ASPECTOS ETICOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DO CONTADOR: ESTUDO COM CONTADORES RECÉM-FORMADOS Ana Celia Gonçalves, UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Carlos Henrique Canezin, UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Mario Lima (OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Marcelo Marchine Ferreira (CO-OR), (UNESPAR/FECILCAM), [email protected] INTRODUÇÃO Em um regime socioeconômico capitalista, o qual tem como uma de suas principais características a busca pelo lucro e acumulação de capital, exige que a atuação profissional seja pautada em valores e princípios adequados, garantindo a credibilidade da profissão. Com o contabilista não é diferente, pois em sua rotina profissional constantemente lida com informações importantes para tomada de decisão, o que demanda deste profissional a utilização de valores éticos. O presente trabalho tem por objetivo buscar responder o seguinte problema de pesquisa quais as referências ético-profissionais se fizeram presentes na formação acadêmica e profissional de contadores recém-formados. Tendo como objetivo específico analisar quais são as referências éticoprofissionais que se fizeram presentes na formação acadêmica e profissional de contadores recémformados, bem como analisar como o ambiente externo, financeiro e do mercado profissional, influenciam na formação acadêmica e profissional dos Bacharéis em Ciências Contábeis, Identificar o perfil socioeconômico profissional de contadores recém-formados no período de 2011 e 2012, Avaliar o grau de conhecimento ético dos profissionais recém-formados e Identificar situações éticoprofissionais vivenciadas pelos recém-formados e a maneira com que lidaram com elas. Nesse contexto é que se insere a presente pesquisa, a qual tratará dos aspectos éticos na formação acadêmica e profissional do contador especificamente com relação àqueles recém-formados. Tendo em vista que o contabilista em sua rotina de trabalho se depara com questões capazes de colocar à prova seus valores éticos, o problema de pesquisa busca verificar quais as referências ético profissionais se fizeram presentes na formação acadêmica e profissional de contadores recémformados. A análise de tal problemática será o objetivo geral do presente, sendo que os objetivos específicos visam avaliar como a formação moral de cada indivíduo, dentre outros aspectos, influenciam na formação profissional dos contadores recém-formados, bem como identificar o perfil socioeconômico e profissional desses profissionais no período de 2011 a 2012 e o grau de conhecimento ético dos mesmos. Buscará ainda identificar as principais situações em éticoprofissionais vivenciadas. ÉTICA PROFISSIONAL Lisboa (1997, p. 58), afirma que a ética profissional, compreende o estudo dos conceitos básicos do direito e do dever. Sendo assim, a ética profissional, é a ação que procura evitar que os atos particulares de cada profissional afete o ganho ou o sucesso coletivo de organizações, além de cultivar virtudes profissionais como o sigilo, a lealdade, imparcialidade e a responsabilidade. Segundo Handel (2000, p. 67), a ética profissional é baseada em: a) responsabilidade – responder a seus deveres com respeito a si mesmo e aos outros, no uso da liberdade; b) igualdade – considerar que as pessoas são iguais em direito e dignidade; c) verdade – agir de acordo com a natureza daquilo que se conhece sem deturpar pela mentira, injúria, calúnia, hipocrisia; d) justiça – considerando-se direito e deveres; e) solidariedade – obedecendo ao princípio da interdependência entre os membros de um grupo, realizando intercambio de compreensão e apoio. Para Arruda (2003, p. 114) a ética profissional não é apenas uma questão de conveniência, é uma qualidade indispensável para a sobrevivência da sociedade. A falta dos valores éticos é o pior dos males que podem afligir a sociedade ou organização, reduzindo a confiança e a credibilidade, tornando insustentável o convívio social e profissional. Conceito e objetivo do código de ética profissional O Código de Ética Profissional pode ser definido como o conjunto de informações que distinguem a conduta das pessoas dentro de um grupo social. Dentre essas informações, podemos destacar os deveres legais normativos e positivos e as regras de boa conduta na abordagem com as pessoas. Para Lisboa (1997, p. 58): Um código de Ética pode ser entendido como uma relação das práticas de comportamento que se espera sejam observadas no exercício da profissão. As normas