O tucano avalia como positiva a ação do prefeito, que é seu aliado. "O que se fez foi reordenar a circulação desses veículos, muitos de fora da cidade, e não simplesmente proibir a circulação", afirma. O petista considera o veto uma "medida emergencial", mas diz que o manterá por causa da falta de investimento, que impede a população de trocar o carro pelo transporte público. Empresários também querem rediscutir a Lei Cidade Limpa, uma das ações mais populares do prefeito Gilberto Kassab por diminuir a poluição visual da cidade, que acabou com outdoors, reduziu o tamanho das fachadas de lojas e restringiu a publicidade exterior na capital. Para representantes do setor, as restrições foram duras demais. "Todas as cidades do mundo têm publicidade exterior. Em algumas cidades, é até ponto turístico, mas em São Paulo a lei é muito restritiva", afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do Estado de São Paulo (Sepex-SP), João Silva. O sindicato pretende conversar com os candidatos para expor seu ponto de vista e apresentar projeto para permitir o retorno dos outdoors "de forma mais controlada". "Entendemos que havia exageros antes e não queremos uma lei permissiva, mas que regulamente o meio com regras de tamanho e distância entre as placas", diz. No que depender dos candidatos, porém, essas empresas ainda terão poucos negócios a fazer na cidade - que, segundo o sindicato patronal, respondia por 30% do faturamento com publicidade exterior de todo o Estado em 2007, quando a lei entrou em vigor. Haddad, Chalita e Serra dizem ser contra alterações no Cidade Limpa. Russomano é o único favorável à volta de placas e outdoors, desde que como contrapartida o anunciante faça a manutenção de equipamentos públicos, como uma praça ou jardim. A ideia é a mesma da licitação do mobiliário urbano, que Kassab lançou este ano. O prefeito pretende liberar a propaganda em abrigos de ônibus e relógios de rua em troca da manutenção deles e do pagamento de uma contrapartida. Dividida em dois lotes, a licitação, suspensa pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) para esclarecimentos, exclui as pequenas, médias e até grandes empresas do setor, reclama João Silva. "Do jeito que está, só as grandes multinacionais participarão", critica. O lote dos abrigos de ônibus exige investimento de R$ 540 milhões nos pontos e pagamento de R$ 133 milhões à prefeitura paulistana, além de uma outorga decidida em leilão - o maior lance leva a concessão por 25 anos. Nos relógios, o investimento é de R$ 146 milhões, mais as outras contrapartidas. O modelo é criticado por Russomano, que pretende mudar a licitação para permitir que empresas menores concorram. Já Haddad promete destinar os anúncios a pequenas e médias empresas, que não têm condições de fazer propaganda em veículos de massa. Serra é o único que defende a atual licitação, sem propor mudanças. Chalita diz que irá estudar o assunto. O modelo de grandes licitações, presente na disputa pelo mobiliário urbano, gera reclamações também no ramo de obras públicas e de limpeza urbana por excluir companhias menores. A megalicitação do lixo foi contestada na Justiça pelas empresas que realizavam os serviços de limpeza de bocas de bueiro e varrição de ruas, agora prestados por duas concessionárias. Elas não conseguiram barrar a assinatura do contrato, de R$ 2,1 bilhões por três anos, que foi assinado em dezembro de 2011. Caberá ao novo prefeito, portanto, prorrogar o contrato ou fazer uma nova licitação, se achar que o serviço não está satisfatório. Ariovaldo Caodaglio, presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur), defende a licitação conjunta como um das grandes conquistas do setor. "No modelo anterior, feito em 2004 pagava-se para limpar a cidade, pela tonelagem transportada para o lixão. Agora, paga-se para mantê-la limpa, com bônus ou deduções dependendo da avaliação dos serviços", diz. Segundo Caodaglio, isso obriga as concessionárias a realizar campanhas para conscientizar à população a não sujar a cidade- uma peça publicitária será exibida em breve na televisão para esclarecer "sobre a importância de cuidar de São Paulo". "A população já percebeu a melhora na limpeza. Esperamos que a próxima gestão, independente da coloração partidária, apoie e colabore com esse novo modelo", diz. Os candidatos questionados pelo Valor dizem que precisam avaliar individualmente os contratos para definir se o melhor é realizar a licitação de vários serviços conjuntamente, como ocorreu na limpeza urbana, ou se estes serão realizados por várias empresas. __________________________________________________________________ Empresas de asseio renegocie contratos e de segurança temem que Serra Embora a maioria dos empresários evite criticar candidatos com medo de perder negócios ou ser prejudicado em licitações, para os setores de segurança privada e de limpeza dos prédios públicos parece que isso não é problema - talvez porque digam já ter registrado prejuízo na administração do ex-prefeito José Serra (PSDB). "O Serra perdeu muitos votos do nosso setor porque não soube respeitar o que estava nos contratos", diz o diretor institucional do Sindicato das Empresas de Segurança Privada (Sesvesp), João Diniz. "Com certeza, muita gente da área que tinha simpatia pelo Serra deixou de votar nele pelo que fez como prefeito", concorda o presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado de São Paulo (Seac-SP), Rui Monteiro. Eleito prefeito de São Paulo em 2004 e com problemas de caixa deixados pela gestão anterior, o tucano promoveu uma revisão em todos os contratos da exprefeita Marta Suplicy (PT). Suspendeu os pagamentos e parcelou as dívidas em sete anos, o que causou prejuízo e quebrou muitas empresas, dizem representantes dos setores de segurança privadas, limpeza de prédios públicos e construção civil. Segundo o Seac, cerca de 20 empresas do ramo faliram em 2005 e outras 20 estão até hoje com dívidas em bancos por empréstimos contraídos para pagar funcionários e fornecedores enquanto não recebiam pelo serviço. "Muitos quebraram porque não tinham como manter o fluxo de caixa sem receber. A dívida passou dos R$ 30 milhões e a prefeitura fez um leilão para pagar primeiro quem aceitasse desconto, o que é um absurdo", critica Monteiro. "Fica fácil cortar despesas e posar de grande gestor quando você deixa de pagar seus compromissos", reclama Diniz. "Espero que o Serra tenha aprendido com esse erro, mas não tenho dúvida de que faça isso de novo se eleito", afirma empresário, que, apesar das críticas, diz que o sindicato não indicará candidato nem fará campanha contra ninguém. Serra atribui a culpa pela suspensão dos pagamentos ao PT, que teria deixado R$ 10 milhões em cheques sem fundo e "uma fila de 13 mil credores na porta da prefeitura, com serviços feitos, aprovados e não-pagos". "Não havia previsão orçamentária nem dinheiro em caixa suficiente