CEFAC
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica
VOZ
PARALISIAS LARÍNGEAS: ETIOLOGIA
SUZANNE RECHTENWALD
SÃO PAULO
1998
CEFAC
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica
VOZ
PARALISIAS LARÍNGEAS: ETIOLOGIAS
Monografia de conclusão
do curso de
Especialização em VOZ
SUZANNE RECHTENWALD
SÃO PAULO
1998
SUMÁRIO:
CAPÍTULO
PÁGINA
1. INTRODUÇÃO.......................................................01
2. DISCUSSÃO..........................................................02
2.1. LESÃO OU TRAUMA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
2.2. LESÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS
2.3. TRAUMAS TORÁXICOS
2.4. DOENÇAS INFECCIOSAS
2.5. INTOXICAÇÕES
2.6. SÍNDROMES
2.7. PROCESSOS INFLAMATÓRIOS
2.8. DIABETES MELLITUS
2.9. MAL DE PARKINSON
2.10. DISTÚRBIOS PSICOGÊNICOS
2.11. DOENÇA DE LYME
2.12. OUTROS
3. CONCLUSÃO........................................................12
4. BIBLIOGRAFIA......................................................14
RESUMO
Neste estudo foi possível observar que apesar de aparentemente ser um
tema conhecido, muito ainda há para ser esgotado sobre as Etiologias das
Paralisias Laríngeas.
As Paralisias Laríngeas podem ser sintomas secundários de outras
patologias. Podem ter origem em patologias do Sistema Nervoso Central ou
Periférico, traumas mecânicos de pescoço, cabeça e tórax. Podem também
originar-se de causas cirúrgicas, processos infecciosos e inflamatórios; podem
ser sintomas secundários de Síndromes variadas, intoxicações, causas
psicogênicas, idiopáticas e iatrogênicas.
Os aspectos etiológicos foram esgotados no intuito de obter-se um
número maior de informações adicionais possíveis, para enriquecer o campo
da ciência no tangente ao Diagnóstico das Paralisias Laríngeas.
Foram abordados dados relevantes das etiologias, tais como: se a
lesão é uni ou bilateral, se é permanente ou temporária, quais as características
vocais esperadas, entre outros.
Deve ficar claro que aspectos como o tratamento não serão abordados,
por não fazerem parte do objetivo do presente estudo.
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem por objetivo dar uma contribuição para os
profissionais das áreas médicas e afins, tornando-os mais conhecedores e
atualizados sobre o assunto: Etiologia das Paralisias Laríngeas, das mais
comuns às mais raras e incomuns.
No entanto é preciso que fique claro que existem divergências sobre a
utilização do termo Paralisia, sendo por alguns profissionais definida como
Paresia. Para se determinar a instalação de uma Paralisia são utilizados
exames técnicos como a Eletromiografia, que comprova através de testes a
ausência de qualquer atividade muscular. Associado a isto, está o fato dos
avanços nos estudos quanto a Plasticidade Neurológica, que descreve que os
nervos emitem novas “raízes nervosas”, suprindo funções anteriormente
paralisadas, ao logo do tempo.
Não serão abordadas informações sobre tratamentos. O objetivo deste
estudo é o de elucidar e esgotar o tema sobre as Etiologias das Paralisias
Laríngeas, auxiliando os profissionais da saúde no diagnóstico das patologias.
Foram encontradas etiologias raras e muito desconhecidas, algumas
sem referências significativas, e outras conhecidas e pouco exploradas por
estudos atuais.
Estas informações deixam a reflexão do quanto ainda há para explorar
no campo da ciência. Desta forma pode-se tornar a vida do ser humano,
acometido por algum mal, em momentos menos estressantes, tanto do ponto
de vista orgânico como do seu mundo interior, que é seu microcosmo, e com tal
deve ser respeitado.
Este respeito só é possível através de profundos estudos e uma
incondicional dedicação, tendo como meta principal a busca do conhecimento
e da aprendizagem, que nunca deve cessar.
Deve-se crescer com o que se aprende, e deve-se aprender com o que
se conhece.
2. DISCUSSÃO
A Paralisia Laríngea como termo genérico, é uma patologia há muito
conhecida. Ao longo dos anos, através de novos estudos e descobertas, vem
se abrindo um grande leque de possibilidades, justificando os diferentes
caminhos para se obter um diagnóstico diferencial de uma Paralisia Laríngea.
Deve-se deixar claro que as paralisias vocais estão intimamente
relacionadas ao grau de severidade, à intensidade da lesão e, à instalação de
seqüelas da paralisia laríngea que a originou.
