III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Milena Ferraz Massolla - [email protected] Patrícia Calderari - [email protected] RESUMO Este artigo apresenta que atualmente, o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho envolve tanto os aspectos físicos e ambientais como os aspectos psicológicos do local de trabalho. Os empresários estão percebendo que melhorar a qualidade de vida de seus colaboradores e de suas famílias torna a empresa mais saudável, competitiva e produtiva. Essa é a principal função da QVT, ela está baseada em dois aspectos importantes que é o bem-estar do trabalhador e com a eficácia organizacional. Com a necessidade das empresas se tornarem mais competitivas no mercado veio à busca incessante da qualidade total. Acompanhando esta qualidade total também surgiu a QVT, que está focalizada no potencial humano e no meio que convive em todos os sentidos. Um programa adequado de QVT busca uma organização mais humanizada e proporciona condições de desenvolvimento pessoal ao indivíduo. Palavras - chave: Qualidade de vida, Qualidade de vida no trabalho, Programas de qualidade de vida no trabalho. 1. INTRODUÇÃO A origem do movimento de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) começou em 1950, com o surgimento da abordagem sócio-técnica. Somente na década de 60, tomaram impulsos, iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho a fim de minimizar só efeitos negativos do emprego na saúde e bem estar geral dos trabalhadores. Entretanto, a expressão qualidade de vida no trabalho só foi introduzida, publicamente, no início da década de 70, então com isso surge um movimento pela qualidade de vida no trabalho, principalmente nos EUA, devido à preocupação com a competitividade internacional e o grande sucesso dos estilos e técnicas gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrado nos empregados. Existia uma tentativa de integrar os interesses dos empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes de reduzir os conflitos. Outra tentativa era a de tentar maior motivação nos empregados, embasando suas filosofias nos 1/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 trabalhos dos autores da escola de Relações Humanas, como Maslow, Herzberg e outros. A Qualidade de Vida é à busca dos processos de trabalho, que são desenvolvidos de maneira que o melhor potencial humano seja aproveitado, sendo individual e em equipe, assim a QV inserida no contexto organizacional auxilia no repensar continuo da empresa. QV é estar saudável, desde a saúde física, cultural, espiritual até a saúde profissional, intelectual e social. Cada vez mais as empresas que desejarem estar entre as melhores do mercado deverão investir nas pessoas. Portanto, qualidade de vida é um fator de excelência pessoal e organizacional. O artigo tem como objetivo abordar sobre a qualidade de vida no trabalho. O mesmo foi elaborado através do método de revisão bibliográfica enfatizando os seguintes autores: Aquino (1979); Chiavenato (1983); Neri (1993); Oliveira (2006); Rodrigues (1994) e Sampaio (1999). 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: 2.1 Qualidade de vida Qualidade de vida é o método usado para medir as condições de vida de um ser humano. Envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde, educação, poder de compra e outras circunstâncias da vida. Não deve ser confundida com padrão de vida, uma medida que quantifica a qualidade e quantidade de bens e serviços disponíveis. Também diz respeito de como as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano. Envolve, portanto, saúde, educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito e determinam como vive o mundo. Compreende, desse modo, situações extremamente variadas, como ano de escolaridades, atendimento digno em caso de doenças e acidentes, conforto e pontualidade nas condições para se dirigir a diferentes locais, alimentação em quantidade suficiente e com qualidade adequada e, até mesmo, posse de aparelhos eletrodomésticos (PIRES, 1998). Mais que tudo, exige exercício do chamado controle social mediante o acompanhamento da administração de bens estatais, privados e públicos, como escolas, produtos de consumo pessoal, pavimentação e conservação de ruas e locais coletivos para o lazer conduz a cidadania, com exercício democrático da cobrança da transparência das medidas e procedimentos dos governantes e dirigentes. De acordo com Minayo (2000) identificaram