ANDES:
MENTIRA E INCOMPETÊNCIA: FALSIFICANDO FATOS
No dia 7 de setembro a ANDES divulgou uma versão distorcida, fantasiosa e abertamente mentirosa
sobre a fundação do PROIFES-Sindicato, segundo a qual 216 professores teriam tentado entrar em
Assembléia Geral (AG) para votar contra, mas teriam sido impedidos. Para que se entenda bem o que
aconteceu, vale lembrar que, ao tomar conhecimento da marcação da AG de fundação pelo PROIFES, a
diretoria da ANDES convocou para São Paulo, exatamente nos dias 5 e 6 de setembro, uma reunião do ‘Setor
das Federais’ da entidade, conclamando todos a comparecerem, pois os professores, alí reunidos, precisariam
‘dar uma resposta à altura’ à citada convocação. Essa reunião aconteceu, mas por cerca de três semanas não
foi apresentado o correspondente Relatório, que normalmente sai em 2 ou 3 dias. O fato é que esse Relatório
foi finalmente publicado no último dia 26 de setembro. São evidentes as desesperadas tentativas de
maquiagem do documento; apesar de tudo, o Relatório mostra, como veremos adiante, que na ‘Reunião do
Setor de Federais da ANDES’ havia, no máximo, 90 docentes contrários à fundação do PROIFES-Sindicato,
sendo 13 desses diretores da ANDES.
O Relatório está repleto de tentativas de manipulação grosseiras, visando mascarar fatos e evitando a
exposição clara de dados. Em respeito à paciência do leitor, daremos apenas dois exemplos.
O primeiro deles se refere à afirmativa constante logo na abertura desse documento, em que são
citados 5 diretores presentes[1]. Quem lê isso é levado a crer que havia unicamente e apenas 5 diretores da
ANDES na ‘Reunião do Setor das Federais”. Verdade? Não, mentira. Além deles, pela leitura da seqüência
do texto, vê-se que também estavam lá também outros 8 diretores[2], que não são identificados como
diretores, mas sim, enganosamente, como representantes de ‘Seções Sindicais’. Ou seja, dentre os
participantes da Reunião havia 13 diretores da ANDES, e não 5, o que significa que ali estavam muito mais
diretores da entidade e muito menos ‘bases’ do que falsamente insinuado.
O segundo exemplo refere-se à não exposição sistemática, no Relatório, dos dados que demonstram o
absoluto e completo fiasco que foi a convocação, pela ANDES, de uma ‘rodada de Assembléias Gerais em
todo o Brasil’ em apoio à entidade.
Das apenas 26 ADs que foram à Reunião do Setor, só mirradas 16 conseguiram realizar AGs para
‘defender a ANDES do ataque final do PROIFES/CUT/Governo’ – de acordo com o imaginário persecutório
dos mais alucinados. Dessas 16 AGs, apenas 5 conseguiram reunir mais de 30 professores! No caso da
ADUFF e da ADUFRJ, os números são patéticos: em universidades que congregam muitos milhares de
docentes, estiveram presentes às AGs, respectivamente, 20 e 13 professores. Em outras palavras, pouco mais
do que as correspondentes diretorias. Essa[3] foi a ridícula dimensão do ‘apoio’ conseguido pela ANDES.
Vale lembrar que uma parte importante dos participantes das AGs mencionadas não foi lá para apoiar
a ANDES. Exemplo disso – entre outros – foi a AG da ADUFEPE, com 46 pessoas, ou seja, a 4ª maior em
tamanho, dentre todas, em que havia muitos apoiadores do PROIFES, a começar pelo Presidente da AD,
Diretor do PROIFES.
O soma do número total de presentes em todas as AGs – 555 – mostra a que lamentável fim chegou a
ANDES. Como é possível que tão pouco apoio seja aportado em um momento em que o ‘Sindicato
Nacional’ está sendo ‘atacado de morte’? Só mesmo tendo alcançado um imenso grau de desprestígio, aliás
merecido, após anos e anos de tentativas de uso da categoria como massa de manobra, com objetivos
político-partidários. Uma observação intrigante: vão às AGs locais (tarefa que não exige quase esforço
algum), contados aí todos os diretores da ANDES, 555 professores – note-se que nesse último total incluemse muitos apoiadores do PROIFES; ao mesmo tempo, 216 docentes se abalam até São Paulo, só para votar
contra a fundação do PROIFES-Sindicato. Faz sentido? Quem acredita?
