16/11/2015 - G20 vê conflito global contra Estado Islâmico O G20, que reúne as 20 maiores economias do planeta, passou de diretório econômico a uma espécie de conselho de guerra durante a cúpula da Turquia iniciada ontem... - Resistência de Dilma a troca na Fazenda freia exigências de Meirelles A troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda está sendo discutida no governo há mais de três meses... - Governo paga quase o dobro que setor privado A diferença entre os salários no setor público e privado têm aumentado de forma constante desde 2001... - Congresso acerta ao rejeitar abatimento na meta fiscal Em meio ao tiroteio a que foi submetido na semana passada, com especulações em torno de sua substituição pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, enfrentou mais uma batalha dentro do governo... - População não precisa de crédito, mas de infraestrutura, afirma economista Encurralada pelo atual cenário de dívidas, juros altos e inflação na casa dos 10% ao mês, a fatia mais pobre da população brasileira vê seu poder aquisitivo encolher... - Setor de máquinas quer ficar um ano sem pagar BNDES Nesse período, seriam pagos somente os juros, sem amortização da dívida... - Poder público e segurança das barragens de mineração Esse não é o primeiro acidente desse tipo no Estado de Minas Gerais, que hospeda hoje 222 barragens de mineração... - Para analistas, piora da desigualdade no Sudeste é sinal do que virá pela frente À queda de 0,8% apurada pelo IBCBr no Sudeste em 2014, contraopõe-se a alta forte de 2,2% no Nordeste... - Braskem passará a gerar mais de 50% da receita no exterior em 2016 A maior parte da receita líquida da Braskem no próximo ano será obtida a partir de mercados situados fora do Brasil... - Lava-Jato inspira novo código de instituto O ponto que provocou discussões mais intensas entre as dezenas de pessoas que contribuíram para elaboração do código, que tem 108 páginas, é uma flexibilização da defesa do princípio geral de uma ação um voto... - Fonte solar é destaque em leilão A desvalorização do real e a piora do cenário macroeconômico não reduziram o interesse das empresas do setor elétrico em investir em projetos de energia solar... - Audiências de custódia e tornozeleiras evitam prisões O Judiciário tem adotado medidas para tentar desacelerar o ritmo de prisões... - Responsabilidade tributária e autofalência A responsabilidade pessoal de sócios e gerentes pelas dívidas tributárias da pessoa jurídica é uma das questões mais debatidas no direito tributário... - Dilma pede união dos Brics para ‗redução de riscos que a economia mundial continua a enfrentar‘ Grupo de países emergentes editou comunicado em que avalia que recuperação econômica ainda não é sustentável... - Sindicatos regionais mantêm greve de petroleiros no Rio Importantes sindicatos regionais de trabalhadores do setor petroleiro da Bacia de Campos e da refinaria Reduc, no município de Duque de Caxias, votaram no sábado para ignorar os pedidos do maior sindicato do país para encerrarem a greve... - Cúpula do setor elétrico teme por redução da geração de energia Em vários documentos enviados a partir de maio, órgãos sugerem a não adoção da regraproposta pela SAE... - ANA acusa usinas de omissão no rio Madeira Às vésperas do período de cheias, agência cobra obras de Jirau e Santo Antônio... - Sindicatos e empresários se unem para evitar quebra de construtoras Sindicalistas preparam com empresários uma agenda de seminários e manifestações populares para fechar um documento único em defesa de acordos de leniência... - Após leilão, total de usinas eólicas contratadas desde 2009 chega a 600 O Leilão de Energia de Reserva (LER) realizado nesta sexta-feira (13), consolidou o avanço das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira... - Petroleiros mantêm greve no Rio, apesar de apelo do maior sindicato da categoria Paralização questiona corte de investimentos pela Petrobras... 1ª PARTE NOTICIAS DO DIA 16/11 Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - G20 vê conflito global contra Estado Islâmico Por Assis Moreira | De Belek (Turquia) O G20, que reúne as 20 maiores economias do planeta, passou de diretório econômico a uma espécie de conselho de guerra durante a cúpula da Turquia iniciada ontem. Os líderes prometeram combate sem trégua ao terrorismo, no rastro dos atentados que, na sexta-feira, mataram 132 pessoas em Paris, ferindo outras 350, das quais, 99 estão em estado crítico. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi um dos primeiros a se manifestar. Ele prometeu "redobrar esforços" para "eliminar" o Estado Islâmico (Isis). Para Obama, os atentados do grupo em Paris "foram um ataque ao mundo civilizado". O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também foi enfático. As declarações se sucederam no jantar de ontem entre os líderes, com todos afirmando que é preciso ter uma reação porque não foram ataques somente contra a França, mas, sim, contra o mundo ocidental. Na prática, os líderes do G 20 reconheceram que o conflito com o Isis deixou de ser regional e passou a ser global. Para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Kimoon, o ataque a Paris mostra uma fase "inquietante e problemática" do terrorismo global. Somente nos últimos dias, o Isis assumiu os atentados da capital francesa, de Beirute (43 mortos) e de Bagdad (18), além da derrubada de avião russo no Egito (224). O Valor apurou que Putin chegou a revelar aos colegas no G20 fotografias que mostram longas filas de tanques de guerra do Isis na Síria, evidenciando a facilidade com que o grupo consegue se armar. A questão mais difícil no G20 é como os países vão conseguir se unir para coordenar uma resposta também militar contra a organização terrorista. Entre negociadores habituados a discutir temas econômicos, o que está na mesa são medidas para impedir o financiamento do terrorismo, um tema que vem sendo tratado desde 2001. O Isis controla fatias de territórios na Síria e no Iraque, de onde obtém, com a venda de petróleo, renda mensal estimada em US$ 50 milhões. Obama e Putin se reuniram por 35 minutos para discutir uma solução para o conflito na Síria. Um portavoz informou que os dois concordaram sobre a necessidade de discussões de paz mediadas pelas Nações Unidas, entre o regime do ditador Bashar alAssad e seus opositores, além de um cessar-fogo e uma transição política a ser conduzida pelos sírios. Ontem, a França voltou a guerrear alvos do Isis na Síria. O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse que a conferência do clima das Nações Unidas, a CoP21, que começa dia 30, está mantida. O presidente François Hollande quer ampliar por até três meses o estado de emergência. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Resistência de Dilma a troca na Fazenda freia exigências de Meirelles Por Raymundo Costa | De Brasília A troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda está sendo discutida no governo há mais de três meses, mas não saiu até agora por resistência da presidente Dilma Rousseff. Ela hoje se mostra menos refratária à idéia, no entanto, se Meirelles voltar ao governo não deve esperar carta branca da presidente tanto na substituição ou escolha de pessoal como para medidas econômicas. Lula sobre conversas com Dilma: "Não vou tocar mais nesse assunto [recuperação da economia]. O que eu tiver que dizer agora vou falar para fora" Fontes que participaram das negociações contaram ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, que a única certeza, no momento, é a saída do ministro Levy. Ainda sem data marcada. O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o nome mais forte, tem padrinhos e lobbies poderosos, mas a presidente não bateu o martelo. E pode até sair com uma surpresa. A narrativa da novela ajuda a entender um pouco a falta de uma decisão, até agora. Na primeira semana de novembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu desanimado de uma conversa que teve com a presidente Dilma Rousseff, na qual tratou da crise econômica e da substituição de Levy. Dilma mostrou-se menos refratária que de outras vezes à idéia da substituição de Levy pelo ex-presidente do Banco Central de Lula, Henrique Meirelles. Mas não deu abertura para as supostas exigências que Meirelles estaria fazendo para aceitar o cargo. Entre essas exigências estaria a indicação de novos nomes para o Ministério do Planejamento, atualmente ocupado por um afilhado de Lula e Dilma, o economista Nelson Barbosa, e para o Banco Central (BC), comandado por Alexandre Tombini. Havia outras exigências. Algumas delas, na realidade, teriam deixado Dilma aborrecida, pois se referiam a intervenções que ela nunca fez nem pelo ex-presidente Lula, o padrinho político a quem deve sua eleição para a Presidência da República. Em conversa com um integrante do núcleo de governo, a presidente Dilma já havia avisado que não é sua intenção demitir Barbosa. Mas nada foi dito sobre o futuro do presidente do BC, Alexandre Tombini a combinação de juros altos e inflação na faixa dos dois dígitos conspiram contra o ministro. A conversa que deixou Lula desanimado ocorreu na primeira quinta-feira de novembro. O ex-presidente foi convidado, mas não queria ir a um café da manhã no Palácio da Alvorada. Acabou indo, convencido pelo novo chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Além da anfitriã e de Wagner, estiveram presentes o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e o assessor especial Giles Azevedo. A conversa inteira girou em torno da economia e da troca de Levy. A vinda de Meirelles é vista no governo como um fator de resgate da credibilidade o país corre o risco de sofrer novos rebaixamentos de notas por agências de classificação de risco. Já a posição de Levy é considerada insustentável, criou caso para a nomeações políticas em sua pasta (Susep) e não consultou ninguém para a desastrada reunião que teve com um grupo de senadores na última terça-feira. No café da manhã, Lula