a expressão Qualidade de Vida (QV) com a figura do discurso conhecida como polissemia isto é, quando uma única palavra ou um conjunto de vocábulos implica muitos sentidos. Assim, ao dizer Qualidade de Vida, pode estar querendo indicar bem-estar pessoal, posse de bens materias, participação em decisões coletivas e muito mais. Essa busca por qualidade de vida insere-se no contexto da Responsabilidade Social, prática que deve ser incorporada tanto pelas empresas quanto pelos próprios 2/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 profissionais. Assim, para que os programas de qualidade de vida gerem benefícios efetivos, o que vai se propagar para toda a sociedade, o comprometimento deve ser completo: a empresa desenvolve políticas, ações e programas de estímulo a uma vida saudável, e o funcionário, por sua vez, deve perceber que seu papel é fundamental para que os objetivos sejam alcançados por ambas as partes. A iniciativa de promover projetos visando à satisfação pessoal dos colaboradores cresce cada vez mais no mercado de trabalho, de microempresas a grandes corporações multinacionais. Num futuro próximo, o que diferenciará uma empresa da outra será a qualidade de vida de seus colaboradores, bem como o clima que predomina no local de trabalho, diminuindo a importância do tamanho da empresa e ressaltando a produtividade e a qualidade, resultantes do bem-estar organizacional. É um amplo conceito de classificação, afetado de modo complexo pela saúde física do indivíduo, pelo seu estado psicológico, por suas relações sociais, por seu nível de independência e pelas suas relações com as características mais relevantes do seu meio ambiente. É, portanto, um termo amplo que concentra as condições que são fornecidas ao indivíduo para viver como ele pretende. Para garantir uma boa qualidade de vida, deve-se ter hábitos saudáveis, cuidar bem do corpo, ter tempo para lazer e vários outros hábitos que façam o indivíduo se sentir bem, que tragam boas consequências, como usar o humor para lidar com situações de stress, definir objetivos de vida e, o principal, sentir que tem controle sobre a própria vida. No Brasil, existe a Associação Brasileira de Qualidade de Vida-Abqv que tem como missão promover a integração e desenvolvimento de profissionais multidisciplinares voltados para atuação em Qualidade de Vida, divulgando tendências, provocando discussões, reflexões e formando opiniões de estilo de vida, padrões e ambientes saudáveis. 2.2 Origem e evolução do movimento de qualidade de vida no trabalho. O tema Qualidade de Vida no Trabalho é representado, no passado, pela busca de satisfação do trabalhador e pela tentativa de redução do mal – estar e do excessivo esforço físico no trabalho. Pode – se dizer que nas primeiras civilizações já se tem notícia de que teorias e métodos eram desenvolvidos com vistas a alcançar tais objetivos. Entretanto, foi apenas a partir da sistematização dos métodos de produção, nos séculos XVIII e XIX, que as condições de trabalho passaram a ser estudadas de forma científica, primeiramente pela Escola de Relações Humanas (SAMPAIO, 1999). Segundo Sampaio (1999), a Escola de Relações Humanas, cuja preocupação era com os aspectos psicossociais do trabalho, foi a que maior identificação apresentou com o movimento de Qualidade de Vida no Trabalho, tendo oferecido as seguintes contribuições: a) Elton Mayo, o iniciador da Escola de Relações Humanas, descobriu a importância das relações sociais do trabalhador, observando que a produtividade aumenta quando acontecem determinados fenômenos de grupo; 3/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 b) os estudos de Maslow e de Herzberg sobre a motivação humana apresentaram uma fundamentação teórica para o tema. O primeiro desses teóricos desenvolveu uma teoria sobre a hierarquia das motivações, segundo a qual uma vez satisfeitos os motivos primários ou fisiológicos, aparecem os motivos secundários ou psicossociais. Herzberg, por sua vez, apresentou uma teoria segundo a qual os motivos se agrupavam em dois blocos: os fatores higiênicos, indispensáveis para manter o estado de equilíbrio necessário ao trabalho e os fatores motivacionais, que tendem a aumentar o interesse das pessoas pelo trabalho; c) os estudos de Dinâmica de Grupo iniciados por Kurt Lewin e desenvolvidos por seus discípulos e seguidores focalizaram os fenômenos de grupo, mostrando que a convivência e a participação tendem