para a quitar os contratos da gestão anterior", disse, por meio de sua assessoria. O tucano garante que, se eleito, não fará novas revisões nos contratos "porque a prefeitura teve a saúde financeira recuperada" pela atual gestão, que com ele na prefeitura, em 2005, e seguiu com seu aliado, o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD). Vice-presidente de obras públicas do Sindicato da Indústria de Construção Civil (Sinduscon), Luiz Antônio Messias concorda com o tucano. "Isso não foi só culpa do Serra. A Marta não deixou dinheiro em caixa para fazer os pagamentos e cancelou muitos empenhos como se fossem obras que não estavam executadas, mas que foram feitas", diz. Messias lembra, porém, que Marta também assumiu com problemas de caixa e, embora tenha tentado reduzir o valor de contratos, não suspendeu pagamentos. E que Serra, ao tomar posse no governo de São Paulo em 2006, no lugar de Geraldo Alckmin (PSDB), também promoveu revisão nos contratos. "É uma atitude recorrente do Serra. Quando ele foi governador, tive duas obras paralisadas por sete meses para uma auditoria. Depois se provou que não havia problemas e continuamos a obra, mas isso aumentou os custos porque tive que pagar vigias e a obra já tinha se deteriorado", conta. Serra defende que o poder público "pode, e deve, rever contratos periodicamente" para saber se as empresas fornecedoras cumprem corretamente seus contratos. "A auto-fiscalização não é uma opção, e sim uma obrigação de quem assume o poder público", afirma. Brigas partidárias à parte, o representante do Sinduscon pede a todos os candidatos que tenham respeito ao que já foi assinado. "Cada prefeito que assume quer rescindir contrato, quer revisão dos acordos, quer redução de preço, como se estivesse tudo com sobrepreço. Isso é terrível, gera muita insegurança jurídica", reclama Messias. Os candidatos prometem não renegociar prazo e valor dos contratos, mas defendem investigações. Celso Russomano (PRB) afirma que irá comparar o preço de contratos da iniciativa privada com os públicos quando houver indícios de superfaturamento. Para Gabriel Chalita (PMDB), as auditorias têm que ser rotina. Haddad ataca seu adversário. "Faremos auditoria onde os técnicos indicarem vulnerabilidade, mas sem perseguição política, como o Serra fez." Apesar das críticas a Serra, tanto Monteiro quanto Diniz dizem que suas associações não indicarão candidato para seus filiados. Na comparação de gestão, ambos elogiam Marta pela criação do bilhete único, que beneficiou seus funcionários e reduziu o gasto com vale-transporte, e veem Kassab como "neutro". "O que ele fez de bom foi desburocratizar a abertura e fechamento de empresas, mas falhou em muitos outros pontos", diz Monteiro. __________________________________________________________________ Cristina enfrenta sua primeira greve geral na Argentina A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deverá enfrentar hoje a sua primeira greve geral, convocada pela CGT. A central sindical, comandada pelo líder do sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano, não convocava uma paralisação desde 2001. O protesto terá caráter parcial: os principais sindicatos, como o de metalúrgicos, o dos comerciários, o dos eletricitários e o da construção civil, conhecidos na Argentina como "os gordos", não deverão aderir. Moyano contará com os caminhoneiros, categoria que na Argentina reúne todos os serviços de transporte, com a exclusão do de passageiros. Também estarão com ele os servidores do Judiciário, bancários, estivadores, ferroviários, trabalhadores de bares, hotéis e restaurantes e pilotos aéreos. A reivindicação central é a correção da tabela de isenção do imposto de renda, que não foi reajustada neste ano, apesar da inflação extraoficial da ordem de 25% ao ano. Mas a mobilização é uma demonstração para mapear as forças que cada ramo do sindicalismo conta para as próximas eleições da CGT. Moyano tenta a recondução para um novo mandato em 12 de julho, contra o líder metalúrgico Antonio Caló. Sem maioria no próximo congresso, seus opositores tentam convencer Cristina a intervir, anulando as eleições. O líder sindical tentará colocar 100 mil pessoas na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, mas a presidente estará a milhares de quilômetros dali. Cristina providenciou uma agenda de trabalho na província de San Luis, a única em que não venceu ao se reeleger nas eleições de 2011. Ontem, a presidente lançou um programa de crédito consignado para aposentados e deixou claro que não deve reajustar a tabela de isenção. Pela primeira vez, admitiu que vive um cenário de restrição econômica. "Estamos em uma situação quase igual à de 2009, quando também não subimos a isenção, por uma necessidade fiscal de injetar dinheiro para reaquecer a economia", afirmou. Ela ainda anunciou que a manifestação não contará com policiamento militar, ou a "gendarmeria". "Instruí para que não haja pessoal de segurança por onde transitem os trabalhadores, porque não é justo que eles sejam insultados ou agredidos. E digo aos juízes: vão ter que me processar, porque eu não vou permitir que nenhum policial saia", disse. Segundo o cientista político Julio Burdman, da consultoria Analytica, o protesto de amanhã tende a fortalecer Moyano. "Está mais fácil fazer oposição a Cristina, já que a presidente está em um processo de queda de popularidade desde a sua eleição e o clima de conflitividade social no país aumentou. Ele conta com o favoritismo no congresso da CGT, caso não haja uma intervenção do governo", disse. É certo que Moyano não manterá a CGT unida após o congresso de julho. A ala opositora, liderada pelos "gordos", deve deixar a central. A divisão da CGT já ocorreu em diversos momentos, sempre levando a um aumento dos conflitos laborais. "Será estabelecida uma competição para saber quem é mais radical, o que é péssimo para o setor empresarial", opinou Burdman. Agência Brasil __________________________________________________________________ Líderes partidários discutem fim do fator previdenciário com Guido Mantega Iolando Lourenço Brasília - Os líderes partidários da base governista da Câmara reúnem-se hoje (27) com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a partir das 13h30, no ministério, para discutir a votação do projeto de lei que trata do fim do fator previdenciário, dispositivo que limita o valor dos proventos quando o trabalhador se aposenta antes de completar a idade mínima. “A reunião é para dialogar. Como a Fazenda está contra é mais ver quais são os grandes problemas que o governo e a Fazenda alegam. É para verificar se o fim do fator vai dar prejuízo ou não”, disse o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP). Segundo ele, a proposta que tem mais apoio é da regra 95 para homens e 85 para mulheres. “O governo havia concordado, depois voltou atrás”. Essa regra 95/85 foi proposta pelo então