afirmou que só a recuperação da economia é capaz de resgatar a popularidade da presidente da República e consequentemente do PT, nas próximas eleições. Para o ex-presidente, Meirelles é o fator de resgate da responsabilidade um enunciado, aliás, que não é compartilhado por boa parte do PT que hoje se opõe às medidas de Joaquim Levy. Para dirigentes do PT, a chegada de Meirelles ao governo não é exatamente para o ministro fazer o que o ex-presidente quer. É possível recuperar a credibilidade e não ter resultados que permitam ao PT dizer 'olha, a base social e eleitoral do partido não gosta do Meirelles, mas ele acertou a economia". A troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda só não saiu até agora porque a presidente não quis. Seu candidato ao cargo era o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, nome que voltou a ser mencionado nas últimas conversas palacianas. A eventual volta de Meirelles não será uma decisão fácil para a presidente. O ex-presidente do Banco Central não tem a simpatia da presidente, mas até o ex-ministro Antonio Palocci entrou no circuito. Ele foi a Brasília para fazer uma análise da conjuntura econômica para a presidente. E aproveitou a conversa para " amaciar a hipótese Henrique Meirelles". Um dos primeiros interlocutores a ouvir que Dilma pensava mudar Levy ficou sabendo quase por acaso. Dilma disse que tiraria Aloizio Mercadante da Casa Civil. O interlocutor quis saber o que ela faria com Levy. A presidente não se fez de rogada e respondeu que ele deveria ser mudado. "A senhora vai colocar o Nelson Barbosa [Planejamento]?", entusiasmou-se o interlocutor. "Não, eu não vou colocar o Nelson. Eu estou procurando". E encerrou a conversa. Quase ao mesmo tempo, Lula procurava reforçar a posição de Meirelles. O ex-presidente também achava que o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) deveria sair do governo. Mas disse que não tocaria mais no assunto, porque sabia que Dilma Rousseff não iria trocar o ministro. Ao relatar as conversas que teve com Dilma, depois que voltou para São Paulo, Lula voltou a insistir que ficara desanimado. "Não vou tocar mais nesse assunto [recuperação da economia]. O que eu tiver que dizer agora vou falar para fora". Não deixa de ser uma mudança de humor do ex-presidente. Há algumas semanas, segundo testemunhos da conversa, Lula teve o seguinte diálogo com Dilma: "E o Meirelles?". "Você sabe que eu não gosto dele", respondeu a presidente. "Então já melhorou, porque antes você não queria nem falar dele", arrematou Lula. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Governo paga quase o dobro que setor privado Por Camilla Veras Mota e Tainara Machado | De São Paulo A diferença entre os salários no setor público e privado têm aumentado de forma constante desde 2001. Naquele ano, a remuneração média do trabalhador com carteira assinada valia 64,5% da renda do funcionário público estatutário e militar percentual que caiu para 57% no ano passado, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Desta forma, na média, o setor público caminha para pagar o dobro do que a remuneração média do setor privado. Parte dessa diferença, afirmam economistas, pode ser resultado da própria dinâmica do mercado de trabalho formal nos últimos anos, com abertura de vagas concentradas em postos com menor remuneração, e da política de reajustes do setor público, mais generosa que a do setor privado. Para o diretor do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Manuel Thedim, os aumentos mais expressivos do rendimento no funcionalismo público são consequência de anos de reajustes acima da inflação. Até o fim do governo Fernando Henrique Cardoso, ele afirma, os salários dos chamados estatutários estavam defasados em razão da política de contenção de despesas correntes para garantir as metas de superávit primário. Não por acaso, ele diz, o aprofundamento da diferença se dá a partir de 2005, depois da troca de governo. Naquele ano e em 2006, os salários do funcionalismo público cresceram 11% e 14,5%, nessa ordem e sem descontar a inflação, contra altas de 8,6% e de 7,7% entre os trabalhadores com carteira assinada. "A inflexão aumenta de novo em 2009, quando a política de combate à crise via demanda se expande", ele acrescenta, destacando a nova alta expressiva em 2014, ano eleitoral. Com exceção de 2009, 2006 foi o ano em que houve maior aumento da despesa nominal do governo com pessoal e encargos no período recente, lembra a economista do Bradesco Ana Maria Barufi. A valorização da carreira pública e a reposição das perdas no período anterior foram características da política de governo colocada em prática desde aquela época, ela diz. Em paralelo, os reajustes mais robustos também tornaram a carreira pública mais atrativa diante da mudança das regras para aposentadoria dos servidores, que reduziu o teto para o pagamento do benefício. O coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, pondera que o mercado de trabalho absorveu nos últimos anos um contingente grande de trabalhadores menos qualificados. Com menores salários, essas admissões podem ter contribuído para o crescimento menor do rendimento médio no setor privado. "A qualificação no setor público é tradicionalmente maior", afirma. Gustavo Gonzaga, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRio) e especialista em mercado de trabalho, concorda que seria preciso avaliar os microdados da pesquisa para avaliar se o aumento da diferença salarial entre os dois grupos tem se dado em parte por "efeito composição". Apesar do ritmo maior de crescimento, as diferenças salariais dentro do funcionalismo público ainda são muito altas e não seguiram a tendência que vem sendo observada no país desde 2004, ressaltou recentemente o pesquisador Ricardo Paes de Barros, um dos principais especialistas em desigualdade social e pobreza do país. "Então temos uma maneira de reduzir desigualdade, pobreza e déficit público: é só congelar os altos salários do setor público em geral", disse em palestra no Insper, onde leciona, referindo-se ao teto do funcionalismo público, dado pela remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal, atualmente em R$ 33,7 mil. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 Editorial - Congresso acerta ao rejeitar abatimento na meta fiscal Em meio ao tiroteio a que foi submetido na semana passada, com especulações em torno de sua substituição pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, enfrentou mais uma batalha dentro do governo e ganhou. Ele conseguiu que a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) fosse aprovada com a meta de superávit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) sem qualquer desconto. O relator da LDO, deputado Ricardo Teobaldo, tinha proposto permitir ao governo abater até R$ 30 bilhões da meta fiscal do próximo ano, por conta dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Quando procurou saber a posição do governo sobre a proposta, não encontrou uma posição única da equipe econômica. O ministro Levy manifestou-se contrário à proposta, mas o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, foi favorável. A posição de Barbosa a favor de uma banda fiscal é conhecida desde o tempo em que ele era o segundo no comando do Ministério da Fazenda, na gestão Guido Mantega. Com a divisão entre os dois ministros, o assunto foi levado à presidente Dilma Rousseff. Durante reunião da Junta Orçamentária, na semana passada, o ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, ficou do lado de Barbosa. O argumento principal a favor do desconto da meta é que o governo precisa de uma margem para o caso de frustração da receita no próximo ano, uma possibilidade elevada se a economia continuar no processo recessivo atual. Levy argumentou que o desconto da meta seria inócuo, como mecanismo de proteção do governo contra eventual frustração de receita, pois o mecanismo poderia incentivar os parlamentares a não aprovar as medidas necessárias ao ajuste fiscal. O receio do ministro é que o Congresso Nacional aprove o Orçamento do ano que vem com receitas insuficientes ou que não se realizem, como é o caso da arrecadação de R$ 40 bilhões com a venda de ativos da União, que consta do relatório do comitê de receitas da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Levy quer que o Congresso aprove a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas os parlamentares não querem. O ministro foi voto vencido e a presidente autorizou Jacques Wagner a fechar acordo com o relator da LDO para um desconto da meta de até R$ 20 bilhões. Mesmo assim, Levy não se deu por vencido e demonstrou aos parlamentares da CMO sua preocupação com a aprovação desse mecanismo. A oposição ajudou o ministro, ao ameaçar obstruir a votação da mudança da LDO de 2015, se o desconto da meta fosse mantido. Os governistas terminaram cedendo. A questão que precisa ser enfrentada é que não é possível ao setor público brasileiro registrar um déficit primário pelo terceiro ano consecutivo, em 2016. Depois da desastrosa gestão das contas públicas em 2014, quando a luta pela reeleição da presidente Dilma produziu um déficit primário equivalente a 0,6% do PIB, o ano de 2015 acabará com um buraco que poderá chegar a R$ 119,9 bilhões, se o governo for obrigado a pagar todo o passivo apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Mesmo sem considerar o pagamento das chamadas "pedaladas fiscais", o déficit primário do setor público previsto para este ano é de R$ 48,9 bilhões (incluindo Estados e municípios), o equivalente a 0,85% do PIB. Se as metas de superávit primário de 0,7% do PIB em 2016 e de 1,3% do PIB em 2017 forem cumpridas, o governo projeta um aumento da dívida pública bruta para 72% do PIB. Hoje, ela está em 66% do PIB (dado de setembro do Banco Central). As projeções dos analistas do mercado são ainda mais pessimistas. Quando rejeitou o desconto da meta fiscal para o próximo ano, Levy certamente estava preocupado com todas essas questões. Ele sabe que é necessário que o Congresso dê um sinal claro para o mercado de sua disposição em ajudar o governo a obter o superávit primário de 0,7% do PIB no próximo ano. Não se deve perder de vista que, embora seja uma meta ambiciosa, dada a situação de penúria das contas públicas, ela não deixa de ser insuficiente para garantir sustentabilidade à dívida pública, por isso deve ser entendida como mais um passo em um ajuste gradual. Reformá-la ou deixar de cumpri-la será empurrar o Brasil para um novo rebaixamento de sua nota soberana. