Mecanismos da DOR Prof. Dr. José Geraldo SPECIALI Nocicepção Nocicepção • Lesão tissular 1. 2. 3. Estimulação de nociceptores Liberação de mediadores químicos Liberação de mediadores inflamatórios • Estimulação dos nociceptores e sensibilização Nocicepção • Mediadores químicos • Serotonina • Adenosina • Mediadores inflamatórios • Bradicinina (canais de sodio) • Prostaglandina E2 (sensibilizadora) Nociceptores Fibras A delta • Receptores mecânicos • Receptores termomecânicos Fibras C • Receptores polimodais mecânicos, térmicos e químicos- Vias Sômato-Sensitivas Trato Neo-espinotalâmico córtex sensitivo-motor giro do cíngulo núcleos da base núcleos talâmicos específicos hipotálamo núcleos talâmicos inespecíficos substância cinzenta periaqüedutal mesencefálica formação reticular do tronco encefálico trato espino e espinorretículotalâmico trato pós-sináptico do funículo posterior aferente primário corno posterior da substância cinzenta da medula espinal Vias Sensitivas Trato Espino-Retículo-Talâmico (Páleo-Espino-Talâmico) Lobo Frontal Hipotálamo Substância Cinzenta Periaquedutal Núcleos Intralaminares do Tálamo Sistema Límbico Formação Reticular Corno Dorsal da Medula Espinal Vias Descendentes do Controle da Dor Hipotálamo Substância Cinzenta Periaquedutal - Inibição no corno dorsal da medula espinal Mesencéfalo Ponte Bulbo Medula Espinal Mecanismos Envolvidos na Gênese dos Sintomas Fibras aferentes A- e C (dor) – Sintomas espontâneos: dor em queimação e pontada – Sintomas provocados: hiperalgesia Fibras aferentes A- (tato) – Sintomas espontâneos: disestesia (dolorosa) e parestesia (não dolorosa) – Sintomas provocados: alodínia Dimensões da Dor Sensitiva - Discriminativa Neo-espino-talâmico Afetiva - Motivacional Paleo-espino-talâmico + Espino-reticulo-talâmico Cognitiva - Avaliativa Córtex encefálico Nocicepção • Inflamação neurogênica (estimulação antidrômica) • Liberação perivascular de substancia P, CGRP, e neurocicina A Vasodilatação Extravasamento de plasma CGRP = vasodilatação prolongada, liberação controlada por receptores pré sinápticos da serotonina Nocicepção • Sensibilização periférica • Diminuição do limiar das respostas • Aumento de respostas aos estímulos supralimiares • Descargas na ausência de estímulos • Conseqüências • Hiperalgesia primária (diminuição do limiar + aumento da dor percebida no local) Mecanismos - Dor Neuropática Mecanismos Periféricos – Sensibilização de neurônios periféricos e dos gânglios sensitivos – Brotamento axonal colateral ( “sprouting”) – Aumento da atividade de axônios lesados e de seus brotamentos – Atividade neurovegetativa exagerada Mecanismos Centrais – – – – Sensibilização central Reorganização da conectividade sináptica Desinibição neuronal Brotamento neuronal Mecanismos da Dor Neuropática Alterações Periféricas Dor Neuropática Lesão do Nervo Alterações Centrais Mecanismos Centrais Sensibilização Central O aumento da atividade nociceptiva leva à sensibilização de neurônios do corno posterior da medula espinal Intensificação da Atividade Sináptica Estímulo Não Nocivo Sensação Dolorosa Hiperalgesia Mecânica Evocada Pelo Tato Mecanismos Periféricos Fenômeno do Neuroma Lesão do Nervo – Disparo espontâneo ao longo do axônio Na+ Ausência do Estímulo Sensação Dolorosa Mecanismos Periféricos Sensibilização periférica A dor espontânea nos aferentes primários pode produzir sensibilização periférica nos axônios lesados