RELATÓRIO I ENCONTEC E REUNIÃO AMPLIADA O I ENCONTEC (Encontro Nacional de Técnicos do Judiciário e do MPU) girou em torno de dois pontos fundamentais: a criação do CONTEC (Coletivo Nacional dos Técnicos) e o reposicionamento da carreira de técnico, mudando o nível de escolaridade (de nível médio para nível superior). Os debates foram acalorados durante todo o encontro, pois, apesar de contar apenas com a presença de técnicos, alguns colegas ligados ao LUTAFENAJUFE, subentenda-se PSTU, discursaram contra a valorização dos técnicos por meio da elevação do nível de escolaridade. O encontro contou com a participação do advogado Rudi Kassel que falou sobre a viabilidade jurídica da alteração do nível de escolaridade, sobretudo diante das recentes decisões do STF, observando que as únicas situações não admitidas pelo Supremo, até o presente momento, são a colocação de todos que estavam em níveis mais baixos em um cargo de nível mais alto, por exemplo, a colocação de auxiliar e técnico no cargo de analista, o Supremo também não vem admitindo a diferenciação entre aqueles que ocupam a mesma carreira em razão do nível de escolaridade, por exemplo, caso a carreira de técnico passe para nível superior, aqueles técnicos que só possuem o nível médio também deverão receber como os técnicos que já possuem nível superior. Portanto, segundo Rudi Kassel, um projeto de lei que não estabelece diferenciação entre membros de uma mesma carreira em razão do nível de escolaridade e que não coloca cargos de níveis mais baixos em cargos de níveis mais alto, é um projeto, do ponto de vista jurídico, perfeitamente viável. Após a palestra do advogado Rudi Kassel, que confirmou a viabilidade jurídica da elevação do técnico para nível superior, a turma do LUTAFENAJUFE bateu mais forte, eles colocaram que a elevação do nível de escolaridade para ingresso na carreira de técnico tornaria o Judiciário mais elitizado, contribuiria para o aumento do processo de terceirização no serviço público, não seria garantia de valorização e contribuiria para dividir ainda mais a categoria. Contudo, alguns colegas, com destaque para os colegas de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e da Paraíba, estavam preparados para os ataques do LUTAFENAJUFE. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DE ESCOLARIDADE E ELITIZAÇÃO DO JUDICIÁRIO Para os “colegas” do LUTAFENAJUFE exigir o nível superior para a carreira de técnico é fechar as portas do Judiciário para aqueles que só possuem o nível médio e não tem condições de ingressar em um curso de nível superior, é fechar os olhos para a realidade brasileira, é criar uma elitização desnecessária, pois, segundo o PSTU, digo, o LUTAFENAJUFE, as atividades exercidas pelo técnico não exigem conhecimentos mais elevados ou especializados. Por outro lado, os colegas que defendem a elevação do nível de escolaridade, contra-argumentaram que: 1 – O fato de algumas pessoas não possuírem condições de frequentar um curso de nível superior, apesar das facilidades e incentivos atualmente existentes, é um problema social que de fato precisa ser enfrentado, mas que não pode ser utilizado como argumento para que o Judiciário deixe de exigir daqueles que integram os seus quadros uma maior qualificação; 2 – Muitos técnicos, durante todo o encontro, apresentaram seus depoimentos sobre desvios de função. Vários técnicos exercendo atividades de analistas e até de juízes, elaborando despachos, sentenças, etc, contudo ganhando infinitamente menos. O fato do técnico ser pau pra toda obra não é novidade para ninguém, muito menos que o desvio de função é prática comum dentro do Poder Judiciário, diante dessa realidade, afirmar que do pobre técnico não se exige conhecimentos mais elevados ou especializados mostra que os “colegas” do LUTAFENAJUFE é que estão de olhos fechados para a realidade do técnico. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DE ESCOLARIDADE E TERCEIRIZAÇÃO Para o LUTAFENAJUFE elevar o técnico para nível superior contribuiria para o processo de terceirização no serviço público, pois com a elevação do nível de escolaridade, muitos técnicos deixariam de exercer certas atividades e isso abriria brecha para a terceirização. Os colegas favoráveis à elevação do nível de escolaridade contra-argumentaram que: 1 – Terceirização no serviço público sempre existiu e continuará a existir com ou sem elevação do nível de escolaridade. Aliás, como bem argumentou um dos colegas de Minas Gerais, elevar o nível de escolaridade seria até uma forma de blindar a carreira de técnico, uma vez que a terceirização estende seus tentáculos mais ferozmente sobre as atividades de nível fundamental e médio; 2 – Não vai ser o fato de elevar o cargo de técnico para nível superior que fará com que os técnicos se neguem a exercer atividades que já exercem. A elevação do nível de escolaridade não fará com que grupos de técnicos andem pelo Judiciário com nariz empinado, se negando a executar atividade A ou B porque passaram a ser “elite”. O que temos atualmente são técnicos extremamente preparados (a maioria possui nível superior e alguns até pós-graduação) que trabalham duro, exercendo, muitas vezes, funções que não são suas e que, por fim, não são devidamente valorizados. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DE ESCOLARIDADE E GARANTIA DE VALORIZAÇÃO Para os “colegas” do LUTAFENAJUFE exigir o nível superior para a carreira de técnico não é garantia de valorização, nisso, os colegas favoráveis à elevação do nível de escolaridade concordaram, realmente não é uma garantia, mas, como bem colocado por um dos colegas do Rio Grande do Sul, como tentar aproximar as tabelas ($) das carreiras de técnico e de analista, permanecendo uma no nível médio e a outra no nível superior, reproduzindo as palavras desse colega: “Quem for analisar um projeto desses vai dizer logo: Espera aí, um cara de nível médio vai ganhar quase o que ganha um cara de nível superior, isso é inadmissível”. De fato, tentar aproximar as tabelas de técnico e de analista sem alterar o nível de escolaridade do técnico é colocar justamente o nível de escolaridade como um obstáculo para a valorização do técnico. ELEVAÇÃO DO NÍVEL DE ESCOLARIDADE E DIVISÃO DA CATEGORIA Por fim, os colegas do LUTAFENAJUFE afirmaram que exigir o nível superior para a carreira de técnico é dividir a categoria, pois é como se os técnicos colocassem os analistas como seus inimigos. Realmente, esse argumento demonstra que a influência de partidos políticos dentro dos sindicatos é um câncer que consome a nossa categoria. Valorizar os técnicos não implica desvalorizar os analistas, essa lógica do LUTAFENAJUFE é absurda. Podemos lutar juntos, técnicos e analistas, por um plano que valorize a carreira de analista, mas que também reduza o abismo remuneratório (atualmente de 64,07%) existente entre as duas carreiras. Lutar por um plano que valorize os técnicos que representam, atualmente, cerca de 60% dos servidores do Judiciário e do MPU, não é fragmentar a categoria, mas envolver uma parcela extremamente significativa nas manifestações e paralisações. REUNIÃO AMPLIADA Como muitos dos técnicos enviados para o I ENCONTEC também foram eleitos delegados de suas respectivas entidades, a Reunião Ampliada praticamente foi uma continuação dos debates ocorridos no dia anterior. Como vitória para os técnicos foi aprovada a criação do CONTEC (Coletivo Nacional dos Técnicos) que funcionará como um canal para que os técnicos levem suas reivindicações aos órgãos deliberativos da FENAJUFE. Mas, infelizmente, ficou definido que o CONTEC só se instalará, após a resolução da campanha salarial, ou seja, neste ano, nada de CONTEC. Para as entidades filiadas ficou a orientação para que sejam criados núcleos estaduais dos técnicos a fim de que as questões relativas à carreira sejam desde já debatidas e amadurecidas. Durante a Reunião Ampliada, também foi destacada a necessidade de se intensificar a greve e a luta contra a PEC 59/13 (Estatuto Único para os Servidores do Poder Judiciário Estadual e Federal), contra as carreiras exclusivas nos tribunais superiores e pela aprovação do substitutivo do PL 6613/2009. A Reunião Ampliada também aprovou o seguinte calendário de mobilização: 02 a 08/06 – rodada de assembleias para discutir a proposta da mesa de negociação e a greve 03/06 – instalação do comando nacional de greve 04/06 – caravana a Brasília para trabalhar no Congresso Nacional contra a PEC 59/13, a favor da aprovação da PEC 555/06 e do PL 7027/13, e ainda por emenda à PEC 63/14. 05/06 – participação no debate em Goiânia sobre a PEC 59/13 10/06 – dia nacional de luta do Judiciário e do MPU, com os demais SPFs, nos estados 28/06 – reunião do GTN de Carreira 06/07 - Reunião Ampliada da Fenajufe