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - População não precisa de crédito, mas de infraestrutura, afirma economista Por Ligia Guimarães | De São Paulo Encurralada pelo atual cenário de dívidas, juros altos e inflação na casa dos 10% ao mês, a fatia mais pobre da população brasileira vê seu poder aquisitivo encolher em ritmo acelerado em meio à recessão econômica. Segue, por outro lado, tolhida no acesso a oportunidades e serviços de qualidade, como saúde, educação, moradia e saneamento básico. "Não somos uma sociedade de classe média. Ainda Lena Lavinas, da UFRJ: 'Classe sofremos dos mesmos males", diz a professora média aperta o cinto na crise, não cai de classe de renda do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lena Lavinas. Portanto, afirma, oferecer mais crédito é uma alternativa "completamente equivocada" para reativar a economia. A ampla inclusão financeira da classe trabalhadora observada desde 2003, c om ganho real do salário mínimo e oferta de novas modalidades de crédito, como o consignado, não foi suficiente para elevar os pobres a uma classe média estável e expressiva. "Se tudo se resumisse a ter dinheiro, viva o neoliberalismo, não precisaria de Estado", diz Lena, economista heterodoxa cujo currículo inclui graduação, mestrado e doutorado pela Universidade de Paris, oito anos como pesquisadora do Ipea e três como analista da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra. "Houve incorporação de 40 milhões, 50 milhões de pessoas ao mercado, o que é significativo. Mas o retrocesso é patente e quase imediato à desaceleração da economia". Leia trechos da entrevista. Valor: Há risco de que o país perca seu recente avanço social? Lena Lavinas: Temos retrocessos claros que estão sendo colocados na ordem do dia. Há uma série de medidas de cortes de benefícios sociais, como o segurodesemprego, que claramente já não atende à totalidade da demanda, o que tende a comprometer ainda mais a retomada do crescimento pelo mercado interno. Em segundo lugar, o crédito ficou muito mais caro. O Banco Central divulgou recentemente um dado surpreendente: dentre os tomadores de crédito em 2014, aqueles com renda de até três salários mínimos comprometem 73% da sua renda com despesas financeiras. O endividamento das famílias já bateu em patamares proibitivos. O terceiro aspecto é o salário mínimo. Sabemos que, se a renda média cresceu 35% entre 2003 e 2014, o mínimo cresceu perto de 90%. Ora, se temos crescimento negativo do PIB, não haverá aumento real. É muito preocupante porque os salários não vão crescer e a inflação está corroendo o poder aquisitivo. Com menos consumo, a Cofins e a CSLL também contribuirão menos para o orçamento da Seguridade Social, já combalido pelas desonerações. Se é verdade que 550 mil pessoas já se desligaram de seus planos de saúde e irão ao setor público, o risco é de colapso. Valor: A chamada "nova classe média" pode regredir? Lena : Não somos uma sociedade classe média. O que se chamou classe média, na verdade, são setores muito vulnerabilizados que se beneficiaram de aumentos reais do salário. Mas não esqueçamos que os salários seguem sendo muito baixos. Mais de 80% dos empregos criados entre 2003 e 2014 foram de até 2 salários mínimos. O rendimento médio é de US$ 425. Na Argentina o mínimo é US$ 800. Classe média aperta o cinto na crise, mas não cai de classe de renda ladeira abaixo, porque tem alguns ativos, poupança. Enquanto na OCDE 50% dos adultos têm poupança, no Brasil, segundo o BC, esse percentual é 12% em 2014. Lena : O Brasil, graças a um modelo social hoje em crise, fomentou o consumo de massa, garantindo transferências monetárias àqueles que viviam abaixo da linha da pobreza. O governo vinculou a tudo isso à novidade que foi a marca do PT desde 2003: criar o crédito consignado e outras modalidades de crédito, que permitiram acelerada inclusão financeira dos mais pobres. Por isso essa classe está altamente endividada e ainda paga por serviços que deveriam ser gratuitos, como saúde e educação. Valor: O modelo foi errado? Ou faltou dinamismo? Lena :: O que se tentou fazer no Brasil, na gestão do PT, foi resolver o gargalo da transição para uma sociedade de consumo de massa, sem reformas que pudessem enfrentar nossas profundas heterogeneidades estruturais. Isso tinha de acontecer no breve espaço de tempo de alguns mandatos. Mas investimento em moradia, saneamento, produtividade e formação de mãodeobra requer longo prazo. Valor: Mas houve inclusão, não? Lena : Inclusão pelo mercado, mas não se está gerando uma sociedade mais igualitária e mais homogênea. Gerou uma incorporação de 40, 50 milhões de pessoas ao mercado, o que é muita coisa. Mas a prova de que isso não é a construção de uma classe média é que o retrocesso é muito patente. Poderíamos ter tido uma outra matriz de investimento público, que teria gerado mais empregos, elevado a produtividade do trabalho. Foi um modelo de desenvolvimento de curto prazo que, do meu ponto de vista, atende a uma expectativa política. Não por acaso o ex-presidente Lula, na semana passada, dizia que temos que, de novo, expandir o crédito. Me parece uma alternativa completamente equivocada. Ademais, ele citou como exemplo que 20% das famílias ainda não têm máquina de lavar. Esqueceu de dizer que o percentual sem saneamento é de 35%. Valor: E o Bolsa Família? Lena : Todo mundo gosta do Bolsa Família: é barato e tem impacto. Mas se tudo se resumisse a ter dinheiro, não precisaria do Estado. Se vamos enfrentar a pobreza, vamos enfrentá-la seriamente, com investimento social de longo prazo. Demora mais, custa mais. Por que o programa Minha Casa, Minha Vida não avançou? Porque demandava muito mais recursos. E acaba de ser cortado. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Setor de máquinas quer ficar um ano sem pagar BNDES Por Fábio Pupo e Lucas Marchesini | De Brasília A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apresentou ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma proposta para que as empresas do setor passem um ano sem pagar empréstimos já concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nesse período, seriam pagos somente os juros, sem amortização da dívida. O saldo não pago seria jogado para o fim do contrato. Segundo a entidade, as empresas contrataram empréstimos em larga escala nos últimos anos, mas o faturamento caiu por causa da retração na atividade. "Muitas empresas s investiram em empréstimos via PSI [Programa de Sustentação do Investimento], acreditando no crescimento da economia. Agora, têm um problema duplo: o mercado despencou, portanto têm menos receita, e ainda têm que lidar com o ônus dos empréstimos", diz Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq. "As empresas ganhariam um ano de fôlego para enfrentar essa recessão." Outra sugestão do setor é a flexibilização do compulsório dos bancos desde que os recursos sejam direcionados para empréstimos para o setor privado, em especial para pequenas e médias empresas. Questionado, o Ministério do Desenvolvimento afirmou que está avaliando as demandas. Segundo Pastoriza, o ministro achou a proposta "interessante" e se comprometeu a estudar o tema. O presidente da Abimaq diz que a entidade fez sugestões para que o ministro anuncie medidas para a retomada e não fique tão centrado no discurso do ajuste fiscal. Para o diretor de competitividade da Abimaq, Mario Bernardini, "o discurso da Fazenda é muito simplista, o 1,2,3", referência à fala recorrente do ministro da Fazenda, o "1,2,3 do crescimento". Segundo Levy, é necessário primeiro fazer o ajuste para chegar ao reequilíbrio das contas públicas e à retomada do investimento. "Não vamos nem chegar no 2, se não fizermos simultaneamente. Não dá para esperar o 1 para fazer o 2." VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Poder público e segurança das barragens de mineração Por Frederico Munia Machado A tragédia envolvendo o rompimento da barragem de Fundão onde eram depositados os rejeitos resultantes do processo de beneficiamento do minério de ferro em uma mina operada pela Samarco Mineração na quinta-feira acendeu, mais uma vez, o alerta para a segurança envolvendo esse tipo de empreendimento mineiro. Esse não é o primeiro acidente desse tipo no Estado de Minas Gerais, que hospeda hoje 222 barragens de mineração. Até então, o mais recente havia ocorrido em Itabirito em setembro de 2014 e deixou três mortos e um ferido. O que chama a atenção na tragédia da semana passada afora, evidentemente, os graves danos ambientais, sociais e econômicos e a trágica perda de vidas humanas é o rompimento ter ocorrido em uma barragem considerada de alto dano potencial associado, mas de baixo risco, além de ser operada por uma mineradora controlada por duas das maiores multinacionais do mundo: a brasileira Vale e anglo-australiana BHP Billiton. Por exigência do próprio mercado global, empresas desse porte tendem a atuar dentro dos mais elevados e estritos padrões de qualidade. Ora, se uma barragem de baixo risco e supostamente gerida de acordo com as melhores práticas do setor pode se romper, o que dizer daquelas consideradas de alto risco (como, por exemplo, barragens de rejeitos de antigas minas abandonadas) e operadas por mineradoras de menor porte? O que o Poder Público pode fazer para efetivamente garantir a segurança desse tipo de empreendimento e prevenir novos desastres? De acordo com a Lei 12.334/2010, que