do código de ética visam o bem estar da sociedade, de forma assegurar a lisura de procedimentos de seus membros dentro e fora da instituição. Já para Sá (2001, p. 134) “um conjunto racional, com o propósito de estabelecer linhas ideais éticas, sendo uma aplicação da ciência que se consubstancia em uma peça magna, como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos sociais”. Assim, pode-se dizer que o código de ética profissional é um instrumento regulador com princípios e praticas de comportamento, permitidas e proibidas no exercício da profissão (LISBOA, 1997, p. 62), com a finalidade de construir ideais éticos de comportamento de um indivíduo perante seu grupo ou classe social. O Código de Ética Profissional tem por finalidade a redução de práticas antiéticas dentro de empresas, a formação da consciência profissional sobre os padrões moral e profissional, indicando princípios e regras éticas que surgem na prática da profissão, e, incentivar a pratica da decência e o sentido de justiça dos membros de grupos organizados, tentando mostrar as contribuições que tais práticas podem trazer pra a sociedade. Referente ao assunto Sá (2001, p. 134) afirma que: Os benefícios que os profissionais propiciam, cumprindo as responsabilidades de seus trabalhos, passam a dar-lhes notoriedade, ampliando o grau de satisfação em relação a eles e quase criando uma obrigação de retribuição moral por parte dos beneficiários. Esta a razão pela qual, com sucesso, muitos deles chegam a cargos eletivos, com relativa facilidade. Desta forma, o Código de Ética Profissional tenta eliminar, de forma abrangente, os conflitos de uma categoria profissional. Entretanto, nenhum código consegue abranger todos os conflitos que aparecem no exercício de determinada profissão, por isso, ele deve ser complementado com opiniões dos órgãos competentes que regem as profissões. Ética e contabilidade A contabilidade é uma das ciências mais antigas da humanidade, tendo o relato da sua existência desde os primórdios da civilização. Segundo Lopes de Sá (2001, p. 130) “há provas de exercício profissional da contabilidade na civilização sumério-babilônica, há mais de 6.000 anos. Os registros contábeis datam de mais de 20.000 anos, encontrados no Paleolítico Superior”. A contabilidade vem se destacando devido a sua importância dentro das organizações na conservação de seus patrimônios e pela capacidade de desenvolver demonstrações contábeis claras e objetivas que auxiliam as tomadas de decisões. (SÁ, 2001, p. 131). A ética tem sido uma das grandes responsáveis por essa crescente valorização da contabilidade no mercado atual, pois, o profissional contábil vem construindo essa valorização por meio de suas atitudes éticas e valores. Nesse sentido, Fortes (2009, p. 78) menciona que: A profissão contábil é uma das mais expressivas dentre as profissões legalmente regulamentadas no Brasil, especialmente por ser uma das mais numerosas. Além do Conselho Federal de Contabilidade sediado em Brasília, em todos os Estados da federação e no Distrito Federal existe um Conselho Regional de Contabilidade, além de outras entidades contábeis, tais como sindicatos e outras associações de contabilistas. Sendo uma profissão extremamente atuante e presente em todos os segmentos da economia, passando pelas empresas privadas, públicas e demais entidades, é natural que haja disputa entre os profissionais, notadamente junto às entidades contábeis. Sendo assim, a contabilidade, deve ser exercida com clareza, objetividade e imparcialidade, trazendo ainda mais confiança para a sociedade em geral. Ética e o profissional contábil O contador, assim como em outras profissões, enfrenta diariamente situações que ponham a prova seus valores morais. Muitas vezes, necessitando de muita paciência e persistência para não vir a cometer erros que possa denegrir a sua imagem profissional. Segundo Handel (1994, p. 20): Não é possível nem permissível a um profissional ter todos os conhecimentos técnicos para exercer com maestria a profissão contábil, se este mesmo profissional não desenvolver suas atividades baseado, num comportamento ético em relação aos demais colegas e a terceiros interessados. Não e uma tarefa fácil para o contador ser um profissional eticamente correto nos dias de hoje. Um dos fatores que contribui para isso é a relação direta entre o profissional e os seus clientes, pois muitas vezes os contadores são pressionados por estes para adequação de resultados que os valorizem, sendo que tal atitude está em