deputado Pepe Vargas (PT-RS), ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O dispositivo é a soma do tempo de serviço e a idade, ou seja, no caso dos homens a soma do tempo de contribuição mais a idade tem que dar 95. (Por exemplo: 35 anos de contribuição e 60 de idade). Para as mulheres a soma tem que dar 85 (tempo de contribuição mais idade). “Tem uma corrente que diz que não há prejuízo por parte do governo, porque é daqui para a frente. É uma reunião de esclarecimento e de ouvir a Fazenda e, ao mesmo tempo, para dar segurança para os deputados votarem a matéria”, acrescentou o líder petista. Segundo ele, não pode é ficar do jeito que está. “A ideia é colocar uma trava para mudar esse critério pelo menos daqui para a frente, porque ele é perverso para o trabalhador que vai se aposentar. Não posso garantir o dia da votação”. A aprovação do fim do fator previdenciário é uma reivindicação antiga das centrais sindicais e de muitos parlamentares ligados ao movimento sindical. O fator previdenciário foi instituído no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para tentar retardar as aposentadorias. __________________________________________________________________ Governo quer Usina de Belo Monte como condições de trabalho na construção civil exemplo de Pedro Peduzzi Brasília - Começou ontem (26) e segue até o dia 29 a visita técnica de representantes do governo federal a Altamira, para averiguar a situação dos trabalhadores nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, e dar início à implementação do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção. A iniciativa da Secretaria-Geral da Presidência da República tem o objetivo de melhorar as condições de trabalho na construção civil a exemplo do ocorrido no setor sucroalcooleiro. De acordo com a secretaria, Belo Monte será usado "como exemplo de condições de trabalho para todo o setor de construção civil do país". De modo geral, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) considera, segundo seu vice-presidente, Roginel Gobbo, que "as condições de trabalho são boas" nos canteiros de Belo Monte, apesar da insatisfação de boa parte dos trabalhadores com a distância entre os períodos de baixada – nove dias de folga a cada seis meses para os trabalhadores oriundos de outros estados. “Em linhas gerais, não há problemas nem condições subumanas para os trabalhadores da obra. Mas buscamos melhorias sempre que possível. As maiores queixas continuam sendo a distância entre os períodos de baixada e os valores dos tickets de alimentação”, disse Gobbo à Agência Brasil. O sindicato está acompanhando a visita técnica coordenada pelo assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, José Lopez Feijóo. Foram convidados a participar da visita representantes do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicom), da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Fenatracop), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário (Contricom), do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Mobiliária de Altamira e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Estado do Pará. A empresa responsável pela construção e operação da hidrelétrica, a Norte Energia, e o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), executor das obras civis e de engenharia, também foram convidados. Entre as pautas da visita estão questões relativas à representação no local de trabalho, comissão de saúde e segurança, recrutamento, contratação e qualificação da mão de obra. __________________________________________________________________ Gol fechará 2,5 mil postos de trabalho em 2012 Daniel Mello São Paulo – A companhia aérea Gol informou ontem (26) que, de janeiro a dezembro, serão fechados 2,5 mil postos de trabalho. Segundo a empresa, a medida é necessária para a companhia “adequar-se à nova realidade do mercado, manter seu plano de negócios disciplinado e a sustentabilidade”. Ainda de acordo com a nota divulgada pela Gol, a redução do quadro será feita com cortes, congelamento de vagas e não reposição de funcionários que deixarem a empresa. No início de abril, a Gol havia anunciado a demissão de 131 funcionários e redução de 80 voos dos cerca de 900 operados diariamente pela companhia. O Sindicato Nacional dos Aeroviários pretende questionar as demissões na Justiça do Trabalho. Segundo a presidenta do sindicato, Selma Balbino, a empresa tem descumprido um acordo celebrado entre funcionários e o sindicato patronal. “Estaremos entrando no Tribunal Superior do Trabalho com uma ação contra a Gol por descumprir essa cláusula”, disse. Pelo acordo, os funcionários mais antigos não seriam afetados pela redução do quadro de funcionários da Gol, mas segundo Selma, empregados antigos já foram demitidos pela companhia. Para Selma, a empresa não está agindo de acordo com a realidade do mercado. “ [O Brasil] é o único lugar onde a aviação está crescendo mais de 15% ao ano, isso é um fenômeno. Se na contramão do crescimento nós temos demissão, isso significa que quem fica está trabalhando duas vezes”, protestou. __________________________________________________________________ Seminário em Brasília discute os avanços sobre o trabalho decente Brasília - O Ministério do Trabalho e Emprego promove hoje (27) em Brasília seminário sobre trabalho decente. O objetivo do encontro, realizado em conjunto com a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados e a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), é discutir os avanços nas relações de trabalho no país entre 2006 e 2011. Vários ministros devem participar da abertura do seminário, às 9h, no auditório do Ministério da Previdência Social, entre eles Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Brizola Neto, do Trabalho e Emprego, e Garibaldi Alves Filho, da Previdência. Também deverão estar presentes o coordenador da Conatrae, José Guerra, e um representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Das 10h30 às 12h, o debate será sobre trabalho decente e avanços na inclusão de jovens e pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Das 14h30 às 16h, haverá discussões a respeito do trabalho decente e os avanços na erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil. Das 16h às 17h30, os participantes debatem os avanços no combate às discriminações de gênero e raça e trabalho doméstico. A mesa de encerramento está prevista para as 17h30. __________________________________________________________________ Exploração sexual e terceirização da mão de obra estimulam tráfico de pessoas no Brasil, segundo especialistas Carolina Sarres Brasília – A ligação entre exploração sexual, tráfico de drogas e trabalho escravo; a falta de tipificação legal para o aliciamento de estrangeiros; e a terceirização de mão de obra são fatores que estimulam o tráfico de pessoas no Brasil. A conclusão é de especialistas que participaram ontem (26) de audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas no Brasil, realizada na Câmara dos Deputados. De acordo com a coordenadora da Comissão de Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmã Maria Henriqueta Cavalcante, a desigualdade social e a falta de políticas públicas oferecem poucas alternativas de trabalho para jovens e adolescentes no Pará e no Amapá. Nos dois estados, há alto índice de tráfico de pessoas para as capitais da Guiana Francesa e do Suriname – Caiena e Paramaribo, respectivamente. Em muitos casos, essas pessoas trabalham em condição análoga à escravidão, informou a coordenadora. “O tráfico acontece ao nosso lado e não sabemos identificar”, disse a religiosa, que é ameaçada de morte e vive acompanhada de escolta policial. Parte do depoimento da irmã Henriqueta sobre a rede de tráfico foi feita a portas fechadas, por razões de segurança. Para o coordenador-geral da Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), José Armando Guerra, não há na legislação brasileira a tipificação de tráfico internacional de pessoas. De acordo com o Código Penal, só há previsão de punição para aliciamento de brasileiros para trabalho em condições análogas à escravidão. “Essas pessoas não conseguem se inserir no mercado de trabalho e são potenciais vítimas de trabalho escravo. O primeiro registro civil que esses trabalhadores têm é, muitas vezes, a carteira de trabalho recebida na hora da libertação”, explicou o coordenador. O subsecretário de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Renato Bignami, informou ainda que a terceirização do trabalho é um canal para o tráfico de pessoas no Brasil. Segundo ele, na maior parte das situações degradantes encontradas pela fiscalização do ministério, os trabalhadores estão em regime de subcontratação. __________________________________________________________________ Arrecadação federal registra recorde em maio Daniel Lima e Wellton Máximo Brasília – A arrecadação federal em maio é recorde para o mês e ficou em R$ 77,971 bilhões, com crescimento de 3,82%, descontada a inflação oficial pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro até maio deste ano, a arrecadação federal totalizou inéditos R$ 427,448 bilhões, com alta de 5,83%, também levando em conta o IPCA e em comparação com os cinco primeiros meses de 2011. De acordo com a Receita Federal, o resultado da arrecadação deve-se principalmente ao pagamento de débitos em atraso, desempenho do ajuste anual referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido decorrente da lucratividade das empresas no ano de 2011 e ao desempenho dos principais indicadores macroecômicos. Rede Brasil Atual __________________________________________________________________ Marco regulatório: ministro Paulo Bernardo, o que falta? Venício A. de Lima Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa São Paulo – Um ano e meio após a posse da presidenta Dilma Rousseff, o ministro das Comunicações Paulo Bernardo fez um importante pronunciamento sobre “Regulação e Liberdade de Expressão”, na abertura do 26º Congresso da Abert, em Brasília, na terça-feira (19/6). Estava lá boa parte dos concessionários do serviço público de radiodifusão. Ausentes os empresários filiados a Abra (redes Band e RedeTV!) e a Abratel (Rede Record). Trata-se, sem dúvida, do mais claro posicionamento deste governo sobre o tema até o dia de hoje. A cobertura da grande mídia sobre a abertura do Congresso da Abert, por óbvio, optou por destacar a “flexibilização” do horário de transmissão da Voz do Brasil e as garantias sobre a “liberdade da imprensa” – como se ela estivesse sob constante ameaça. Uma leitura isenta do pronunciamento do ministro as Comunicações, todavia, não poderá ignorar que, além das reiterações de praxe sobre o respeito à liberdade de expressão e a ausência de incompatibilidade entre regulação e democracia, estão lá as seguintes afirmações: 1. A questão de um marco regulatório para as comunicações no Brasil se transformou em questão de “bom senso”: “Quanto à necessidade de regulação, ou de atualização das leis que regem a comunicação no Brasil, minha expectativa é de que o tema avance e ganhe apoio rapidamente, até por questão de bom senso”; 2. A legislação do setor está totalmente defasada e as normas e princípios constitucionais sobre o assunto não foram regulamentadas: “O rádio e a televisão são regulados por uma Lei que completa meio século de vida em 27 de agosto próximo. Se não bastasse, a Constituição de 1988 prevê que questões como a programação local e independente ou o estímulo à cultura regional sejam regulamentadas. E até hoje inexiste qualquer lei que discipline como isso deve ser feito”; 3.Não deve surpreender, portanto, que exista uma série de questões concorrenciais, jurídicas e estratégicas que não encontra resposta no quadro legal existente. Alguns exemplos: “A regra que obriga o controle de empresas jornalísticas por capital brasileiro vale para a internet? As empresas que vendem conteúdos online ou em televisores conectados devem ser submetidas a regras semelhantes às da TV paga ou radiodifusão? O que deve ser feito para que o audiovisual brasileiro continue a ser produzido e veiculado em um mercado no qual a infraestrutura e os serviços estão em mãos de grandes empresas multinacionais? Como se pode garantir a livre circulação de conteúdos e a pluralidade de fontes de informação em um mercado que tende à concentração, como é o caso das telecomunicações ou dos gigantes da Internet? Quais devem ser os mecanismos para que o Brasil continue a contar com um ambiente jurídico e normativo que permita, no longo prazo, que empresas continuem a prestar serviços gratuitos, como é o caso atual do rádio e da televisão?”; Acesso plural 4.A possibilidade de avanços na normatização do setor chegou ao limite. Não há como prosseguir sem um novo marco regulatório: “Com a modernização do Regulamento de Serviços de Radiodifusão (...) chegaremos ao limite dos avanços infralegais que podem ser feitos no atual ambiente regulatório das comunicações. Para irmos além, precisamos de uma nova Lei – e não podemos esperar que o rádio e a televisão sejam substituídos pela Internet para dar início à sua formulação”; 5.Os objetivos de uma Lei Geral proposta pelo Executivo não incluem a prática do jornalismo e, portanto, não se aplicarão a jornais e revistas. São eles: “(a) regulamentar os artigos constitucionais relativos à comunicação eletrônica,(b) modernizar as regras provadamente defasadas e (c) possibilitar o tratamento à convergência tecnológica”; 6.A ausência de interferência do Estado (liberdade negativa) não é garantia da liberdade de expressão. É necessário que o cidadão comum tenha também garantidos seu direito de acesso à informação e às tecnologias que “mediam” o debate público: “Abominamos a censura ou o que se chamou de “controle sobre a mídia”. Do mesmo