instituiu a Política Nacional de Segurança de Barragens, a responsabilidade pela segurança da barragem é do empreendedor. Em se tratando de barragens de mineração, a fiscalização da sua segurança cabe aos órgãos ambientais, mas também ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia. O primeiro problema, de natureza regulatória, é que a referida lei, apesar de prever várias obrigações ao órgão fiscalizador tais como exigir do empreendedor a supervisão técnica por profissional habilitado e o cumprimento das recomendações de relatórios de inspeção e revisão periódica de segurança não traz qualquer instrumento jurídico que assegure efetividade à fiscalização. O Código de Mineração em vigor, editado em 1967 e principal instrumento legal de ação do DNPM, encontra-se completamente obsoleto. Por exemplo, em caso de descumprimento de determinações legais e administrativas de cunho ambiental, o órgão competente dispõe de até dez sanções administrativas a serem impostas ao empreendedor, incluindo multas que podem variar de R$ 50 a R$ 50 milhões. A legislação mineral, por sua vez, prevê apenas três sanções administrativas, sendo que o valor da multa pela inobservância das determinações da fiscalização do DNPM corresponde a módicos R$ 2.631,31, pouco importando a gravidade da infração ou os antecedentes e o porte econômico do empreendedor infrator. É evidente que uma multa nesse valor pode ter alguma eficácia s e o infrator é um garimpeiro, mas não faz a mínima diferença se aplicada em face de uma mineradora multinacional. Tampouco a legislação em vigor exige do empreendedor que apresente algum tipo de seguro para casos de acidente nessas barragens. A segunda dificuldade é de natureza financeiro-administrativa. O DNPM enfrenta hoje uma carência de recursos materiais e humanos sem precedentes. A autarquia encontra-se a beira de um colapso administrativo. Estima-se que 40% do quadro de servidores ativos do DNPM deverá se aposentar nos próximos dois anos e não há qualquer perspectiva de realização de um novo concurso público. Apesar dos esforços de dirigentes e servidores, a fiscalização do DNPM sofre com a falta de verba para capacitação dos agentes de fiscalização, de veículos em condições de uso para vistorias, de equipamentos especializados e mesmo de recursos para pagamento de passagens e diárias para o deslocamento dos agentes de fiscalização para as áreas de lavra, geralmente situadas em locais remotos e de difícil acesso. Na verdade, a situação financeira do DNPM não seria tão calamitosa se o governo federal efetivamente cumprisse os termos da Lei 8.001/1990, que determina que 9,8% dos valores recolhidos a título de Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM, o royalty da mineração) sejam transferidos para o DNPM. Na prática, contudo, essa determinação legal é descumprida reiteradamente. Entre 2009 e 2014, o DNPM arrecadou em média R$ 1,5 bilhão por ano a título de CFEM. Porém, a União repassou para a autarquia, em média, apenas R$ 12 milhões por ano (0,8% do valor médio anual de arrecadação da CFEM), quando deveria ter repassado aproximadamente R$ 147 milhões por ano. Em 2013, a presidente da República encaminhou ao Congresso projeto de lei que pretende estabelecer um novo marco regulatório para a mineração e transformar o DNPM em uma agência reguladora. É essencial que os parlamentares, ao examinar esse projeto, estejam atentos para as dificuldades enfrentadas pelo DNPM hoje. Há que se assegurar instrumentos legais de fiscalização modernos e efetivos, além de recursos financeiros adequados para a dimensão e a complexidade das funções desempenhadas pelo órgão fiscalizador. Investir em prevenção significa evitar futuramente gastos elevados com recuperação. Um primeiro passo simples e imediato seria o Poder Executivo cumprir a lei e efetivamente transferir o valor da cota-parte da CFEM ao DNPM. Simplesmente transformar o DNPM em agência reguladora sem lhe assegurar aporte financeiro apropriado infelizmente em nada contribuirá para prevenir a repetição de tragédias semelhantes. Frederico Munia Machado é Procurador federal junto ao DNPM e mestre em Direito e Política Mineral pela Universidade de Dundee, no Reino Unido. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Para analistas, piora da desigualdade no Sudeste é sinal do que virá pela frente Por Camilla Veras Mota e Ligia Guimarães | De São Paulo O aumento isolado da desigualdade de renda no Sudeste em 2014, para alguns economistas, reitera a probabilidade de retrocesso do indicador na média do país e nas demais regiões neste ano. Com participação importante dos setores que, ainda no ano passado, apresentaram os primeiros sintomas da recessão indústria e construção civil , o Sudeste também foi o único local em que o índice de atividade do Banco Central uma espécie de PIB encolheu. Naercio Menezes, do Insper: principais sinais de desaceleração da atividade no ano passado apareceram no Sudeste À queda de 0,8% apurada pelo IBCBr no Sudeste em 2014, contraopõe-se a alta forte de 2,2% no Nordeste. Apesar de ainda registrar a maior desigualdade de renda do país, com o chamado Índice de Gini de 0,501, o Nordeste foi a região em que indicador teve melhora mais expressiva queda de 4,4% entre 2013 e 2014. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que, na média, o Gini recuou de 0,495 para 0,490 (quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade) e subiu de 0,475 para 0,478 no Sudeste. Ao contrário do movimento observado no restante do país, a distância entre as duas pontas da pirâmide de renda da região avançou no intervalo. A participação do grupo dos 10% mais pobres no total da renda do trabalho caiu de 2,2% para 2,1%, enquanto os 5% mais ricos ganharam espaço, de 28,4% para 28,5%. "A recessão ainda não aparece nos números de 2014", afirma o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho. Os principais sinais de desaceleração da atividade no ano passado apareceram na região Sudeste, ele diz, onde setores como indústria e construção têm peso importante. Neste ano, contudo, o desgaste dos indicadores é generalizado, inclusive o daqueles relacionados ao mercado de trabalho, que reagem de forma defasada aos ciclos econômicos. Os números da Pnad Contínua, por exemplo, já sinalizam que a desigualdade de renda tem avançado no país. Divulgada desde o ano passado, a pesquisa indica um aumento da diferença entre o salário médio dos trabalhadores qualificados e daqueles menos escolarizados entre o segundo trimestre de 2013 e igual período deste ano o contrário da tendência que vinha sendo observada nos últimos anos, destacou o economista recentemente em artigo no Valor. Ele ressalva que as duas pesquisas têm metodologias diferentes e que a Pnad Contínua não mostra o desempenho das rendas alternativas como a previdenciária ou a de benefícios como o Bolsa Família , que servem como "amortecedores" em períodos de retração da renda do do trabalho. A economista do Bradesco Ana Maria Barufi, que usa os dados de renda da Pnad Contínua para calcular uma espécie de Gini de curto prazo, afirma que a desigualdade no país permaneceu relativamente estável entre o primeiro trimestre do ano passado e o mesmo intervalo deste ano, passando de 0,488 para 0,486. Ela admite, entretanto, que a situação pode ter piorado nos últimos meses, já que os indicadores de emprego e atividade têm surpreendido sistematicamente para baixo. De um lado, o aumento do desemprego tem atingido de forma expressiva os trabalhadores informais, privados do "colchão" proporcionado pela rede de proteção social FGTS e seguro-desemprego. De outro, a aceleração da inflação é mais nociva para as classes mais baixas, que perdem mais rapidamente poder de compra. Ana Maria pondera que o efeito das políticas de redução da desigualdade implementadas nos últimos anos valorização do salário mínimo e programas como o Bolsa Família , depois de promoverem um processo intenso de mobilidade social, vêm surtindo cada vez menos efeito sobre o Gini. Entre 2004 e 2014, a renda média do trabalho da Pnad avançou em média 4% ao ano em termos reais, alta que desacelerou para 0,8% no ano passado. Nesse sentido, o aumento da desigualdade no Sudeste é sintomática. "É reflexo das condições da economia", diz Ana, que afirma fazer sentido pensar em novas estratégias de redução da desigualdade que contemplem o aumento da produtividade e o crescimento da economia. Lena Lavinas, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que os dados mostram quadro "bastante estacionário", com a renda do trabalho e o recuo da desigualdade relativamente estagnados. "A desigualdade no Sudeste mostra a transição para uma contratendência. Estamos chegando ao esgotamento de dinâmicas que caracterizaram o período de 2003 e 2013, quando o consumo de massa era apoiado na recuperação dos salários e no acesso ao crédito", diz. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Braskem passará a gerar mais de 50% da receita no exterior em 2016 Por Rodrigo Polito | De Cidade do México A maior parte da receita líquida da Braskem no próximo ano será obtida a partir de mercados situados fora do Brasil, conforme estimativas da companhia. O fato, que ocorrerá pela primeira vez na história do grupo, será impulsionado pelo início da operação do complexo petroquímico no México, previsto para segunda quinzena de dezembro, e que atenderá basicamente a demanda do país e dos Estados Unidos. Em 2010, quando começou a internacionalização da Braskem, o mercado brasileiro respondia por 66% da receita líquida da companhia. O restante era proveniente de exportações a partir do Brasil (26%) e de mercados para os produtos fabricados nos Estados Unidos e Europa (8%). Pelas projeções da empresa para 2016, o mercado nacional ficará com 49% da receita. As exportações a partir do Brasil deverão representar 27%. Os Estados Unidos e a Europa deverão contribuir com 17%, enquanto o México deverá ter uma participação de 7%. "A estratégia de internacionalização da Braskem continua", afirma o presidente da companhia, Carlos Fadigas. Segundo ele, a empresa es tuda com mais atenção eventuais novos investimentos no México, Estados Unidos e Peru. O processo teve início, com a aquisição de ativos da Dow Chemical e da Sunoco nos Estados Unidos, em 2010. Naquele país, a Braskem possui hoje cinco fábricas, com produção anual de 1,5 milhões de toneladas de polipropileno e estuda a construção de uma nova unidade do tipo. Há, no entanto, a perspectiva de grande aumento da oferta de produtos petroquímicos no mercado norte americano nos próximos anos, com a entrada novos projetos e expansão de parques existentes entre 2016 e 2018, que acrescentarão 13 milhões de toneladas ao ano ao setor, o que pode levar a Braskem a deixar o novo empreendimento nos EUA na prateleira. Pela mesma razão, a Shell ainda mantém sob avaliação um novo empreendimento de 1,4 milhão de toneladas ao ano, na Pensilvânia, com partida prevista para 2019. O diretor de Comercialização da Pemex Transformación Industrial, braço da petroleira estatal mexicana na área de "downstream" (abastecimento, refino e petroquímica), Juan Marcel Parizot, disse que região Norte do México deverá ser atendida por esses novos projetos. "Futuros investimentos em petroquímicas vão depender da dinâmica do mercado, da competitividade da empresa e dos preços". A Braskem tem relativa vantagem nesse processo, pois sua unidade no México dará a partida dois anos antes do início de operação dos principais empreendimentos das concorrentes. Para assegurar uma fatia no competitivo mercado mexicano, antes mesmo do início de operação do complexo, a empresa estruturou uma carteira de 350 clientes com os quais já tem contrato prévio, fornecendo polietileno fabricado no Brasil. A decisão pela construção da unidade mexicana surgiu a partir de uma oportunidade criada pelo governo local, além do baixo custo da matéria prima e o crescimento da demanda nos mercados da América do Norte. Com 20 anos de duração e três possíveis prorrogações por cinco anos, o contrato de fornecimento de 66 mil barris ao dia de gás natural pela Pemex ao complexo está atrelado à cotação do mercado americano. Atualmente, é de US$ 136,38 por tonelada). O preço nos EUA nos últimos anos caiu devido à expansão do "shale gas" (gás de xisto) e sobre o qual ainda é aplicado um desconto, cujo valor não é revelado. Situado no estado de Veracruz, às margens do Golfo do México, com investimentos de US$ 5,2 bilhões, o empreendimento da Braskem terá capacidade de produção anual de 1,05 milhão de toneladas de polietileno. A expectativa da empresa que detém 75% do capital, em parceria com a mexicana Idesa (25%) , é vender 60% da produção no México e 40% no exterior, principalmente nos EUA. O México, cuja economia deverá crescer 2,5% este ano, tem uma demanda de 2,1 milhões de toneladas anuais de polietileno 67% são importados. A expectativa, diz a Braskem, é que a petroquímica gere um impacto positivo na balança comercial mexicana de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões. Fadigas, no entanto, afirma que a Braskem continua interessada em investir no Brasil. Segundo ele, o país tem vocação para a atividade petroquímica, por ser um grande produtor de petróleo e gás natural. "A Petrobras tinha planos de produzir 4 milhões de barris diários de petróleo em 2020. Não vai mais. Mas em algum momento isso vai acontecer. É um pais rico em recursos naturais", afirma o executivo. Conforme dados de 2014, o Brasil tinha um déficit de US$ 30 bilhões de produtos químicos. "É um mercado a ser atendido. A Braskem tem capacidade para fazer investimentos no Brasil e exterior. Estamos com a menor alavancagem em nove anos", disse. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Lava-Jato inspira novo código de instituto Por Fernando Torres | De São Paulo Se as fraudes contábeis nos Estados Unidos e o episódio dos derivativos em 2008 no Brasil inspiraram as duas últimas versões do código de melhores práticas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a quinta edição do documento, que será lançada hoje, em São Paulo, tem como pano de fundo, entre outros temas, as lições ensinadas pela operação Lava-Jato. Mantendo a tradição de não tratar de casos específicos, o IBGC não cita a Petrobras ou a lista de empreiteiras acusadas de pagamento de propina, mas menciona com destaque "escândalos de corrupção envolvendo agentes públicos e privados" como um dos temas de debate durante a reformulação do código. Para medir o destaque ao assunto, o Valor contou 17 vezes a palavra "ética" nesta edição, ante apenas três menções na anterior, de 2009. Entre as principais novidades do documento, que costuma ser usado como referência tanto por companhias de capital aberto como por empresas fechadas que querem profissionalizar a gestão, Eliane Lustosa, vice-presidente do IBGC, destaca uma seção nova que trata de princípios gerais de governança, que devem ser observados por todos os agentes envolvidos com o tema ou seja, não apenas por conselheiros de administração, mas também por acionistas, executivos, auditores etc. Ainda no aspecto conceitual, está uma orientação geral a ser seguida em momentos de tomada de decisão, que se encaixa bem como recomendação que poderia ter sido aplicada pelos conselheiros que aprovaram a aquisição da refinaria de Pasadena, entre os quais estavam a então ministra Dilma Rousseff e também renomados profissionais de mercado. Se há o entendimento de que integrantes de conselhos não precisam ler a íntegra de todos os contratos firmados pelas empresas que supervisionam, deve ficar claro que "as principais decisões devem ser adequadamente fundamentadas, registradas e passíveis de verificação". Foi incluída também uma previsão de que as estatais de capital aberto digam em seus estatutos qual o interesse público que justificou sua criação, para que os investidores saibam de antemão em que áreas e circunstâncias podem esperar que a empresa não vai agir somente com objetivo de maximizar seu retorno financeiro. Outro aspecto relevante é o que ressalta que tanto acionistas como conselheiros inclusive aqueles indicados pelos controladores devem "atuar com independência, diligência e proatividade" e ter consciência de sua responsabilidade de defender os interesses da empresa, e não os próprios. O ponto que provocou discussões mais intensas entre as dezenas de pessoas que contribuíram para elaboração do código, que tem 108 páginas, é uma flexibilização da defesa do princípio geral de uma ação um voto, pelo qual há um equilíbrio entre interesses e direitos políticos e econômicos dos acionistas perante a companhia. A nova redação do documento admite que pode haver um benefício em haver ações com direitos distintos, nos casos excepcionais em que for do interesse da companhia ter um acionista de referência com foco maior no longo prazo. Essa distinção de poder, contudo, deve ser temporária, diz o código. Em relação à composição do conselho, foi reforçada a recomendação para que se busque diversidade de formação, idade e gênero, mas saíram prescrições detalhadas sobre número de conselhos dos quais se pode participar. "Não adianta se limitar ao máximo de cinco conselhos previstos antes, mas não cumprir na essência sua responsabilidade", diz Eliane. Segundo ela, o conselheiro precisa mergulhar fundo visitar a empresa, ler seus balanços, relatórios, estatuto e conhecer os funcionários para saber perguntar. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Fonte solar é destaque em leilão Por Camila Maia | De São Paulo A desvalorização do real e a piora do cenário macroeconômico não reduziram o interesse das empresas do setor elétrico em investir em projetos de energia solar. No leilão de energia de reserva realizado na sexta-feira foram contratados cerca de 530 megawatts (MW) médios em garantia física, sendo 284,8 MW médios de energia solar e outros 246 MW médios em eólicas. A potência final que será injetada no sistema elétrico somou 1.477 megawatts (MW). Desse total, 929 MW são de energia solar e 548 MW de eólica. Esse foi o terceiro leilão bem sucedido com a fonte solar. Como nos dois anteriores, houve intensa competição, que se refletiu em um deságio mais elevado na comparação com o preço-teto estabelecido pela Aneel. O preço-teto foi de R$ 297,75 por MWh, 22% menor que o preço-teto de R$ 381 por MWh. Embora a fonte eólica continue sendo mais barata, a tendência para os preços projetos de solar é de queda, enquanto a fonte cresce e ganha magnitude no mercado brasileiro, afirmou Rui Altieri, presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O preço-teto dos projetos de energia eólica foi de R$ 203,46 por megawatt-hora (MWh), deságio menor, de 4,5% ante o preço-teto de R$ 213 por MWh. Os contratos são para fornecimento em 20 anos, com início em novembro de 2018. A disputa movimentou R$ 22,17 bilhões. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os 33 projetos de geração solar e 20 de energia eólica representarão investimentos totais de cerca de R$ 6,8 bilhões no Brasil nos próximos três anos. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os 33 projetos de geração solar e 20 de energia eólica representarão investimentos totais de cerca de R$ 6,8 bilhões no Brasil nos próximos três anos. De acordo com Igor Walter, diretor do programa de assessoria econômica do Ministério de Minas e Energia (MME), o certame de sexta-feira marcou a "consolidação indubitável" da fonte eólica e o fato de que a fonte solar está indo pelo mesmo caminho. Com esse leilão, já foram contratados mais de 600 projetos de energia eólica desde 2009 e mais de 15 gigawatts (GW) de potência. Apenas em 2015, foi contratado mais de 1 GW de energia eólica, somando mais de R$ 4,8 bilhões em investimentos. No caso da fonte solar, desde outubro do ano passado, quando aconteceu o primeiro leilão bem sucedido desta fonte, contratou-se mais de 3,2 gigawatts-pico (GWp) de potência, somando investimentos de mais de R$ 13 bilhões. "Em termos de preço, foi um leilão competitivo, com maior deságio já registrado nos três leilões realizados com contratação de fonte solar", afirmou Walter. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Audiências de custódia e tornozeleiras evitam prisões Por Joice Bacelo | De São Paulo O Judiciário tem adotado medidas para tentar desacelerar o ritmo de prisões e mudar o cenário vislumbrado pelo governo federal: um milhão de pessoas atrás das grades até 2022 ou, a longo prazo (em, no máximo, 60 anos), um em cada dez brasileiros. No ano passado, de acordo com o último levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), eram 607,7 mil presos para um total de 376,6 mil vagas a quarta maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia. Brasil tem a quarta maior população carcerária, perdendo somente para os Estados Unidos, China e Rússia A regra nos tribunais, agora, é estimular a aplicação de penas alternativas. O caminho para evitar um crescimento anual de 7% da população carcerária começa pelas audiências de custódia, um programa encabeçado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que prevê a apresentação dos presos em flagrante a um juiz no prazo máximo de 24 horas. Nessas audiências, o magistrado avalia a necessidade de o réu ser mantido preso durante a tramitação do processo. Ele analisa se o preso oferece risco à sociedade, se há evidências de fuga ou se ele pode prejudicar a coleta de provas. Há participação também da Defensoria e do Ministério Público. Para presos envolvidos em crimes com pena entre quatro e oito anos (regime semiaberto) tem sido recomendado o uso da tornozeleira eletrônica. No Espírito Santo, por exemplo, 1.171 equipamentos foram disponibilizados desde que as audiências de custódia começaram a ser realizadas. Os presos são monitorados por uma central que funciona 24 horas por dia. Um mapa digital na tela mostra a rota feita por cada preso quando há infração é aberta uma ocorrência, o preso é contactado e corre o risco de perder o benefício. Da central também é possível emitir relatórios que indicam a movimentação dos presos em dias, semanas e meses. O Espírito Santo, segundo especialistas, é considerado um modelo a ser seguido. Hoje não existe padronização entre os Estados, cada um contrata e disponibiliza o serviço a sua maneira. E os preços, segundo levantamento feito pelo Valor, variam bastante: enquanto o Espírito Santos é o que paga menos, R$ 167 por preso, em Minas Gerais, por exemplo, o custo é de R$ 400. Ainda assim, bem abaixo do que seria gasto para manter a pessoa atrás das grades cerca de R$ 3 mil por mês, segundo o CNJ. Para pôr fim a essas diferenças, o Depen estuda a edição de um protocolo de utilização das tornozeleiras eletrônicas. Se colocado em prática, todos os Estados que recebem financiamento federal deverão seguir os mesmos critérios para contratar o serviço, além de terem que seguir regras sobre a forma de monitoramento. "Assim, nós disponibilizaremos não só o recurso, como também um contrato padronizado para os Estados", diz o diretor-geral do órgão, Renato de Vitto. O Depen mantém convênio com dez Estados num total de R$ 10,4 milhões repassados desde 2013 por meio do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) e quer dobrar esse número até o fim do ano. De Vitto destaca, no entanto, que é preciso ter cuidado para que não haja abuso na aplicação do equipamento. "É vedada a utilização para crimes que comportam medidas cautelares mais brandas. Onde não cabe a prisão, não cabe a tornozeleira", afirma. Para o criminalista Rogério Taffarello, do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), a tornozeleira só será bem-vinda se realmente se tratar de um instrumento de redução dos índices prisionais. "O que não se pode, e eu tenho muito receio que se faça, é manter os mais de 40% de presos provisórios de hoje nas cadeias e uma mesma porcentagem acabe sendo monitorada na rua", diz. Um outro desafio será provar para a sociedade que o monitoramento eletrônico é eficaz. Em Mato Grosso, por exemplo, quase 20% dos que usam a tornozeleira cometeram crimes mesmo sendo monitorados. Recentemente, dois desses homens foram pegos roubando a casa de um juiz. Além disso, fala-se entre os presos que existe até quem retire o equipamento e coloque em animais, simulando o seu batimento cardíaco e burlando, assim, o sistema. Especialista em direito penal e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Ramalho Ortigão Farias entende que é preciso avaliar se são casos pontuais, uma minoria, ou se é verificado na maioria dos monitorados no país. "Se falamos de uma minoria está se atingido a finalidade de controle. Distorções são comuns em qualquer sistema desenvolvido em qualquer país democrático do mundo", afirma. Para o diretor-geral do Depen, o sucesso depende de uma "gestão correta e adequada do contrato". Ele acredita que se for seguido esse caminho, o país terá "um ganho muito grande com as tornozeleiras". Estado considerado modelo na aplicação do equipamento, o Espírito Santo tem índice de apenas 3,3% de reincidência entre os presos que usam o equipamento eletrônico. VOLTAR Fonte: Valor Econômico 16/11/2015 - Responsabilidade tributária e autofalência Por Rafael Santiago Costa A responsabilidade pessoal de sócios e gerentes pelas dívidas tributárias da pessoa jurídica é uma das questões mais debatidas no direito tributário. Inúmeras discussões correlatas deságuam no Poder Judiciário e muitas teses já foram firmadas no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como são exemplos as Súmulas nº 430 e nº 435, ambas de 2010.. Com a primeira se confirmou que o inadimplemento da obrigação tributária pela pessoa jurídica não configura, por si só, elemento suficiente a atrair a responsabilidade pessoal do sócio gerente prevista no artigo 135, III do Código Tributário Nacional (CTN). Na segunda súmula, o STJ definiu que se presume dissolvida irregularmente a empresa que deixe de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. Ainda a título de exemplo, merece destaque o julgamento do recurso especial (REsp) nº 1.104.900 (1ª Seção; j. 25/03/09) submetido ao rito dos recursos repetitivos , no qual se definiu que quando o nome da pessoa física consta da certidão de dívida ativa, cabe a ela o ônus de provar não estarem presentes os requisitos do artigo 135 do CTN, afastando sua responsabilização pessoal. Por outro lado, encontra-se em discussão na 1ª Seção do STJ se, nos casos em que constatada a dissolução irregular da pessoa jurídica, o termo inicial do prazo prescricional para o redirecionamento da execução aos sócios seria o momento em que verificada a dissolução irregular ato tido como suficiente à responsabilização pessoal, conforme Súmula 435 ou se seria a citação da pessoa jurídica. Esse último fato, em regra, ocorre em momento anterior, ainda que por meio de edital. A discussão se arrasta há anos no julgamento do REsp nº 1.201.993, contando com votos nos dois sentidos e estando o julgamento suspenso com vista ao ministro relator, sendo que cinco ministros da 1ª Seção ainda aguardam para proferir voto. Contudo, nossa intenção não é contribuir com essa discussão específica, mas alertar para medida raramente utilizada por gestores de empresas com dívidas tributárias que não mais possuem condições de seguirem em atividade, mas que pode viabilizar, a um só tempo, a incidência da Súmula nº 430 e a não configuração da situação descrita na Súmula 435. De fato, os conteúdos dessas duas súmulas apresentam relação direta, indicando ser possível e é isso que se verifica na maior parte dos casos que o gestor não seja responsabilizado pela dívida tributária da empresa na ocasião de seu surgimento, mas venha a sêlo em momento posterior, quando permite que a empresa simplesmente feche suas portas sem o cumprimento de qualquer formalidade. Ou seja, a omissão do gestor que costuma ser causa principal de sua responsabilização pessoal por dívidas tributárias da empresa não se verifica no momento em que constatado o fato gerador ou o inadimplemento do crédito tributário decorrente. Surge em momento posterior, muitas vezes com a cobrança do crédito já em curso judicialmente. Se nem sempre é possível evitar a omissão no recolhimento dos tributos devidos, mais simples nos parece ser evitar a dissolução irregular da empresa, que acaba atraindo a responsabilidade pessoal até então não configurada. Nesse ponto, destaque-se, novamente, que, enquanto a Súmula 430 impede que o mero inadimplemento da pessoa jurídica leve à responsabilização de seus gestores, a Súmula 435 fixa que isso se torna possível com a interrupção das atividades da empresa sem que os órgãos competentes sejam comunicados. Diante desse cenário que a autofalência surge como instrumento de necessária análise e eventual utilização pelos gestores de empresas devedoras com atividades a serem encerradas. O instituto está previsto no artigo 105 da Lei nº 11.101/05, indicativo de que o devedor em crise financeira que não atenda aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial. Com efeito, o STJ tem considerado que a adoção dessa medida afasta a pecha de irregularidade do encerramento das atividades empresariais e, por conseguinte, a incidência da Súmula 435. Nesse sentido, citemse dois precedentes: REsp nº 644.093 (2ª Turma; j. 13/09/2005) e AgRg no AgRg em REsp nº 192.771 (1ª Turma; j. 23/06/2015). Do voto condutor do primeiro se extrai a afirmação de que a "autofalência é faculdade estabelecida em lei em favor do comerciante impossibilitado de honrar seus compromissos, não se configurando hipótese de dissolução irregular". A conclusão firmada no segundo julgado é ainda mais completa: "ocorreu a dissolução regular da empresa que se deu mediante o pedido de autofalência, e o mero inadimplemento da obrigação de pagar tributos não constitui infração legal capaz de ensejar a responsabilidade prevista no art. 135, III, do Código Tributário Nacional". Rafael