Em contrapartida, vale mencionar o seguinte: votaram a favor da criação do novo Sindicato 610
docentes (ver a relação completa na página do PROIFES, www.proifes.org.br), entre professores presentes
(123) e votos por procuração assinada e reconhecida em cartório, número esse superior à soma de todos
participantes de todas as AGs acima relatadas.
Mas, voltando ao ‘Relatório’ da ANDES, os números apresentados, nos quais, aliás, não há razão para
se confiar sem restrições, são reveladores. No Relatório aparecem, entre docentes que teriam comparecido no
dia 5 (de manhã ou de tarde) ou no dia 6 (de manhã, portanto imediatamente antes da AG do PROIFES) 107
pessoas, incluindo os 13 diretores da ANDES. Desse total, 2 eram professores de CEFETs, e não de
universidades, 6 eram apoiadores do PROIFES, e pelo menos 10 pertenciam a ADs que decidiram não se
envolver na disputa estabelecida. Conclusão: havia no máximo 90 professores, dentre os presentes à Reunião
do Setor das Federais, dispostos e em condições de votar contra a fundação do PROIFES-Sindicato, que se
realizou pouco depois, no próprio dia 6 de setembro. Registre-se aqui que tal afirmativa é muito generosa
para com a ANDES, pois pressupõe: 1) que todas as pessoas mencionadas no Relatório da Reunião do Setor
das Federais estiveram de fato nesse evento; 2) que todas portavam contracheques / identificações, para
provar sua condição de docentes; e 3) que todas essas pessoas são mesmo professores de universidades
federais.
Achar que havia muitos outros professores de universidades federais em São Paulo, mas que esses
docentes decidiram, por alguma razão obscura, não aparecer na Reunião do Setor, que é e sempre foi aberta à
participação de todos, é abusar em excesso da inteligência alheia. Quem mais então, pergunta-se, poderia se
unir aos 90 docentes em questão para ir votar contra a fundação do PROIFES-Sindicato? A resposta é
simples: apenas alguns poucos diretores da ANDES que, encarregados de questões organizativas, não tenham
ido à Reunião do Setor. Vale aqui lembrar que na Diretoria da ANDES há 59 docentes de universidades
federais (os demais são professores de CEFETs e de instituições estaduais, municipais ou privadas), sendo
que 13 deles já estão computados nos presentes à Reunião do Setor. Sobram 46. Desses, 5 diretores foram à
AG do PROIFES. Imaginemos generosamente que havia mais outros 10 em São Paulo, que, também
ausentes da Reunião das IFES, tinham como tarefa organizar a ida à AG de fundação do PROIFES-Sindicato.
Somando-se esses 15 docentes aos 90, chegamos, com muita boa vontade, a 105. Ora, 105 é menos da
metade do valor alegado pela ANDES – 216. Os números apresentados pela ANDES estão, pois, em total
descompasso com a realidade. Será que havia mais de 100 docentes, escondidos em São Paulo e ausentes da
Reunião do Setor das Federais, mas decididos a aparecer de surpresa, só para votar contra o PROIFES?
Quem pode crer nisso? Haja vontade de mentir (mal) e crença desrespeitosa na burrice geral dos colegas!
Além de tudo isso, as imagens do grupo que estava à porta da AG do PROIFES, que estão sendo
submetidas à perícia técnica, mostram que lá não havia mais do que a metade do número de professores
federais pretendido pela ANDES. E que estavam, nesse grupo, lideranças de partidos políticos, professores
de universidades estaduais, e estudantes – como reconhecido e declarado pela própria entidade.
Mas isso não é tudo. A decisão tática dos dirigentes da ANDES já havia sido tomada anteriormente:
era a de não entrar na AG do PROIFES, para não legitimá-la. A prova disso, novamente, é dada por
documentos publicados por eles mesmos. O relato da Assembléia Geral da ADUFF do dia 4 de setembro
(disponível na página da entidade) deixa isso claro. Veja: “A partir da discussão realizada na assembléia da
ADUFF, os representantes de nossa seção sindical levarão à reunião do setor algumas ponderações. A
primeira e mais importante delas é que, aconteça o que acontecer, o ANDES-SN não deve legitimar esse
fórum que está sendo convocado para a criação de uma entidade paralela. Nesse sentido, o envio de
professores da base do sindicato nacional a São Paulo deve servir, antes de mais nada, para a realização de
uma manifestação em defesa do ANDES-SN.”