modo, sabemos que o pleno exercício das liberdades individuais vai muito além da não interferência do Estado nas atividades jornalísticas. Ele passa pelo acesso dos cidadãos às variadas fontes de informação e meios de comunicação”. Questão premente A nota à imprensa divulgada pela Abert ao término do seu 26º Congresso fala em “resultados altamente positivos” e destaca especificamente “a garantia do governo, através do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de que o novo marco legal da comunicação eletrônica será fruto de diálogo com toda a sociedade e que seu conteúdo respeitará os princípios de liberdade de expressão e de imprensa, sem impor qualquer tipo de controle sobre os veículos de comunicação no país” (ver aqui a íntegra da nota). Nas últimas semanas, setores impermeáveis até mesmo ao debate sobre um marco regulatório para as comunicações têm feito declarações reconhecendo a necessidade de uma proposta legal e de sua discussão pública. Diante desses fatos, reaparece a incontornável questão: o que impede o governo da presidente Dilma de colocar em debate uma proposta de regulação para setor de comunicações? Senhor ministro, o que falta? Venício A. de Lima é jornalista, professor aposentado da UnB Tribunahoje.com (Alagoas) __________________________________________________________________ Primeira mulher eleita presidente da CUT em Alagoas toma posse Amélia Fernandes comandava o Sindicato dos Urbanitários A presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas Amélia Fernandes Costa tomou posse nesta terça-feira (26) na presidência da Central Única dos Trabalhadores em Alagoas (CUT/AL) como a primeira mulher eleita para o comando da entidade. O evento aconteceu no Clube dos Sargentos, na rua Dr. Pontes de Miranda, 332, Trapiche da Barra, vizinho ao Colégio Tiradentes. Amélia foi eleita com 71,3% dos votos durante o 10º Congresso da CUT/AL, realizado no período de 31 de maio a 2 de junho. Também toma posse o vicepresidente, Genivaldo Oliveira, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Alagoas (Fetag/AL). A nova presidente teve o apoio da grande maioria dos sindicatos filiados à CUT/AL, inclusive de mais de 70 sindicatos rurais ligados à Fetag. Amélia substitui Izac Jackson, que deixa o comando da central após nove anos, com grandes avanços e conquistas alcançadas. A nova presidenta da CUT/AL defende uma postura de cidadania a frente da entidade. “A nossa Central vai além da luta de classe, que envolve a valorização do trabalho. A nossa luta é por cidadania através da moradia digna, transporte, educação de qualidade, saúde para todos e todas, segurança pública, reforma agrária, fortalecimento da agricultura familiar entre outras, e esse projeto só se fortalece com a participação de todos e todas, através de um espaço plural, da construção coletiva, e de uma prática política que envolva o conjunto da classe trabalhadora e a sociedade em geral no debate sobe o modelo de sociedade que queremos”. Afirma Amélia. A nova presidenta disse que quer o apoio de todos/as os sindicatos filiados a central e da sociedade civil organizada, prometendo muito empenho em torno das lutas dos/as trabalhadores/as alagoanos/as. ‘‘Vamos unir a cidade com o campo e fazer uma luta conjunta’’, destacou Amélia. CURRÍCULO RESUMIDO Amélia Fernandes Costa é natural de Murici, mas foi criada em São Luiz do Quitunde. Atuou no movimento estudantil, social e sindical. É formada em Educação Física pela UFAL. Funcionária concursada da Casal desde 1988. Em 1996 passou a integrar a diretoria do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas. Em 1997 passou a integrar a Diretoria da CUT Alagoas. Em 2008 foi eleita presidenta dos Urbanitários de Alagoas e reeleita em 2011. Liderou o movimento de mulheres através da Secretaria da Mulher da CUT/AL e a Secretaria da mulher da Federação Nacional dos Urbanitários. Atua ainda como conselheira do CONCIDADES, do Ministério das Cidades. Rádio Web – Jornal Brasil Atual __________________________________________________________________ Em novo cargo, diretor da CUT promete rever concessão de registros sindicais Manoel Messias, que está deixando a Secretaria de Relações do Trabalho da CUT, afirmou que uma das suas primeiras tarefas em seu novo cargo na Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego será redefinir a concessão de registros sindicais para fortalecer sindicatos que tenham representatividade. Reportagem de Anelize Moreira: http://www.redebrasilatual.com.br/radio/programas/jornal-brasilatual/primeira-tarefa-de-dirigente-da-cut-na-secretaria-doministerio-do-trabalho-e-redefinir-concessao-de-registrossindicais/view Giro pelos blogs Blog do Sakamoto __________________________________________________________________ Justiça proíbe União tradicional no Pará de lotear terras de comunidade Leonardo Sakamoto Foi publicada, nesta terça (26), sentença judicial garantindo a permanência da comunidade tradicional paraense de Burajuba, em Barcarena (a 123 quilômetros de Belém), em suas terras. De acordo com o Ministério Público Federal, a comunidade havia sido removida para periferia da cidade em troca de indenizações que nem teriam sido pagas corretamente. Os recursos que vieram eram insuficientes para a manutenção da qualidade de vida das cerca de 50 famílias atingidas. Por isso, retornaram às suas terras – para serem retiradas novamente. O MPF conseguiu suspender o leilão da área, obteve uma decisão liminar favorável aos moradores em 2008 e, agora, a decisão final. O leilão das terras estava sendo realizado pela Companhia de Desenvolvimento de Barcarena (Codebar), empresa pública em processo de liquidação sob a responsabilidade do governo federal, criada em 1984 para preparar infraestrutura urbana visando à instalação da fábrica da Albras-Alunorte. Diz a sentença: “julgo procedente a ação cautelar e, por conseguinte, confirmo os efeitos da liminar anteriormente concedida para que a União, sucessora da Codebar, se abstenha de transferir a propriedade das terras localizadas na Quadra 73 aos particulares adquirentes, bem como de promover medidas tendentes a ameaçar a posse dessas terras pela Comunidade de Burajuba”. De acordo com o procurador Felício Pontes Jr, que defendeu os interesses da comunidade: “o caso de Burajuba é paradigmático, pois está no centro de um grande projeto na Amazônia, mostrando como eles foram planejados: sem levar em consideração a população local”. Para sustentar o caso, o Ministério Público Federal no Pará utilizou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, do qual o Brasil é signatário. Ela estabelece que as populações tradicionais não devem ser removidas das terras ou territórios que ocupam a não ser em condições excepcionais. A Justiça Federal concordou com a argumentação e acatou as solicitações do MPF. Projeto Jari – “Queremos que sejam reconhecidas as comunidades e suas famílias. O restante, o