A paralisia vocal pode ocorrer unilateralmente ou bilateralmente, pode
ainda ser provisória/temporária ou permanente. As pregas vocais podem
assumir diferentes posições anatômicas em decorrência da paralisia: posição
de abdução forçada, abdução, intermediária, paramediana e mediana (Greene,
1989).
Sua origem pode ser bem definida através de uma minuciosa
investigação. Os dados de anamnese analisados paralelamente com exames
clínicos e laboratoriais complementares, podem elucidar como definir com
mais precisão e clareza as causas da patologia que se instalou.
Encontra-se dentre os muitos autores, uma concordância quanto à
classificação das diferentes etiologias.
As paralisias laríngeas têm causas conhecidas e originadas em:
patologias do sistema nervoso central, tumores de pescoço e mediastino,
aneurismas, hipertrofia cardíaca, processos inflamatórios e infecciosos, fatores
idiopáticos e iatrogênicos (Pinho & Pontes, 1991).
Acrescentando ainda pode-se encontrar: causas traumáticas, causas
cirúrgicas,
intoxicações
por
chumbo,
distúrbios
alimentares,
causas
psicológicas e uma gama diversificada de síndromes já classificadas, e outras
ainda por definir (Hungria, 1986).
Este estudo irá examinar as diferentes etiologias das Paralisias
Laríngeas, sem no entanto ficar atado a detalhes não pertinentes à pesquisa.
As Etiologias estarão sendo exploradas a seguir sob forma de ítens
2.1. LESÃO OU TRAUMA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Parece que as etiologias mais importantes são aquelas que ocorrem
por lesão ou trauma do sistema nervoso central. Um grande número de
afecções encefálicas apresentam sintomas laríngeos como paralisias. A
afecção mais comum é a polioencefalite inferior crônica, siringobulbia, sífilis
terciária, tabes, focos hemorrágicos, tumores e etc (Hungria, 1986). A atrofia
dos núcleos laríngeos é rápida, e é comum a observação simultânea de crises
espasmódicas da larínge. Nas lesões centrais, as paralisias laríngeas são
bilaterais, pois o centro cortical da laringe é de ação bilateral cruzada. Estas
paralisias são relativamente raras (Hungria, 1986).
Não deve-se descartar também traumatismos causados por objetos
contundentes, armas de fogo, ou qualquer objeto que represente ameaça ao
sistema nervoso central. As lesões do nervo vago acometem três ramos: o
faríngeo, o laríngeo superior, e o laríngeo recorrente, que são vitais para o
funcionamento da larínge e estruturas adjacentes(Pinho & Pontes,1991).
A voz resultado deste tipo de lesão, em geral apresenta-se com
nasalidade de diferentes graus, soprosa, fraca, com prejuízo na tosse,
aspiração de secreções, disfagias, entre outras características associadas. O
grau de severidade está intimamente associado ao resultado da lesão, se
acometeu a laringe uni, ou bilateralmente.
2.2. LESÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS
Com relação às lesões nervosas, temos também as lesões periféricas
que acometem o neurônio motor inferior, tanto quanto à sua origem no bulbo,
quanto no percurso do nervo vago (intra ou extra craniano), (Pinho &
Pontes,1991).
As lesões periféricas do nervo vago são as causas mais comuns de
paralisia de prega vocal, isto ocorre pela lesão do nervo laríngeo superior ou,
do nervo laríngeo recorrente (Colton & Casper, 1990). As lesões periféricas
podem causar paralisias uni ou bilaterais, podem ser adutoras ou abdutoras,
dependendo do músculo afetado (Colton & Casper,1990). A voz assume uma
característica
soprosa,
pode-se
observar
diplofonia,
incoordenação
pneumofonoarticulatória (Pinho & Pontes, 1991).
Por ser o mais vital para a fonação, quando o nervo laríngeo recorrente
é lesado diretamente, pode originar uma paralisia uni ou bilateral, temporária
ou permanente.
Dentre as causas das lesões deste nervo temos: pressão por tumores
do pescoço, ou ápice dos pulmões, gânglios bronquiais aumentados, tumor do
pulmão, aneurisma aórtico, estenose mitral e aurícula esquerda aumentada
(Greene, 1989).
Estas patologias lesionam facilmente, pois o nervo passa por entre as
estruturas, sendo assim alvo fácil. Os sintomas vocais são diferenciados, vão
depender diretamente da região lesada, e da extensão do problema.