desacordo com os princípios éticos contábeis. A profissão contábil tem um papel de grande importância para a sociedade, tendo em vista que ela passou a ser uma das mais requeridas, pois todas as empresas e instituições necessitam dos seus serviços. Desse modo o contador passa a ser chamado constantemente para opinar sobre decisões importantes que trazem grandes mudanças no patrimônio das entidades. Franco (1991, p. 273) menciona que: Uma das marcas distintivas da profissão contábil é a sua responsabilidade para com o público. É salutar lembrar que os contadores são mais notados por serem honestos do que por serem confiáveis. Como contadores, precisamos reconhecer que nosso comportamento ético é envolvido não apenas pelo que vemos como ético, mas pelo que é visto por terceiros que nos observam. A profissão, assim considerada como a prática habitual de um trabalho, “oferece uma relação entre a necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica par ao sucesso de todas as partes envolvidas” (SÁ, 2001, p. 137). Nesse sentido, Lopes de Sá (2001, p. 138) menciona que: Um empresário que precisa estar informado e orientado sobre seus negócios, em face do que vai ocorrendo com seu capital, necessita de um profissional especializado em contabilidade. Em reciprocidade, o diplomado em contabilidade necessita do trabalho e da oportunidade que o empresário vai lhe oferecer. Estas são relações diretas entre quem presta o serviço e o que deste se beneficia. Deste modo, sendo a contabilidade uma ciência social, que tem fundamental importância para subsidiar a tomada de decisão, é necessário que tanto os gestores quanto os contadores tenham em mente que a utilização da informação contábil deve ser realizada de modo correto, sempre com base em documentos comprobatórios, sendo reprovável qualquer espécie de fraude voltada à satisfação dos interesses do empresário, sob pena de corromper a honra da classe contábil. Conforme Sá, (2001, p. 130): A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de instrumentação histórica da vida da riqueza. O profissional contábil deve atuar de modo que valorize sua classe profissional, entendendo e dando aplicabilidade aos princípios éticos, não apenas como uma obrigação, mais sim, como um instrumento de vital importância na administração e evidenciação dos recursos das entidades. Código de ética profissional do contador Por meio do Decreto Lei n.º 9.295, de 27 de maio, de 1946, foram criados os Conselhos Federal e Regional de Contabilidade. No entanto, neste período não houve a criação do Código de Ética Profissional do Contabilista, deixando margens para irregularidades de comportamento de alguns profissionais (BRASIL. Lei n.º 9.295/46). Em 1970, através da Resolução Conselho Federal de Contabilidade (CFC) 290/70, surgiu o primeiro Código de Ética do Profissional Contabilista, o qual determina que a ética é a base fundamental no desempenho profissional do contabilista (BRASIL. Resolução CFC n.º803/1996). Revisões foram realizadas no referido Código em dezembro de 2010, as quais constam na resolução n.°1.307 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e são determinadas, em grande maioria pela Lei 12.249/2010, que ampliou as responsabilidades da classe contábil. Conforme diz o Presidente do CFC, Juarez Domingues Carneiro, "estamos vivendo um novo momento da profissão contábil. Essas são adequações importantes na medida em que vão ao encontro de antigos anseios da classe. Entendemos que, com esses novos dispositivos, nossa profissão se fortalecerá ainda mais na sociedade." Apesar de no novo nome do CEPC constar apenas o termo contador, as disposições do texto da Resolução são aplicadas também, e da mesma forma, aos técnicos em contabilidade. Conforme Fortes (2001, p. 50): A exemplo das demais profissões legalmente regulamentadas e objetivando normatizar a conduta profissional, social e moral dos seus membros, a profissão contábil possui também o seu Código de Ética Profissional do Contabilista – CEPC, que é um conjunto de normas de conduta a serem observadas pelos contabilistas nas relações profissionais com seus clientes e colegas de profissão, sempre vinculando o aspecto do bem, da moral e da justiça. No mencionado código estão citados os objetivos, deveres e obrigações, valor dos serviços profissionais, dos deveres em relação dos colegas e classe e das penalidades. Segundo Fortes (2002, p.102): Os contabilistas, como classe profissional, caracterizam-se pela natureza e homogeneidade do trabalho executado, pelo