Estado pode repassar a quem quiser.” O pedido veio de Magnandes Costa, uma das lideranças da Associação dos Trabalhadores Rurais, Extrativistas e Hortifrutigranjeiros da Comunidade Morada Nova do Jari, no Pará. Ele reclama que comunidades tradicionais estão perdendo a disputa por territórios para o Grupo Orsa, responsável por um grande projeto de celulose na região. A empresa nega e afirma que “todas as comunidades tradicionais realmente estabelecidas dentro da legalidade têm seus direitos reconhecidos”. De acordo com a liderança, há 6 mil agricultores distribuídos em 152 comunidades na região. Mais de 100 famílias já teriam sido removidas em favor da empresa. “Lá fazemos a extração da castanha e do açaí”, reclama Magnandes. Para entender essa situação, é necessário voltar um pouco no tempo. No final dos anos 60, na onda dos grandes projetos do governo militar para “desenvolver” a Amazônia, o bilionário norte-americano Daniel Ludwig comprou uma área de cerca de 1,2 milhão de hectares cortada pelo rio Jari, divisa entre os Estados de Pará e Amapá, com o intuito de ali instalar uma fábrica de celulose. A área havia sido originalmente acumulada por José Júlio de Andrade no final do século 19 sob denúncias de fraude. Famílias de extrativistas que ocupavam o terreno foram expulsas. Ao mesmo tempo, ao longo da década de 70, ocorreu ali uma das mais intensas ondas de migração da Amazônia para suprir de mão de obra a fábrica de celulose e as plantações de eucalipto. Após acumular alguns escândalos, o Projeto Jari fracassou e foi assumido, em 1982, por um grupo de empresas nacionais. As áreas do vale do Jari não utilizadas pelo grande empreendimento foram sendo ocupadas por pequenos agricultores e pecuaristas atraídos pelo projeto e que se somaram às famílias de extrativistas, muitas remanescentes do período da borracha, anterior ao da celulose. No período de crise econômica nos anos 80 e 90, essa ocupação foi se consolidando. A partir de 2000, no entanto, o Grupo Orsa, umas das principais organizações brasileiras do setor de papel e embalagens, assume a área. A unidade de celulose instalada hoje no município de Almeirim é a única 100% FSC (Forest Stewardship Council) – principal certificação de boas práticas florestais. Enquanto isso, a Orsa Florestal, outra empresa do grupo, é responsável por explorar um Plano de Manejo Florestal que é o maior projeto privado de floresta nativa tropical certificado no planeta, com aproximadamente 545 mil hectares, tendo o selo FSC desde 2004. A aprovação de um Plano de Manejo, por sua vez, exige que se comprove a propriedade da área e, pela primeira vez, houve um real esforço para se fazer ali a regularização fundiária. Porém, desde 1978, o governo do Estado do Pará reconhecia como públicas boa parte dessas terras e as centenas de posses ali existentes passaram a ser um entrave. Instalou-se, então, uma disputa judicial entre a empresa e o governo estadual. Coube ao poder público encaminhar a solução para o plano de manejo madeireiro: ele seria renovado e o Grupo Orsa, com base em um acordo com o Instituto de Terras do Pará, se comprometeria em colaborar com a regularização das posses existentes em sua área de pretensão sempre que os ocupantes dessas posses tivessem esse direito. O Grupo Orsa conseguiu reintegrações de posse na Justiça, mas há camponeses afetados que reclamam não terem tido condições de se defenderem de forma apropriada. Denunciam que retomadas foram executadas pelos próprios seguranças do grupo. E informam também que a regularização das comunidades não vem acontecendo como deveria. De acordo com posição encaminhada pela empresa (do qual fazem parte a Orsa Florestal e a Jari Celulose, Papel e Embalagens), “todas as comunidades tradicionais realmente estabelecidas dentro da legalidade têm seus direitos reconhecidos pelo Grupo Orsa, que tem intermediado o reconhecimento de suas áreas junto aos governos do Pará e do Amapá, que são as instâncias com poder para tal”. A empresa encaminhou cópia do compromisso firmado com o Iterpa e reconhece a existência de 98 comunidades tradicionais na área. “Ao dectectar que houve invasões, que quase sempre acarretam desmatamentos na área, o Grupo Orsa aciona a Justiça para a reintegração de posse e a retirada dos invasores, contando com o apoio da Justiça. O que ocorre na região e em quase toda a Amazônia é que grupos de interesses diversos se aproveitam da falta de informações dos habitantes locais para atenderem interesses próprios, às vezes ligados a madeireiros ilegais.” Com informações de Ricardo Folhes e Maria Luiza Camargo. Colaborou Bianca Pyl, da Repórter Brasil. Blog do Ricardo Kotscho ___________________________________________________________ CPI, mensalão e eleições: Dilma quer distância Vivemos neste momento uma situação inusitada na cena política em Brasília, cidade habituada a girar em torno do protagonismo da figura presidencial. Já há vários meses o noticiário político é dominado por três assuntos: CPI do Cachoeira, mensalão e eleições municipais. E o nome da presidente Dilma Rousseff raramente aparece relacionado a qualquer um deles. Ao contrário, o que a presidente mais quer é continuar mantendo a maior distância possível dos três principais polos geradores de manchetes na imprensa. Até aqui, de fato, Dilma tem conseguido seu objetivo de dedicar a maior parte do tempo à administração e ao gerenciamento dos efeitos da crise mundial na economia brasileira. A visão do governo federal para cada um destes temas no momento é a seguinte: Mensalão _ O atraso previsto no início do julgamento, marcado para 1º de agosto, pode criar uma situação que obrigará Dilma a escolher um nome para o lugar do ministro Cezar Peluso, que se aposenta no início de setembro e corre o risco de não poder dar seu voto no processo. Neste caso, a presidente da República sofrerá pressões dos dois lados: a dos que defenderão que ela indique logo um novo nome para substituir Peluso no Supremo Tribunal Federal e a dos que defenderão, em contrário, que seja adiada esta nomeação para depois do julgamento (em caso de empate entre os dez membros restantes, o direito penal brasileiro prevê que o réu será beneficiado). Dilma já está avaliando esta possibilidade e pensando em nomes, mas ainda não tem nada definido. CPI do Cachoeira _ O distanciamento ostensivo que Dilma resolveu manter do caso desde a instalação da CPI, já está provocando críticas de integrantes da base aliada, reclamando que "a gente nunca sabe o que o governo quer". Na verdade, o governo não quer nada. Quer apenas que esta CPI acabe logo para que o Congresso Nacional possa dedicar mais tempo à discussão de temas relevantes para o país. Divergências na condução dos trabalhos e nos objetivos da CPI têm colocado muitos vezes em lados opostos o PT e o PMDB, os dois principais partidos da base aliada, que vivem num clima de tensão permanente. Isto se