Além dos já citados traumas do sistema nervoso central, temos
também os traumas específicos do pescoço. São de origem externa, como por
exemplo:
acidentes,
choques
mecânicos,
perfurações,
lacerações,
queimaduras, entre outros. E podem ser de origem interna, tais como: tumores,
compressão na região cervical, bócio, e linfonodopatias (Hungria,1986).
2.3. TRAUMAS TORÁXICOS
Os traumas toráxicos são também responsáveis por diversificadas
lesões, os principais são: aneurismas da aorta, aneurismas do tronco-bráquiocefálico,
pericardite,
estenose
mitral,
afecções
pleuro-pulmonares,
linfonodopatias do mediastino e tumores do mediastino. Todas as afecções
levam à uma tração e, ou compressão do nervo. Se houver queixa vocal, deve
ser levado em consideração como sintoma para um eventual diagnóstico
diferencial, uma vez que esta queixa é relativamente menos importante, se
levarmos em consideração todo o problema em si.
É comum observarmos paralisias laríngeas em pós-operatório de
estruturas pertencentes à laringe, ou mesmo de estruturas anatomicamente
próximas a ela. A cirurgia de tireóide é a mais comum, causando com mais
freqüência a paralisia bilateral (Colton & Casper, 1990). O percurso que o nervo
assume por entre as cartilagens laríngeas, eleva a chance de lesão.
O simples manuseio do nervo recorrente durante os procedimentos
cirúrgicos, é suficiente para causar uma paralisia
Outras cirurgias como as cardiovasculares, podem causar uma lesão
do nervo recorrente, se a via de acesso for a face anterior da coluna vertebral
cervical (Hungria, 1986).
É importante observarmos as traqueostomias de emergência. Em
situações de risco de vida, muitas vezes é necessário lançar mão deste
método para reestabelecer a função respiratória, se a incisão for realizada em
região inadequada poderá favorecer o aparecimento de uma lesão nervosa
irreversível onde antes não existia. Em casos de emergência, este
procedimento deveria ser realizado por pessoas aptas para tal, por justamente
tratar-se de uma região que oferece grande risco de afetar estruturas próximas,
causando lesões.
2.4. DOENÇAS INFECCIOSAS
As doenças infecciosas são inúmeras em nosso meio. A cada dia
descobrem-se
novas
variações
ou,
o
ressurgimento
de
patologias
supostamente erradicadas de nosso convívio. Estamos expostos a inimigos
invisíveis e, com eles devemos aprender.
As neurites periféricas são comuns nas infecções respiratórias.
Encontramos, como causadoras de paralisias laríngeas as mononucleoses
infecciosas, e infecção dos espaços parafaríngeos (Colton & Casper, 1990).
Temos também as conhecidas sarcoidoses, que por se tratar de uma
doença onde o sistema respiratório é mais frequentemente acometido, pode
ocasionar a paralisisa laríngea como sintoma. Este sintoma é raro, pode às
vezes sugerir também outra condição patológica associada (Tobias; Santiago
& Willians, 1990).
Uma outra patologia infecciosa importante é a histoplasmose,
transmitida por fungo. Seus sintomas são semelhantes aos da gripe comum
acometem principalmente vias aéreas superiores. A paralisia vocal resulta da
lesão causada pela infecção, por posterior compressão do nervo (Tobias &
Col.,1990).
O nervo acometido geralmente é o laríngeo recorrente, a paralisia é
unilateral e a voz apresenta uma característica de rouquidão (Gilbert & Col.,
1990).
Alguns casos de paralisia do nervo laríngeo recorrente esquerdo foram
associados em decorrência da fibrose cística, que também é uma doença que
acomete os pulmões. Em casos mais avançados leva o pulmão à um colapso
com sérias complicações à saúde. A paralisia vocal resulta portanto do
colapso, sendo o sintoma mais incomum (Thompson; Empey & Bailey, 1996). A
voz apresenta-se rouca, geralmente o paciente recupera a função vocal usando
mecanismos de compensação.
Devemos considerar outras patologias infecciosas importantes, como a
difteria, e a febre tifóide, que podem trazer a paralisia vocal como sintoma
associado.
2.5. INTOXICAÇÕES
Na pesquisa foram encontrados dados incomuns que justificam a
instalação de Paralisias Vocais, como por exemplo a intoxicação por arsênio, e
mesmo a intoxicação por excesso de álcool (Hungria, 1986).