Santiago Costa é advogado em Belo Horizonte, sócio da S. Santos Rodrigues Sociedade de Advogados VOLTAR 2ª PARTE NOTICIAS DO DIA 15/11 Fonte: O Globo 15/11/2015 - Dilma pede união dos Brics para ‘redução de riscos que a economia mundial continua a enfrentar’ Grupo de países emergentes editou comunicado em que avalia que recuperação econômica ainda não é sustentável POR VIVIAN OSWALD A presidente Dilma Rousseff desembarca em Antália, na Turquia - Ali Atmaca / AP ANTÁLIA - A presidente Dilma Rousseff defendeu o compromisso dos países dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com quatro pontos básicos para a redução do que chamou de "riscos que a economia global continua a enfrentar". A lista inclui o estímulo aos investimentos em infraestrutura, a diminuição da volatilidade dos mercados globais, a necessidade de reformas das instituições financeiras e o combate à pobreza e às desigualdades. Esta, segundo ela, é a agenda que deve ser priorizada no âmbito do G-20. — Os países devem seguir comprometidos a trabalhar pela redução dos riscos que a economia global continuar a enfrentar, priorizando na agenda do G-20 temas importantes para países em desenvolvimento como investimentos em infraestrutura, a redução da volatilidade dos mercados globais, a necessidade de reformas da instituições financeiras e o combate à pobreza e às desigualdades — afirmou a presidente. Este foi o discurso de abertura da presidente durante a reunião dos Brics, que aconteceu na manhã deste domingo, paralelamente à cúpula do G-20 (o grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo) no balneário de Antália, na Turquia. Apesar da longa pauta de temas econômicos e sociais prevista para as reuniões do G20 que vão até segunda-feira, o combate ao terrorismo dominou a agenda dos presentes. Sobre o tema, deve haver uma mensagem forte no comunicado final do encontro, que acaba de começar com um almoço de boas vindas para os chefes de Estado e de governo em Antália. Em seguida, os chefe de Estado e de governo posam para a foto oficial do evento. Durante a tarde, acontece a primeira sessão de trabalho do grupo. O dia será encerrado com outro jantar para os líderes organizado pelo governo da Turquia, que preside o G-20 este ano. Durante a manhã, a presidente começou exercícios. Por volta das 7h30 saiu para uma caminhada em volta do hotel onde está hospedada com outros líderes do G-20. Alerta para recuperação frágil da economia Os líderes dos Brics ainda vêem riscos para a economia global e consideram que a sua recupeação ainda não é sustentável. Em reunião pela manhã, o grupo divulgou um comunicado conjunto sobre a situação da economia mundial. "Os líderes concordaram que a economia global ainda estava em risco e que sua recuperação ainda não é sustentável, o que realça a importância do fortalecimento da coordenação e da cooperação em políticas macroeconômicas entre os membros do G-20 para evitar repercussões negativas e de modo a lograr crescimento forte, equilibrado e sustentável", afirma o comunicado conjunto informal, divulgado depois do encontro. Os Brics defenderam ainda que " todos os membros do G20 devem se concentrar na implementação de suas respectivas estratégias nacionais de crescimento". O documento ainda destaca que a "politização das relações econômicas e a introdução de sanções econômicas", que chama de desafios geopolíticos, continuam prejudicando as perspectivas futuras de crescimento econômico. Atualmente, a Rússia enfrenta sanções econômicas impostas pelo Estados Unidos e União Europeia (UE) em função da sua atuação na crise na Ucrânia. O texto do comunicado também condena os atentados terroristas em Paris e reiteraram o compromissos de fortalecer a cooperação entre os países dos BRICS e com outras nações na luta contra o terrorismo. VOLTAR Fonte: Jornal Extra 15/11/2015 - Sindicatos regionais mantêm greve de petroleiros no Rio SÃO PAULO (Reuters) - Importantes sindicatos regionais de trabalhadores do setor petroleiro da Bacia de Campos e da refinaria Reduc, no município de Duque de Caxias, votaram no sábado para ignorar os pedidos do maior sindicato do país para encerrarem a greve, que começou há 14 dias. Líderes do maior sindicato de trabalhadores petroleiros, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), propuseram na sexta-feira encerrar a greve que mais afetou a Petrobras em 20 anos. O Sindipetro Norte Fluminense, sindicato dos petroleiros que cuida da maioria das plataformas da Bacia de Campos, votou mais cedo no sábado pela continuação da greve apesar do pedido da FUP. A Bacia de Campos representa mais de 60 por cento da produção de petróleo do Brasil. O Sindipetro Norte Fluminense afirmou em seu site que o placar pela manutenção da greve foi de 601 a 192 votos. O Sindipetro Caxias, sindicato que representa a maioria dos trabalhadores empregados na Refinaria de Duque de Caxias, fora do Rio, também votaram pela continuidade da greve. Outros sindicatos de petroleiros no Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul já votaram pelo fim da greve, seguindo a recomendação da FUP. "A FUP considera a greve uma vitória, mas os sindicatos locais e seus trabalhadores são autônomos", disse a porta-voz do sindicato Alessandra Muteira. Ela acrescentou que os trabalhadores de Duque de Caxias querem que a Petrobras lhes pague por todos os dias em que estavam em greve, ao invés de apenas a metade, como atualmente proposto. Representantes dos sindicatos da Sindipetro Norte Fluminense não responderam aos pedidos de comentário no sábado a tarde. Quando os petroleiros começaram a greve em 1º de novembro, a principal demanda era em relação aos planos da Petrobras de cortar investimentos e vender ações para controlar a dívida de 130 bilhões de dólares. Nas últimas negociações, os petroleiros garantiram um aumento de 9,5 por cento dos salários e conseguiram que a Petrobras concordasse em estabelecer um Comitê de Gestão de Trabalhadores para explorar formas de restaurar os investimentos. (Reportagem de Gustavo Bonato, Reese Ewing e Jeb Blount no Rio de Janeiro) VOLTAR Fonte: Estadão 15/11/2015 - Cúpula do setor elétrico teme por redução da geração de energia ANNE WARTH E ANDRÉ BORGES - O ESTADO DE S.PAULO Em vários documentos enviados a partir de maio, órgãos sugerem a não adoção da regraproposta pela SAE Não é exatamente o risco de inundações dos municípios próximos ao Rio Madeira que preocupa a cúpula do setor elétrico. Para o Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que está em jogo é a redução da geração de energia que o plano de contingência proposto por Santo Antônio e Jirau poderia impor ao País. O MME alega que a proposta aumenta o risco anual de paralisação de Santo Antônio de 2,5% para 5% e reduz a geração média das duas usinas em 13 MW médios. A posição do ministério ficou evidente em ofício de 5 de agosto, assinado pelo secretário executivo Luiz Eduardo Barata. ―Recomendamos que não seja adotada a regra operativa proposta pela SAE (Santo Antônio Energia) de forma definitiva, sendo aceitável o seu emprego em situações conjunturais. Entendemos que a proteção das áreas urbanas e rodovias pelos empreendedores das duas usinas é a solução definitiva que deve ser implementada‖, diz o documento. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, diz que quer solução estrutural Contratos. Em documento de 26 de maio, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, destaca que as obras estruturantes propostas pela ANA são compromissos assumidos pelas empresas. ―A implementação de medidas estruturais, por parte das concessionárias SAE e ESBR, além de atender plenamente as condicionantes da outorga de direito de uso de recursos hídricos, sem que ocorra redução na produção energética dos empreendimentos, está prevista nos correspondentes contratos de concessão‖. O entendimento é o mesmo do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, em carta de 16 de julho. ―O ONS se preocupa com medidas operativas que possam comprometer a disponibilidade das duas usinas para geração de energia elétrica, bem como entende que soluções estruturais devem ser buscadas, a fim de que recursos energéticos considerados no planejamento da operação estejam efetivamente disponíveis para operação do Sistema‖, diz o diretor-geral. ―Neste sentido, recomendamos que este tipo de regra operativa não seja adotada em caráter definitivo para as usinas de Jirau e Santo Antônio, permanecendo seu emprego em regime temporário, enquanto não forem implementadas as soluções estruturais cabíveis para a proteção das áreas urbanas e rodovias relacionadas a estas usinas‖, acrescenta./ A.W e A.B VOLTAR Fonte: Estadão 15/11/2015 - ANA acusa usinas de omissão no rio Madeira ANNE WARTH E ANDRÉ BORGES / BRASÍLIA - O ESTADO DE S.PAULO Às vésperas do período de cheias, agência cobra obras de Jirau e Santo Antônio Às vésperas do início do período de cheias, as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e a Agência Nacional de Águas (ANA) não se entendem a respeito da melhor forma de evitar riscos de inundações em Rondônia, por causa do volume de água que venha a ser represado pelos reservatórios das hidrelétricas. Nos últimos meses, a relação entre as usinas instaladas no Rio Madeira e a agência reguladora tem sido marcada por uma troca de acusações. A ANA acusa as usinas de se omitirem em relação às obras permanentes que são necessárias para aumentar o nível de segurança das regiões potencialmente afetadas pelos reservatórios das usinas. As concessionárias argumentam que fizeram as intervenções exigidas nos contratos de concessão, avaliam que a agência está sendo excessivamente cautelosa e propõem como saída um plano de contingência, caso a cheia histórica do início de 2014 se repita. As discussões começaram em março, mas ainda não se chegou a uma decisão sobre o que será feito. O período de chuvas da região do chamado ―inverno amazônico‖ vai de novembro a abril. As empresas alegam que a cheia que inundou diversas regiões