explica em parte pela condição do vice-presidente Michel Temer, que deve o cargo à sua condição de principal lider do PMDB, o partido que disputa espaço no governo com o partido da presidente. Este problema não havia no governo anterior, quando o vice de Lula era José Alencar, um empresário que nunca teve militância partidária e era uma indicação pessoal do então presidente. Mais do que a CPI, porém, que na avaliação do governo já deu o que tinha que dar _ a iminente cassação de Demóstenes, com Carlinhos Cachoeira mantido na cadeia e a Delta deixando as obras do governo _ o que preocupa o governo central nesta história de confrontos na base aliada é a aproximação das eleições, em que tanto PMDB quanto PT jogam seus trunfos já pensando em 2014. Eleições municipais _ Além da já prevista disputa de PT e PMDB no campo da situação, o fato novo analisado pelo governo de Dilma é a emergência na boca do palco do aliado Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB, que resolveu entrar já no clima de 2014, jogando pesado em várias mesas ao mesmo tempo. Por cálculo ou circunstâncias da vida real, o fato é que para levantar vôo próprio o seu PSB já rompeu antigas alianças com o PT no Recife e em Fortaleza, mas pode se tornar sócio do partido de Lula numa eventual vitória de Fernando Haddad em São Paulo, além de manter a joint-venture em Belo Horizonte. Dilma acompanha de longe os percalços enfrentados por Lula para alavancar a campanha de Haddad em São Paulo, que o levaram a tirar fotos até com Paulo Maluf na casa do ex-inimigo, , mas se preocupa mais com a saúde do amigo do que com os resultados das eleições. Para ela, Lula está sempre certo, ninguém entende de política mais do que ele, e ponto final. Na avaliação do governo federal, não muda nada o eixo da política nacional ganhar ou perder em São Paulo porque ali já é um reduto da oposição tucana faz muito tempo. "Quem tem que ganhar são eles. Para nós, o que vier é lucro", raciocina-se no Palácio do Planalto. *** Depois da foto, Maluf tripudia e vira a estrela das eleições Assim como Dilma, eu também gostaria de manter uma saudável distância do assunto eleições, que é muito complicado para a minha cabeça, mas o Maluf não deixa. A última dele, em entrevista a Mônica Bergamo, na "Folha" desta terça-feira: "Perto do Lula, sou comunista". Uma semana depois da inacreditável foto com o ex-presidente Lula nos jardins da mansão dele, Paulo Maluf ressurgiu das trevas, não sai mais do noticiário e agora resolveu tripudiar. Virou a estrela da campanha eleitoral na maior cidade do país. Ressuscitado pelo PT, quem diria..., o criador do malufismo, que deu origem ao verbo malufar e por isso é procurado pela Interpol em 188 países, agora danou a dar entevistas e até dá palpites na escolha do vice de Fernando Haddad, depois que Luiza Erundina chutou o balde por causa dele. Chegou a defender o nome de Luiz Flavio D´Urso, um dos lideres do movimento "Cansei" criado contra o governo Lula pelo high-society paulistano. Maluf já avisou também que vai alegando, com razão, que parte famosa que repetiu várias vezes por Duda Mendonça na disputa personagens: querer participar do programa de TV de Haddad, do tempo é dele. Só falta adaptar aquela frase na campanha do seu pupilo Celso Pitta, escalado da sua sucessão, só que desta vez com outros "Se o Haddad não for um bom prefeito, nunca mais vote no Lula". A seguir, algumas pérolas do pensamento malufista publicadas na matéria de Mônica Bergamo, em que revela ter recebido, antes de Lula, duas visitas do candidato tucano José Serra em sua casa para pedir o seu apoio: "Fechado o acordo com o PT, fizemos um almoço em casa, algumas pessoas compareceram. E o Lula foi convidado. Constrangido? Ao contrário, ele estava alegre e feliz". "Quem mudou? O Lula assumiu em 2003 sob a desconfiança de que era um Fidel Castro brasileiro (...) Mas, da maneira como exerceu a Presidência, diria que ele está à minha direita. Eu, perto do Lula, sou comunista". "Em 2014, a minha chapa vai ser Dilma para presidente e Geraldo Alckmin para governador (...) Acabou a eleição, o que interessa é que haja governabilidade". "Em 1998, apoiamos FHC, que teve 51%. Se não fosse meu apoio, ia para o segundo turno contra o Lula". Blogdacidadania.com.br __________________________________________________________________ Crime organizado derrubou Lugo No centro de São Paulo, na região da Praça Princesa Isabel, no bairro de Campos Elíseos, no fim da tarde, nos salões acanhados das agências de empresas de ônibus que fazem transporte de passageiros ao Paraguai, o movimento é frenético. Os ônibus chegam às paradas bem antes da partida a fim de ser carregados com grande quantidade de mercadorias. As empresas de ônibus são paraguaias, argentinas e também brasileiras. Há uma meia dúzia de agências dessas empresas na região. Atualmente, boa parte dessas mercadorias (tecidos, roupas, calçados, material de construção, material elétrico etc.) passa normalmente pelo lado brasileiro do controle de fronteira com o Paraguai e, ao chegar do lado de lá, paga imposto. As coisas mudaram muito de 2009 para cá. Então, muito pouco do que era embarcado nos ônibus do lado brasileiro passava efetivamente pela aduana paraguaia. Os ônibus faziam paradas em Foz do Iguaçu para descarregarem a mercadoria e ela seguia em vans e barcos por caminhos alternativos até país vizinho. Sem pagar nada. O comércio ilegal de mercadorias e o tráfico de armas e drogas sofreu um grande golpe com a chegada de Fernando Lugo ao poder. Em fevereiro de 2011, por exemplo, em reunião celebrada na capital paraguaia, Asunción, Lugo anunciou a criação de uma coordenadoria especial para combater o contrabando e o descaminho nas fronteiras do país. O objetivo da coordenadoria de entidades como a Direção Nacional das Aduanas, o Ministério da Indústria e Comércio e o Ministério da Fazenda era frear a invasão de produtos contrabandeados dos países vizinhos para o Paraguai ou deste rumo aos países limítrofes, sobretudo Brasil e Argentina. À época, a seguinte declaração de Lugo (abaixo) provocou a ira do empresariado paraguaio e dos amplos setores daquela sociedade que têm no contrabando uma das mais importantes fontes de receita: “Como vocês sabem, a luta contra o contrabando, fundamentalmente, faz alusão ao comércio exterior, tanto de importação como de exportação. Com esta comissão, que irá reunir-se mensalmente para coordenar planos específicos, esperamos poder reduzir este flagelo que afeta nosso país. A ideia aqui é tomar o tema em sua totalidade, porque sabemos também que, por trás dos pequenos contrabandistas, há grandes mentores, que são os beneficiários finais do processo. Os pequenos estão envolvidos, somente, como forma de subsistência” Todos os que conhecem o Paraguai sabem que “importar” mercadorias e insumos “en negro” sempre foi prática da quase totalidade do grande, do médio e até do pequeno