tipo e característica do conhecimento, habilidade técnicas e habilitação legal exigidos para o seu exercício da atividade contábil. Portanto, os profissionais da contabilidade representam um grupo especifico com especialização no conhecimento da sua área, sendo uma força viva na sociedade, vinculada a uma grande responsabilidade econômica e social, sobretudo na mensuração, controle e gestão do patrimônio das pessoas e entidades. O objetivo do código de ética do contador é capacitar o profissional a adotar uma atitude pessoal, de acordo com os princípios éticos exigidos pela sociedade. Ele possibilita ainda que a profissão contábil apresente os seus objetivos perante a sociedade. Fortes (2002, p. 117) menciona que: O Código de ética profissional do Contabilista, como fonte orientadora da conduta dos profissionais da classe contábil brasileira, tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os profissionais da contabilidade, sobretudo no exercício das suas atividades e prerrogativas profissionais estabelecidas na legislação vigente. Nos dias atuais o contador passa por situações distintas e provocadoras, que colocam à prova os seus valores éticos, exigindo dele uma sólida formação moral. Para Lisboa, (1997, p. 61): Além de servir como guia à ação moral, o código de ética profissional possibilita que a profissão de contador declare seu propósito de: a) Cumprir as regras da sociedade; b) Servir com lealdade e diligência; O Código de Ética do profissional Contabilista é formado por quatorze artigos em cinco capítulos divididos, respectivamente, na seguinte forma: objetivos; deveres e proibições; valores dos serviços profissionais; deveres em relação aos colegas e à classe; as penalidades e das disposições gerais. Importância da ética na formação acadêmica e profissional do contador A globalização e a internacionalização dos mercados provocaram grandes mudanças no cenário em que a contabilidade é atuante, o mercado esta sendo exigindo cada vez mais a transparência das demonstrações contábeis. Segundo Lopes de Sá (2000, p. 130): A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres ‘sociais, legais, econômicos, tão como a tomada de decisão administrativa, além de servir de instrumentação histórica da vida da riqueza. Nos dias atuais, a informação é uma das fontes mais valiosas de produção de riquezas e o contabilista, que é responsável por levantar, estudar e analisar tais informações, tendo assim, por uma conduta responsável, confiável e ética perante a sociedade. O profissional formado em ciências contábeis deve ser capaz de auxiliar as organizações na tomada de decisões competentes na administração dos recursos financeiros e econômicos. Assim, importância de uma formação ética solida torna-se necessária durante a vida acadêmica desses profissionais, tendo em vista o tamanho da sua responsabilidade no crescimento e desenvolvimento econômico de tais instituições. Embora os valores éticos não possam ser ensinados, pois como já foi dito, tais valores são adquiridos no cotidiano de cada individuo, é preciso que fique claro o que é correto e o que não é, sendo de essencial importância aos futuros contadores, à importância da conduta ética no exercício da vida profissional. As instituições de ensino têm um importante papel nesse processo, pois são nelas que os futuros profissionais se adaptarão para as exigências do mercado. Deste modo, cada vez mais o contador deve buscar a atualização constante, pois o conhecimento ainda é uma das melhores maneiras de se praticar os valores éticos que é objeto de demanda cada vez maior pelo mercado, o qual, a cada dia, torna-se mais exigente, abrangendo somente o profissional melhor qualificado, capaz de registrar com clareza e corretamente as demonstrações contábeis que auxiliam as tomada de decisões. Para Marion (2003, pp.33-34), O contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. Deve saber comunicar-se com as outras áreas da empresa. Para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve também ter formação cultural acima da média, inteirando-se do que acontece ao seu redor, na sua comunidade, no seu Estado, no seu país e no mundo. Deve ter um comportamento ético-profissional inquestionável, participar de eventos destinados à sua permanente atualização profissional e estar consciente de sua responsabilidade social e profissional. Contudo, o fato de se frequentar uma instituição de ensino, não garantem que o contador tenha adquirido conhecimento suficiente para a realização profissional. Para