Não devemos deixar de considerar o efeito das drogas narcóticas, bem
como de substâncias químicas alucinógenas. É sabido que a injeção na região
das principais artérias do pescoço causa absesso, celulite, tromboflebite
venosa, embolias e pseudo-aneurismas (da carótida e subclávia) (Hillstrom &
Col., 1990).
A paralisia vocal surgiu em decorrência das constantes agressões à
região do pescoço. A introdução de agulhas associadas com a penetração do
líquido causam em alguns indivíduos a paralisia vocal. A paralisia pode ser uni
ou bilateral, o indivíduo tem queixas de rouquidão e respiração encurtada, com
ocasionais obstrução das vias aéreas superiores (Hillstrom & Col., 1990). Não
houve retorno da função vocal desse indivíduos, a laringe estava na grande
maioria irreversivelmente comprometida.
2.6. SÍNDROMES
Segundo Hungria (1986), existem uma coleção de síndromes
responsáveis por um grande número de sintomas relacionados com Paralisia
Vocais, estes sintomas estão diretamente subordinados aos grupos de nervos
lesados. Podemos destacar as seguintes síndromes:
.Síndrome de Collet- ou da encruzilhada-lácero-posterior, ocasiona a
paralisia do músculo constritor da faringe, paralisa metade do palato mole e
hemilaringe. Paralisa os músculos esternocleidomastoideo e trapézio, e ainda
paralisa metade da língua. A voz apresenta uma característica anasalada com
rouquidão.
.Síndrome
de
Vernet-
ou
do
buraco
lácero-posterior,
tem
características da Síndrome de Collet, mas não apresenta atrofia de língua.
.Síndrome de Villaret- ou retroestiliana, a sintomatologia é semelhante
à Síndrome de Collet, observando-se também a lesão do nervo simpáticocervical.
.Síndrome de Jackson- apresenta paralisia glossopalatolaríngea, com
possível paralisia do esternocleidomastoideo ou trapézio. A sintomatologia é
semelhante à Síndrome
de
Collet,
com
exceção
da
paralisia
do
glossofaríngeo.
.Síndrome de Schmidt- apresenta paralisia palatolaríngea, e paralisia
dos músculos esternocleidomastoideo, e trapézio.
.Síndrome de Avellis- apresenta paralisia palatolaríngea.
.Síndrome de Tapia- é semelhante a Síndrome de Avellis, associada à
paralisia do hipoglosso, apresentando paralisia glossolaríngea.
.Síndrome de Ziemssem- apresenta paralisia bilateral do recorrente, a
voz tem característica bitonal e posterior afonia.
.Síndrome de Gerhardt- apresenta os mesmos fatores etiológicos
descritos para as paralisias do recorrente. Os sintomas vão desde a
soprosidade até a afonia. Dentro das síndromes ainda podemos destacar a
Síndrome de Sky-Drager, que apresenta uma disfunção laríngea do brando ao
severo, com redução do controle laríngeo. Apresenta progressivo estridor e
rouquidão, caracterizados pela paralisia de prega vocal (Martinovits & Col.,
1988).
A Síndrome de Reye apresenta ausência de sensibilidade laríngea
com paralisia de pregas vocais. Acomete principalmente crianças. Cerca de
50% dos portadores desta síndrome apresentam características de voz
aspirada ou afonia. A disfunção do nervo laríngeo recorrente deve explicar a
disfunção sensório-motora da laringe (Thompson & Col., 1990).
2.7. PROCESSOS INFLAMATÓRIOS
As paralisias de músculos isolados geralmente são sintomas
secundários à processos inflamatórios da mucosa laríngea (Hungria, 1986).
Pode-se destacar as paralisias do músculo aritenoideo, e paralisia do músculo
tensor cricotireóideo.
Nas displegias laríngeas, os fatores etiológicos são os mesmos
apresentados nas paralisias unilaterais do nervo recorrente. Há uma
modalidade rara onde os fenômenos paralíticos se instalam exclusivamente nos
músculos abdutores. As pregas vocais não se afastam durante a inspiração,
mas se aproximam na fonação. A voz tem característica normal, as queixas
ficam por conta da respiração. Por vezes o indivíduo relata asfixia no decurso
de qualquer esforço físico (Hungria, 1986).
2.8. DIABETES MELLITUS
Foram descritos casos de Diabetes Mellitus causadores de paralisias
laríngeas. Os casos ilustram um possível aumento da suscetibilidade de
pacientes diabéticos às paralisias laríngeas. Estas paralisias seriam causadas
por traumas mecânicos originados por inflamações decorrentes da diabete, ou
puramente por um processo neuropático, uma vez que a patologia pode atingir
níveis superiores e lesionar nervos cranianos (Sommer & Freeman, 1994).