empresariado daquele país. As empresas têm dois caixas e os fiscais do governo sempre foram facilmente corruptíveis. Lugo combateu também, por exemplo, leis que permitiam trazer carros roubados no Brasil e legalizá-los do lado Paraguaio. Ou seja: o sujeito roubava o veículo do lado de cá, entrava no país vizinho, ia até a “Alcaldia” (prefeitura) e obtinha documentação e emplacamento. Simples assim. Era prática que funcionava também na Bolívia. Lugo e Evo Morales acabaram com a festa. Ainda assim, a corrupção desbragada que vige no Paraguai ainda permite “legalizar” carros roubados no Brasil. Mas essa prática deixou de ser institucionalizada. Outra medida de exceção estabelecida por Lugo foi dar liberdade de ação aos militares para promover prisões, buscar e combater grupos armados vinculados ao movimento de guerrilha Exército do Povo do Paraguai (EPP), acusado de manter vínculos com as FARC e com o crime organizado atuante na fronteira com o Brasil. O estado de exceção foi decretado pelo governo paraguaio em cinco departamentos (estados) e evidenciou a atividade criminosa na região da fronteira. A rentabilidade que o mercado negro gera a setores da sociedade paraguaia e a redes poderosas do crime organizado possuem vastas ramificações nas instituições daquele estado nacional, dominando decisões nos níveis Legislativo, Executivo e Judiciário. A corrupção, o contrabando e o tráfico são instituições paraguaias que Lugo tentou combater. Quem conhece o Paraguai sabe do clima de revolta entre os setores que sempre se beneficiaram desse estado de coisas. O presidente anterior a Lugo, Nicanor Duarte, tinha ligações escancaradas com o contrabando. Ligações que até os postes da avenida Eusebio Ayala, em Assunção, onde o contrabando vai à venda, conhecem. Altmiroborges.blogspot.com.br __________________________________________________________________ O tiroteio na coligação de Serra Por Altamiro Borges Com chamadas de capa nos jornais e comentários raivosos na televisão, a mídia demotucana tem superdimensionado as dificuldades de campanha de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, principalmente após o episódio da foto de Lula com Maluf. Mas de forma seletiva, como sempre, a mídia evita dar destaque para os graves problemas enfrentados por José Serra. Até parece que reina a paz no ninho tucano e na sinistra coligação montada para apoiá-lo – esta máfia, sim, propiciaria fotos impactantes! Até agora o bloco da direita não definiu o nome do vice-prefeito e nem a composição da chapa de vereadores. O DEM não aceita os “traidores” do PSD na chapa majoritária. Já o partido de Kassab, que “não é de direita, nem de esquerda, nem de centro”, quer a vice para poder se viabilizar eleitoralmente. Diante do prolongado impasse, alguns tucanos decidiram propor uma chapa “puro-sangue”. "Clima de frustração no PSDB" “Se o vice não for tucano, o clima de frustração no PSDB será grande. Já cedemos muito aos aliados, agora é hora de unificar o partido”, justifica o tesoureiro do diretório tucano da capital, Fabio Lepique. Segundo a Folha tucana, “no QG de Serra, a pressão causa desconforto e há quem diga que um gesto ostensivo retardará ainda mais a composição da chapa majoritária”. O clima é de guerra na coligação e a briga pela vice já causou a primeira fratura. “Sindicalistas do PSD desmobilizaram caravana de 400 militantes que participaria da convenção de Serra. O presidente licenciado da UGT, Ricardo Patah, que também pleiteava a vice, viajou para Portugal dizendo-se escanteado pela organização do evento”, informa a mesma Folha. Jogo maroto da mídia Se nas cúpulas partidárias o clima já está quente, pior ainda nas “bases”. Centenas de candidatos a vereador do PSDB, DEM, PSD, PR e PV não sabem qual será o seu futuro. A coligação proporcional ainda não foi aprovada. Os tucanos resistem a compor uma chapa única, alegando que esta “cedência” reduziria ainda mais o minguado número de vereadores do PSDB na capital paulista. Toda esta confusão é simplesmente ofuscada pela mídia demotucana. Como um autêntico partido político, ela prefere estimular a cizânia e superdimensionar as dificuldades da oposição às forças conservadoras que hegemonizam São Paulo. E ainda tem muita gente que cai neste jogo maroto! Osamigosdopresidentelula.blogspot __________________________________________________________________ Arquiteto e telefonema mostram que Perillo mentiu e vendeu casa para Cachoeira O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mentiu à comissão ao explicar a venda da sua casa no ano passado. "Com certeza (o governador mentiu). Está evidente que a história foi uma história montada. A história da casa é para negar a relação do governador com o senhor Carlinhos Cachoeira", afirmou Odair, ao fim do depoimento do arquiteto Alexandre Milhomem. Odair Cunha disse que há interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal, onde Cachoeira manda rasgar um contrato de compra e venda firmado diretamente com Perillo. A casa foi paga com três cheques de uma empresa que tem como sócio um sobrinho de Cachoeira. Para Cunha, outra prova da transação é a de que a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, contratou o arquiteto Alexandre Milhomem por R$ 50 mil para decorar a casa em maio, quando os cheques de familiares de Cachoeira já estavam sendo pagos a Perillo. O arquiteto, que depôs na CPI, também calculou que as compras de móveis e objetos de decoração para a casa somaram cerca de R$ 500 mil, pagos por Andressa. Parte do pagamento pela decoração foi paga pela empresa Alberto e Pantoja, que, segundo a Polícia Federal, recebeu repasses da Delta Construções, investigada como parte do esquema atribuído a Carlinhos Cachoeira. Ao ser perguntado se o governador teria mentido em seu depoimento, Cunha respondeu: "Com certeza. Está evidente que a história foi uma história montada. A história da casa é para negar a relação do governador com o senhor Carlos Cachoeira. (...) fica cada vez mais evidente pelos áudios da Polícia Federal, que dão conta que Carlos Cachoeira queria comprar a casa em fevereiro, que dão conta da preocupação de Carlinhos Cachoeira com a casa estar no seu nome em abril, que dão conta da decoração dessa casa, que dão conta de que Cachoeira queria vender a casa no final de junho e no começo do mês de julho" - disse. Por fim, quando Cachoeira foi preso no início deste ano, ainda estava morando nesta casa. O relator observou que, se tivesse interesse em esclarecer o fato, Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial do governador goiano, não teria pedido um habeas corpus para permanecer em silêncio nesta terça na CPI. Fiúza participou da negociação da venda da casa de Perillo. A bancada demotucana na CPI acabou se revelando querendo blindar Perillo e Cachoeira, ao reclamar do trabalho meticuloso do relator. (Com informações da Agência Brasil e Agência Estado).