do Estado no início de 2014 foi a maior da história e dificilmente se repetirá – a chance de que algo semelhante volte a ocorrer, segundo as empresas, é de uma vez a cada 350 anos. Por isso, para elas, não deve ser usada para definir os critérios de proteção das localidades. O contrato de concessão considera uma série histórica de 50 anos, para áreas urbanas, e de 100 anos, para estruturas rodoviárias. Para a agência, ainda que a última cheia tenha sido um ponto fora da curva, é necessário aumentar a proteção de áreas urbanas e da rodovia caso volte a ocorrer. Para isso, a ANA cobra medidas estruturantes, como a elevação de mais trechos da BR-364, que liga Porto Velho a Rio Branco, e a remoção da população de diversas localidades, como Jaci-Paraná e Abunã. Em 2014, a estratégia usada para evitar inundações foi a antecipação do rebaixamento dos reservatórios das duas usinas. Basicamente, é esse o plano de contingência que as concessionárias querem repetir daqui para a frente. O problema dessa estratégia é que, com reservatórios mais baixos, as duas usinas acabam gerando menos energia. Por essa razão, o Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistem Elétrico (ONS) são contra a estratégia das empresas e favoráveis à proposta da ANA. Obras. A Santo Antônio Energia afirma já ter realizado obras para proteção da BR364 e do distrito de Jaci-Paraná, em Porto Velho. Segundo a concessionária, cerca de 100 famílias foram removidas de regiões mais vulneráveis e receberam indenização. A empresa ainda precisa concluir as obras de alteamento de um trecho de 700 metros da estrada, que será elevada em até 60 centímetros. A ANA, porém, quer que a proteção seja ampliada, o que implicaria na remoção de centenas de famílias e na elevação, em dois metros, de quatro km da rodovia. Segundo a Santo Antônio Energia, as exigências da ANA são conservadoras, pois é possível evitar alagamentos se a usina fizer ajustes de operação. A proposta da empresa é adotar o plano de contingência proposto pelos próximos cinco anos. Se, nesse período, ocorrer uma nova cheia que inunde a cidade, a empresa arcaria com todas as responsabilidades e custos. A concessionária Energia Sustentável do Brasil (ESBR), responsável por Jirau, afirma ter feito todas as medidas de proteção exigidas na época da implantação da usina, como o alteamento de trechos de 16,8 km da rodovia BR-364 e de estradas vicinais afetados pelo reservatório. ―Durante a cheia excepcional do rio Madeira ocorrida no início de 2014, foram registradas vazões com tempo de recorrência superior a 300 anos, isto é, acima daquela estabelecida em resolução da ANA‖, informou. De acordo com a ESBR, as condicionantes relacionadas à proteção de áreas urbanas e localidades próximas à barragem também foram cumpridas. Sobre a localidade de Abunã, na fronteira com a Bolívia, a empresa alegou que as inundações ocorrem a despeito da existência da usina. VOLTAR Fonte: Jornal do Comércio 15/11/2015 - Sindicatos e empresários se unem para evitar quebra de construtoras Sindicalistas preparam com empresários uma agenda de seminários e manifestações populares para fechar um documento único em defesa de acordos de leniência entre órgãos do governo com empresas de petróleo, gás e construção civil, de forma a acabar com a "quebradeira" de empresas e as demissões. A agenda prevê a realização de um seminário em São Paulo para 1,5 mil participantes, entre sindicatos e empresas, no dia 3 de dezembro, para discutir a política econômica do governo e as saídas para a crise a partir de 2016. Em seguida, está prevista uma manifestação nas ruas, no dia 8 de dezembro, e a entrega do documento, em Brasília, para o Palácio do Planalto e o Congresso, no dia seguinte. Segundo os sindicalistas, os efeitos da Operação Lava Jato foram combinados com o ajuste fiscal e produziram "uma quebradeira geral" no País. As revelações dos esquemas de corrupção das grandes empreiteiras com a Petrobrás travaram contratos na indústria naval e no ramo de petróleo e gás. Ao mesmo tempo, o ajuste fiscal foi produzido, até agora, principalmente na base do corte de gastos públicos, em especial os investimentos, o que fez cair drasticamente o ritmo de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O que estava fazendo o País crescer nos últimos anos parou, tudo ao mesmo tempo. As demissões não param de aumentar e isso afeta todos os setores", disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical. Todas as centrais sindicais estão envolvidas na agenda, em especial a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), as três maiores do País, que representam cerca de 4,3 mil sindicatos. De acordo com Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, a experiência internacional é de acordos de leniência que permitem que empresários corruptos sofram as consequências penais e administrativas enquanto as empresas podem continuar operando nos mercados. "É difícil ver empresas fechando, trabalhadores perdendo emprego. Não dá mais. Por isso vamos chamar as principais lideranças empresariais envolvidos, mas também empresários de comércio e os bancos. Precisamos de um acordo para o desenvolvimento voltar", disse. Governo defende acordo. Os acordos de leniência são defendidos pelo próprio governo e seriam fechados por meio da Controladoria Geral da União (CGU), envolvendo a Advocacia Geral da União (AGU), a própria Petrobrás, quando forem obras da estatal, e empresas privadas. Esses acordos permitiriam que empresas privadas envolvidas em investigações continuassem operando obras públicas e contratos da Petrobrás. Para conseguir esse acordo, as companhias precisam reconhecer ilícitos, auxiliar as autoridades nas investigações, se comprometer a evitar a repetição no futuro e devem ressarcir os cofres públicos. Segundo o presidente da Força Sindical, o movimento de trabalhadores e empresários não é "pró-corrupção", mas "pró-empregos e investimentos". De acordo com Ricardo Patah, presidente da UGT, a crise nos setores de petróleo, gás natural e construção civil atinge todos os trabalhadores, também de indústria e comércio, pela queda na demanda decorrente do menor poder aquisitivo. VOLTAR Fonte: Jornal do Comércio 15/11/2015 - Após leilão, total de usinas eólicas contratadas desde 2009 chega a 600 O Leilão de Energia de Reserva (LER) realizado nesta sexta-feira (13), consolidou o avanço das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira, na visão do governo federal. Com as 20 usinas eólicas contratadas hoje, são 600 os projetos contratados desde 2009, quando a fonte passou a participar de leilões regulados. De acordo com o presidente do conselho de Administração da Câmara de Comercialização de A capacidade instalada desses Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, a capacidade 600 projetos supera 15 GW instalada desses 600 projetos supera 15 GW. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), apenas neste ano foram contratados 1,18 GW de capacidade. O leilão de hoje também resultou na contratação de energia a ser gerada por 33 empreendimentos fotovoltaicos, e com isso já são 94 empreendimentos contratados desde o ano passado, quando tiveram início os leilões com projetos solares de forma independente. O investimento estimado nos 94 projetos soma R$ 12,9 bilhões. Considerado "exitoso", o leilão de hoje garantiu preços baixos para a energia, quando analisados os valores em dólar e em termos internacionais. O valor da energia eólica ficou em US$ 53,55/MWh com base na cotação de ontem. No caso da energia solar, o valor ficou em US$ 78,36/MWh. "São preços bastante significativos", analisou o gerente executivo de Leilões da CCEE, Alexandre Viana. VOLTAR Fonte: O Globo 15/11/2015 - Petroleiros mantêm greve no Rio, apesar de apelo do maior sindicato da categoria Paralização questiona corte de investimentos pela Petrobras POR REUTERS SÃO PAULO (Reuters) - Importantes sindicatos regionais de trabalhadores do setor petroleiro da Bacia de Campos e da refinaria Reduc, no município de Duque de Caxias, votaram no sábado para ignorar os pedidos do maior sindicato do país para encerrarem a greve, que começou há 14 dias. Líderes do maior sindicato de trabalhadores petroleiros, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), propuseram na sexta-feira encerrar a greve que mais afetou a Petrobras em 20 anos. O Sindipetro Norte Fluminense, sindicato dos petroleiros que cuida da maioria das plataformas da Bacia de Campos, votou mais cedo no sábado pela continuação da greve apesar do pedido da FUP. A Bacia de Campos representa mais de 60 por cento da produção de petróleo do Brasil. O Sindipetro Norte Fluminense afirmou em seu site que o placar pela manutenção da greve foi de 601 a 192 votos. O Sindipetro Caxias, sindicato que representa a maioria dos trabalhadores empregados na Refinaria de Duque de Caxias, fora do Rio, também votaram pela continuidade da greve. AUMENTO JÁ FOI GARANTIDO Outros sindicatos de petroleiros no Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul já votaram pelo fim da greve, seguindo a recomendação da FUP. — A FUP considera a greve uma vitória, mas os sindicatos locais e seus trabalhadores são autônomos — disse a porta-voz do sindicato Alessandra Muteira. Ela acrescentou que os trabalhadores de Duque de Caxias querem que a Petrobras pague a eles por todos os dias em que estavam em greve, ao invés de apenas a metade, como atualmente proposto. Representantes dos sindicatos do Sindipetro Norte Fluminense não responderam aos pedidos de comentário no sábado a tarde. Quando os petroleiros começaram a greve em 1º de novembro, a principal demanda era em relação aos planos da Petrobras de cortar investimentos e vender ações para controlar a dívida de US$ 130 bilhões. Nas últimas negociações, os petroleiros garantiram um aumento de 9,5% dos salários e conseguiram que a Petrobras concordasse em estabelecer um Comitê de Gestão de Trabalhadores para explorar formas de restaurar os investimentos. VOLTAR