e nos adjacentes íntegros A desnervação parcial leva a aumento relativo dos níveis de NGF nas células intactas NGF nociceptor nociceptor NGF nociceptor nociceptor NGF NGF innocuous innocuous Estímulo stimulus stimulus Não Nocivo Sensação pain Dolorosa sensation sensation Hiperalgesia Mecânica e Térmica Mecanismos Centrais Sensibilização Central Lesão do Nervo – Disparo espontâneo de neurônios do corno posterior Ausência do Estímulo Sensação Dolorosa Mecanismos Centrais Reorganização da conectividade sináptica Brotamento (“Sprouting”) de Fibras Tipo A- Terminação normal dos aferentes primários no corno posterior Fibras A- Gânglio da raiz dorsal Fibras C superficial profundo Corno posterior Mecanismos Centrais Reorganização da conectividade sináptica Brotamento (“Sprouting”) de Fibras Tipo A- Lesão nervosa – – atrofia de terminações das fibras C terminais de fibras A- “brotam” em direção a porções superficiais da raiz dorsal Fibras A- superficial Gânglio da raiz dorsal Fibras C profundo Corno posterior Mecanismos Centrais Desibinição A excitabilidade dos neurônios do corno posterior é determinada pela somatória de estímulos excitatórios e inibitórios (locais e descendentes) Neurônio Inibitório Local Vias Inibitórias Descendentes Encéfalo Estímulo Nocivo ou Inócuo Sinapse Excitatória Sinapse Inibitória Neurônio do Corno Posterior RESPOSTA NORMAL Mecanismos Centrais Desibinição A lesão nervosa diminui a entrada inibitória: – Estímulos aferentes induzem resposta mais intensa – Neurônios do Corno Posterior podem disparar espontaneamente Neurônio Inibitório Local Vias Inibitórias Descendentes Encéfalo Estímulo Nocivo ou Inócuo Sinapse Excitatória Sinapse Inibitória Neurônio do Corno Posterior RESPOSTA DOLOROSA EXACERBADA Avaliação da Dor Anamnese e Exame Físico Doenças e lesões existentes Aparelho locomotor Exame neurológico Aspectos psicológicos e cognitivos Ônus pessoal e social Qualidade de vida Avaliação da Dor Características da dor Duração Localização Intensidade Qualidade Periodicidade e duração dos episódios dolorosos Evolução Fatores de piora e melhora Sintomas associados Características da Dor Neuropática • • • • • • • • • Perda sensitiva Dor evocada pelo tato Dor evocada por pressão Dor evocada por picada Hiperalgesia Paroxismos dolorosos Pontos de gatilho Sensações posteriores aos estímulos Sintomas do “wind up” DOR 5o. Sinal Vital ( pulso, pressão, temperatura, respiração) Avaliação da Dor Avaliação da Dor Inventário para Dor de Wisconsin Quanto a dor interfere: 0 atividade geral 4 5 1 2 1 2 1 2 não interfere 6 7 8 9 10 interfere totalmente 3 4 5 6 7 8 9 10 interfere totalmente 3 4 5 não interfere 0 trabalho 3 não interfere 0 humor 2 não interfere 0 sono 1 6 7 8 9 10 interfere totalmente 3 4 5 6 7 8 9 10 interfere totalmente ESCALA DE INTENSIDADE NUMÉRICA DE DOR: ________________________________________ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 DESCRITORES DE DOR AGUDA (Sant’Ana, Pereira, Marquez e Faleiros Sousa - 2004): 1-Terrível 1. Que infunde ou causa terror; terrificante. 2. Extraordinária; estranha. 3. Muito grande; enorme. 4. Muito ruim; péssima. 2-Insuportável 1. Não suportável; intolerável. 2. Incômoda; molesta. 3-Enlouquecedora 1. Que endoidece; que torna louca; que faz perder a razão. 4-Profunda 1. Que tem extensão, considerada desde a entrada até o extremo oposto. 2. Muito marcada. 3. Que penetra muito; dor profunda. 