Marion (1999, p. 14): As instituições de ensino superior representam o local adequado para a construção de conhecimento para a formação da competência humana. É preciso inovar, criar, criticar para atingir esta competência. Entretanto, estas instituições são, de maneira geral, apenas fios que levam a energia gerada. Elas se propõem, simplesmente, a transmitir o conhecimento através de mera cópia daquilo que já existe. Diante desta situação, pode-se dizer que as opções de mercado do profissional contábil é muito abrangente, sendo ele uma figura indispensável para qualquer empresa, mas o seu sucesso como profissional, só vira, diante da sua conscientização da sua responsabilidade ética perante a sociedade. METODOLOGIA DE PESQUISA A pesquisa é caracterizada como um estudo descritivo, do tipo levantamento ou survey, com análise quantitativa dos dados. Silva (2006, p. 28) diz que: A abordagem quantitativa dos métodos de investigação é bem utilizada no desenvolvimento de investigações descritivas, pois as mesmas procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis [...]. O termo quantitativo significa quantificar opiniões, dados, na forma de coleta de informações. O método quantitativo é muito empregado no desenvolvimento de pesquisas de âmbito social, econômico, comunicação, de opinião, de administração, representando em linhas gerais, garantias de precisão dos resultados [...]. A pesquisa é qualificada como quantitativa, pois os dados foram coletados por meio de questionário, cujas questões basearam-se no Código de Ética Profissional do Contador e Princípios Contábeis, onde possuiu 23 (vinte três) questões, que foram aplicadas via Google docs., por e-mail pelos pesquisadores. O estudo foi realizado com uma amostra de profissionais formados em 2011 e 2012 do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Paraná (UNESPAR-FECILCAM), localizada na cidade de Campo Mourão, na região centro oeste do Paraná com intuído de identificar a qual a percepção dos formandos sobre ética profissional. Para a análise dos dados, foi utilizado a abordagem quantitativa na tabulação dos resultados com o auxilio do sistema Excel. ANÁLISE DOS DADOS Para análise dos dados foi aplicado um questionário aos contadores formados de 2011 e 2012 da UNESPAR (FECILCAM) e UEM (Universidade Estadual do Paraná), do qual obtivemos respostas de 33 (vinte e quatro) profissionais, que tiveram a disciplina de ética e legislação profissional ofertada na ultima fase do curso no curso de Ciências Contábeis, sendo que 27% concluíram em 2011 e 73% concluíram em 2012. Sendo que 82% dos entrevistados, concluíram seus estudos na UNESPAR e 18% na UEM. Buscou identificar o perfil dos alunos Profissionais formados entre 2011 e 2012, onde obteve os seguintes resultados. Faixa etária dos entrevistados Perfil sócio econômico Entre 22 e 25 anos 55 % Recebem até 1 salário mínimo 6% Entre 26 e 30 anos 30 % Recebem de 1 a 3 salários mínimos 21% Entre 31 e 36 anos 15 % Recebem de 3 a 6 salários mínimos 10 % Quadro 1 - Fonte: Dados da pesquisa Quadro 2 - Fonte: Dados da pesquisa Entre os entrevistados, apenas 52% (cinquenta e dois por cento) tiveram alguma experiência profissional ligada à contabilidade durante a graduação. 48% (cinquenta e quatro por cento) não tiveram experiência alguma durante a graduação. Quando questionados se atualmente trabalham com contabilidade, 58% (cinquenta e oito por cento) afirmaram que sim e 42% (quarenta e seis por cento) não atuam na área contábil, sendo que 21% (vinte e um por cento) trabalham em escritórios de contabilidade, 30% (trinta por cento) trabalham em departamento contábil de empresa privada, e 48% (quarenta e oito por cento) trabalham em outro tipo de organização. Atuação profissional contábil dos participantes Organização que atuam profissionalmente Empregados de escritório de contabilidade Departamento Contábil de Empresa Privada Outros % 58% 21% 48% Tabela 1 - Fonte: Dados da pesquisa Quando questionados onde tiveram conhecimento do Código de Ética Profissional do Contador 89% (oitenta e nove por cento) responderam que durante a graduação e 11% (onze por cento) na vida profissional. Verificou-se que 79% (setenta e nove por cento) dos entrevistados acreditam que o CEPC é capaz de dar as necessárias orientações em termos de conduta moral e comportamental para os desafios da vida profissional; 12% (doze por cento) não souberam responder; 9% (nove por cento) não concordam. Com relação ao nível de clareza e objetividade do texto do Código de