a aumentar a rentabilidade no trabalho. Apesar de tais estudos tangenciarem a questão, a expressão Qualidade de Vida no Trabalho só apareceu na literatura especializada no inicio da década de 50 de nosso século, na Inglaterra, quando Eric Trist e seus colaboradores estudavam um modelo macro para tratar o trinômio Indivíduo -Trabalho - Organização. A partir de então, surge uma abordagem sociotécnica da organização do trabalho, que tem como base à satisfação do trabalhador no trabalho e com o trabalho. Segundo Huse e Cummings (1985) estudos desenvolvidos em 1957, quando Davis e outros realizavam pesquisas para modificar as linhas de montagem nos Estados Unidos, com o objetivo de tornar o trabalho mais agradável. Os autores consideram, entretanto, que foi na década de 60 que realmente ganhou impulso o movimento de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, graças, principalmente, à influência que a conscientização dos trabalhadores e o aumento das responsabilidades sociais exerceram sobre cientistas e dirigentes organizacionais, levando – os a pesquisar o assunto. Nadler (1985), enfatiza que, inicialmente, a qualidade de vida no trabalho foi tratada como uma reação individual ao trabalho e só mais tarde foi relacionada aos projetos cooperativos de trabalho. De acordo com esses autores, a QVT evoluiu, depois, para tornar – se um meio de engrandecimento do ambiente de trabalho e para o alcance de maior produtividade e satisfação, ligando – se a expressões como “gerenciamento participativo” e “ democracia industrial”, que passaram a constituir seu alvo. 2.3 Qualidade de vida no trabalho A Qualidade de Vida no trabalho é uma consequência da compreensão comprometida e abrangente das condições de vida no trabalho, incluindo aspectos como bem-estar social, saúde, segurança e capacitação sendo uma poderosa arma de competitividade de mercado, melhorando o desempenho e a produtividade além do aumento da confiabilidade do cliente. Segundo Mezzomo (2001), a qualidade como sendo “um conjunto de propriedades de um serviço (produto) que torna adequado à missão de uma organização (empresa) concebida como resposta às necessidades e legítimas expectativas de seus clientes”. A qualidade é complexa, sendo a busca permanente da auto-superação e do contínuo aperfeiçoamento englobando além dos serviços, produtos e pessoas, um planejamento pré-estabelecido não se limitando apenas aos avanços tecnológicos, mas a recursos humanos capacitados, treinados, liderados, 4/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 motivados e conscientes de suas responsabilidades, e exigindo comprometimento dos mesmos nas alterações da cultura organizacional e, com isso, participação efetiva do trabalhador favorecido Empowerment que fortalece a equipe com atribuições de autonomia e total responsabilidade para desempenhar seu trabalho visando a excelência da organização. A busca incessante da qualidade pelas organizações contemporâneas como estratégia de sobrevivência no mercado provoca muitas vezes um esquecimento do principal: seus colaboradores, sua vida e felicidade. Qualidade de Vida no trabalho evidencia os colaboradores como detentores de merecida importância pela instituição que envolvidos em diversos níveis, são abordados como parceiros e, não mais como recursos humanos, mas integrando indivíduos à organização de forma harmoniosa, mantendo sua integridade física e mental, valorizando-o literalmente como pessoa, considerando fatores psicológicos, políticos, econômicos e sociais do trabalhador (SAMPAIO,1999). No mundo do trabalho ocorreram inúmeras mudanças não só no processo produtivo devido inovações tecnológicas, mas no impacto causado na saúde do trabalhador tanto na esfera física como psíquica. A qualidade de vida no trabalho é um tema muito estudado atualmente. As organizações, à medida que avançam no tempo, são conduzidas a proporcionar um ambiente de trabalho que atende uma série de princípios básicos para se obter êxito nas atividades. Mas, para que tais empresas atinjam o sucesso terão de lidar antes com a variável mais complexa, o homem, pois cada indivíduo tem uma maneira de pensar, agir e reagir, e esse é um dos desafios de um Administrador de Empresas, estudar o homem e suas ações a fim de identificar como este pode trabalhar melhor quantitativa e qualitativamente. A tecnologia é uma ferramenta que auxilia o homem a executar trabalhos que muitas vezes seriam cansativos