Ano IV
Jornal do Senado – Brasília, 18 a 24 de setembro de 2006
Nº 140
Pressão alta durante
gravidez exige cuidados
volvidos essa taxa varia de cinco
a dez mães a cada 100 mil bebês
nascidos.
A hipertensão é a principal
causa de morte materna no
Brasil e 75% dessas mortes são
causadas pela pré-eclâmpsia e a
eclâmpsia, doenças hipertensivas
específicas da gravidez. Nos países desenvolvidos é raro ocorrer
uma morte por essa doença.
O diagnóstico da pré-eclâmpsia é feito durante o pré-natal
e pode-se evitar a ocorrência
da eclâmpsia antecipando-se o
parto.
Saiba mais sobre a hipertensão
na gravidez e como evitar seus
efeitos mais graves nesta edição
do Especial Cidadania.
OTAVIO DIAS DE OLIVEIRA/FOLHA IMAGEM
A
taxa de mortalidade
materna no Brasil é uma
das mais altas do mundo.
Segundo a Organização Mundial
de Saúde, no passado 140 mães
morriam a cada 100 mil crianças
nascidas vivas. Em 1996 essa
taxa subiu para 220 mães mortas
em 100 mil nascimentos. Para se
ter uma idéia, nos países desen-
Tratamento
inclui repouso
em casa ou
internação
Ao contrário da hipertensão
em não gestantes, a préeclâmpsia e a eclâmpsia não
melhoram com diuréticos.
Para controlar a pressão, a
grávida deve comer pouco
sal, beber mais água e
repousar, deitando-se sobre o
lado esquerdo, para que não
seja pressionada a grande
veia do abdome (veia cava
inferior), que devolve o
sangue ao coração.
Se a pressão mínima for
igual ou maior que 11, a
grávida precisa ser internada
e tomar medicação para
baixar a pressão. É preciso
então verificar os níveis
de proteína na urina e das
enzimas do fígado, o tempo
de coagulação do sangue, o
número de plaquetas, e se
há destruição das hemáceas.
Se alguma dessas taxas
não estiver boa, pode ser
necessário interromper a
gravidez, já que, enquanto
a placenta permanecer no
organismo, o estado da mãe
deve piorar. Como o risco
de morte aumenta bastante
se a pré-eclâmpsia evolui
para a eclâmpsia, para a mãe
sobreviver a única alternativa
é interromper a gravidez. Nos
casos de fetos de 20 ou 25
semanas, tem-se que escolher
entre a mãe e a criança. A
máxima da obstetrícia é que,
na dúvida, deve-se optar pela
mãe. É uma decisão muito
difícil de tomar e os médicos
devem manter a família
informada e dividir com ela
o problema, já que a grávida,
em geral, fica inconsciente.
Depois do nascimento,
controla-se exaustivamente
a mulher para prevenir a
eclâmpsia, já que cerca de
25% dos casos acontecem
nos primeiros quatro dias.
A hospitalização pode durar
algumas semanas, conforme
a gravidade da doença e
suas complicações. Mesmo
depois da alta, é possível
que a mulher precise tomar
remédios para reduzir a
pressão. Ela deve ainda
consultar o médico a cada
duas semanas durante os
primeiros meses após o parto.
Falta de tratamento agrava
doenças hipertensivas
Pré-natal é essencial para diagnosticar a pré-eclâmpsia, que
aparece em alguns casos de aumento excessivo de peso e diabetes
Para prevenir, pré-natal bem-feito,
descanso e boa alimentação
A hipertensão crônica ocorre
principalmente nas mulheres com
mais de 35 anos. Por outro lado,
mulheres grávidas pela primeira
vez e as menores de 18 anos têm
mais risco de ter pré-eclâmpsia.
As mulheres que engravidam
com peso acima do normal e as
que ganham muito peso durante a
gestação também são pacientes de
risco. Casos de pré-eclâmpsia na
família aumentam em três vezes
a probabilidade de o problema se
repetir em parentes até o segundo
grau (sobrinhas, netas), com risco
maior para os de primeiro grau
(filhas, irmãs).
Fatores como aumento excessivo de peso, pré-natal insatisfatório, falta de estrutura
familiar equilibrada e diabetes
também aumentam o risco de
pré-eclâmpsia. Profissionais que
vivem sob grande estresse, como
executivas, profissionais liberais
e trabalhadoras braçais, e as mulheres solteiras, principalmente
adolescentes, também estão mais
sujeitas à doença.
Algumas mulheres têm hipertensão na gravidez sem sentir ab-
solutamente nada. Essa ausência
de sintomas faz com que elas não
voltem ao médico, não façam
dieta, não tomem os remédios.
Por outro lado, a grande maioria
dos casos de pré-eclâmpsia e
eclâmpsia ocorre no oitavo ou
nono mês, exigindo controle
cuidadoso. Por isso, o acompanhamento da gravidez deve
ser feito desde o começo e só
termina com a alta dada depois
do nascimento.
Portanto, a única maneira de
prevenir as doenças ligadas à
pressão alta na gravidez é fazer
um pré-natal completo, seguir
rigorosamente as recomendações
do médico, controlar o peso e a
pressão, buscar repousar e relaxar o máximo possível, além, é
claro, de redobrar os cuidados
com a alimentação, que deve ser
bem equilibrada e evitar o abuso
de gorduras e massas.