Ética Profissional do Contador - CEPC - permite adequado nível de compreensão de seu conteúdo por parte dos profissionais; 67% (sessenta e sete por cento) afirmaram achar o CEPC suficiente, enquanto 18% (dezoito por cento) não souberam dizer, apenas 15% (quinze por cento) acham o CEPC insuficiente e não objetivo. Os resultados podem ser representados graficamente da seguinte forma: Nivel de Clareza do CEPC 20 10 0 Concordam Não souberam responder Nivel de Clareza do CEPC Entendem que o CEPC não é claro e objetivo Gráfico 1: Nível de clareza do CEPC- Fonte: Dados da pesquisa. Quando questionados se já presenciaram em sua vida profissional situações que contrariam a conduta moral especificada no CEPC 52% (cinquenta e dois por cento) disseram que sim e 48% (quarenta e oito por cento) não presenciaram. Inúmeras foram às situações antiéticas vivenciadas, quais sejam: ocultar a real situação financeira das empresas; concorrência desleal; reduzir o valor dos honorários almejando o aumento da clientela; difamar colegas de profissão; fraude de licitações; prazo de pagamento acordado para receber pedido com mais agilidade; fraudes no período acadêmico. Indagados se acreditam se há influencia na conduta ética dos contadores na busca de mais clientes, 87% (oitenta e sete por cento) dos entrevistados disseram que sim, 6% (seis por cento) disseram que não e 6% (seis por cento) não souberam responder. Constatou-se que 52% (cinquenta e dois por cento) afirmaram que em algumas ocasiões, as empresas, de certo modo influenciam os contadores à prática de atos que estão desacordo com os princípios ético contábeis; 29% (vinte e nove por cento) disseram que isso ocorre frequentemente; 9% (nove por cento) responderam que não ocorre esse tipo de situação e 13% (treze por cento) não souberam responder. Quanto à influência da origem socioeconômica na formação e conduta ética, 28% (vinte e oito por cento) das pessoas disseram que há influência, 56% (cinquenta e seis por cento) que não há influência; 6% (seis por cento) afirmaram que inexiste relação entre elas e 9% (nove por cento) não souberam opinar. PERCEPÇÕES DOS CONTADORES SOBRE ÉTICA PROFISSIONAL Para fazer uma analise da percepção sobre ética profissional contábil dos contadores pesquisados, não é uma tarefa das mais fáceis, visto que cada indivíduo tem seus próprios princípios e valores éticos. Tendo como, as resposta de 33 contadores observamos que 97% dos pesquisados acreditam que a ética é um meio fundamental para auxiliar os mesmos no dia a dia da profissão, apesar de que 41% dos entrevistados não acreditam que o ensino de ética durante a graduação seja suficiente para orientá-los no exercício profissão. Questionados CEPC é suficiente para norteá-los diante das situações enfrentadas diariamente, nas quais muitas vezes o contador se obriga que buscar apoio no citado código, contra 8% (oito por cento) que discordam que o CPEC pode orientar de forma clara os contadores. Além disso, 82% da amostragem acredita que a competitividade de mercado influencia na conduta ética dos contadores, tendo em vista o grande crescimento do mercado e a busca dos profissionais. CONCLUSÕES Por meio de uma análise das respostas dos 33 contadores recém-formados da UNESPAR e UEM que responderam ao questionário, pode-se perceber que grande maioria, 89% (oitenta e nove por cento) teve conhecimento do Código de Ética Profissional Contábil já durante a graduação, de certo modo pode-se chegar à conclusão que tais profissionais chegam ao mercado de trabalho, com uma orientação e percepção da conduta ética adequada para cada situação que irão enfrentar no decorrer de suas carreiras profissionais. Tendo como objeto de apoio, o CEPC, que de acordo com as respostas recebidas, é claro e mais que suficiente para auxiliar o Profissional Contábil. REFERÊNCIAS ARRUDA, Maria Cecilia de. Fundamentos da Ética Empresarial e Econômica. São Paulo. Atlas, 2001. BRASIL. Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9295.htm>. Acesso em 12/08/2013. SÁ, Antônio Lopes. Ética Profissional. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade. São Paulo: Atlas. 2° edição, 2006. FORTES. José Carlos. Ética e responsabilidade profissional do contabilista. Fortaleza: Fortes, 2002 HANDEL, C.C. Ética e o Exercício Profissional. Porto Alegre: 2° ed., 2000. LISBOA, Lázaro Plácido. Ética geral e Profissional em Contabilidade. 2º Edição, Editora Atlas, São Paulo, 2006. MARION, José Carlos. O ensino da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1996. .