com a ausência dela. Os trabalhadores, considerados aqueles que aplicam seu conhecimento e força de trabalho na produção de bens e serviços, sejam operários, donas de casa, administradores ou profissionais liberais, quase sempre, em nosso país, tem sua condição de saúde e Qualidade de Vida relegada a segundo plano, diante das demandas por sobrevivência e dos interesses corporativos relativos à produção e ao lucro. Nadler e Lawler (1983), ao analisar as origens do movimento de qualidade de vida no trabalho, descrevem a primeira fase da QVT, de 1969 a 1974, como um período em que grandes números de pesquisadores, acadêmicos, líderes sindicais e representantes do governo, peocupados com a relação entre os efeitos das atividades profissionais sobre a saude e o bem-estar das pessoas e sua satisfação no trabalho, começaram a se interessar pelas formas de influenciar a qualidade das experiências vividas pelas pessoas durante o período de trabalho. Tais características do movimento perduraram até meados da década de 1970, época em que se sofreu, uma baixa, uma vez que nos Estados Unidos as atenções foram desviadas para problemas como inflação e custos de energia. Apartir de 1979 surgiu novo interese na QVT, estimulado pela competição internacional. Algumas iniciativas como as implantadas na General Motors, começaram a ganhar o apreço do público, coincidindo com uma crescente preocupação com a produtividade. Tais iniciativas produziram grandes quantidades de projetos americanos de QVT, que tiveram seu auge em meados dos anos 1980 ( NADLER,1983). Aguiar (2000), explica que fatores intervenientes no aumento da produtividade estão presentes no estudo da organização do trabalho desde o início do século, 5/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 porém foi só a partir da década de 1960 que os indicadores referentes as necessidades e as aspirações pessoais ganharam relevância.Isso se deveu ao desafio de produtividade enfrentado pelas organizações em busca de competitividade, em que se incluía a responsabilidade social da empresa como fator de avaliação da produtividade. Houve então uma mudança de postura das organizações, que passaram a entender a qualidade de vida no trabalho como um aspecto tão importante quanto a modernização tecnologica. Nadler e Lawler (1983), definem qualidade de vida no trabalho de acordo com a evolução no tempo e com as diferentes pessoas que o utilizam, isto é, como uma forma de pensar sobre as pessoas, o trabalho e as organizações. Seus elementos distintivos são: a) a preocupação com o impacto do trabalho sobre as pessoas e sobre a efetividade organizacional. b) a idéia de participação na tomada de decisões e na solução de problemas. Bergeron (1982), afirma que a QVT consiste na aplicação concreta de uma filosofia humanista pela introdução de métodos participativos, visando modificar um ou vários aspectos do meio ambiente de trabalho a fim de criar uma situação favorável à satisfação dos empregados e à produtividade. Fernandes (1996), conceitua a QVT como uma gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refetindo - se no bem - estar do trabalhador e na produtividade das empresas. 2.4 Programas de qualidade de vida no trabalho. Segundo Nadler (1983), os programas de qualidade de vida no trabalho tem como objetivo criar uma organização mais humanizada, mediante maior grau de responsabilidade e de autonomia no trabalho, recebimento mais constante de feedback sobre desempenho, maior variedade e adequação de tarefas e ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo. Estes programas constituem uma das mais eficazes formas de obtenção do comprometimento das pessoas, uma vez que favorecem o envolvimento dos empregados nas decisões que influenciam suas áreas de trabalho dentro da empresa. Os programas envolvem a resolução participativa dos problemas, reestruturação do trabalho, inovações do sistema de recompensas e melhoria do meio ambiente do trabalho. Costumam às vezes, apresentar dificuldades para serem implantados. Como envolvem custos para a empresa e tem por alvo principal os empregados e não organização, algumas vezes é difícil conseguir a adesão da alta administração. Esses programas, no entanto, orientam - se também em direção à melhoria na eficácia organizacional, já que esta tem como pré-requisito à satisfação do indivíduo que se intensifica por meio da participação nas decisões e na melhoria das condições em que se desenvolvem seus trabalhos. As estratégias para prevenção de doenças e a promoção de saúde ganham cada vez mais importância nas empresas. Por dois motivos em especial: “o absenteísmo relacionado a afastamentos custa caro e quanto mais os funcionários utilizam o plano de saúde, mais ele pesa para os cofres da organização ”, explica André Alexandra Osmo, diretor médico do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, que tem um serviço especial de check-up para executivos ( NADLER,1983). 