Vamos agora aos fatos reais. Alguns apoiadores da ANDES, que se credenciaram e entraram de
antemão na AG do PROIFES, foram informados que ali havia perto de 120 pessoas. Quem pode acreditar
que, após fazer as contas, os dirigentes da ANDES iriam mesmo propor aos seus apoiadores que entrassem
na AG do PROIFES? Entrar para perder, inferiorizados que estavam numericamente, consagrando a derrota e
impedindo qualquer tipo de questionamento futuro, em absoluta oposição à tática já por eles delineada? Isso
seria um desastre fatal e final para a ANDES. Uma proposta quase que suicida. Um risco que não podia ser
enfrentado. Qual a solução? A óbvia, já acertada: 1) chegar em cima da hora, todos juntos, acompanhados de
pessoas não pertencentes à categoria, para tentar gerar um impasse, dado que havia a natural necessidade, por
parte dos organizadores, de garantir a segurança do evento e de credenciar documentalmente todos os
participantes, para não invalidar a AG; 2) fingir querer entrar na AG, mas não o fazer; 3) alegar impedimento
de entrada na AG; 4) realizar Ato de Apoio à ANDES. Tudo conforme previamente planejado, combinado e
premeditado. Na seqüência, seria só inventar um monte de mentiras e divulgá-las golpistamente aos 4 ventos,
usando a máquina da ANDES (paga com o dinheiro dos professores), a militância de partidos políticos
eleitoralmente marginais no cenário político nacional e o apoio da ‘Central’ que com eles se afina, que
depende das contribuições da ANDES para sua sobrevivência financeira – às nossas custas. Ou seja, farsantes
denunciando a ‘ farsa’ inexistente.
Toda essa tentativa de trama enfrenta, contudo, dois problemas graves.
O primeiro é que, para ter alguma chance de sucesso, o mentiroso tem que alinhavar bem suas
mentiras, aplainar contradições existentes. O que lhe falta em caráter tem que lhe sobrar em competência.
Esse não é, como vimos, o caso dos colegas.
O segundo, igualmente relevante, é que os professores das universidades federais não suportam mais
anos a fio de manipulações, de absoluta negação proposital em realizar negociações sérias, responsáveis, do
que resultam infindáveis tentativas de empurrá-los para constantes e ineficazes greves de enfrentamento com
os diferentes governos. Ninguém tolera, além disso, o completo descompasso entre as ‘propostas’ das
‘lideranças’, alinhavadas em ‘Reuniões de Setor’ e ‘Comandos de Greve’ pouco ou nada representativos, e as
verdadeiras reivindicações da categoria. A maioria de nós, docentes do ensino superior público federal, quer
uma entidade como o PROIFES, que, não sendo refém de partidos políticos, defenda nossos interesses
específicos e seja capaz de chegar a acordos que consolidem anseios históricos dos professores, como
demonstrado, em especial, na recém encerrada campanha salarial 2007/2008. É a política, pois, que irá
definir os rumos futuros do movimento docente.
(Fonte: PROIFES)
[1] “PRESENTES. Diretoria: Fernando Molinos Pires Filho, Luís Mauro S. Magalhães, Maria Socorro dos S. Aguiar, Cláudia Alves Durans,
Francisco Carlos Duarte Vitória”.
[2] Viviana Mônica Vermes, UFES, 2ª Secretária Regional Leste; Cláudio Lopes Maia, UFG, 1º Secretário Regional Planalto; Suely dos Santos
Silva, UFG, 2ª Secretária Regional Planalto; Roberto A. Braga Júnior, UFLA, 1º Secretário Regional Leste; Henrique Andrade F.Mendonça,
UFPEL, 2º Tesoureiro Regional RS; Elaine da Silva Neves, UFPEL, 1ª Secretária Regional RS; Maristela Souza, UFSM, 2ª Secretária Regional
RS; e Sirley Laurindo Ramalho, UFTPR, 2º Tesoureiro Regional Sul.