4. Enorme; desmedida; excessiva; demasiada. 5. De grande alcance; muito importante. 5-Desesperadora 1. Que desespera; que faz desesperar; desesperante; desesperativa. 2. Aquela que faz desesperar. 6-Fulminante 1. Que fulmina; despede raios; fulminadora. 2. Que assombra. 3. Cruel; terrível; atroz. 7-Aniquiladora 1. Que reduz a nada; que nulifica; anula. 2. Que destrói; mata; extermina. 8-Monstruosa 1. Enorme, extraordinária. 9-Alucinante 1. Que alucina; faz perder o tino; a razão; o entendimento; alucinatório. Estonteante. 10-Desumana 1. Que desespera; que faz desesperar; desesperante; desesperativa. 2. Aquela que faz desesperar. DESCRITORES DE DOR CRÔNICA (Sant’Ana, Pereira, Marquez e Faleiros Sousa - 2004): 1. Deprimente 2. Persistente 3. Angustiante 4. Desastrosa 5. Prejudicial 6. Dolorosa 7. Insuportável 8. Assustadora 9. Cruel 10. Desconfortável Quadro Clínico Polineuropatias Diminuição da sensibilidade (em uma ou mais modalidades) nas extremidades (em “bota”, “luva”) - pode ser discreta Pode haver comprometimento dos reflexos (aquileu, principalmente) Pode ocorrer déficit de força Alterações tróficas A Dor Neuropática pode ocorrer isoladamente, na ausência dos outros achados Polineuropatias Etiologias Mais Comuns Diabética Carencial-alcoólica Infecciosas (HIV) Tóxica-medicamentosas (anti-retrovirais) Metabólicas (uremia, hipotireoidismo) Paraneoplásicas Outras Neuropatias Diabéticas A polineuropatia distal simétrica é a forma mais comum de neuropatia diabética Outros tipos: amiotrofia diabética, radiculopatia torácica, paralisia de nervos cranianos Cerca de 60% dos diabéticos desenvolve algum tipo de neuropatia diabética Neuropatia Relacionada ao HIV Quadro com sintomatologia predominantemente álgica – Pode haver déficit sensitivo – Déficit motor é raro Dor debilitante Etiologia: vírus e antiretrovirais (principalmente os análogos de nucleosídeos: ddI, ddC, d4T, etc.) Mononeuropatias Radiculopatias Dor/ perda sensitiva na distribuição do território de inervação de um nervo ou raiz nervosa Causas mais comuns – Diabetes (nervos oculomotores, cutâneo lateral da coxa) – Compressivas (síndrome do túnel do carpo) – Pós-infecciosas (nevralgia pós-herpética) – Dor por compressão radicular (hérnia de disco) Nevralgia Pós-Herpética Dor neuropática no(s) dermatômeros(s) previamente afetados pelo Herpes zoster Dor ardente constante, dor paroxística espontânea ou provocada por estímulos sensitivos mínimos Dermatômeros acometidos – Torácicos (50%) – Trigeminais (principalmente ramo oftálmico - 25%) – Lombo-sacros e cervicais Dor Complexa Regional A lesão nervosa induz fenômenos periféricos e centrais Dor neuropática - alodínia e/ou hiperalgesia – Alterações tróficas de pele, anexos e aparelho locomotor – Alterações sudomotoras – Alterações vasomotoras – Edema – Alterações circulatórias Excluir outras causas Dor mantida por mecanismos simpáticos Tratamento da Dor Neuropática Antidepressivos tricíclicos Neurolépticos Anticonvulsivantes Antiarrítmicos Bloqueio anestésico local e bloqueio simpático Anestésicos tópicos Métodos não farmacológicos Tratamento Farmacológico da Dor Neuropática Neuropatia diabética – – – – – Gabapentina Amitriptilina Carbamazepina Mexiletina Desipramina Nevralgia do trigêmeo – Carbamazepina – Gabapentina – Fenitoína – Clonazepam – Lamotrigina Nevralgia pósherpética – – – – – Gabapentina Amitriptilina Mexiletina Capsaicina Opióides em altas doses