6/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 A preocupação com a qualidade de vida é um fator em ascensão no âmbito organizacional. Inúmeros fatores externos (doenças e adversidades) permeiam o trabalho das pessoas. Os programas de qualidade de vida podem ser de vital importância para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaboradores, bem como com o desenvolvimento eficaz das organizações. A vida do homem moderno nos grandes centros urbanos está cada vez mais amarrada ao enfrentamento de situações críticas para sua subsistência, tais como alimentação, moradia, transporte, ensino, saúde, e a própria manutenção do seu emprego. Todas elas geradoras de prejuízos físicos e psicológicos. Hoje, exige-se dos funcionários eficiência e alta produtividade em tempo limitado, porém, em condições inadequadas de trabalho, com problemas de ambiente e equipamentos. Tais condições acabam levando a insatisfações, cansaços excessivos, queda de produtividade, problemas de saúde e acidentes de trabalho. As empresas procuram hoje qualidade de vida no trabalho, na esperança de promover um envolvimento e motivação do ambiente e proporcionar assim um aumento da produtividade, além disso, a atividade física, no âmbito da empresa é uma questão relacionada à promoção de saúde, não apenas como ausência de doença, mas como estado completo de bem-estar físico, mental e social. De acordo com Lawler (1983), para que os programas sejam eficazes, porém, é preciso alguns cuidados, como: partir da realização de uma pesquisa sobre o perfil dos colaboradores e suas reais necessidades; implantação de ações contínuas, transparentes, de curto, médio e longos prazos; envolvimento da alta cúpula; contar com uma equipe multidisciplinar que saiba lidar com as diferenças internas; avaliações constantes sobre os resultados do programa; inserir o programa dentro da Política de Recursos Humanos. Já o colaborador deve se comprometer em cultivar um estilo de vida saudável, o que faz uma grande diferença para seu rendimento no mercado de trabalho. É preciso adquirir uma condição física boa e manter a saúde sempre em dia, por meio de exercícios e de uma alimentação equilibrada. Cuidar dos aspectos emocionais e psicológicos também é indispensável, o que inclui uma atenção muito especial à questão da auto-estima. Guardar um tempo para curtir momentos de lazer e conectar-se com o lado espiritual é essencial. O importante é saber conciliar afazeres profissionais com a vida pessoal, dedicar-se a si mesmo e aos familiares. A Responsabilidade Social é conquistada, primeiramente, por meio da Responsabilidade Pessoal (NERI,1993), Toda atitude tomada para valorizar as virtudes do ser humano deve ser valorizada e incentivada. Portanto, com as empresas e colaboradores trabalhando em conjunto para promover o bem estar físico e emocional de todas as atitudes positivas, e a integração entre organizações e sociedade, a Qualidade de Vida deixará em breve de ser uma bandeira para se tornar um bem comum. 2.4.1 Implementação de programas de QVT nas organizações. A implementação de programas específicos dentro das empresas é vista ultimamente como uma estratégia competitiva de diferencial de mercado, tendo como objetivo aumentar a satisfação dos colaboradores e consequentemente obter 7/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 uma alta lucratividade na empresa. Para que haja a lucratividade é preciso que as pessoas executem suas tarefas de maneira adequada e com satisfação, possibilitando assim um futuro promissor dentro da organização e reconhecimento pelos resultados alcançados. Melhores condições de trabalho influenciam diretamente ao alcance da produtividade, reduzindo assim fatores negativos que interferem diretamente na vida do empregado, gerando de tal forma benefícios para ambas às partes. Antes que a implementação de programas seja implementada é fundamental identificar atentamente as necessidades dos