[3] Para conhecer o apoio que foi dado à ANDES basta ver os números de presenças, Brasil afora, nas Assembléias Gerais esvaziadas que
precederam a Reunião do Setor das Federais cujo objetivo era ‘salvar a ANDES da destruição’. Está tudo no Relatório dessa Reunião publicado
pela ANDES. Vejam: ADs onde houve AGs com número de presenças declarado: SESDUFRR, 28; SINDUFAP, 8; ADUFLA, 8; SINDCEFETMG, 11; ADUFCG, 19; ADUFF, 20; ADUFMAT-ROO, 21; APRUMA, 25; ADUFES, 26; ADUNIFESP, 38; ADUFEPE, 46; ADUNIRIO, 63;
ADUFPB, 163; ADUR-RJ, 16; ADUFRJ, 13; APUFPR, 50. SESDUFT: não foi declarado o número de presenças. Nas demais ADs, não houve
AGs: ADUFS, ADUFMAT, ADFUNREI, APROFURG, SESDUFSM, ADUFPEL, ADFCAP, ADUFPA e ADUFERPE. Total geral de presentes
em todas as AGs: 555.
ANDES:
MENTIRA E INCOMPETÊNCIA: OMITINDO E DISTORCENDO DADOS
Em matéria publicada pela ANDES em sua página na internet, no dia 19 de setembro de 2008,
intitulada “Congresso Extraordinário mostra força do Andes-SN”, afirma-se que a “participação
significativa da categoria no evento demonstra a disposição de defender o Sindicato Nacional contra
ataques do governo”. Mais adiante, lê-se: “com o Andes-SN sob fortes ataques do governo em sua estrutura
sindical, ganha especial importância o fato de o III Congresso Extraordinário, realizado em Brasília entre
os dias 19 e 21 de setembro, ter reunido, até sua plenária de abertura (quando o credenciamento ainda não
estava completo), o significativo número de 263 delegados e 14 observadores de 55 seções sindicais de todo
o país” (grifos nossos). Dias depois, a ANDES anunciou que estavam presentes 281 delegados.
Já a Conlutas, em notícia publicada em sua página na internet, no dia 20 de setembro de 2008,
assegura: “ANDES realiza congresso extraordinário neste final de semana em Brasilia; um dos maiores de
sua história” (grifos nossos).
Verdadeiras ou mentirosas essas informações? Mentirosas.
Pior é que, para desmenti-las, é suficiente consultar a página da ANDES. Basta entrar em ‘Secretaria’
(no alto à esquerda), e a seguir em ‘Relatórios Finais – CONAD / CONGRESSO’. Baixando e consultando
os ‘Relatórios Finais’ dos Congressos, é possível construir a tabela abaixo e o gráfico que se segue
(Observação: antes do Sétimo Congresso da ANDES não há listagem de delegados / observadores).
Qual é a verdade, então? A verdade é que a participação dos professores em Congressos da
ANDES caiu, neste ano de 2008, ou seja, no Vigésimo Sétimo Congresso e no III Congresso
Extraordinários, a níveis que são dos mais baixos em 20 anos. Confira:
CONGRESSO:
Oitavo
Nono
Décimo
Décimo Primeiro
Décimo Segundo
Décimo Terceiro
Décimo Quarto
Décimo Quinto
Décimo Sexto
Décimo Sétimo
Décimo Oitavo
Décimo Nono
Vigésimo
Vigésimo Primeiro
Vigésimo Segundo
Vigésimo Terceiro
Vigésimo Quarto
Vigésimo Quinto
Vigésimo Sexto
Vigésimo Sétimo
III Cong.Extraordinário
Ano
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2008, set
Delegados
269
251
229
267
255
278
291
296
289
320
391
353
325
321
313
373
356
324
337
254
281
(Fonte: PROIFES)
Observadores
35
17
23
8
17
32
49
36
72
24
98
46
46
46
43
52
46
29
36
20
14
Total
304
268
252
275
272
310
340
332
361
344
489
399
371
367
356
425
402
353
373
274
295
Delegados
Observadores
Total
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1989
1994
1999
2004
2009
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Certos alimentos valem mais do que uma farmácia inteira