Se a grávida já teve pré-eclâmpsia, a probabilidade de ter novamente é três vezes maior. Isso
significa que precisa ter mais
cuidado e acompanhamento com
a sua gestação desde o começo.
A pré-eclâmpsia ou doença
hipertensiva específica da
gravidez (DHEG) é caracterizada pela pressão alta (hipertensão), pela retenção de
líquidos (inchaço ou edema)
e pela eliminação de proteínas
pela urina (proteinúria), que
ocorre entre a 20ª semana de
gravidez e o final da primeira
semana depois do parto.
A pré-eclâmpsia é encontrada em 5% das mulheres
grávidas e é mais freqüente
nas primeiras gravidezes, nas
mulheres que já têm pressão
alta ou algum problema nos
vasos sanguíneos e nas mulheres com mais de 35 anos.
Em geral a grávida ganha
peso, suas pernas incham e só
depois a pressão sobe.
A pré-eclâmpsia provavelmente ocorre por causa da
placenta, que faz a ligação
sangüínea entre a mãe e o
feto, levando oxigênio e alimento para o bebê. Acreditase que algumas substâncias
produzidas na placenta – por
causa de uma deficiência
de circulação do sangue na
própria placenta – caem na
circulação da mãe, lesando os
vasos sangüíneos e fazendo
surgir a hipertensão.
O risco mais sério da préeclâmpsia é o descolamento
prematuro da placenta da
parede do útero.
Em geral os recém-nascidos de mulheres com préeclâmpsia têm quatro a cinco
vezes mais probabilidade de
ter problemas pouco depois
do parto. Eles em geral são
pequenos porque a placenta
funciona mal ou porque são
prematuros.
A eclâmpsia é uma forma
mais grave da pré-eclâmpsia
e é caracterizada por convulsões ou coma causados por
uma diminuição do fluxo de
sangue, que vai para o cérebro em razão de um grande
aumento da pressão.
Quando a pré-eclâmpsia
está evoluindo para a eclâmpsia, a grávida sente dor de
cabeça, tem vista embaralhada e dor no estômago. A
eclâmpsia surge em uma de
cada 200 mulheres que têm
pré-eclâmpsia e é mortal, a
menos que seja tratada com
rapidez.
Outra complicação grave da
pré-eclâmpsia ou da eclâmpsia
é a síndrome de Hellp, em que
há destruição dos glóbulos
vermelhos do sangue (hemólise), lesão no fígado (aumento
das enzimas hepáticas), e
baixa contagem de plaquetas,
dificultando a coagulação do
sangue, um problema potencialmente grave durante e
depois do parto.
A síndrome de Hellp ocorre
quando não é feito o tratamento da pré-eclâmpsia e é
combatida fazendo-se uma cesariana ou, se o colo do útero
estiver dilatado o suficiente,
um parto normal.
Como saber se a pressão
na gravidez está normal?
1. Qual a pressão ideal para
uma mulher grávida?
Durante a gravidez, a pressão arterial cai ligeiramente no
primeiro trimestre, aumenta no
segundo e volta ao normal no
terceiro. É considerada característica da pré-eclâmpsia a pressão
superior a 140/90 mmHg (14 por
9) ou um aumento acima de 3cm
na pressão máxima (sistólica) e
de 1,5 cm na mínima (diastólica),
ainda que não sejam alcançados
os 14 por 9. Por exemplo, se uma
mulher tem uma pressão normal
de 10/7, será considerada hiper-
tensa se ela passar a 13/8,5.
2. Quais as formas mais comuns de pressão alta durante
a gravidez?
a) hipertensão arterial crônica:
a grávida já tinha pressão alta
antes de engravidar, continua
hipertensa durante a gestação e
continuará depois dela; e
b) pré-eclâmpsia: ocorre apenas durante a gravidez. Nesse
caso, a pressão da mulher, que
era normal, sobe durante a gestação. Terminada a gravidez, o
problema desaparece.
Informações e projetos de lei
Projetos de lei
Informações
PLS 300/04 – Isenta do Imposto de
Renda os portadores de hipertensão
grave. Autor: senador Paulo Paim
(PT-RS).
Ministério da Saúde
Esplanada dos Ministérios, Bloco G
Brasília (DF) - CEP 70058-900
(61) 3315-2425 - 0800611997
www.saude.gov.br
PLS 98/03 - Dispõe sobre a
assistência farmacêutica aos
portadores de hipertensão arterial,
no âmbito do SUS. Autor: senador
Papaléo Paes (PSDB-AP).
PLS 530/99 - Dispõe sobre a
assistência pré-natal às gestantes e
a realização obrigatória de exames
complementares. Autor: senador
Tião Viana (PT-AC).
PLC 54/06 -Dispõe sobre o
direito da gestante à vinculação
à maternidade onde receberá
assistência no âmbito do SUS.
Associação Médica Brasileira
Rua São Carlos do Pinhal, 324 - Bela
Vista – São Paulo (SP)
CEP 01333-903
(11) 3178-6800 – Fax 3178-6830
www.amb.org.br
Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e
Obstetrícia
Rua Dr. Diogo de Faria, 1.087 conj.1.103/1.105 – Vila Clementino
São Paulo (SP) - CEP 04037-003
(11) 5573-4919 - Fax 5082-1473
www.febrasgo.org.br
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Pressão alta durante gravidez exige cuidados