indivíduos que fazem parte da empresa na qual seja determinada e alinhada aos objetivos da organização e aos do indivíduo, portanto é necessário a participação e apoio de todos os membros. Devemos observar como gestores de uma organização que a escolha de programas de qualidade de vida no trabalho que serão colocados na empresa deverá ser viável e que traga benefícios à organização como um todo (AQUINO, 1979). O sucesso da implementação de programas de qualidade de vida depende, por um lado, do comprometimento dos colaboradores em fazer boas escolhas quanto aos hábitos saudáveis e às atitudes de enfrentamento à adversidade. Por outro lado, a empresa pode fornecer condições necessárias para que essas escolhas aconteçam. Implementar ações de qualidade de vida não é tarefa fácil, se considerar que as pessoas estão permanentemente expostas a fatores estressores que podem afetar a saúde. O estresse é um componente da vida moderna presente em qualquer ambiente, não escolhendo a quem atingir. Isto justifica plenamente a criação de programas de qualidade de vida para lidar com os fatores de risco à saúde e para minimizar a exposição das pessoas a eles. O trabalho é uma atividade na vida das pessoas que muitas vezes torna-se o organizador do seu estilo de vida, podendo ser, para uns uma fonte de prazer e, para outros, de desprazer. Assim sendo, cabe-se questionar sobre o quanto as empresas estão se preocupando e investindo na qualidade de vida dos seus colaboradores (AQUINO, 1979). Muitas empresas que aderiram às atividades de qualidade de vida vivenciam benefícios que elas trazem à saúde e ao bem-estar dos seus colaboradores. Com certeza elas ganharam maior produtividade através do maior envolvimento das pessoas, e estas, por sua vez, ganharam uma fonte de prazer no trabalho. Não é por acaso que essas empresas encontram-se na classificação das melhores empresas para se trabalhar. Para que um programa de qualidade de vida seja bem sucedido, ele deve favorecer a criação de espaços de apoio à tomada de decisões das pessoas, quanto à responsabilidade pessoal pela saúde e pela adoção de estilos de vida que favoreçam o seu bem-estar. Deve também abordar temas de desenvolvimento de forma global, considerando os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais do ser humano. Qualidade de vida é a percepção que a própria pessoa tem sobre o seu bemestar, sendo este o parâmetro para avaliar a eficácia das ações dos programas de qualidade de vida. Especialistas no assunto afirmam que em torno de 53% dos fatores que favorecem a longevidade saudável são determinados por hábitos, crenças e valores, ou seja, pelo estilo de vida das pessoas. Outros 20% seriam determinados pelas condições do meio ambiente, 17 % por fatores genéticos ou hereditários e 10% por fatores atribuídos à assistência médica. Essa estatística 8/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 sustenta o fato de que uma das formas de alcançar um nível adequado de bem-estar é facilitando as escolhas de atitudes positivas perante situações adversas, como um mecanismo para o enfrentamento do estresse do dia-a-dia (FERNANDES, 1990). De acordo com Chiavenato (1983), pode - se mencionar alguns programas em benefícios aos funcionários como: capacitação dos funcionários, oportunidade de crescimento, direitos trabalhistas, condições de segurança e saúde no trabalho entre outros E benefícios a empresa como: força de trabalho mais saudável, baixo índice de acidentes, melhor imagem e melhor ambiente de trabalho. Com essas atitudes a empresa estará investindo diretamente na elaboração de seus produtos, garantindo uma melhor qualidade e produtividade. 2.5 Estratégia e qualidade de vida no trabalho (QVT) A importância crescente do capital humano como fonte de vantagem competitiva tem encorajado as empresas a adotarem estratégias focadas em atrair, motivar, recompensar e reter as pessoas certas, em todos os níveis da organização. É caro substituir conhecimento e talento e hoje, as condições competitivas do mercado têm que estar alinhadas à preocupação com os funcionários, clientes e acionistas. A cultura corporativa de uma empresa é um sistema compartilhado de valores e crenças entre os funcionários, oferecendo orientação sobre como pensar e agir. Devido a seu efeito acentuado sobre o comportamento e a eficácia dos funcionários, as empresas estão cada vez mais reconhecendo que a cultura corporativa pode diferenciá-las