A paralisia é sintoma secundário da diabetes, mas deve ser
considerada, principalmente se houver queixa de dificuldade respiratória ou
ruídos associados por parte dos pacientes.
2.9. MAL DE PARKINSON
Assim como ocorre na diabetes, O Mal de Parkinson pode apresentar
paralisia laríngea como sintoma, mas é raro.
É ainda um aspecto pouco estudado dentro desta patologia. Alguns
autores relatam que o mecanismo da paralisia laríngea é semelhante ao que
ocorre nas doenças miodegenerativas. Há, no entanto, controvérsias, pois os
achados clínicos não são tão fáceis de diferenciar. Não está claro ainda se o
paciente com Parkinsonismo tenha o Mal de Parkinson, ou mesmo outra
doença com predomínio de características Parkinsonianas (Isozaki & Col.,
1995).
A paralisia laríngea, dentro do Mal de Parkinson, apresenta
características de estridor inspiratório durante o sono e vigília.
Embora não existam relatos mais claros sobre esta associação
(Parkinson-Paralisia laríngea), deve ser levado em consideração num
diagnóstico diferencial quando necessário. Deve ficar claro que as patologias
miodegenerativas podem em algum momento serem confundidas com
características Parkinsonianas. O profissional que está lidando com o caso
deve ter conhecimento deste detalhe antes de iniciar qualquer tipo de
procedimento.
2.10. DISTÚRBIOS PSICOGÊNICOS
É
comum
encontrarmos
também
atualmente
indivíduos
que
apresentam distúrbios psicogênicos, com graus variados de histeria e
ansiedade. Devemos estar atentos para reconhecer uma possível patologia
mental, porque estes indivíduos podem ter sido encaminhados erroneamente
pelo fato de apresentarem queixas vocais aparentemente bem definidas.
Segundo Greene (1989), a falta de entonação da voz pode indicar
sintoma de depressão. Variações excessivas do tom ou registro são típicos de
repetições de padrões podem ser encontrados nas neuroses compulsivas.
Para estes casos há uma classificação dos estereótipos vocais
(Ostwald, 1963): voz áspera, voz simples, voz surda e voz robusta. São vozes
encontradas nas práticas psiquiátricas.
Embora esteja presente, ela está intimamente relacionada à outros
sintomas. Como por exemplo: sintomas hormonais, stress, dores localizadas
entre outros (Greene, 1989). Devemos estar atentos para elaborar um
diagnóstico diferencial minucioso, e assim podermos relacionar devidamente a
queixa vocal com a patologia que o indivíduo apresenta.
Normalmente o indivíduo com queixa vocal, e tendo um diagnóstico
confirmado de Distúrbio Psicogênico, apresenta um padrão de tosse e espirro
normais. Isto não se observa em patologias vocais confirmadas, onde também
a tosse e o espirro estão alterados. Esta observação consiste uma pista,
mesmo que à grosso modo, para identificarmos se o problema é realmente
patológico vocal, ou se é sintoma psicogênico.
Os sintomas de conversão podem ser precipitados por algum trauma
específico ou, pode se formar como o é num período de tempo em que a vida
do paciente se tornou conflituosa. A afonia histérica é a forma de distúrbio vocal
mais comumente encontrada em distúrbios psicogênicos, sendo que a mulher é
mais freqüentemente acometida, ocorrem 7 (sete) casos em mulheres para 1
(um) caso em homens (Greene, 1989).
Enfim, a voz conversiva pode ser afônica, ruidosa, ou pode apresentar
uma qualidade particular em relação direta com o tipo de paralisia ou disfunção
em evidência. Resta ao profissional da voz levantar dados minuciosos de
anamnese para afastar todo tipo de dúvida à respeito das possíveis etiologias
do caso em questão.
2.11. DOENÇA DE LYME
Dentre as causas mais improváveis de uma paralisia laríngea,
podemos nos deparar com achados raros, mesmo para o tão preparado
mundo da ciência. A pouco conhecida Doença de Lyme (transmitida pela
picada de um carrapato), pode nos suprir de informações valiosas para um
diagnóstico mais preciso. Consiste de uma infecção bacteriana causada pelo
microorganismo Borrelia burgdorferi, que pode ocasionar paralisia do nervo
laringeo recorrente. A paralisia é unilateral e temporária (Schroeter & Col.,
1988).