dos concorrentes. Em consequência, amplia-se a complexidade da Gestão de Recursos Humanos nas organizações, que deve exercer uma função estratégica, no sentido de fazer do fator humano um diferencial de competitividade e qualidade, legitima-se os esforços da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), como “a gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas” (FERNANDES, 1990). A implantação estratégica de um programa de QVT, embora seja única a cada empresa, a título de sistematização, requer o estabelecimento de algumas fases que, independentemente das características particulares, aplicam-se a todas as empresas. Alguns autores têm feito recomendações sobre a implantação de programas de QVT. Segundo Guest (1979), considera a competência de nível gerencial como condição básica de tais programas. De acordo com seu ponto de vista, além da competência, o comprometimento da administração com os objetivos do programa de QVT é vital para o êxito de tais intervenções. Outro ponto crucial reside na preparação dos gerentes para as mudanças decorrentes da implantação do programa, por envolverem um espaço maior para a participação dos empregados e incluírem novas modalidades de tomada de decisão nos moldes do estilo consultivo. Fernandes (1996), faz as seguintes recomendações sobre a implementação dos programas de QVT: não fiquem limitados a certos grupos na organização, mas envolvam todos os níveis e áreas; não devem ser implantados sem um conhecimento teórico e técnico do assunto, fundamentado na literatura especializada; sejam implantados a partir de uma necessidade da organização, e não inspirados pela moda; incluam estratégias de resolução dos problemas organizacionais, através de métodos participativos; procurem envolver melhorias no 9/11 III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO UNISALESIANO Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores Lins, 17 – 21 de outubro de 2011 meio-ambiente de trabalho em termos físicos, mas sem descuidar de aspectos tecnológicos e psicossociais; o sistema de recompensas seja reestruturado, de modo que os ganhos advindos da participação sejam partilhados pelos empregados; as pessoas sejam reinadas para nova abordagem de resolução de problemas e, especialmente as chefias, para aceitarem a participação dos empregados; se efetivem mudanças no comportamento administrativo e na natureza do clima das organizações, de modo a aprimorar a cultura organizacional. CONCLUSÃO Pode-se motivar o trabalhador, criando um ambiente de participação, de integração com superiores, com colegas de trabalho, partindo sempre da compreensão das necessidades dos empregados. A gerência ou o líder mais próximo tem a responsabilidade de criar um ambiente onde as pessoas possam se sentir bem. Elas também precisam saber o que a administração espera que eles produzam e de que maneira. Como se pode constatar pelos dados das empresas e organizações que programaram Programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), esta vem ganhando expressão crescente no ambiente empresarial dentro das estratégias de gestão de pessoas. A Estratégica da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é motivada por diversos fatores: aumentar a produtividade, garantir a competitividade, modernizar a gestão de pessoas, trabalhar a imagem institucional em face da exigência da responsabilidade social, cobrada dos clientes e da comunidade. Novos desafios se impõem à QVT, principalmente no tocante ao comprometimento da alta direção no estabelecimento sistemático, contínuo e mensurável de suas estratégias. Portanto, um programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), deve atingir todos os níveis, direcionando esforços para a canalização da energia disponível para o comprometimento humano. A necessidade de tornar as empresas competitivas colocou – se de frente com a busca pela qualidade, que deixou de ser um diferencial competitivo, para se tornar condição de sobrevivência. Assim, é necessário canalizar esforços para alcançar qualidade, mas sem esquecer o comprometimento humano e que elas são a peça mais importante da organização. Com isso haverá qualidade e qualidade de vida no trabalho. REFERÊNCIAS AQUINO, C. P. Administração de recursos humanos: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1979. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. NERI, A. L. 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