Os sintomas apresentados são: neuralgia da face do lado paralisado,
rouquidão, dificuldade para falar. Isto ocorre pela fixação da prega vocal
envolvida (Schroeter & Col., 1988). Exames complementares devem ser
realizados para confirmar hipótese diagnóstica, uma vez que se trata de uma
patologia muito incomum.
2.12. OUTROS
Devemos ter em mente que esta grande gama de patologias traz a
paralisia laríngea como sintoma, e as vezes principal. Mas é de fundamental
importância para direcionar um correto diagnóstico bem como, um tratamento
adequado.
Dados de distúrbios alimentares podem, por exemplo, elucidar fatos
obscuros. Assim como outras patologias menos conhecidas.
E ainda devemos levar em consideração que existem fatores
idiopáticos, os quais a ciência deve aprender a considerar, uma vez que o
mundo interior de cada indivíduo consiste um invólucro de inúmeras
possibilidades. E isto está em constante mudança, assim como a ciência.
Pudemos observar ao longo da discussão a grande quantidade de
patologias que podem ocasionar a paralisia laríngea, ficou claro que paralisia,
em sua grande maioria, é um sintoma secundário de uma patologia préexistente. A paralisia irá se manifestar sempre de acordo com o grau, com a
extensão e a severidade da lesão. Precisamos ter em mente o conhecimento
destas possibilidades antes de concluirmos um diagnóstico.
3. CONCLUSÃO
A patologia “Paralisia Laríngea”, a princípio parece bem óbvia. O que
deve nos ficar claro é que ela pode ser um sintoma, ou um indicativo de alguma
outra patologia bem mais importante.
Devemos estar atentos para sairmos do óbvio e abrirmos caminho
para o mais improvável. São estas informações ocultas que nos levarão à
deduções lógicas e próximas da verdade.
O simples fato de perdermos o controle dos dados, pode ser suficiente
para perdermos a direção do pensamento, e com isso perdermos todas as
possibilidades de chegarmos à uma conclusão sobre a patologia que estamos
pesquisando.
Nem sempre a queixa vocal é o mais importante, deve haver uma
coerência no “como” lidar com o caso, obedecendo inclusive a uma hierarquia
de importância. Esta hierarquia deve ter como princípio levar em consideração
os aspectos mais vitais e comprometidos do indivíduo, indo até os aspectos
menos importantes.
Com toda a certeza e lógica a manutenção de uma vida deve
prevalecer sobre todos os aspectos irrelevantes. O que decorre daí são ganh
que o indivíduo tem, e que serão cumpridos na medida da resposta dos
procedimentos terapêuticos.
O profissional da saúde que estiver trabalhando com o paciente deve,
de toda a forma, vê-lo não só em partes, mas sim como um todo.
Qualquer tipo de resistência, no sentido da não preocupação comatualizações
de dados científicos, pode comprometer todo um trabalho realizado com
pacientes.
Na discussão ficou claro a diversificação dos dados. Os autores
pesquisados falam do mesmo assunto, porém intensificam a importância do
conhecimento das diversas origens de um mesmo “mal”, no caso as paralisias
laríngeas.
São tantas informações, que já é necessária a preocupação de uma
catalogação, tentando centralizar os dados atualizados e pesquisados, para
facilitar uma futura consulta.
A cada dia saem informações novas, e elas precisam ser difundidas
para serem conhecidas pelos profissionais da área médica. Só assim fica
garantido um atendimento com um maior grau de qualidade. Qualidade esta
que dependerá do esforço do profissional, aliado à seu conhecimento.
Pudemos observar, ao longo da discussão, que a Paralisia Laríngea
pode ter causas das mais conhecidas, como resultado de pós operatório,
situações de infecções, e outros, até causas menos improváveis, como por
exemplo a Doença de Lyme, que é causada por uma picada de carrapato.
Todas as patologias citadas, ao longo da discussão, têm como sintoma a
paralisia laríngea, porém têm origens muito variadas, e é isto que precisa ser
explorado.
Deve fazer parte de nosso entendimento que muito ainda temos que
estudar, pesquisar e conhecer, para podermos oferecer um atendimento de
qualidade.
Cair na obscuridade, pela recusa em adquirir novas informações, pode
significar o insucesso de um bom diagnóstico, ou uma terapia eficiente.
Devemos ter como máxima que, acordamos desatualizados todos os
dias com relação à informações no campo da ciência.
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PARALISIAS LARÍNGEAS: ETIOLOGIA